Fiquei
cheia de fazer charme pra ver se você notava algum sinal. Cheia de
fazer jogo pra te trazer mais perto fingindo te colocar mais longe. Não
gosto disso, mas nada mais funcionava. Tentei, não deu certo, fiquei
cheia.
Cheia
de errar tentando tanto, tentando de tudo. Fiquei cheia de te falar as
coisas que eu tentava mostra com atitudes, porque você não notava. Aí eu
dizia, eu fazia, eu mandava sinais. E você nada.
Fiquei
cheia e então eu comecei a brigar pra você me entender. Discuti, lutei
contra a muralha que você tinha. Eu derrubei a barreira, e quando
cheguei do outro lado, você fugiu pra ainda mais longe. E eu fiquei.
Eu
tinha os dois lados da muralha, e você foi pra outra nova, que você
construiu. Eu olhei. Você foi colocando as pedras, e me contando. E eu
olhando. Eu não saí do meu lugar. Nem antes, nem agora. Sem acreditar.
Eu
não quero acreditar que derrubei, mas não adiantou nada. Eu me sinto
impotente, fraca, inútil. Forte, derrubei tudo brigando por você. Mas
não adiantou. Você quer mais. Você quer o que eu não posso dar: meu
jeito.
Hoje,
eu voltei a ser eu. Não que eu fosse outra pessoa com você. Não, era
sempre eu. Mas uma "eu" de quem nunca gostei, por mais que tentasse.
Essa eu de hoje é a minha essência, a minha alma mais pura, mais aberta.
Eu
sou bem fodida, sabe? Faço um monte de merda. Mas eu sou legal, também.
Eu amo meus defeitos, todos eles - até ainda te amar. Até minha demora
pra esquecer eu amo. Porque sou eu. E eu, não sou pra você. Que pena.
Que bom. Não sei. Mas sou eu. Ufa.
Nina Lessa (Outubro/2015)
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