sexta-feira, 20 de março de 2009

De novo

Eu já tinha esquecido como era sentir essas coisas. Foi bom ter voltado a impressão de borbeletas no estômago quando o carro vem chegando, ou quando eu via da portaria, olhando pra fora do portão. É claro que eu gostava, era boa a sensação de cosia nova, sentimento novinho em folha chegando pra deixar a gente mais calma, vendo o mundo com mais cor novamente. Paixãozinha de verão (ou seja lá de que estação for) tem esse poder de dar alegrias únicas, e quase sempre muito bem-vindas. No meu caso, mais do que bem-vinda, ela foi quase uma benção no momento certo.

Foi ótimo, não minto e pelo contrário, assumo. Mas mais do que isso, eu confesso que não esperava. Não, mesmo. Primeiro porque ainda achava nutrir resquícios. Bom, se nutria ou não, nem tenho como saber, porque entrando nesse mérito, haja psicologia e de cabeça eu não entendo, quanto muito de coração, e pelo que eu vi e passei nessa vida. Quase 23 anos não me dão muita bagagem, mas vamos lá. Achava que vivia de um passado que já tinha passado e eu só eu que não via. Não sei por que, eu procurei, e não sei por que. Mas vivi, e já achava que era tempo de parar.

Se apaixonar, viver uma nova história é sem dúvida a resposta pro esquecimento total de um passado que tenha sido ou não feliz - não importa, somente importante que ele passou e é isso que a gente precisa, mais cedo ou mais tarde, mais do que encarar: entender. Eu entendi que passou, e mais do que isso, eu não quero mais que não tenha passado. Porque eu descobri que eu posso sentir de novo. E novamente, mais do que isso, eu descobri que o amor pode não só vir de novo: ele pode vir melhor, mais maduro, mais saudável. Mesmo que isso negue todas as teorias que eu tinha. Mas teorias foram mesmo pra serem derrubadas.

É claro que dá medo, eu tô morrendo de pavor de passar por todo o sofrimento de outrora de novo, quem não estaria? Mas o risco é preciso correr. Primeiro porque tem sido bom, e de coisas boas eu não costumo de desfazer, ainda mais por medo. Um dia me prometi que nunca mais deixo de lado minhas vontades por medo do amanhã, e tenho cumprido há cinco anos. Vamos ver onde isso vai dá, a gente nunca sabe. Mas o melhor é saber que, se infelizmente durar menos do que eu previa, tudo bem. É bom saber que nunca vai ser o último. É bom saber que a gente pode amar de novo.


terça-feira, 10 de março de 2009

Vergonha

Não tenho vergonha de admitir que chorei. Chorei mesmo, e não foi pouco. Recebi olhares de pena, de compaixão e muitos de compreensão - muita gente que já passou por isso e me entendia.

Não me envergonho em dizer que tomei esporro por chorar por uma coisa tão pequena, por não entender mais rápido que dor de amor não mata nem tem que doer tanto assim.

Não tenho vergonha.

De ter deixado prováveis belas histórias de amor perdidas pelo caminho, e todas inacabadas. Eu ainda não estava pronta, e acreditava que se eu não conseguisse dar o melhor de mim, de nada valia.

Não me envergonho de ter ligado, ter dado a cara a tapa e ter sido alvo se chacota. Não me importei de ter precisado passar por isso, cada um passa pelo que tem que passar mesmo.

Aceitei o meu destino. Não me deu vergonha.

Não tenho vergonha de levantar a cabeça e dizer que venci. Eu sei que achei que era eterno e por isso, por dizer que deixei pra trás, não me envergonho de parecer mentirosa. Só eu sei que não fui, nunca fui.

Não me envergonho de ter aprendido muito mais do que ensinado.

Não tenho vergonha de nada, nem dos erros conscientes, nem dos acertos tortuosos; de nada.

Eu não tenho vergonha dessa parte da minha história. Não mais.


quarta-feira, 4 de março de 2009

Como a cabeça da gente (não) funciona

Pára com isso! Será que você não vê, não percebe que está se enganando? Será que tu não nota que essa dor toda é você mesma quem está se causando? Você realmente acha que ele te ama, ou que te amou? Se foi ele mesmo quem disse, com a própria boca, usando suas próprias palavras, que não?! Como é que você acha que ele ia inventar tudo isso, a troco de quê? Ah, ele está mentindo?! Tá bom. Que esteja. E as atitudes, mentem também? A forma como ele te trata, aliás, a forma como ele NÃO te trata. Minha filha, ele te ignora completamente, há muito tempo, e só você que não vê. Ou não quer ver. Orgulho? Mané orgulho. Quem ama mesmo, quem ama mais do que tudo, joga o orgulho pra debaixo do tapete. Sim, mesmo que ele seja imaturo, que esteja ouvindo os amigos, ou aquela família maluca dele. Quando a gente quer de verdade, enfrenta tudo, enfrenta todos, nem pensa no amanhã. Tá, exagerei, a gente sabe quem nem sempre é assim, ok, você venceu. Mas ao menos pra você ele diria a verdade. Ou você é uma louca que ficaria indo atrás dele, se soubesse que ele te ama mas que vocês, por razão qualquer, não pudessem ou não fossem ficar juntos? Bom, aí pode ser. Ah... Mas mesmo assim. E as demonstrações de que a vida dele vai bem, obrigada, aliás bem demais sem voce?! Tudo fachada, no fundo você acha que ele chora à noite e nem dorme direito por sua causa?! Me poupe! É muita falta de noção e amor-próprio, a forma como você pensa, como a sua cabeça funciona de forma que você realmente acredite nessas coisas, nesses argumentos sem qualquer fundamento. Tá, com alguma probabilidade de ser verdade, mas falemos em números e mesmo você não sendo muito boa em matemática, não precisa ser um gênio pra sacar que ele caga na sua cabeça, quase que literalmente. Mesmo que você tenha agido assim com outras pessoas antigamente, mesmo que eu também tenha feito isso. Mesmo que saibamos quão normal e quase fácil é fazer isso tudo. Mesmo assim... Mesmo assim? Ah, sei lá. Vai que ele gosta de você mesmo, né? Vai que gosta... Ah, sei lá...