terça-feira, 29 de maio de 2012

Sempre vai ter alguém

Sempre vai ter gente pra te falar que você fez besteira. Dar mancada é coisa fácil de fazer - e é mais fácil ainda ter alguém pra te avisar. Cabe a você aprender sozinho ou não.


Sempre vai ter gente pra apontar cada um dos seus erros. Errar é fácil, quando a gente tenta pensando no acerto. Mais fácil ainda é ter gente assistindo de camarote suas tentativas fracassadas. Resta você saber o que fazer com esse dedo que tanto aponta, que não é seu.


Sempre vai ter alguém pra te avisar, não importa o que. Quem avisa amigo é, conselho se fosse bom era vendido e de boas intenções o inferno está cheio. Cabe a você aprender a identificar a torcida contra e aquela que é a seu favor.


Sempre vai ter alguém pra dizer que já sabia quando você fracassar. Você vai fracassar mais do que ter sucesso, por isso é bom que você também tenha mais força de vontade do que ego grande.


Sempre vai ter mais vaia do que palmas - e cuidado principalmente com as palmas que te vaiam por dentro. Cabe a você aprender a ouvir o silêncio de um sorriso invejoso.


Sempre vai ter gente esperando pelos seus tombos, e nem por isso você vai deixar de cair. Cabe a você focar no seu caminhar, ao invés de olhar pro lado. Isso ajuda a tropeçar menos.


Sempre vai existir problema, mentira e decepção. Mas é a você, somente a você, que cabe escolher quem vem do seu lado. E principalmente, quem nunca mais volta.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Penso, logo desisto

Penso que podemos nos arrepender. Talvez tenhamos nos arrependido no dia seguinte que resolvemos nos deixar, mas também penso que se não fizemos nada que mudasse isso, mesmo querendo, mesmo pensando, então penso que nada disso vá passar de pensamento. Não vamos mover palha que seja para ficarmos novamente juntos. Não movemos vírgulas quando era a hora, nem quando a raiva tinha passado. E agora, que já não há tanta mágoa, será que é porque já não há tanto amor? 

Não sei mais se te amo. Confundo esse vazio da falta de alguém com dor de saudade de você. Confundo força de vontade com falta de coragem; confundo amor próprio com ausência de amor. Já não sei se estou feliz ou se me acostumei; já não sei se aprendi a lição ou só tenho medo de sofrer de novo. Me pergunto onde você enfiou tanto amor e tanto pra sempre, mas lembro que nem eu sei onde foi que enfiei os meus, então simplesmente não pergunto mais. 

Penso que eu vá amar alguém novo, de novo. Penso que tudo vai passar e que as famosas risadas já estão chegando. Mas penso que não tô vendo nada, ainda. Procuro com medo de achar, mas com esperanças de que exista, porque vai que você ama de novo primeiro? Penso que não vou saber lidar. E aí penso que você vai me ligar um dia, como se o tempo e as coisas não tivessem passado, e que vai voltar porque que loucura, gente, amores da vida um do outro ficarem separados porque sei lá, brigam muito?

Penso que já amadurecemos e aprendemos, e estamos prontos pra outra, mas e se fosse outra chance pra mesma pessoa? Penso que sei lá, vai que. Vai que eu agora sou aquilo que você queria, que você também se transformou no futuro que eu pensei? Vai que você pensa isso tudo também, mas eu não sei? Vai que ainda existe amor, e só falta a coragem de discar o número, passar de carro na portaria, perder o medo de ter passado tempo demais? Vai que.

Mas o coração aperta de medo do vai que não...

domingo, 20 de maio de 2012

E agora, José (ou Maria)?

