segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Nunca te pedi nada

Nunca te pedi nada
Nunca te pedi nada
O beijo quem roubou foi você
Me roubou a soltura
Me levou da balada
E pediu pra namorar você
Nunca te pedi nada
Não pedi pra entrar na sua casa
Muito menos na sua vida
Não pedi espaço no armário
Nem no coração
Não me venha com essa, então
Nunca te pedi nada
Um elogio
Um abraço
Um cafuné
Talvez por isso tenha tido pouco
Talvez por isso namorei um mané
Nunca te pedi nada
Mas agora eu vou pedir
Sai do meu caminho
Porque se eu esbarrar contigo
Pode ter certeza
Que eu destruo esse seu sorrisinho.
Nina Lessa
Novembro/2017.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Sem Título

Sem Título

Existe mais de mim em você do que cê vai admitir, 
Assim como carrego mais de ti do que eu gostaria, mas que escolha a gente tinha?
Fiz parte da sua vida e você fez parte da minha,
De noite, de dia, em tantas madrugadas viradas, com ou sem cachaça.

A gente se amou o quanto deu e quis. Pode ter sido mais ou menos que o esperado, tanto por um quanto por outro.
E talvez eu não quisesse fazer tudo de novo.
Porque existe ainda um bocado de nós dois; tanto em você quanto em mim; tanto em coisas que a gente faz quanto nas que não faz mais.
E não tem que existir mais pelos ares aquilo que não há na prática, nem na teoria. Se a gente não existe mais, então soma pra mim e some.
Nina Lessa
Novembro/2017.

Ainda ou de novo?

Ainda ou de novo?
Completamente apaixonada por você. Não sei se ainda ou de novo.
A impressão que tenho é que não deixei de te amar nenhum dia, mas ao mesmo tempo te amo de outra forma, não daquela antiga.
Te amo com mais conhecimento e mais vontade de dar certo sem bater o pé no chão, como a gente fazia.
Te amo menos sério na hora da briga pra gente quebrar e dar risada, dormir de conchinha, transar mais vezes.
Te amo com o futuro menos pra longe e mais pra bora resolver isso agora e ser feliz ainda na terça que vem, não depois de um tempo.
Te amo porque te conheço apesar das coisas que não gosto. Te amo querendo mostrar que a gente pode melhorar junto, que as arestas vão ser aparadas, sim.
Te amo com raiva do seu time e vontade de tirar sarro do mesmo jeitinho, porque algumas coisas não mudam. Ainda bem.
Te amo com um medo imenso de não dar certo porque já não deu. Mas sabe? Eu não sei - se pode dar certo. Mas eu sei - que te amo.
Nina Lessa
Outubro/2017.

Sem Título

O coração dói pra caralho
E a gente nunca tá preparado
Por mais que pareça que já estava no fim
Que já não era a mesma coisa
Por mais que nunca tenha sido o que a gente pensava
Na hora que acaba
Tudo isso vira nada
A sensação é de soco no estômago
Revira por dentro
Dá ânsia de vômito
A gente quer chorar
Mas não quer
Porque se começar
Sabe que não consegue
Mais parar
Chora por essa dor de agora
Pela de antes
Chora pelas dores que não chorou
E nem viu
Que passou
Mas lembra
Que o coração doeu
E hoje tá doendo pra caralho
E por mais que a gente não esteja preparado
Não tem outro jeito
Se não seguir
Pro outro lado.
Nina Lessa
Julho/2017

As fotos

As fotos
Achei as nossas fotos na câmera do meu celular. Algumas que a gente postou e outras que não. A gente tirava mais foto do que pensava, sabia? E elas mostram um casal que foi feliz.
Não são saudades, veja bem. São lembranças legais que a gente teve. Não que eu queira viver todas elas de novo, não é isso. Mas é só pra você saber (ou lembrar) que fomos felizes. Por vários momentos.
A gente esteve junto por dentro e por fora, nos sorrisos das fotos e nas gargalhadas dos vídeos. A gente se divertiu mais do que brigou, mas talvez tenhamos esquecido disso, no finalzinho. Que seja, agora já não importa mais.
Vou deixar essas fotos lá, no álbum e nas redes sociais. Afinal, existimos um na vida do outro. Se um dia fizer sentido apagar, tudo bem. Mas é só pra você saber que sem magoas por aqui - mas sem saudades, também.
Nina Lessa
Setembro/2017.

Sem Título

Eu não quero te namorar
Ou pelo menos não penso nisso
Tá tudo bem, se acalma
Meu dia não é pensar no seu pinto
Não é nada demais
Eu só te mandar um "oi"
Hoje é terça,
E se estiver de bobeira,
Quer transar, rapaz?
Você se diz tão solto
Tão adepto do mundo livre
Mas só se for você
Se eu for também
Que graça tem?
Pra que isso, caceta?
Em 2017?
Mas se pra ter uma foda
Eu preciso parecer chiclete
Ou fazer um cu doce de leve
Então fica aí na punheta
Nina Lessa
Setembro/2017

Não sou eu

Não sou eu
Não sou eu quem quis terminar
Esse título de não resolver não me cabe
Não me jogue essa culpa
Porque não é minha a responsabilidade
Não sou eu que se arrepende
Que não pensa direito antes de falar
Que não vê se é isso mesmo antes de resolver
Será que uma hora você aprende?
Porque não sou mais eu que vou te avisar
Não sou mais eu quem vai te dizer
Não sou eu que saio abrindo porta
Sem nem ter certeza
Sem ter qualquer clareza
Do que está sentindo ou querendo
Não sou eu que não penso
Que alguém pode se foder
Por causa de uma crise que eu posso estar tendo
Não sou eu mesmo, não
O problema é só você
E a gente poderia solucionar junto
A gente podia tudo
E agora já não pode nem ser
Porque o que a gente tinha
Se perdeu
E a culpa é toda sua
Dessa vez, dessa só
Não sou eu.
Nina Lessa
Outubro/2017.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Mas Mais

Eu preciso de mais. Não é nem que eu queira - é uma questão de necessidade. Meu corpo e minha cabeça não conseguem se acostumar ao mais ou menos. Se é pra ser médio, se é pra ser menos, eu prefiro o nada. Eu, meu coração, minhas mãos, meus pés embaixo da coberta. Meu bom humor de manhã pra fazer o café, pra receber um café na cama, quem sabe. Todos nós não sabemos lidar com o pouco; com o só às vezes, com o só quando quer.

