segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Férias de amor

- Todo casal deve se manter afastado por pelo durante um mês todo ano para que um casamento dure muito.

A frase acima foi dita por um homem, e outros dois concordaram. Fiquei com cara de caneca, como diria Ana Carolina ("cara de caneca é quando você ganha uma caneca e fala 'oh...'), ou seja, cara de 'não entendi'. Porque eu realmente não entendi. Ok, nunca namorei mais do que 1 ano e 9 meses (aliás, mais cinco dias e esse recorde é quebrado, que rufem os tambores da contagem regressiva) e nunca fui casada, ou seja, mal vejo meu namorado uns 3 dias por semana, mas será que é assim mesmo?

Acharam um absurdo eu não entender casais que tiram férias separados, ou que viajam a descanso cada um para um canto. Porque eu não entendo como duas pessoas que estão juntas prefiram estar separadas. Na minha cabeça, isso não faz o menor sentido. O dia que eu preferir passar dias sem meu namorado, eu mando um beijinho e termino, simples assim. Isso tudo é carência, medo de ficar sozinho? E que medo é esse que as pessoas sentem, meu Deus? Preferem estar com uma pessoa que não é mega gente boa? Ah, pára com isso...

Viver 24hs grudado não funciona? Concordo. Mas concordo porque isso não funciona COM NINGUÉM: nem com seus pais, irmãos, melhores amigos, e até filhos. Por que seria diferente com namorado? Não seria. Saio sozinha, saio com amigas, amigos, claro que saio com outras pessoas e passo um tempo longe. Mas semanas? Me desculpe, não vejo sentido. Talvez eu veja quando casar e sentir essa necessidade, mas confesso que ainda acho esquisito e difícil que aconteça.

Para mim, passar semanas longe de uma pessoa com quem você mora, mas já passa horas do dia longe, porque trabalha, faz outras atividades, enfim, por milhares de motivos, para mim soa como férias DA pessoa. Passar momentos longe, refeições, talvez um ou outro final de semana qualquer, tudo bem. Mas FÉRIAS? Sei lá. Sim, pode ser que eu releia isso daqui a uns anos e pense 'que utópica'. Mas pode ser que eu releia e sorria 'que visão de futuro que eu tinha...'

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não se permita

Quão masoquista é uma pessoa que gosta dessa coisa de sofrer por amor? Ser poeta é lindo, mas a verdade é que a maioria desses sofredores sofre mais por fora do que de fato por dentro - senão é bem difícil que aguentariam tanta dor, por tanto tempo, com cara de quem não sofre. Metida a poeta que sou, posso falar que sofrer na teoria é muito mais bacana que na prática, porque não tem coração que aguente por muito tempo.

Sofrer de leve é do que chamo quem diz que sofre há anos. Duvido que sofra de fato. Que se arrependa de algumas coisas, que fique pensando, relembrando, revivendo, vá lá. Mas sofrer com a dor que coração quebrado no meio sente, sangrando daquela maneira metafórica que a gente parece que enxerga de tanto que machuca? Eu duvido. Reviver amores, repensar dores, tudo isso é até legal de vez em quando, todo mundo tem seus momentos de nostalgia. Mas não vamos exagerar.

Viver de passado é não viver. É muito doida essa coisa de passar muito tempo relembrando os velhos tempos pelo próprio nome. Você aprende com o que passou, lembra (com carinho ou raiva, mas SÓ lembra), mas não fica preso a isso. Já basta que ninguém pode apagar passado, ainda permitir que ele seja mais presente do que os dias que já chegaram, sem conseguir projetar um futuro qualquer? Pára com isso.

Cada um tem seu tempo de 'sabat', seus dias, semana ou meses de resguardo, faz parte. Algumas vezes a gente até cai no erro de esticar demais essa quarentena, assino meu nome nessa listinha. Mas não me permito mais. Acho que se dar o direito de sofrer, de chorar, é quase uma obrigação, porque uma hora a dor transborda. Só que saber que isso tem fim é não se permitir entregar.

Porque museu é legal de vez em quando; ou você não estaria nem lendo um blog...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Gaste seu amor

"Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo." (Martha Medeiros)

Eu adoro a Martha. Se você nunca leu isso aqui, percebeu pela forma como eu escrevo - considero que parecemos um pouco. Talvez eu seja ela em alguns anos, talvez ela tenha sido eu aos 20 e pouco, sei lá. Adoro as coisas que ela diz. Raramente não concordo com algo escrito por ela, e as raras vezes são SEMPRE porque eu sou nova demais para entender. Esse texto aí em cima é uma delas.

Lido há 5 anos, eu certamente concordaria por uma questão dessas palavras parecerem fazer um sentido óbvio, pra mim. Hoje, por experiência própria, aconselho que sigam à risca. Poucas coisas são piores do que a sensação de amor 'sobrado' dentro de você. Está lhe parecendo óbvio também? É que, como eu há alguns anos, você deve pensar que MUITA gente deixa amor sobrando. Talvez esse número seja menor...

