quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Malditas mudanças

Eu achava que a gente parava de mudar quando terminava a adolescência. Sempre acreditei que, depois dessa fase, era tudo uma questão de amadurecimento. Lia crônicas e livros sobre relacionamentos, todos dizendo que 'devemos acompanhar a mudança do companheiro', mas nunca acreditei realmente nisso. O pensamento era simples: 'a pessoa é a mesma, o problema é que a gente tende a não ver, ou a fingir que não vê'. Mas estou começando a discordar de mim.

Tenho jeitos, manias, pensamentos e convicções que me acompanham desde sempre, mas e todas as milhares que eu fui deixando no caminho? A gente não pára pra pensar nelas porque a rapidez com que a maioria vai sendo substituída com o passar dos anos não deixa. E sabe quando notamos com mais clareza? Em fotos. Em vídeos. Em diários que lemos anos depois de escrevê-los. A gente se vê, se lê, e simplesmente não consegue acreditar no quanto mudamos, de 2 anos pra cá, tão pouco tempo.

A vida vai colocando uma série de pedras, situações, galhos, problemas e soluções no nosso caminho, e são eles que fazem a gente tomar decisões, fazer escolhas. Antes delas acontecerem, éramos um. Depois dela, podemos ser até dez. O lado positivo é inegável: aprendemos a ser mais fortes, a enfrentar coisas que nunca pensamos. Ficamos orgulhosos de nós mesmos. Mas e quando quem muda é a pessoa que está do nosso lado, há tantos anos, a quem pensamos conhecer tão bem? Aí a coisa muda de figura...

É realmente doloroso quando o amor de uma pessoa por você acaba, e você não percebe. E você se culpa, afinal como isso aconteceu, onde é que você estava que não viu, que sempre conheceu tão bem o amor da sua vida? As circustâncias, histórias e razões jamais caberiam aqui, assim como explicação nenhuma justifica ou faz passar a dor da separação, da ausência de amor, verdadeiro oposto do sentimento maior. O que não podemos fazer é negar os fatos, por mais que doa (e demore) admiti-los.

Não há como medir dor, ou o tempo de luto enquanto ela não se vai. Se um dia o sentimento será somente nostálgico? O dia que eu passar por isso, prometo que conto. O que vale é entender que mudanças acontecem, e achar que não, é mentir com a cara mais lavada do mundo pra você mesmo. Renato Russo não errou, essa é, sim, a pior mentira. Mudança acontece, e a culpa não é de ninguém; ela só acontece e pronto. Dói quando a gente quer explicação e não acha, né?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um ano melhor

Todo ano desejo às pessoas que o ano seguinte seja melhor que o anterior. Acho que comecei a fazer isso quando considerei meu ano uma grande bosta. Hoje, parando para avaliar o motivo dessa raiva, encontrei a decepção. Taí algo pelo que ninguém gosta de passar, mas invariavelmente acontece quando a gente ama, gosta, tem respeito, confia, é feliz. E aí, vai deixar tudo isso pela certeza de uma segurança esquisita?

Confesso que, assim que nos decepcionamos, a vontade de explodir de ódio é tão grande que a impressão que dá é que explodimos, só que ninguém viu. A gente sente raiva do responsável pela decepção, mesmo só percebendo bem depois que o grande dono dessa sensação de 'nada' é a gente mesmo. E sentir raiva de nós mesmos é o fim: como fugir da nossa própria companhia? Então a gente se cerca de não-nós mesmos.

Saímos por aí beijando bocas, mantendo relações com tudo que nos ajuda a fugir de nós mesmos. Pessoas vazias (de fato, ou que somente nos soe assim), garrafas cheias, lugares lotados de superficialidades - o mundo está cheio disso. Por um tempo, isso realmente funciona. Não vejo problema em querer fugir certos momentos, mas sempre chega a hora da verdade cansar de bater na porta - e ela arromba.

A gente encara o fato de que esperar demais é uma grande idiotice, mas que todo mundo acaba fazendo, um dia. A gente sabe que perfeição é a maior das mentiras, mas acaba acreditando nela, alguns dias. E a gente tem duas escolhas: ou faz disso uma razão pra desejar um ano melhor na noite do dia 31 de dezembro ou aceita que isso faz parte e faz de cada uma dessas imbecilidades mais um aprendizado. Não pra nunca mais errar, mas pra rir de tudo isso antes, da próxima vez.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Comemoração Solitária

Sempre que pensava em formatura, o que me vinha à mente eram duas coisas: a colação de grau e o baile. Em uma, era o momento de agradecer aos pais (ou sejá quem fosse o responsável) pela ajuda principalmente financeira durante a faculdade. Mensalidade (no caso de universidades pagas), materiais, ajuda de custo, literalmente bancar o sonho dos filhos. Na festa, família e amigos escolhidos a dedo para compartilhar essa alegria com o formando.


Quando meus companheiros de jornalismo foram se formando, desistindo ou ficando pra trás, abri mão do baile. Pagar demais para estar somente com as pessoas com quem estou toda semana, todo dia ou algo parecido não fazia sentido. Pensando na colação de grau, comecei a pesar quem eu gostaria que estivesse na platéia, e por que motivos. Cheguei à conclusão que não fiz questão de rosto quase nenhum.


Achava que queria ouvir gritos quando chamassem meu nome, mas depois pensei melhor e vi que não faz sentido grito algum. Claro que em outras áreas, cursos, faculdades ou para outras pessoas as coisas podem ser diferentes, mas na MINHA faculdade, no MEU curso, na MINHA história de vida, sair da faculdade depois de fazer uma monografia é um mérito meu, e somente meu, pessoal e profissional.


Sei que existem pessoas felizes por mim, mas ninguém traz esse mesmo sentimento no peito. Sei que alguns querem comemorar esse fim de etapa, mas nenhum pelos motivos que eu; ninguém sabe exatamente o que eu passei e não tem palavras que traduzam, como explicar o amor ou a emoção de vencer alguma coisa, ou a frustração da perda. Acho que por isso comemoro sozinha, dentro de mim.


Parece triste, mas me abraçar é algo que eu preciso, quando tudo isso acabar. Só eu sei quanto preciso desse alívio.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Torcer

São poucos os torcedores que reconheço como tais. Acho que, por ser uma torcedora assídua e apaixonada, não tenho muito saco pra quem se diz 'torcedor doente' (de qualquer time) só quando o time está bem no campeonato, ou só quando o adversário vai mal. Aos que não costumam me sacanear nas horas ruins, parabenizam nas horas boas e acompanham seus times, meu respeito total, sempre. Quanto ao resto, nem me venha com churumelas.

Tenho 24 anos e não, nunca vi meu time ser campeão. Por que me irrita quem diz 'finalmente, hein', 'agora só depois de 26 anos' etc? Porque 97% desses não é um torcedor como eu, ou nem entende muito de futebol (ou pelo menos não me demonstra), e por isso não sabe o sentimento que fica no peito quando um torcedor DE VERDADE passa pelo momento que eu passei antes de ontem, domingo, dia 5 de dezembro de 2010. Só por isso.

Sempre fui conhecida por duas coisas: o nome diferente e meu time. Morei fora do país e minha camisa tricolor foi comigo. As pessoas não sabiam que eu era do Rio, que tinha só 18 anos, que sei lá, meu sobrenome era Lessa. Mas sabia que eu era Tricolor. Viajo pelo país, e a camisa do Flu vai junto. Acompanho os jogos da maneira que posso: ao vivo, pela TV, trabalhando nos estádios, em estúdio, pelo celular. Eu sou tricolor e todo mundo sabe disso.

Foi através das dezenas de ligações e mensagens que venho recebendo desde domingo que parei de discutir pelas provocações alheias. No fundo, as pessoas sabem que eu sou torcedora como poucos de maneira geral, e como raríssimas mulheres que se jogam de cabeça quando o assunto é futebol. Adoro o esporte, trabalho com ele, mas domingo descobri que, antes de tudo, eu sou uma torcedora. E chorei, fiquei nervosa durante semanas, não dormi.

Claro que alguns (poucos) flamenguistas, palmeirenses, corintianos, vascaínos e sei lá, até botafoguenses sabem como é esse sentimento de realização, como se quem tivesse em campo fôssemos nós. Mas só quem é tricolor sabe o que é amar um argentino como se brasileiro fosse, sabe o que é pegar trem ou enfrentar o caos da distância pra sentir ao vivo o que ficou faltando na Libertadores de 2008. Só quem é TRICOLOR, que me desculpem os outros times.

Mas hoje, e até pelo menos o ano que vem, essa alegria do coração ninguém me tira.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Meio você, meio eu

Noite de conversa com as amigas sempre rende assunto bom. O papo dessa sexta foi tão bacana que, seguindo o conselho de uma das meninas, resolvi escrever sobre mais uma das minhas teorias: é raro você ter um relacionamento sem que um dos dois se transforme, mesmo que de leve, no outro. Pode reparar: quem é você quando namora?