Quando a gente é muito, geralmente precisa de muito. Mesmo que a gente demore pra perceber e leva um tempo se contentando com pouco. Com pouca atenção, porque quando ganha, valoriza muito. Quem é muito, sabe ser positivo - MUITO positivo. E fica um tempo achando que está exagerando, que as pessoas são diferentes e a gente tem que entender e respeitar os jeitos. Que você é de muito, mas tem gente que é de pouco, e tudo bem.

Mas você não aguenta e joga a tolha, toda vez. Questiona, pensa, reflete por dias, meses, por relações mais rasas se um dia vai conseguir se render e aceitar o pouco. Se vai entender que o pouco pra você pode ser muito pra alguém, ué. Por que não? Você se dá desculpas, mas no fundo, está desculpando o amor que ficou esperando chegar. Ficava sempre um gostinho de 'peraí, tá faltando'. E você ficou esperando. Por quanto tempo? Meses? Anos?

Uma hora a gente cansa. Mas... Mas nada. É mais. Com I. Eu não quero mais: eu preciso de mais. Se não for, eu morro por dentro. Eu vou morrendo aos poucos, e meu pouco é muito, então resvala, mostro na cara, na tristeza, na ansiedade, na frustração. A gente cria expectativa de verdade, e não só pela metade. Ou vem ou não vem. A gente não pede, então não oferece pra depois não fazer questão de vir. É pouco amor e muito egoísmo. 

E aí a gente confunde com preguiça de começar tudo de novo. Chama de prefiro estar sozinha do que correr o risco de sofrer de amor, mas a gente não quer é sofrer pela falta de amor. Se tem amor no meio, sofrer rola. Acontece, a gente sofre de boa, chora, sangra, mas tudo bem porque faz sentido. O que não faz é sofrer por uma coisa que não existe, que tem pouco, que tá aqui mas parece que não tá, ou que vai embora no primeiro trem de manhã.

Mas eu quero é mais. Se não for, precisa nem vir.

Nina Lessa (2017)

quinta-feira, 6 de abril de 2017

A página

A página precisa ser virada. Por quem fica e por quem ainda vem. A gente precisa deixar o que passou no seu devido lugar. Pelo nosso bem e sanidade. 

Museu é legal porque a gente sabe que aquilo não existe mais. Tem carinho, nostalgia, mas ninguém quer viver ali, no passado. Na vida é a mesma coisa.

Se acabou não foi por nada. A gente só esquece disso. Se apega aos momentos bons, e até os nem tão bons, mas que nossa memória afetiva faz questão de melhorar. 

A gente esquece o quanto foi pouco ou nada feliz. Apaga briga, transforma mágoa em magia, se convence que teve que passar por isso porque "faz parte".

Vira essa página. Aprende que não precisa de nada, que sofrer NÃO faz parte de amar e segue o jogo. Você ainda nem sabe que jogo, mas não é mais esse.

Vira a página e começa um novo parágrafo, um novo capítulo, se precisar, fecha esse livro sem um fim bonito e começa outro. Mas sai.

Às vezes a gente precisa sair da gente, pra achar a gente mesmo de novo. Ou um a gente novo.

Nina Lessa (2016/2017)

2016

Eu não queria dizer que ainda te amo. Não queria e não vou. Não interessa se estou mentindo pra mim mesma, ou querendo viver uma dor que não sinto. Eu não consigo sentir saudade porque só consigo enxergar a mentira que a gente foi. Fico entre o alívio de não doer e a tristeza de que nada do que eu sentia existiu além de no meu coração.

Eu queria acreditar que você me amou, mas só consigo ver seus olhos vazios em cada "eu te amo" pra dentro e em cada "eu também" de resposta. Queria aceitar que houve amor e que, um dia, acabou, mas só consigo me ver cada vez mais distante de tudo que já vivemos - ou que achei que vivemos. Das coisas boas e também das ruins. E não sei se isso é algo tão bom assim. 

Não queria sentir raiva de você por não ter sido nada. Não queria sentir raiva de mim por ter ficado, mesmo sentindo tudo isso. Porque eu sentia. No fundo, eu sentia. Fiquei me enganando até onde você não aguentou mais. Nem fui eu que joguei a toalha. Quão covarde? Quão esperançosa? Nunca vou saber. Nem você. 

Não quero te ver, mesmo sabendo que um dia vou acabar vendo. Não quero pensar nisso, mas quem disse que consigo? Projeto situações e reações, minhas e suas. Só de não querer, já quero; só de me esforçar pra não pensar já penso. Qual a solução pro que nem problema é? Como acabar com uma mágoa que não quero mais ter, mas insiste em doer? 

Queria te apagar. Não só de dentro de mim, mas da minha história, como se você não tivesse existido. Já que tudo que pensei que fomos não foi real, que você também não seja. Amém. E que (me) amem.

Nina Lessa (2016)