sexta-feira, 29 de abril de 2011

Capítulo novo

Algumas pessoas mais, outras menos, mas a verdade é que todo mundo tem suas travas quando o assunto é começar um novo capítulo na própria vida. Entenda a expressão por um momento de fato diferente, deixando para trás todo o passado em relação a um assunto específico, e não mudança de frase, parágrafo e adjacência. Entenda que mudanças podem até começar por fora, de maneira física, mas ela só acontece, de fato, quando você parte pro lado de dentro.

Acabar uma faculdade, se formar num curso ou finalizar um projeto não mudanças sem muita escolha, então a passagem de capítulo é meio que automática, e quando você percebe, virou passado. Mas sair de um emprego, de um relacionamento, de uma casa, cidade ou país; mudar de ares, de estilo de vida, começar uma dieta; tudo isso é mais complicado e demorado do que nossa força de vontade (ou coragem) para fazer. Ou então uma hora, as coisas falham.

Você pode sair do ambiente, mas e quando o ambiente não sai de dentro de você? Dói arrancar, mas é da raiz que se faz esse tipo de coisa, uma por uma: evitar o que lembra, distrações novas, viagem. Tudo que desviar o foco ajuda, e com o tempo (sim, é só com o tempo) que a dor da mudança vai indo junto com o passado que vem chegando. Os dias da semana passada vão virando tempos atrás e de repente, já virou foto no álbum do armário.

Todo mundo já precisou começar um novo capítulo, e certamente tem alguma (qualquer que seja) lembrança boa disso, mas o frio na barriga de trocar o certo (ainda é mesmo certo?) pelo duvidoso vence de longe essa batalha antiga. A psicologia parece infantil, e mesmo que seja, funciona como soprar o antigo Merthiolate que ardia: virar a página é difícil, mas poder começar de novo... Bom, não sei mais como é, tem tempo que não faço isso... Seria a hora?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Saudade de saudade


Sempre fui atraída pela palavra saudade, e também pelos sentimentos que vêm com ela. Da falta em si, eu nunca gostei muito - pelo menos não daquela falta de dilacera a gente fisicamente. Saudadezinha com nuances de nostalgia, essas sim são minhas queridas, minhas amigas em momentos de solidão conveniente, como num trajeto sentada na janela do ônibus, olhando pras paredes pretas do metrô ou vendo a moda pelas ruas; saudades automáticas quando ouvimos certas músicas e passamos por certos lugares. São saudades que fazem bem à alma: elas nos dizem que vivemos.

Certas saudades são engraçadas, de coisas, pessoas, momentos ou sei lá, defeitos que um dia reclamamos tanto, e num futuro, num hoje qualquer, sentimos saudade desses tempos, talvez até porque passaram, e tudo que passa nos deixa certeza de que nada é garantido, nada é para sempre, e isso ainda assusta nossos corações, não importa a idade que nossa certidão de nascimento registra. Pensamos no que deixamos de dizer, fazer, acontecer. Vêm arrependimentos meio ridículos, mas que, sozinhos, com nossos pensamentos e sem julgamento de ninguém, deixam de ser tão ridículos assim...

A saudade confunde a gente de uma maneira meio louca, como o amor. As coisas se tornam ambíguas e repetitivas, você se pega sentindo saudades idênticas, quando relê agendas, revê fotos e vídeos, quando conversa com quem já esteve lá, com você ou para você. A saudade te abraça como um urso, e pode ser uma das coisas mais reconfortantes desse mundo, mas pode ser uma das prisões mais definitivas, se você parar pra pensar bem - ou parar pra sentir, o que vier primeiro... A saudade vem e não tem quem impeça. Nem o presente concreto, nem o futuro mais promissor.

O passado pesa tanto, que é possível sentir, ainda no presente, uma saudade nova que já vem se formando. Você olha para onde acabou de chegar, sabendo que não vai embora tão cedo, e já vai tirando fotos com a memória, antevendo sua própria imaginação daqui a um, dois anos, quando sentir uma saudade meio vazia. Sente saudade da gravidez que não nasceu, de um amor que não acabou, e nem se sabe se vai acabar, um dia. A gente coleciona saudade - ela vem nas entrelinhas das histórias que vivemos pra poder contar. Hoje, já sinto falta de você...



quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pré-conceito

Perdi as contas das vezes que me tacharam de qualquer coisa que não sou nem nunca fui, mas pareço. Confesso que estou mais do que acostumada a ser tratada da maneira exatamente oposta a que realmente me cabe, ou deveria me caber, não sei. Mas às vezes me pego pensando em como esses conceitos pré-formados na cabeça das pessoas conseguem ser absolutamente contraditórios, todos ao mesmo tempo.