Por menos (ou até mais) parecidas que sejam as pessoas, não tem jeito, elas acabam pegando para si algumas manias ou até o jeito do namorado escolhido. Gírias, forma de pensar, diversas coisas vão se adaptando sem que a gente nem perceba (ou note, anos depois, vendo fotos e vídeos). Quando isso não acontece, o relacionamento tende a virar uma guerra, ou termina.

A grande verdade é que a gente sabe a importância de abrir mão de algumas coisas de vez em quando, pois sem isso não tem namoro que aguente, mas a maior verdade está em não precisar fazê-lo tanto assim. Quando você e seu namorado pensam parecido e gostam das mesmas coisas, é um luxo. Só que luxo é para poucos...

E sem luxo, as pessoas têm preguiça de buscar o meio termo e vão pro lixo, sem se dar conta disso: mudam a personalidade sem terem a vaga noção disso. Mudam estilo, pensamento, princípios, hábitos. Viram vegetarianas sem lembrar que gostam de carne; passam a comer carne escondendo, sem perceber, uma ânsia por bife.

Não sei quanto aos masoquistas, mas viver em paz numa relação quase sem brigas é sonho de consumo da maioria. Paciência na medida certa, princípios bem discutidos, direitos iguais. Na teoria é tudo uma beleza, e se alguém tivesse a fórmula do sucesso, escritores de Harry Potter e da saga Crepúsculo não estariam como os de maior sucesso nem a pau.

Ninguém sabe a medida certa, o quanto deve e o quanto se proíbe de mudar num relacionamento. Muitas (ou quase todas?) vezes a gente só nota quando a relação já acabou, mas tentar fazer isso enquanto se está nela pode fazer duas economias: avaliar se não mudou sua essência (e se isso te faz feliz ou não) ou sair dessa antes de perder mais tempo.

Claro que é normal as pessoas ficarem parecidas com a conviência, até mesmo para evitar brigas e conflitos desnecessários, mas a pergunta que fica é 'até quando?', e eu aposto que, um dia, isso cansa. Meses, anos, um dia a tristeza, a raiva ou o cansaço chega com tudo, e é tarde demais pra desfazer tanta besteira acumulada, tanta poeira varrida pra baixo do tapete.

Hoje, ainda pode dar em tempo. Será que você gosta mesmo de ouvir essa música...?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sabia

Será que você já sabia?
Será que previa
Esse final sem aviso prévio?
A gente já tinha caído no óbvio,
No tédio?
Sério?
Porque eu nem percebi
Nem vi
Qualquer sinal
Afinal,
Você realmente se arrependeu,
Sei lá, por um dia?
Você ainda acha que fui o amor da sua vida,
Ou que ainda sou?
Acredita que poderíamos voltar?
No tempo,
No sentimento,
No amor que se perdeu pelo caminho
Onde eu virei uma estranha
No seu ninho
Será que funcionaria?
Será que eu ainda acreditaria
Naquelas coisas que deixamos de viver?
Não sei se ainda conheço você
Ou suas coisas,
É que esqueci cheiros
Toques, até da sua voz
Comecei esse processo
Logo que deixamos de ser 'nós'
E que coisa,
Funcionou mesmo
Não lembro mais do seu beijo
Abraço, nem da segurança que sentia
Se era isso que você queria
E hoje nem saudade tem
É isso aí, você conseguiu
Todo o meu desamor
Meus parabéns.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Revendo os sonhos

Um dia eu escrevi aqui que não tinha sonhos. Acho que me expressei mal, ou tentei dizer que não tenho aqueles grandes sonhos que as pessoas costumam colocar como objetivos maiores de suas vidas. Como mulheres que não conseguem não pensar em casar e ter filhos, profissionais que sonham almejar esse ou aquele carro, uma casa de praia ou de montanha, enfim, um sonho bem específico, que sem ele nada mais teria sentido. Esse tipo de sonho eu acho (ou achava) que não tenho.


Vejo muitas pessoas que sonham mil coisas quando novas e, conforme vão ficando mais velhas, vivendo a 'vida real', acabam desistindo de praticamente todos eles, contentando-se com as escolhas que foram surgindo no caminho que poderia dar no pote de ouro no final do arco-íris. A galera tem tido preguiça de esperar encontrar o duende e acaba ficando com as moedas douradinhas ou de prata que chegam antes. A galera, e confesso que me encaixo nessa.


Quantas pessoas que sonhavam viver de música você conhece que desistiu, seja lá por que motivo? Jogadores de futebol frustrados, atrizes, modelos, engenheiros, médicos, jornalistas perdidos em profissões talvez até semelhantes, mas longe das brincadeiras do play? Porque casou antes, teve filho muito novo, precisou ganhar dinheiro, levou uma rasteira da vida (ou de alguém, tanto faz), os caminhos foram levando pra outras direções.


Concordo com cada um desses aí em cima, mas também preciso admitir que nenhum deles é um empecilho eterno, ou pragmático. Acidentes que deixam sequelas geralmente podem ser revertidos, então não me venha com essa de que uma criança, não. Sou eu mesma discutindo com a pedra que joguei em cima dos meus sonhos de ser escritora, sou eu mesma voltando a malhar pra desenvolver o muque. Porque sou eu mesma quem vou tirar a pedra. Tá na hora.




Do que estou falando? Clique no link e descubra: http://www.maceiobrasil.com.br/2007/nina.php
 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nunca mais

Lembro de (quase) todas as centenas de milhares de vezes que minha mãe riu de mim e dos meus exageros teatrais quando, depois de terminar uma relação de amor-paixão-planos, a primeira da minha vida, eu achei que jamais amaria alguém de novo. Passei por todas as fases, algumas que nem todos passam, mas que, hoje, consigo ver como foram importantes cada uma delas, e como sem elas eu não estaria nessa calma, mesmo depois de tanto tempo.


Tem gente que se adapta fácil ao final de uma relação. Consigo enxergar, hoje, que quanto mais finais, menos complicado pode ser ter de passar por isso. PODE, não necessariamente É. Falo de namoros reais, relacionamentos com rotina, compromisso, tempo de sentimento e de relógio (quem sabe um dia não escrevo das relações que só existem na nossa cabeça?). Ninguém esquece o outro rápido, só tem gente que se adapta melhor.


Eu, não. O mundo não me pára, ninguém é capaz disso. Trabalho, estudo, amigos, família. Pode ser que poucos, ou ninguém perceba que, por dentro, estou morrendo. Mas estou. Há quem ria quando descrevo sofrimentos avassaladores, ao mesmo tempo que finjo uma voz feliz quando o programa entra no ar. Ri porque não crê; ri porque acredita na dor, mas sabe que passa. Qualquer riso, vale: ou você finge bem, ou há luz no fim do túnel.


O vazio que fica quando alguém se vai deixa dúvida do que é saudade e do que é 'passou'. A diferença entre amor e preenchimento é tênue, e a gente sempre demora pra descobrir que não é saudade daquele alguém, mas de alguém, que só toma o rosto do último por razões óbvias: memória de coração é curta. Só que a nossa, nem tanto. O desapego, por mais difícil e cruel que possa parecer, foi uma das coisas que mais gostei de aprender na vida.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Poesia

Era mesmo?


Era mesmo amor,
Aquela paixão toda?
Aquela coisa louca
Que nem você sabia bem explicar?
Era mesmo dor,
Quando martelava por dentro
Todas as lágrimas
Que não paravam de chorar?


Era mesmo o fim,
Quando você não ligava
Quando fingia maturidade
Dizendo que ia passar?
Era mesmo tranquilidade
Ouvir que havia vontade,
Mesmo que não suficiente
Ele quase pedir pra voltar?


Era mesmo saudade
O que se dizia sentir?
Era mesmo aquele tipo de vida
Que querias pra ti?
Era mesmo saudade,
Talvez de tempos bons
Mas não mais seus?
Era mesmo falta grande
De momentos passados
Dos antigos retratos
Que você escondeu?


Era mesmo verdade
Que você mentiu saudade?
Era mentira
Cada ligação atendida, ou perdida?
Era você naquele tempo,
Tudo bem eu ter confiado,
Ou você é esse aí,
Esquisito, meio falso,
E eu que perdoe
Aquela 'eu' que posava do seu lado?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Certo ou errado

Essa semana as pessoas andam me chamando de louca, mas eu insisto que meu pensamento faz sentido: não existe certo e errado. NEM na lei. Como? Pensemos: o que é considerado certo ou errado varia de estado, país, continente, é só conferir na lei. No Brasil, a pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, o cidadão é culpado até que mostrem o oposto. E aí?