As pessoas têm diferentes formas de demonstrar o amor que sentem pelas outras. Pode parecer louco, mas ignorâncias, grosserias, patadas e afins podem ser demonstração de amor. Corretas, bacanas, suportáveis? Provavelmente, na maioria das vezes, não. É preciso sempre buscar o equilíbrio e bla-bla-bla de terapeuta, mas PODEM SER FORMAS DE AMAR.

A verdade é que SÓ você sabe o amor que cabe sentir. Metaforicamente dentro do coração, fisicamente saindo pelos seus poros. O mundo inteiro pode te avaliar e pensar que seu amor é pouco, muito, menos do que poderia, enfim. Não ligue. Se a pessoa a quem você direciona seu amor SENTE o que lhe cabe, ou a maior parte disso, já valeu.

Porque não existem palavras que consigam mensurar o amor que a gente sente, nem quando é de mais, nem quando é de menos. Matemática e exatidões não andam com sentimentos; não à toa quem os fala é de humanas. Esquece essa coisa de 'infinito', quadrados e cubos. Ame o quanto você sabe, e torça pra que o alvo o saiba também.

Só não esquece de amar até a última gota, pra não ter que passar por isso.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tristeza

Estar triste é muito mais do que chorar, até porque tem tantos motivos pra gente derramar lágrimas que a tristeza é uma parte bem pequena disso. Estar triste é sentir o sentimento grande demais dentro de você, tirando-lhe as forças para chorar.

Estar triste não é deixar de cantarolar as músicas no seu MP3, Ipod, rádio ou cabeça. Na tristeza de verdade, podem te pegar cantando alguma parte da música, mas se ficarem observando por um minuto ou menos, você vai parar de cantar do nada. O motivo não-aparente é a tristeza.

Rir não é sinal de ausência de tristeza, mesmo o riso sincero. A gente não deixa de achar graça nas coisas quando está triste; é instinto do coração que não gosta de doer forçar um sorriso amarelo, uma tentativa de momento melhor.

Tristeza é não parar de pensar no foco triste. Porque não quer, porque não tenta, porque não consegue. Porque luta, porque cansou de vencer uma batalha perdida. Isso não importa. O pensamento está sempre lá; o que você não sabe é até quando.

A tristeza não te impede de viver seus dias, nunca impediu. Você vive, porque não tem muito jeito, agora. Você vive esperando que passem as horas pra que o dia acabe; os dias, pra que feche o mês; e os primeiros meses, pra chegar logo o fim dessa fase.

Porque tristeza é uma fase, que passa. Invariavelmente, passa. Quando perceber a tristeza em alguém, não ofereça ajuda - a gente pode não gostar. Mas mostre que você está lá. A gente precisa saber disso, já fortalece. E continuamos olhando o relógio.

Chega logo, dezembro. Chega logo.


Postado no pecadofashion.com.br

Taí uma coisa pra qual eu nunca tive vocação: namorar. É, porque tem gente que parece ter nascido pra isso. É caseira, romântica, sabe cozinhar, gosta de usar apelidos carinhosos, é família, adora viagens a dois de fim de semana, sabe e adora comprar ou fazer presentinhos fofos, enfim, tem garota que foi feita pra ser a típica namorada.

Eu, não. Meu primeiro namoro sério foi um bater de cabeças imenso, coitado do meu ex-namorado paciente com essa criatura que adora um barzinho cheio, gosta de conversar com 234 pessoas ao mesmo tempo, não se incomoda com o futebol semanal do namorado, e que aliás nem faz questão de ir.

Não sou romântica (apesar de escrever de amor ser o que eu mais sei fazer na vida), detesto cozinhar, não gosto de apelidos carinhosos, e até sou criativa, mas acho de uma viadagem tremenda presentinhos fofos demais. Sou super família, mas muito mais pela zona do que pelo ambiente calmo. Eu? Não sou nem um pouco calma.

Viver minha vida de solteira até a última gota sempre foi meu lema, até eu aprender a namorar e perceber que, quando você aprende a curtir todas as coisas boas do momento que você vive, as coisas boas do outro lado da moeda parecem insignificantes, e não te deixam saudade. Eu aprendi a ser solteira como ninguém – mas hoje também aprendi a namorar.

Nunca senti saudade de uma coisa, nem de outra. Enquanto estava sem ninguém? Aproveitava tudo que isso me trazia: não ter ninguém para dar satisfação, gastar menos (que mulher gasta mais solteira?), passar horas no shopping e problema meu, beijar quem estava a fim, ir onde bem entendia, sair só com as amigas sempre, sair só com homens quando desse na telha.