Em alguns ambientes, sou tida como uma mulher muito da moderninha, que não carrega preconceitos com relação a (quase - porque, infelizmente, ninguém é livre de ter pelo menos um na vida) nada e com quem se pode conversar sobre tudo. Taí uma verdade, mas ao mesmo tempo tenho meus princípios e verdades, e com elas me transformo, em dez segundos, numa senhora do século passado.

Sim, meus caros, acreditar que é possível namorar alguém e ser fiel a esta pessoa (sob todos os aspectos) parece ser algo de outra época, onde talvez só se lê em livros de história, mas não cai mais no vestibular. Não ter preconceitos contra o sexo casual constante, mas não praticá-lo assiduamente é um absurdo, ridículo e cheio de hipocrisia. Ter beijado em muita boca, mas perdido a virgindade com o 'primeiro amor'? Aff, mentira.

Passei algum tempo tentando convencer as pessoas das verdades, mas quando vi que parecia que eu estava querendo ME convencer delas, pensei melhor e achei melhor assim. Deixem que digam, que pensem, que falem, Lulu profetizou e muito faz sentido. Qual a diferença, afinal de contas? As escolhas somos nós que fazemos, e somos nós também que convivemos com elas, todos os dias. Eu acredito nas minhas, e você?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mulher-macho, sim senhor!

Não sei se é impressão minha ou se é algo realmente recente, essa moda das mulheres ditas "modernas" estarem com uma mania chata (acho que como toda mania...) de se dizerem masculinas, ou mais masculinizadas que a maioria, comparando-se aos homens. E tem de tudo: desde comentários como "não ligo para moda, não entendo de esmalte, maquiagem, cabelos", passando por "nossa, como mulher tem frescura! Só tenho amigos homens" até "amo futebol desde que nasci, sei tudo, mais do que muito cueca".

Confesso que me vejo falando 90% dessas frases (e não vou entrar no mérito se sou mesmo moleca ou não, só estou sendo honesta), mas também vejo uma necessidade enorme em muitas mulheres de afirmar isso aos quatro ventos. O que me pergunto é o motivo... Será que estamos concordando com os homens que somos mesmo chatas, bipolares com a TPM, implicantes, neuróticas, românticas demais e todas essas coisas que SIM, SOMOS, de onde muitas parecem querer fugir?

LÓGICO que temos momentos chatíssimos e de bipolaridades típicas da TPM (TODAS as mulheres têm isso, minhas lindas, umas mais, outras menos, mas todas temos, papai me jura, e ele é ginecologista, obstetra e mora com quatro amostras da espécie), mas honestamente, o ser humano, DE QUALQUER SEXO, que não tiver mau humor repentino ou chatices é maluco. Desconfie de um cidadão desses, ok? E converse com um psicólogo para maiores explicações, mas isso é fato.

Sobre romantismo, o que ocorre com esse pavor? Mulheres com medo de casamento, vida a dois, vestido de noiva, filhos, rosas, músicas e poemas. Você pode não SER romântico, vai de cada um, mas se for, não entendo a vergonha de admitir. Eu teria vergonha de tirar meleca no sinal, fazer xixi na rua e não ajudar o próximo - sou muito estranha? Quanto à neura e implicância, novamente: isso é inerente do ser humano, qualquer um, sem idade ou sexo. Nunca vi homem sem neura, MUITO pelo contrário...

Não estou dizendo que, realmente, a tendência vem sendo o romantismo cair de desuso, as pessoas estão mesmo sendo mais mal-educadas e menos sonhadoras, mas isso independe do sexo, é coisa do novo milênio, assim como o mundo futebolístico andar cada vez mais cheio de meninas sabidas: todo mundo com acesso a informação dá nisso, e muitas de nós entendemos mesmo, mas precisa gritar no megafone do Maracanã, a troco de nada? E olha, conselho de quem, de fato, não saca muito de moda-maquiagem-cabelo: não é vergonha ALGUMA ser feminina, muito pelo contrário.

Ando aprendendo a ser mais "mulherzinha", se assim preferirem o uso do termo, e se o seu espelho (ou namorado) não gosta que você se cuide, troque já! Porque os meus (espelhos E namorado) estão adorando a mistura fina, porém bem legal da namorada que entende de futebol, mas não larga sua manicure por nada nessa vida. Dá pra ter os dois, minha gente, porque todo mundo sabe, mas acho que anda esquecendo: saber fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo é coisa de mulher. Aproveita, garota!

Os soutiens outrora queimados e os atuais de bojo (e com renda!) devem andar unidos. :)