Quem erra, mulheres que usam jeans, saia curta ou sociedades que proíbem isso, afinal são de uma cultura diferente das capitais capitalistas? Eu poderia escrever linhas e mais linhas mencionando os códigos penais, mas acho que vocês entenderam onde quero chegar. Mesmo nas 'leis divinas' que coincidem, dizendo o que é ou não é pecado, também podem variar.

Para mim, certo ou errado vai depender de quem está na berlinda. Você não acha que ficar com um cara que namora é algo errado porque quem namora é ele, e não você? Tudo bem. Quando você estiver namorando e uma mulher ficar com seu namorado, você pensará a mesma coisa? Se pensar, direito seu, faça assim na sua relação. Penso que nada que demanda mentira ou omissão pode ser certo.

A traição, talvez mais do que na ação ou pensamento, está em esconder. Se você esconde algo de uma pessoa é porque, no fundo, sabe que há algo de errado naquela atitude, pensamento ou omissão (sim, caros, você não tomar atitude é uma forma de mostrar o que pensa). E se você mesmo acha que é errado e mesmo assim o fará, admita. O problema não está na atitude, mas no reconhecimento.

E reconhecer que o caminho está errado dá trabalho, principalmente porque demanda mudança, mas olha, vale a tentativa.

Tentar ser mais feliz nunca fez mal a ninguém.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Alívio


Porque antes de certas situações, a gente fica com uma agonia danada. Mas, depois delas, vem o alívio...


... quando entrega a prova depois de ter certeza de sucesso.


... quando a nota boa finalmente sai.


... quando a gente passa de ano.


... quando sai o último resultado daquele período na faculdade.


... quando você entrega a monografia.


... quando você acaba de apresentar a monografia e vê na cara da sua banca que você passou.


... quando ele (a) liga.


... quando você vê o carro dele (a) e ele (a) sorri.

... quando o cliente fecha a compra.


... quando tudo acaba bem - ou bem como você esperava.




E aí, é esperar a próxima ocasião de agonia, mas dizem que ela fica mais amena com o passar do tempo.


Dizem...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Agonia

É aquela sensação que não tem jeito, sempre te bate quando...


... a pior prova está chegando e você ainda não teve tempo/coragem de estudar.


... o telefone toca e a bina mostra que é ele (a) ligando.


... o telefone toca e você não sabe quem é, mas imagina.


... você sabe que vai a um lugar onde teu ex vai estar, mas não como deixar de ir.


... chega a conta do celular.


... você liga o computador, precisa entrar na internet e sabe que sempre dá erro.


... a janelinha do MSN começa a piscar e você ainda não viu quem é.


... o celular avisa quem tem SMS.


... o chefe manda te chamar na mesa dele.


... vai dar meia-noite e aí sim, será seu aniversário.


... você quer muito que um dia chegue, mas demora.


... esse dia finalmente chega, mas ainda não é a hora.


... você lembra que é nessa hora que sua vida pode mudar pra sempre.


É, dá agonia, mas quando essa agonia passa, tudo isso vai ter valido a pena.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Até demais

Não conheço quem nunca tenha sofrido por amor que não tenha sentido, nem que seja por um único momento, a sensação de ter feito alguma coisa demais na relação que acabou, principalmente quando ela acabou de acabar. É naquela momento chato de raiva e mágoa que a impressão de arrependimento de ter feito alguma coisa demais vem com tudo, martelando nossa cabeça e desejando com todas as forças que o tempo volte atrás e você consiga ser menos idiota.

Você esquece que, muito provavelmente, tão idiota quanto você foi a pessoa que estava do seu lado, mesmo que não estivesse tão do seu lado assim. Passa uma borracha potente nos momentos de paixão, dedicação, alegrias e centenas de demonstrações de amor. Esquece as fotos que estão nos álbuns (de papel ou de Orkut, talvez Facebook), esquece os sorrisos capturados, você esquece tudo que não seja o amor que deu demais.

Amor demais, dedicação demais. Você contou segredos, guardou coisas que talvez não deveria ter calado, seguro por um sentimento tão grande, tão forte, que hoje você nem consegue pensar naquele tempo sem sentir de novo. Você lembra do que abriu mão pra não ter de perder, e o que perdeu quando não abriu mão de algumas loucuras, que na época não passavam de condições naturais. O amor deixa a gente completamente não-a gente.

A gente faz e deixa de fazer tanta coisa que não tem lista, memória nem terapia que façam vir tudo à tona – não adianta porque não tem. E foi certo ou errado? Ah, quem sou eu para dizer... Se questões de múltipla escolha demandam revisão, só nos cabe deixar a sensação de ter feito até demais pros momentos pós-mágoa. Porque os questionamentos não somem, mas economiza alguns anos de terapia (ou de rugas) se acostumar com eles... sem resposta.



Identifique-se você também no blog Copo de Cachaça (A Verdade Sempre Sai)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Torsão no coração?

Torci o tornozelo. Eu vivo fazendo isso comigo mesma, desde sempre. Não sou muito amiga dos meus pés. Já cheguei à conclusão que, em outra vida, devo ter arrancado ambos pernas/pés num ataque de ódio a mim mesma ou tive lindos pares dos membros inferiores e não soube dar valor, mas isso é assunto pra outra divagação. Aqui, a questão é aquela dor chata que torcer o pé/mão traz. Não é insuportável, mas um mau jeito te faz ver estrelas. Meio como recuperar-se de uma mágoa.

Qualquer mágoa. Seja um término de relação, uma briga mal resolvida, uma discussão que durou mais aquele momento, enfim, uma mágoa. De início, dói mais. Pode ou não transparecer pra quem vê, ficando roxo, inchado ou não conseguindo esconder a cara de tristeza. Com o tempo, a dor vai melhorando, doendo mais quando a gente pisa de mau jeito, força demais o pé ou insiste em mexer no passado, que não quer (ou não deve) ser mexido.

Aquela dor constante, como enxaqueca leve que consegue durar horas sem cessar, incomodando sem te impedir de fazer quase nada, parece com a do torsão que você ainda não sabe se pode ser tendinite; ou mágoa quer você ainda não sabe se pode ser o fim de tudo, e pior, daquele fio de esperança que você guarda, como o milagre do gesso ou da bota curarem seu pé roxo, sem a fisioterapia, ou sem a fase de depressãozinha chata que não dói demais, mas também não dói de
menos.

Torser o coração de feridinhas pequenas, como a mágoa colecionando pequenos mau jeitos no caminho da cura, é o que mais fazemos pela vida. Tomamos tombos maiores algumas poucas vezes, onde os danos são maiores, mesmo que ainda reparáveis, mas a maioria é só torsão: muita dor, gesso na dorzinha chata e pra curar mesmo, fisioterapia da paciência, que é só tempo e torcida, mas com 'c', pro amor novo chegar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sem rancor

Se eu tivesse a chance, faria um feira de reencontro. Veria novamente todas, ou quase todas as pessoas que já passaram pela minha vida. Considerem-me Madre Teresa de Calcutá se quiserem, mas não consigo lembrar de ninguém que tenha cruzado o meu caminho de uns três anos e meio pra trás (é, porque de 2007 pra cá ainda é muito recente, ainda não deu tempo de eu aprender a lição do dia) e tenha ficado muito marcado na minha mente.

Nunca fui de guardar rancor, costumo esquecer até um pouco rápido esse tipo de coisa. Talvez porque eu resolva minhas questões na época em que as coisas me incomodam, ou sorte, que seja, o fato é que eu acho que rancor dá câncer, e desse mal eu não tô a fim de morrer, ou sofrer. Que meu santo continua não batendo com os de algumas pessoas, isso é lógico. Não sou maria-cocô que gosta de agradar gregos e troianos, mas é só. Ignoro e vou em frente.

Infelizmente nem todos pensam, ou agem assim. O que existe de gente que me desgosta por motivos que nem eu sei mais, nossa, perdi as contas. Claro que não me orgulho disso, aliás, pensei muito antes de manchar minha imagem cor-de-rosa que esse blog deve passar, mas fugir da verdade pra quê? Mas não tenho muito o que fazer. Às vezes, se tenho a oportunidade, tento resolver, simplesmente porque é menos chato quando está tudo bem.

É, mas nada disso me tira o sono. Já tirou, só que hoje não mais. A gente cresce, vai acumulando as cicatrizes e acaba percebendo que tem tanta coisa maior e mais importante pra gente se preocupar realmente, que acaba deixando pra lá. Para mim, essas 'resolvidas' que vou dando com o tempo acabam virando alívios bacanas, sabe? Anos sem falar com alguém por besteira, um dia se resolve e pronto. Não volta amizade, mas tudo bem, resolveu. Não deixa de ser bom.