Hoje, há um ano e oito meses, eu namoro. E adoro ter alguém para contar meu dia sem parecer uma chata, ter companhia pra todos os filmes que quero ver, ir em todos os restaurantes que sempre quis, me cuidar pra quem sei que vale a pena. Adoro ter um amigo pra todas as horas e adoro mais ainda saber que namorado bom é aquele que você pode namorar e poder ser quem você é, como se fosse solteira.


Não está namorando? Curta o máximo que seu fígado permitir, pra quando achar o cara mais legal do mundo, não sentir a menor saudade do que o mundo pode te oferecer. Assim, é bem mais fácil enxergar o mundo que seu namorado tem pra te oferecer.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Era eu?

Quem é que nunca olhou fotos antigas e ficou se perguntando quem diabos era aquela criatura ali, que não você? Rá. Duvido que você nunca se viu nessa situação... E nem digo fotos de uma, duas décadas atrás. Você nem precisa ir muito longe: pega seu álbum ou agenda de uns poucos anos e dá aquela olhada nas roupas, na maquiagem (ou falta dela), no sapato, bolsa, aparelho que você usava, piercing, naquelas caras de adolescente querendo aparecer. Você deve ter alguma coisa que te envergonhe de você mesma...

É, mas quando você se depara com aquelas fotos suas com seu ex, e começa a querer lembrar daqueles dias, daqueles tempos. Já passou pela situação em que você simplesmente NÃO CONSEGUE? Sabe quando você se olha, sabe que é você, lembra até daquele dia, mas parece que é seu corpo com uma outra alma? A gente cresce, amadurece, muda até de opinião, conceitos, ideias, objetivos, e essa lista não teria fim, porque a vida é uma constante metamorfose, mas você simplesmente não se projeta.

Você fica olhando com aquela cara de quem comeu e não gostou, mas lembra que, na época, gostava, e fica se perguntando por que, afinal. Hoje olha e tem certeza: ‘eu JAMAIS viveria isso de novo. Não hoje’. Penso que algumas pessoas aparecem em nossas vidas no momento certo, porque se esperassem mais um pouquinho, bye bye namoro – não contigo. Mas será? Será que não pensaríamos o que pensamos hoje se não tivéssemos namorado/tido qualquer tipo de relação com aquela pessoa?


A verdade é que nunca vamos saber – pelo menos não nessa vida. Mas a gente se pega pensando, e lembrando de tantos dias, tantas situações... Faz de perfis no Orkut, Facebook, álbuns ou agenda um momento de nostalgia tão pura, que às vezes confunde estranheza, em relação a esse passado meio bizarro, e saudade, porque por mais estranho que hoje pareça, um sentimento dentro de você lembra que já foi bom um dia. E aí você lembra também que teve um período bem ruim, que você não gostaria de lembrar...


E se arrepende com todas as forças de ter começado com a abrir o baú.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Se tem coisa que odeio...

Olha, se tem coisa que eu odeio é me arrepender... Sempre fui impulsiva por achar que as coisas deveriam ser feitas de acordo com o que sentimos no momento e pronto: depois a gente parava pra pensar no que tinha feito, mas nada que alguns anos de experiência não pudessem me dizer que 'assim foi melhor'. Talvez eu tinha perdido lindas histórias de amor, talvez eu tenha perdido tempo com pessoas que não valeram a pena, mas a verdade é que eu sempre soube aproveitar o que me tinha sido dado - e não ligar absolutamente para o que eu tinha tirado do meu caminho. A decisão havia sido minha e por isso não adiantava de nada ficar olhando pra trás.

A verdade é que, como muito bem disse hoje um amigo meu, ' vida é assim mesmo: para cada decisão, automaticamente você exclui outra'. Acho que já até mencionei Chorão (sim, aquele do Charlie Brown Jr.), que muito sabiamente cantou 'cada escolha, uma renúncia, isso é a vida'. É isso: a gente sempre abre mão de alguma coisa quando escolhe outra, e ficar pensando no que abriu mão é causa de insônia, sensação de vazio e por aí vão nostalgias seguidas de perda de tempo. Tão causadora de noites insones quanto, é a dúvida, é o tempo que se gasta antes de tomar uma decisão, mas vale a pena por todo um futuro certo - ou ao menos como você escolheu.


A impulsividade pode acompanhar uma pessoa pro resto da vida. Minha mãe está a três décadas de mim e ainda tem seus momentos, mas a tendência é que a constância impulsiva se transforme em ocasiões raras, como mamãe tem feito. Acredito no avanço individual cada vez maior no passar das gerações, talvez por isso eu tenha começado a fazer terapia vinte anos mais nova do que ela. Cansei de ser impulsiva demais, ou sempre. Pensar muito pode deixar brechas para algumas coisas passarem direto, mas as situações realmente importantes param antes. E aí você, a essa altura do campeonato, já tem bola na mão e apito na boca - pra encerrar a partida de vez ou começar o segundo tempo; o juiz é você.