E agora, José,
Ou Maria?
A história acabou
(Pelo menos a de vocês)
E o amor também
Não ficou mais ninguém
O que você quer?
E agora, José?
A Maria já foi
E não voltou, dessa vez
Você entende que não há 'depois'?
E agora, José,
Que a luz apagou
E não vai acender?
A Maria não volta pra você
Porque você não é mais dela
E agora, José,
Que a história já passou
E que você não quer aceitar
Quer viver ainda mais
O que não restou
Até quando, José?
Saí dessa festa
Que aí ninguém mais fica
Ou você ainda acha
Que há Maria?


Nina Lessa

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A gente aprende

Chega uma hora que a gente aprende, não tem jeito. O tempo passa e vai levando as lembranças. Vai mudando a rotina e desenhando novos dias. O tempo passa e a saudade passa junto, mesmo que seja machucando durante boa parte do percurso. O amor vai ficando por aí, junto com raivas, mágoas e tanto arrependimentos. A gente pensa no "se", no "talvez" e em tudo que poderia ter vivido, se tentasse só mais um pouco. Mas uma hora a gente aprende.

E vai levando porque as coisas já passaram. Não conseguimos mais protelar o sofrimento, que só parece costume porque passou e nem vimos direito quando. Já não importa mais o dia que acabou o fio de esperança e a vontade de criar recomeços. Tem uma hora que a gente simplesmente não se importa mais com pedaços que foram nossos um dia, e já não precisa aceitar - só entende que acabou. Uma hora a gente aprende a enxergar o ponto final.

A gente gostaria de dizer que ainda sobrou amor. Que restam palavras engasgadas e coisas que talvez você nem eu saibamos. Mas um dia a gente aprende que o fim pode doer, mas dói muito menos que a dor do incompleto. Histórias que nunca parecem ter fim costumam esconder mais desvios do que certezas. E um dia a gente aprende que pode não escolher quando se apaixona, nem por quem, mas que dá pra sair de caminhos fadados ao fracasso.

A gente aprende, não tem jeito. Uma hora conseguimos entender que as histórias acabam e que tudo é um ciclo. É preciso ter consciência  de que sempre vai existir um fim, e ele vai doer, mas vai passar. Tudo se transforma, e aquele carinho que você achou que nunca chegaria para ficar no lugar do amor já está mais do que presente. A gente nega porque no fundo é realmente triste ver que o pra sempre não é bem aqui, nem agora. A gente nega mas aceita, porque um dia aprende que nada é mais certo do que um novo começo, quando esse ciclo antigo chega, finalmente, ao fim.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Tanto quanto

Sinto saudades tanto quanto tento lembrar de detalhes que já não sei mais. Sonho com histórias que lutam com tantas que não consigo mais saber. Sinto o perfume, mas não mais o cheiro. Lembro de roupas, porém não sei mais o tamanho. Conheço seu gosto, suas escolhas e ideias, ao mesmo tempo em que confesso não reconhecer mais esse em que você se transformou. Ou esse que sempre esteve aí, eu que nunca vi, ou enxerguei. Sinto raivas que me mantém tão longe quanto perto desse passado onde a gente ainda é a gente.


Sinto tanta falta quanto paz; tanta calma que eu já não sentia mais. Lembro de coisas que não deveria, e esqueço de lembrar quando deveria ser obrigatório. A gente tem se confundido, você e eu. Não quero encontrar, mas já não evito de propósito. Evito porque mudei, porque cresci, ou porque não aconteceu nada disso e o amor só acabou - eu que tinha esquecido como era essa sensação. Não pensei que iria passar por isso, não com você. E acertei, afinal estou passando por isso sem você, não é?


Pensei que a gente só amava uma vez, e vi que não. Pensei que a gente podia amar pela primeira vez pra poder saber valorizar quando o amor da nossa vida chegasse, e vi que também não... Agora eu já não sei mais. Não vejo nem sinto amor por aqui; olho em volta e já não sei se não vejo, se não quero ver ou se tenho lutado contra isso com todas as minhas forças. Eu já não sei mais. Quero que o tempo passe tanto quanto quero que pare; quero você de volta tanto quanto não quero mais. Te amo e te ignoro. Tanto quanto.