Esclarecer as coisas pode ser doloroso, dependendo dessas 'coisas', é claro. Quem já viu um grande amor com outra pessoa, enquanto esse amor era grande, ou somente amor, sabe como machuca mesmo depois de outros dias, meses, anos e até outros amores. Mas passa, sempre passa. Mesmo que esses esclarecimentos não precisem de todos os lados, de todas as testemunhas daquela ocasião que te doeu tanto. Às vezes esclarecer a gente mesmo com nosso coração já vale o passe pra fora do INCA.

Me segue no Twitter? @tchutchu

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Amor platônico

Venho pensando em falar sobre esse assunto há meses, talvez anos, como nunca pensei antes falar aqui sobre alguma coisa. Blog é livre, o espaço tá aqui pra isso, eu sei, mas o assunto é delicado, e mesmo que sejam poucos, não quero magoar nenhum dos meus leitores. É... Só que eu simplesmente NÃO ACREDITO em amor platônico. Calma, que eu vou explicar, até porque eu também já tive meus 'amores platônicos' nessa vida e aprendi que isso não existe.

Na minha opinião, que fique bem claro, 'amor platônico' nada mais é do que um nome para aquele sentimento que algumas pessoas chamam também de paixão - e que eu chamo é de encantamento. Explico-me: quando você não tem nenhum tipo de relação com uma pessoa, é inviável que você possa sentir algum sentimento verdadeiro, ou no mínimo completo. Você não conhece de fato esta pessoa, como pode chegar a amá-la? Não há convivência, você não sente o bafo matinal. Não pode ser amor.

Esse 'amor platônico' é o mais simples, aquele em que você é 'a fim' de alguém. Fantasia histórias, beijos, diálogos inteiros, viagens. Você projeta naquela pessoa um alguém que você inventou, e basta arrumar um namorado, ficante ou qualquer coisa mais real do que alguém que você observa de longe, ou de perto mas não muito e pronto: você saca logo que era 'apaixonadinho', 'encantadinho', sentia um 'amor platônico' com todas as aspas possíveis. Mas AMOR, não era.

Tentaram me convencer que amor platônico existe, sim, quando existe a convivência, como um amigo se apaixonar por outro, ou no caso de colegas de trabalho. Concordo que o convívio até traz a possibilidade do sentimento ser mais verdadeiro, pois há 'conhecimento de causa', você sabe como a pessoa é nos bons e nos maus dias. Mas AMOR? Menos, amiguinho. Amor demanda tanta coisa maior do que almoços, estresses e chopp de sexta-feira...

Quando são grandes amigos e um se apaixona? Isso, use esta palavra: paixão. Mesmo que eu ainda ache pesado você estar apaixonado por alguém que não está por você, prefira esta ao 'amor', mesmo que platônico, e mesmo que entre aspas. Não escolhemos por quem nos apaixonamos? Verdade. Mas ninguém se apaixona da noite pro dia, não é assim que as coisas funcionam - pelo menos não de verdade. Paixões de verão são lindas na adolescência, mas chega uma hora que sofrer deixa de ser charme.

Pelo menos sofrer de verdade, sem platonismo, sem aspas nem nada.

Aos curiosos e que discordam, cliquem aqui.

PS: também não confio muito no Wikipédia, mas é só pesquisar sobre Platão que, nesse caso, está certinho!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Só porque eu (não) namoro

Você ouve piadinhas só porque (não) está namorando? Bem-vindo ao mundo de todas as pessoas desse mundo. Literalmente. Porque as piadinhas existem sempre, e por mais que falemos nelas, que critiquemos, aceitem, amiguinhos: ela jamais deixarão de fazerem parte do nosso dia-a-dia. A gente é que precisa aprender a não deixar que elas irritem demais - mesmo que alguns dias você se permita xingar muito no twitter. Ou no blog.

Parece que foi ontem quando eu estava solteira e era mais certo que vuvuzela em dia de jogo na Copa: conhecia alguém e a pergunta 'como não tem namorado? Por que, meu Deus?' vinha voando. Eu, honestamente, que não vejo problema nenhum em estar sozinho. Acho a frase 'solteiro sim, sozinho nunca' tão ridícula quanto digna de pena. Se você não tem nenhuma relação estável, você ESTÁ sozinho, meu amor.

Eu, que teoricamente estou numa relação estável, considero-me sozinha. Todos estamos. Temos amigos, colegas, familiares, namorados, mas no fundo, a única certeza é de estarmos sós. Provavelmente não estaremos sempre, mas geralmente. E qual o problema nisso? Quem não sabe viver sozinho eu sugiro que aprenda. Nada melhor do que pensar sozinho em planos do futuro e repensar nas atitudes já tomadas.

Idéias de respostas, dependendo do seu humor:

- Você sai sozinho? Mas não namora?
- Namoro, mas vai que encontro coisa melhor, né? piadinha com pitada de humor
(A cara de bunda da pessoa já vale)

- Bonita desse jeito e sem namorado? Ah, você deve ser muito exigente.
- Sou mesmo, tipo esse seu dente amarelado eu não tolero. mau humor claro
ou
- Pois é, eu peço tanto que escovem os dentes, sabe? piadinha de leve

- Aposto que tem ficante...
- Tenho, pô, tô só esperando ele terminar com a namorada que vira sério! sarcástica

- E aí, casa quando?
- Ano que vem, mas é só pros íntimos... piadinha quase séria
ou
- Olha, eu já casei... (meio sem graça porque não convidou o pentelho) piada séria
ou
- Quando tiver din din! piadinha leve

- Passando o rodo, aposto!
- Pior que não faxino nem minha casa... piadinha leve
ou
- Sou virgem. com cara séria

O curioso? É que, invariavelmente, esses questionamentos vêm de pessoas que não dão lá bons exemplos de bons parceiros em suas relações. Repare! ;)




PS: você sabia que eu escrevo a coluna T.P.M. no Pecado Fashion? Clica em cima do nome e leia, o site é ÓTIMO!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Casa quando?

Eu tinha até esquecido de escrever sobre isso, mas claro que as pessoas voltam nessa questão, deixando-me novamente sem entender absolutamente nada: por que todos que não me vêm há 2, 3 anos (ou pessoa qualquer, sem parâmetro definido) perguntam quando eu me caso? Estou ficando velha aos 24 anos? Até onde sei, ainda se pode ser solteira com essa idade no século XXI. Ou não? Confesso que não encontro explicação plausível e qualquer comentário que me ajude nessa questão é MUITO bem-vindo.

Acho que o questionamento começou esse ano, se não me engano. Quando o décimo cidadão me veio com essa pergunta, cansei de não entender e deixar pra lá para começar a ficar preocupada. Estou com cara de mulher desesperada para vestir branco, ter minha própria casa, ser mãe? Porque nunca, que eu me lembre, coloquei em pauta o assunto 'meu sonho é casar', ou 'queria muito um filho ontem'. Nunca. Então me veio a questão da idade: 24 anos deve ser o grito 'MEU DEUS, ME ARRUMEM UM MARIDO' e só eu não devo estar sabendo.

Mas ninguém, até hoje, mencionou a idade como motivo da pergunta. Algumas pessoas disseram que 'estou sempre namorando'. Hum. Sempre fico, no mínimo, um ano solteira entre uma relação e outra, e tive umas três relações 'sérias'. Isso é 'estar sempre namorando'? Permaneci sem entender esses padrões loucos que as pessoas taxam o 'nunca' e o 'sempre'. O povo costuma passar anos sem assumir um compromisso, mas está ficando com 5.698 pessoas ao mesmo tempo, uma atrás da outra, de uma vez só. É o título de solteira que conta? Deve ser.

Outros alegaram que meus namoros duram muito. O que seria essa definição de 'muito'? 7 meses um cidadão, 1 ano, 9 meses e uma semana outro e 1 ano, 9 meses e 15 dias o atual? ISSO É MUITO? Isso é um passo para o casamento? Porque se for, estou com medo de não me divorciar nos primeiros cinco anos de casada e ficar com fama de carola ou qualquer coisa parecida. O que ocorre com o mundo, que vem achando milagre da natureza, algo sobre-humano, uma pessoa possuir uma relação estável de, sei lá, DOIS meses?

Não sei o que se passa na cabeça das pessoas, mas honestamente não estou nem aí, tanto que havia esquecido de escrever sobre os que me querem casada amanhã. A vida é minha e se eu fosse seguir um décimo dos conselhos que ouço, me dá até medo do que eu seria, ou de onde estaria. Porém, confesso que me surpreendo com esses tipos de pensamentos, sabe? A não ser que haja uma outra explicação por trás disso tudo, e eu é que não descobri porque não li nas entrelinhas.

Você leu? Então me conta.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Férias de amor

- Todo casal deve se manter afastado por pelo durante um mês todo ano para que um casamento dure muito.

A frase acima foi dita por um homem, e outros dois concordaram. Fiquei com cara de caneca, como diria Ana Carolina ("cara de caneca é quando você ganha uma caneca e fala 'oh...'), ou seja, cara de 'não entendi'. Porque eu realmente não entendi. Ok, nunca namorei mais do que 1 ano e 9 meses (aliás, mais cinco dias e esse recorde é quebrado, que rufem os tambores da contagem regressiva) e nunca fui casada, ou seja, mal vejo meu namorado uns 3 dias por semana, mas será que é assim mesmo?

Acharam um absurdo eu não entender casais que tiram férias separados, ou que viajam a descanso cada um para um canto. Porque eu não entendo como duas pessoas que estão juntas prefiram estar separadas. Na minha cabeça, isso não faz o menor sentido. O dia que eu preferir passar dias sem meu namorado, eu mando um beijinho e termino, simples assim. Isso tudo é carência, medo de ficar sozinho? E que medo é esse que as pessoas sentem, meu Deus? Preferem estar com uma pessoa que não é mega gente boa? Ah, pára com isso...

Viver 24hs grudado não funciona? Concordo. Mas concordo porque isso não funciona COM NINGUÉM: nem com seus pais, irmãos, melhores amigos, e até filhos. Por que seria diferente com namorado? Não seria. Saio sozinha, saio com amigas, amigos, claro que saio com outras pessoas e passo um tempo longe. Mas semanas? Me desculpe, não vejo sentido. Talvez eu veja quando casar e sentir essa necessidade, mas confesso que ainda acho esquisito e difícil que aconteça.

Para mim, passar semanas longe de uma pessoa com quem você mora, mas já passa horas do dia longe, porque trabalha, faz outras atividades, enfim, por milhares de motivos, para mim soa como férias DA pessoa. Passar momentos longe, refeições, talvez um ou outro final de semana qualquer, tudo bem. Mas FÉRIAS? Sei lá. Sim, pode ser que eu releia isso daqui a uns anos e pense 'que utópica'. Mas pode ser que eu releia e sorria 'que visão de futuro que eu tinha...'

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não se permita

Quão masoquista é uma pessoa que gosta dessa coisa de sofrer por amor? Ser poeta é lindo, mas a verdade é que a maioria desses sofredores sofre mais por fora do que de fato por dentro - senão é bem difícil que aguentariam tanta dor, por tanto tempo, com cara de quem não sofre. Metida a poeta que sou, posso falar que sofrer na teoria é muito mais bacana que na prática, porque não tem coração que aguente por muito tempo.

Sofrer de leve é do que chamo quem diz que sofre há anos. Duvido que sofra de fato. Que se arrependa de algumas coisas, que fique pensando, relembrando, revivendo, vá lá. Mas sofrer com a dor que coração quebrado no meio sente, sangrando daquela maneira metafórica que a gente parece que enxerga de tanto que machuca? Eu duvido. Reviver amores, repensar dores, tudo isso é até legal de vez em quando, todo mundo tem seus momentos de nostalgia. Mas não vamos exagerar.

Viver de passado é não viver. É muito doida essa coisa de passar muito tempo relembrando os velhos tempos pelo próprio nome. Você aprende com o que passou, lembra (com carinho ou raiva, mas SÓ lembra), mas não fica preso a isso. Já basta que ninguém pode apagar passado, ainda permitir que ele seja mais presente do que os dias que já chegaram, sem conseguir projetar um futuro qualquer? Pára com isso.

Cada um tem seu tempo de 'sabat', seus dias, semana ou meses de resguardo, faz parte. Algumas vezes a gente até cai no erro de esticar demais essa quarentena, assino meu nome nessa listinha. Mas não me permito mais. Acho que se dar o direito de sofrer, de chorar, é quase uma obrigação, porque uma hora a dor transborda. Só que saber que isso tem fim é não se permitir entregar.

Porque museu é legal de vez em quando; ou você não estaria nem lendo um blog...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Gaste seu amor

"Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo." (Martha Medeiros)

Eu adoro a Martha. Se você nunca leu isso aqui, percebeu pela forma como eu escrevo - considero que parecemos um pouco. Talvez eu seja ela em alguns anos, talvez ela tenha sido eu aos 20 e pouco, sei lá. Adoro as coisas que ela diz. Raramente não concordo com algo escrito por ela, e as raras vezes são SEMPRE porque eu sou nova demais para entender. Esse texto aí em cima é uma delas.

Lido há 5 anos, eu certamente concordaria por uma questão dessas palavras parecerem fazer um sentido óbvio, pra mim. Hoje, por experiência própria, aconselho que sigam à risca. Poucas coisas são piores do que a sensação de amor 'sobrado' dentro de você. Está lhe parecendo óbvio também? É que, como eu há alguns anos, você deve pensar que MUITA gente deixa amor sobrando. Talvez esse número seja menor...

As pessoas têm diferentes formas de demonstrar o amor que sentem pelas outras. Pode parecer louco, mas ignorâncias, grosserias, patadas e afins podem ser demonstração de amor. Corretas, bacanas, suportáveis? Provavelmente, na maioria das vezes, não. É preciso sempre buscar o equilíbrio e bla-bla-bla de terapeuta, mas PODEM SER FORMAS DE AMAR.

A verdade é que SÓ você sabe o amor que cabe sentir. Metaforicamente dentro do coração, fisicamente saindo pelos seus poros. O mundo inteiro pode te avaliar e pensar que seu amor é pouco, muito, menos do que poderia, enfim. Não ligue. Se a pessoa a quem você direciona seu amor SENTE o que lhe cabe, ou a maior parte disso, já valeu.

Porque não existem palavras que consigam mensurar o amor que a gente sente, nem quando é de mais, nem quando é de menos. Matemática e exatidões não andam com sentimentos; não à toa quem os fala é de humanas. Esquece essa coisa de 'infinito', quadrados e cubos. Ame o quanto você sabe, e torça pra que o alvo o saiba também.

Só não esquece de amar até a última gota, pra não ter que passar por isso.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tristeza

Estar triste é muito mais do que chorar, até porque tem tantos motivos pra gente derramar lágrimas que a tristeza é uma parte bem pequena disso. Estar triste é sentir o sentimento grande demais dentro de você, tirando-lhe as forças para chorar.

Estar triste não é deixar de cantarolar as músicas no seu MP3, Ipod, rádio ou cabeça. Na tristeza de verdade, podem te pegar cantando alguma parte da música, mas se ficarem observando por um minuto ou menos, você vai parar de cantar do nada. O motivo não-aparente é a tristeza.

Rir não é sinal de ausência de tristeza, mesmo o riso sincero. A gente não deixa de achar graça nas coisas quando está triste; é instinto do coração que não gosta de doer forçar um sorriso amarelo, uma tentativa de momento melhor.

Tristeza é não parar de pensar no foco triste. Porque não quer, porque não tenta, porque não consegue. Porque luta, porque cansou de vencer uma batalha perdida. Isso não importa. O pensamento está sempre lá; o que você não sabe é até quando.

A tristeza não te impede de viver seus dias, nunca impediu. Você vive, porque não tem muito jeito, agora. Você vive esperando que passem as horas pra que o dia acabe; os dias, pra que feche o mês; e os primeiros meses, pra chegar logo o fim dessa fase.

Porque tristeza é uma fase, que passa. Invariavelmente, passa. Quando perceber a tristeza em alguém, não ofereça ajuda - a gente pode não gostar. Mas mostre que você está lá. A gente precisa saber disso, já fortalece. E continuamos olhando o relógio.

Chega logo, dezembro. Chega logo.


Postado no pecadofashion.com.br

Taí uma coisa pra qual eu nunca tive vocação: namorar. É, porque tem gente que parece ter nascido pra isso. É caseira, romântica, sabe cozinhar, gosta de usar apelidos carinhosos, é família, adora viagens a dois de fim de semana, sabe e adora comprar ou fazer presentinhos fofos, enfim, tem garota que foi feita pra ser a típica namorada.

Eu, não. Meu primeiro namoro sério foi um bater de cabeças imenso, coitado do meu ex-namorado paciente com essa criatura que adora um barzinho cheio, gosta de conversar com 234 pessoas ao mesmo tempo, não se incomoda com o futebol semanal do namorado, e que aliás nem faz questão de ir.

Não sou romântica (apesar de escrever de amor ser o que eu mais sei fazer na vida), detesto cozinhar, não gosto de apelidos carinhosos, e até sou criativa, mas acho de uma viadagem tremenda presentinhos fofos demais. Sou super família, mas muito mais pela zona do que pelo ambiente calmo. Eu? Não sou nem um pouco calma.

Viver minha vida de solteira até a última gota sempre foi meu lema, até eu aprender a namorar e perceber que, quando você aprende a curtir todas as coisas boas do momento que você vive, as coisas boas do outro lado da moeda parecem insignificantes, e não te deixam saudade. Eu aprendi a ser solteira como ninguém – mas hoje também aprendi a namorar.

Nunca senti saudade de uma coisa, nem de outra. Enquanto estava sem ninguém? Aproveitava tudo que isso me trazia: não ter ninguém para dar satisfação, gastar menos (que mulher gasta mais solteira?), passar horas no shopping e problema meu, beijar quem estava a fim, ir onde bem entendia, sair só com as amigas sempre, sair só com homens quando desse na telha.

Hoje, há um ano e oito meses, eu namoro. E adoro ter alguém para contar meu dia sem parecer uma chata, ter companhia pra todos os filmes que quero ver, ir em todos os restaurantes que sempre quis, me cuidar pra quem sei que vale a pena. Adoro ter um amigo pra todas as horas e adoro mais ainda saber que namorado bom é aquele que você pode namorar e poder ser quem você é, como se fosse solteira.


Não está namorando? Curta o máximo que seu fígado permitir, pra quando achar o cara mais legal do mundo, não sentir a menor saudade do que o mundo pode te oferecer. Assim, é bem mais fácil enxergar o mundo que seu namorado tem pra te oferecer.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Era eu?

Quem é que nunca olhou fotos antigas e ficou se perguntando quem diabos era aquela criatura ali, que não você? Rá. Duvido que você nunca se viu nessa situação... E nem digo fotos de uma, duas décadas atrás. Você nem precisa ir muito longe: pega seu álbum ou agenda de uns poucos anos e dá aquela olhada nas roupas, na maquiagem (ou falta dela), no sapato, bolsa, aparelho que você usava, piercing, naquelas caras de adolescente querendo aparecer. Você deve ter alguma coisa que te envergonhe de você mesma...

É, mas quando você se depara com aquelas fotos suas com seu ex, e começa a querer lembrar daqueles dias, daqueles tempos. Já passou pela situação em que você simplesmente NÃO CONSEGUE? Sabe quando você se olha, sabe que é você, lembra até daquele dia, mas parece que é seu corpo com uma outra alma? A gente cresce, amadurece, muda até de opinião, conceitos, ideias, objetivos, e essa lista não teria fim, porque a vida é uma constante metamorfose, mas você simplesmente não se projeta.

Você fica olhando com aquela cara de quem comeu e não gostou, mas lembra que, na época, gostava, e fica se perguntando por que, afinal. Hoje olha e tem certeza: ‘eu JAMAIS viveria isso de novo. Não hoje’. Penso que algumas pessoas aparecem em nossas vidas no momento certo, porque se esperassem mais um pouquinho, bye bye namoro – não contigo. Mas será? Será que não pensaríamos o que pensamos hoje se não tivéssemos namorado/tido qualquer tipo de relação com aquela pessoa?


A verdade é que nunca vamos saber – pelo menos não nessa vida. Mas a gente se pega pensando, e lembrando de tantos dias, tantas situações... Faz de perfis no Orkut, Facebook, álbuns ou agenda um momento de nostalgia tão pura, que às vezes confunde estranheza, em relação a esse passado meio bizarro, e saudade, porque por mais estranho que hoje pareça, um sentimento dentro de você lembra que já foi bom um dia. E aí você lembra também que teve um período bem ruim, que você não gostaria de lembrar...


E se arrepende com todas as forças de ter começado com a abrir o baú.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Se tem coisa que odeio...

Olha, se tem coisa que eu odeio é me arrepender... Sempre fui impulsiva por achar que as coisas deveriam ser feitas de acordo com o que sentimos no momento e pronto: depois a gente parava pra pensar no que tinha feito, mas nada que alguns anos de experiência não pudessem me dizer que 'assim foi melhor'. Talvez eu tinha perdido lindas histórias de amor, talvez eu tenha perdido tempo com pessoas que não valeram a pena, mas a verdade é que eu sempre soube aproveitar o que me tinha sido dado - e não ligar absolutamente para o que eu tinha tirado do meu caminho. A decisão havia sido minha e por isso não adiantava de nada ficar olhando pra trás.

A verdade é que, como muito bem disse hoje um amigo meu, ' vida é assim mesmo: para cada decisão, automaticamente você exclui outra'. Acho que já até mencionei Chorão (sim, aquele do Charlie Brown Jr.), que muito sabiamente cantou 'cada escolha, uma renúncia, isso é a vida'. É isso: a gente sempre abre mão de alguma coisa quando escolhe outra, e ficar pensando no que abriu mão é causa de insônia, sensação de vazio e por aí vão nostalgias seguidas de perda de tempo. Tão causadora de noites insones quanto, é a dúvida, é o tempo que se gasta antes de tomar uma decisão, mas vale a pena por todo um futuro certo - ou ao menos como você escolheu.


A impulsividade pode acompanhar uma pessoa pro resto da vida. Minha mãe está a três décadas de mim e ainda tem seus momentos, mas a tendência é que a constância impulsiva se transforme em ocasiões raras, como mamãe tem feito. Acredito no avanço individual cada vez maior no passar das gerações, talvez por isso eu tenha começado a fazer terapia vinte anos mais nova do que ela. Cansei de ser impulsiva demais, ou sempre. Pensar muito pode deixar brechas para algumas coisas passarem direto, mas as situações realmente importantes param antes. E aí você, a essa altura do campeonato, já tem bola na mão e apito na boca - pra encerrar a partida de vez ou começar o segundo tempo; o juiz é você.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ou comprar uma bicicleta?

Chega uma hora que empurrar com a barriga simplesmente não funciona mais. A vida te coloca na parede e quer saber se você vai casar ou comprar uma bicicleta. Ninguém precisa te puxar num canto e de fato te perguntar isso, nem sempre o momento de uma decisão ser feita vem em forma de palavras, ultimatos ou beiradas de precipícios. Mas a gente entende, da forma que elas vem. Pode até passar um tempo achando que ludibriar o pulo pra um dos lados do muro vai funcionar pra sempre, mas vai enganar quem? Uma hora o lado precisa ser explorado, e de cima da mureta tem muita coisa que não dá pra ver.

Por mais que você conheça centenas de vantagens e quase todas as desvantagens de casar, e por isso acha que essa pode ser a escolha acertada, ainda assim você questiona se com você as coisas não podem sair diferente. Vai que você foge à regra? E se isso não for pra você e sua felicidade estar em sair pedalando uma bicicleta por aí afora? Você coleciona dúvidas, junto com todas as certezas que vem observando de cima do muro. Do alto, ainda consegue ter o melhor das duas coisas, mesmo que superficial. Por enquanto tá valendo, desde que o pior também seja só um pouco.

Mas um dia você escova os dentes e se olha no espelho. Sofre, mas só você sabe como dói a indecisão, ou o peso de saber a escolha certa mas faltar coragem pra toma-la. E não é nem o medo de se arrepender, de talvez estar sendo precipitado demais - no fundo você sabe que foram muitas observações, o suficiente para estar pronto para o que te espera, quando as escolhas forem feitas. Não é medo de pular do muro, é medo da dor da queda. Porque sempre dói, nos primeiros dias, talvez nos primeiros meses. Depois, a dor vira só psicológica, e é dessa que você foge.

Porque você sempre quis casar, mas no fundo nunca sonhou mesmo com isso, e bicicleta pra que, se nunca soube andar? A escolha certa você sabe qual é. Sabe que a queda dói, mas que passa. Sabe que o dia de amanhã é uma incógnita, afinal você se imaginava aqui, há dois, três anos atrás, quando aquela moça do RH daquela empresa te perguntou onde você se via mais na frente? Pois é. Você não sabia, nem sonhava que seria aqui. Porque sei lá, Nina, vai que no verão você aprende a andar de bicicleta em Paquetá?


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quando você não tem certeza

Tomar uma decisão que te traz insegurança no depois, seja que decisão for, nunca é muito fácil. Ninguém nunca sabe o que esperar do amanhã, é verdade, mas quem é que não tem medo do desconhecido? Do que não se sabe, conhece ou já viu pra saber como funciona? Pra morrer, basta estar vivo, e emprego nenhum é cem por cento certo, mesmo que cargos públicos tendem a durar para sempre. A gente nunca sabe, no fundo. E nunca saber é não ter certeza de nada.

Começar um namoro com alguém que você pouco conhece, ou alguém que você conhece muito e não quer magoar/ser magoado; terminar uma relação onde você já foi muito feliz, sem saber se essa pode ser mais uma crise que provavelmente passa logo e você vai amargar no arrependimento; sair de São Paulo pra ir morar no Texas e morrer de saudades da família, mas quem sabe arrumar um namorado? A gente não sabe. Por isso que a gente tem medo.

É muito linda aquela lista de conselhos positivos que as pessoas insistem em nos dar, aqueles textos motivantes de blogs cor-de-rosa que tentam te ensinar alguma coisa útil. Mas no fim das contas, meus caros, é a gente quem vai viver o amanhã da gente mesmo, e o povo vai assistir, por mais que de camarote - e assistir nunca é estar no cenário. Colha opiniões, e boa sorte na hora de ficar com uma delas.

A minha? Rá. Quem sou eu pra te dizer o que fazer, quando nem eu sei o que fazer com meus problemas? Posso só te dizer como funciona a minha faltas de certezas. Não sei o que quero da vida, mas tô tentando descobrir. Fazendo de tudo, sugando o que posso, porque não quero, semana que vem, pensar que posso ter perdido alguma coisa porque fiquei com preguiça. E medo é um preguiça disfarçada.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ah, coragem...

Tem horas que a vida colabora e deixa a gente protelar algumas decisões que sabe que deve fazer, mas que por algum motivo de força maior (mesmo que essa força seja a preguiça mesmo) acaba não fazendo. Mas tem hora que a vida cansa de dar aquela mãozinha bacana e encosta a gente na parede, em forma de pessoas, situações ou qualquer outra coisa: chega a hora em que a gente precisa tomar a decisão de fazer besteira ou acertar na escolha e ser feliz pro resto da vida. Ou até que a próxima decisão tenha que ser tomada.

Num relacionamento que já não vai bem, ou que simplesmente já não vai, a coisa mais comum do mundo é ver casais que vão levando enquanto não está insuportável. Os motivos podem ser um cachorro, um filho ou a preocupação de não ter que magoar aquela pessoa que, por mais que já não haja mais amor, tem-se um carinho grande, ou no mínimo um respeito de quem é companheiro mesmo. Aí você espera que parta do outro lado a decisão - é menos difícil assim.

Mudanças costumam ser a mesma coisa. Mudar de cidade, de bairro, de casa. São meses, e até anos, pesando os prós e os contras, pesquisando e desistindo. É verdade que, diversas vezes, depois de um tempo, é até bom a demora - você acaba descobrindo que era muito cedo para mudar, ou que não deveria fazê-lo, podendo até mesmo encontrar algo perfeito, como você queria, um tempo depois de tanta procura. Mas se mexer para mudar é só um passo: o principal deles.

Sair de um emprego que se gosta por necessidade de um tempo para você, que está indeciso sobre felicidade e essas coisam que dizem, é a mesma coisa: você espera que tomem a decisão no seu lugar, protela o máximo que pode, mede os prós e contras. Mas chega um dia que a vida cansa de dar aquela mãozinha e você chama seu chefe na sala de reunião e fala: 'dessa vez eu tenho que ir. Por mim'. Hoje eu vou pedir demissão.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Em paz com o passado

Fazer as pazes com o passado é algo bem difícil, e acho que a maior dificuldade que a gente encontra é a quantidade de pessoas que guarda alguma mágoa de um tempo que passou e nunca mais vai voltar. Como existe gente rancorosa! Já parou pra ouvir as conversas de salão, de banco, de elevador? Tem sempre alguém que não esqueceu, que ainda ama, que quer voltar. Quando isso faz um, até dois anos, no máximo, acho até válido. Mas cinco, dez, vinte anos? Olha, numa boa, isso pra mim já prescreveu.

Cada um com a sua história, vida e circustâncias. 'Quem essa pirralha de 24 anos acha que é para saber da minha dor?' Não sou ninguém, minha senhora. Mas vendo de fora, às vezes é um pouco mais fácil perceber que essa revolta toda, essa ligação com o passado não passa de um medo terrível de perdoar as pessoas e situações e seguir em frente. Porque depois de alguns 30 ou 40 anos vividos, começar tudo de novo pode dar um pavor danado. Em mim, que vivi metade disso, dá.

A gente tem medo de cometer o mesmos erros, tropeçar nas mesmas pedras e viver as mesmas dores no segundo amor, quando o primeiro acaba, ou é acabado - no final das contas, a gente vê que esses detalhes são o que menos importa. Mas tem gente que fica preso a tão pequenas coisas, que deixa a vida passar bem do lado, só assiste, e esquece de viver. De sofrer, magoar alguém, fazer besteira - tem gente que esquece que isso faz parte. E pára.

O coração fica calejado, as marcas do tempo ficam ainda mais perceptíveis nos rostos de quem sofreu na vida. Mas quem não sofreu? Quem nunca passou por uma perda? A maneira como se lida com isso é que faz a diferença. Conheço mulheres de 50 e de 20 anos que perderam grandes amores que foram para o lado de lá da matéria, da terra, da dimensão (depende da sua religião), e uma pegou força disso, enquanto a outra se faz de vítima até hoje.

A escolha é toda nossa, perdoar ou não, admitir que erramos e passar por cima disso ou viver num fracasso que já passou, por mais errado que tenha sido. Fazer as pazes com o passado é aceitar, porque o que mais a gente pode fazer, se não aprender com tantas coisas e procurar reconhecer as pedras, pra não tropeçar nelas novamente? Que tropeçamos em outras, e com todas, finalizamos um castelo - por que não?

;)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Texto que não é meu

Recebi essas frases num e-mail e achei que valiam a pena serem repassadas. Desconheço a autoria, e marquei em negrito as que, de verdade, eu sempre preguei e acreditei. As outras, quase todas, pretendo faze-lo daqui pra frente.

Levem com vocês:

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno.

3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.

4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.

6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.

7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.

9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.

10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.

11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.

12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem ideia do que é a jornada deles.

14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.

16. Respire fundo. Isso acalma a mente.

17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.

18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.

21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chique. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.

23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todo mundo.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo...

31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

33. Acredite em milagres.

34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.

35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.

36. Envelhecer ganha da alternativa 'morrer jovem'.

37. Suas crianças têm apenas uma infância.

38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.

39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.

41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor ainda está por vir.

43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

44. Produza!

45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

Essa última parece de uma breguice imensa, mas QUE VERDADE...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Defeitos em maioria

Lógico, todo mundo tem defeito. Lógico, o que pode ser defeito para mim, pode não ser para você, e é por isso que relações podem não funcionar contigo e teu ex, e ele ser feliz com outra pessoa - o que você mais detestava nele, faz da menina um alguém super realizado. Por mais que você não goste dessa ideia, aceitar é mais inteligente, mesmo que seja bem fácil caso você também já esteja em outra, claro.

Mas isso são os defeitos que eu prefiro chamar de características. Jogar bola com os amigos toda semana, fazer as unhas no mesmo dia e hora, comer sempre naquele restaurante meio caro. Essas situações agradam ou não variando de pessoa, não creio que contem como defeito. Esse cruel se encaixa mais em amizade eterna com o ex, chamego demais com próximos nem tão próximos assim, falta de limite.

Defeito universal acho que descreve bem. São aquelas características que a maioria das pessoas detesta; isso sim é defeito. 'Eu sou assim'. E nem acho que ninguém deve mudar só porque o mundo acha que sim, mas também acho que, se o mundo acha que é ruim, não custa nada pensar sobre. No meu caso, eu costumo me colocar no lugar do outro que detesta - e costumo concordar.

Se tem coisa que nunca fui e sempre critiquei quem fosse, é maria-vai-com-as-outras. Detesto, acho falso e uma hora a máscara sempre cai. Mas na maioria das vezes, por mais burra que a unanimidade seja, ela pode ter um fundinho de razão. O que eu digo é que não custa parar pra prestar a atenção. Perder namorado gente boa, que te ama e vice-versa porque você acha normal almoçar três vezes por semana com seu ex? Nem Nelson Rodrigues concordaria contigo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Trancos e barrancos

- É que a gente brigava muito.

Claro que brigava. Ainda bem que brigava... Quando as brigas param, acredito que é porque um dos dois desistiu - e isso é triste. Brigar faz parte de um relacionamento. Aliás, brigar não: discutir. O que acaba dando na mesma, afinal a maioria das pessoas chama de briga o que não é mais do que uma conversa em que um tenta convencer o outro de alguma coisa. Mas o nome é o de menos - é preciso falar.

Se incomoda, diga. A outra pessoa não é obrigada a adivinhar, mesmo que os anos tenham passado e com eles também tenham vindo o conhecimento quase total de cada virada de boca, olhar de lado, balançar das pernas. Falar nunca é demais, quando isso pode se tornar um mal entendido absurdo. Explica, diga os motivos, e principalmente, coloque-se no lugar do outro. Isso ajuda um bocado.

Claro que ter diversas coisas em comum ajuda bastante, seja o gosto musical, manias, profissão, além da química que é a base. Amor, paixão, respeito e admiração vem com o tempo, e mesmo que pareçam ter sumido com o tempo, provavelmente foi porque falou conversa quando o conhecimento mútuo acontecia. Aliás, ele acontece a relação toda, afinal a gente vai mudando com o passar dos anos.

Levar a vida aos trancos e barrancos é mais comum do que se imagina, mas acredito que os trancos e os barrancos nada mais são do que características boas e ruins sendo administradas. Elas sempre vão existir, e resta saber se são tranquilas de levar ou não. Se não forem, parte pra outros; pra outros trancos e outros barrancos, mas sempre com eles. Não fuja, vai tropeçando e rindo quando houver tombos.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A escolha

Eu sei que tenho que dar um basta. Tá na minha cara que não é amor, nem paixão - é óbvio que o único sentimento meu sobre essa relação é o medo de ficar sozinha. Até ele sabe disso, mas acho que prefere fingir. Apaixonado é assim mesmo, eu também já passei por isso, e no lugar dele nem sei mais se gostaria de ouvir essas coisas. Talvez não. Ninguém engana ninguém, a gente sabe disso. E aí eu vou ficando.

Não termino pelo medo do sofrimento solitário, mas também não dou chance de dar certo. Eu ainda amo outra pessoa, e não lembro mais como é não amar. Tem tanto tempo, meu coração simplesmente não sabe mais o que é estar vazio. Ele sofre, sangra, consegue gostar de forma carinhosa de um ou outro que surge, mas o amor está lá, amando, há uns bons anos. Bom, atualmente os anos são maus.

É uma escolha cruel. Não sou capaz de faze-la - principalmente porque o risco de errar existe, como sempre, e como sempre eu não quero ser a culpada. Chega de erro. Amar já costuma ser um erro em determinado momento da nossa vida, dar um fim no conhecido e apostar no que não faço ideia? Não. Já passei da idade de sair arriscando, de viver desconhecido, de fingir que não tenho medo. Porque eu tenho.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O reencontro

- Ah, mentira...

Você pensa, assim que vê a cara da sua ex do outro lado da festa. Nem imaginava que ela estaria lá, mas o mundo é pequeno e idiota o suficiente pra fazer com que amigos em comum sejam mal-educados e levem seu atual-maior motivo de ódio pra perto de você. Fechando com lacinho de fita na cabeça, ela vem acompanhada com um cara. Você nem sabe quem é, deve ser um daqueles pela-sacos que ficavam mandando scraps no Orkut dela, ou puxando papo pelo MSN, com certeza deve ser um deles - você tinha toda razão quando ficava puto com aquilo.

Passa pela cabeça todo aquele período de brigas de novo, as ligações da madrugada, quantas vezes não resisitam e, bêbados, se ligavam, se encontravam e no dia seguinte voltava tudo na mesma, porque uma hora o efeito da cerveja acaba e não adianta, você não confiava mais nela, que não suportava sua desconfiança. Mas agora, vendo as mãos mais macias que você já tocou segurando aquele braço musculoso babaca, você tem certeza absoluta que tinha toda razão pra desconfiar - ela já devia era estar com ele quando vocês namoravam.

Bom, você pensa melhor e percebe que já se foram quase 8 meses que nem se viam, falavam nem nada - só você que ainda fuxica o Orkut dela, mas o seu perfil não mostra as visitas, ela nem deve saber que você ainda a olha de longe. Vai que de repente ela ficou esperando você procura-la? Que nada, ela quem devia ter te procurado, não dizia que sentia saudades toda vez que você acabava ligando? Então. Só se ela realmente não te traía, aí sim meu ciúme doentio era motivo pra ela não ligar. Será?

Você respira fundo, pelo amor de Deus, pára de olhar pra cima e pra baixo evitando que os olhares se cruzem, esse play não tem nem como fazer essa proeza. Se prende nas suas razões pra tanta neurose, ela era gata, cara, lógico que estava te traindo, seus amigos te alertavam tanto. Não era inveja deles, como sua ex dizia. Viu, já tá até com outro, desfilando. Ela me viu. Eu sabia! Abaixou os olhos, respirou fundo - que nem eu. Será que ela não me traía, meu Deus? Sorriu.

- Oi...

Mas você não disse. Só pensou. Sorriu de volta o cumprimento imaginado e pegou de volta a mão da sua namorada - é, 8 meses é tempo suficiente pra estar com outra. E você nunca vai ter certeza se ela ainda te ama. Só porque você não acreditava quando ela te dizia que sim.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que sobra?

Recebi o seguinte (e único hahaha) comentário no último post:

"A gente enraiza na gente aquilo que a gente acha que é, e esquece que crescemos, mudamos... e queremos continuar contando o mesmo discurso de quando tinhamos 13 anos... Quando falta sonho pra gente o que que sobra?"

Senti que era uma pergunta meio(?) direcionada pra mim... E resolvi responder, afinal comecei a me perguntar o que 'me tinha sobrado'.

Antes de mais nada, é bom lembrar que meu discurso de 13 anos nunca foi meu sonho - eu realmente nunca os tive. Curiosidades, vontades, nunca sonhos.

Sobram-me o que sempre tive: vontades. Hoje, talvez eu esteja me vendo como alguém que deixa as vontades para o lado 'férias': coleciono locais que pretendo visitar nos raros momentos que em que consigo me ver descansando nos próximos meses. No ramo profissional, estou me deixando levar. Literalmente. 'Nina, você pode fazer isso?' e eu estou sempre podendo. Não sei mais se porque quero aprender ou se porque é mais fácil. Só sei que vou. E nesse ir, vai me sobrando (mesmo que eu ache que nunca é demais) conhecimento.

No ramo pessoal, mais precisamente com meu namorado, não vejo momento mais proprício para 'me deixar levar', quando namoro uma pessoa com quem coleciono planos obrigatórios (leia-se 'ele só se forma em alguns bons anos) de fazer muita coisa antes de juntar as escovas de dentes (mesmo elas já estando juntas no meu banheiro, lá em casa). Ele me completa, muito mais do que me sobra.

Sobram momentos ótimos com a minha família, que fez tantos planos, sonhou tanto e não temos com a gente a pecinha pequena que nos deixou no final do ano passado. Sobram lembranças com ela, em todos nós.

Sobram meus muitos e todos muito bons amigos me provando que posso, sim, ter muitos e eles serem bons, nada de 'poucos porém bons' amigos. Eles me deixam felizes - de sobra.

Sobra país, cidade, bares que quero ir, e claro, minhas vontades. De ter filhos, quem sabe, de casar, vai que acontece? De ir pra Globo, de crescer aqui mesmo e minha vontade de ir pra lá morrer com o tempo.

Principalmente, me sobram dúvidas. A gente nunca sabe de amanhã. Mas podem sobrar coisas que sabemos - pelo menos por hoje.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Me faltam sonhos

Me faltam sonhos. Uma vez me disseram que sou mais romântica do que aparento, e que isso transparece nos meus poemas. Que tenho uma sensibilidade incrível, vejam só vocês. Há dois dias, disseram que escrevo meus sentimentos porque escondo, na verdade, evito sentir. 'Procure um terapeuta já, meu bem'. Hum. Sorri amarelo na hora, deixei pra lá. Mas ontem, no meio de mais uma das minhas noites de insônia, eu percebi que não tenho sonhos.

Se eu quero casar e ter filhos? Acho que sim. Na igreja? Pode ser, gosto de festa. Se gosto dos meus empregos? Acho que sim. Se me vejo neles em dez anos? Não faço ideia - assim como não fazia até o dia que comecei em cada um deles, e fui ficando, até hoje. O emprego dos meus sonhos? Pff... Longe da minha imaginação, sério. Eu nem sei porque fui fazer jornalismo, curso que acabo em alguns meses, pra você ter noção do que a falta de sonho faz.

Escrevi poesias durante muitos anos, e (achava que) sonhava entrar na Academia Brasileira de Letras. Escrevia textos, criei blogs - (achava que) tinha o sonho de viver disso pro resto da vida. Mas os caminhos foram surgindo, eu fui indo, e nunca trabalhei fazendo 'o que realmente sonhava'. Por mais louco que isso pareça, eu acho que sou feliz. 'Acho' porque já nem sei mais se posso ser feliz se nunca sonhei com isso e não faço o que sonhava. Posso?

'Sonhava' estar morando sozinha, quase casada e com filhos até os 30, mas quando penso que isso me dá menos de 6 anos para fingir que ainda sou adolescente, entro em pânico. Como assim, eu criando filhos? Vejo uma dúzia de amigas e conhecidas que já têm seus pimpolhos, acho fofo, mas nem por um milhão eu gostaria de ter um pra mim, agora. Ou em poucos anos. Alguns anos. Mais de cinco com certeza. Estou adiando um sonho?

Me faltam sonhos. Não sei o que quero pra mim, onde me vejo em poucos anos, nada muito além, em cinco, sete anos, onde quero estar? Sei lá. Só tenho curiosidades: visitar certos lugares, voltar a outros em que já estive. Sinto vontades, sonhos pequenos, que em férias acho que realizo. Isso conta? Preocupei-me de verdade com essa coisa de não ter um sonho, não ter nascido com aquele objetivo. Acho que sou uma ovelha-negra. Ou deve ser mesmo só a TPM.