sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Parabéns. E obrigada.

Parabéns pelos três anos que faríamos hoje. Faz três anos que me vi apaixonada por alguém, depois de tanto tempo sem esperanças disso acontecer de novo. Obrigada por ter devolvido a minha fé no amor. É por você que hoje, mesmo ainda te amando, guardo a certeza de que posso ser feliz de novo, mesmo depois de tanto sofrimento, mesmo depois de tanto tempo. Parabéns pelo poder de transformar meus dias vazios em momentos únicos que jamais vou esquecer. Já não me vejo mais como aquela menina que você conheceu há três anos atrás, e também devo isso a você. Obrigada pelo apoio que me deu pra que eu crescesse e buscasse meu caminho pra ser feliz. Pena que você não quis vir comigo, mas obrigada mesmo assim.


Parabéns pelos três anos de preenchimento. Por mais que não estejamos mais juntos, te sinto na minha vida, como se ainda fizesse parte dela. A gente não se fala, mas eu sei que você está lá, dentro de mim. Sei que pensa na gente de vez em quando, que lembra da gente junto quando faz algo que fazíamos sempre, como aqueles jantares de sexta-feira; como aquele canal da TV a cabo que eu adorava assistir. Assim como eu bebo pedaços de você em cada gole de vinho tinto seco, te imagino evitando sentar no nosso bar, comer no nosso restaurante e cumprimentando o nosso garçom. Obrigada por preencher a minha vida até hoje, mesmo que agora seja só de longe. Mesmo assim, obrigada.


Parabéns por ter me mostrado que a gente pode ter muitas regras, mas que nada disso importa quando a gente se apaixona. Parabéns por ter me provado de verdade o quanto você me amava - acho que nunca duvidei da sua reciprocidade. Parabéns por ter despertado em mim um amor que não era egoísta, um amor maduro que nem eu sabia que existia dentro de mim. Obrigada por ter me ajudado a ser melhor e também ter reconhecido meu pior. Foi por você que aprendi a admitir meus erros e pedir desculpas. Você destruiu o orgulho besta que eu usava muito mais do que deveria, e por isso te parabenizo e agradeço, também. Meus parabéns sinceros por tantas barreiras que eu tinha terem sido quebradas tão rápido. Pena que você mesmo criou uma e não ficou, mas obrigada.


Parabéns por adivinhar tantas vezes meus pensamentos; por ter me surpreendido sempre que eu achava que não teria mais surpresas. Parabéns por ter me ensinado que uma relação é muito mais do que eu pensava; por ter me mostrado que eu nem sempre estava tão certa assim. Obrigada por tanta coisa boa que você me trouxe - tanta, que muitas vezes eu consigo esquecer completamente todas as razões pelas quais não estamos juntos. Obrigada pela força que aprendi com você de que precisamos resistir e seguir em frente, por mais triste que estejamos; por maior que seja a vontade de ligar e voltar correndo. Parabéns pela postura que demorei, mas que hoje consigo ter. Hoje eu respiro fundo pra não olhar com saudade. Pena que é saudade sua, mas mesmo assim, obrigada. Muito obrigada.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Final

Sei que não dá mais
E nem quero que dê
Chega de querer
Voltar atrás
Mas só queria entender
Porque a dúvida ainda existe
E em mim insiste
Afinal
Quando foi que você viu o final
De nós dois?
Antes de mim?
Depois?
Acho que nem você sabe
Como foi que aconteceu
Sabe?
Então abre
Esse bico
Fala comigo
Não, não fala não
Cala
Cala essa boca
Não tô a fim de ouvir
Tudo que eu não quero
Ainda espero
Respostas
Mesmo não te fazendo perguntas
Enfim
Que se dane
Deixa eu fechar essa porta
Pra sempre
Pra te esquecer
Já que tu não volta
Por mais que eu tente
Te trazer.

Nina Lessa, em 16/11/2004.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Aqui jaz

Aqui jaz um amor que ainda existe, mas que não deveria existir mais. Amor a gente só deveria manter dentro da gente enquanto desse certo, e já havia um tempo que essa relação não conseguia andar pra lugar nenhum. Amor a gente só deveria alimentar se houvesse reciprocidade, e quando não existir mais, simplesmente jaz. Aqui, jaz esse amor. Um amor que era nosso, mas ultimamente percebi que ficou sendo só meu, e já que é só meu, resolvi pegar ele pra mim e guardar de novo, pra quando um novo amor chegar.


Aqui eu guardo um amor que não tem mais alvo. Com essa mania terrível de amar intensamente, mesmo sem ser completamente correspondido, o coração da gente insiste até que as mágoas cheguem a um limite máximo. Cada um com o seu, alcancei a minha meta e juntei meus trapos pra sair de cena. Cansado de cavar um espacinho maior em vão, meu coração guardou todo o amor que ficou a ver navios pra uma próxima vez, como fiz há um tempo atrás. A gente sempre tem amor de sobra, mas tem sempre alguém que vai querer. É só esperar.


Que descanse em paz esse amor, e que não se preocupe quando o amor que era pra ser meu mirar em outro alvo. Que até lá as feridas tenham sarado, que as lágrimas tenham realmente secado, e que eu consiga me importar menos - porque doer, sempre dói. Mas que me dêem um tempo de acalmar os ânimos, depois de passarem as férias, as feras e os feridos. Que me permitam respirar fundo e buscar mais força, dentro e fora de mim. Aqui jaz um amor cansado, decepcionado, mas antes de tudo, um amor que foi verdadeiro, mesmo com todos os pesares. 


Aqui jaz um tanto de mim e um tanto de você. Aqui jazem os planos que a gente fez, mas que não conseguiu realizar. Aqui jaz tudo que tentamos ser, mas que não conseguimos; aqui jaz até o longe onde chegamos, a saudade que hoje fatalmente sentimos e os beijos que guardamos dentro das nossas próprias  vontades. Que cada um enterre tudo e descanse pra uma próxima vez. Aqui jazem todas as nossas chances e as possibilidades. Aqui jaz tudo isso, mas se a gente se encontra, se a gente se encosta, aqui jaz esse texto inteiro.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Hoje, não

Hoje eu quero ficar sozinha. Me poupem de sentar na mesa pra contar como foi meu dia; hoje eu quero não precisar falar. Não quero sair de casa nem ver ninguém. Hoje eu não quero sorrir nem ouvir conselhos, dicas ou compreensão. Não quero nada de ninguém, só distância. É direito meu sumir do mundo, nem que seja só por hoje. Não ligo que me julguem ou critiquem, mas hoje, não.


Hoje eu não quero saber que não deveria mais pensar em você. Não quero lembrar do que foi ruim e dos dias que já passei pra chegar até aqui. Hoje eu guardei minha auto-estima e amor-próprio no fundo da gaveta e resolvi te amar com todas as minhas forças. Acordei com vontade de te ter aqui de novo, pra gente dar risada da tolice que é essa história de ficarmos separados. Hoje eu quero você de volta, te lembrar de como somos felizes juntos - a gente só tinha esquecido. Fica comigo, só por hoje?


Hoje eu não vou ouvir que "isso passa". Não quero pensar que terei um novo amor; hoje não. Me poupem do discurso otimista que nenhum amor é inesquecível. Hoje eu não quero pensar em amanhã nem no que pode acontecer. Hoje eu vou viver o que criei na minha cabeça; vou sentir toda a saudade que hoje está me sufocando. Hoje eu vou te tirar de onde guardei porque não queria mais achar. Hoje eu percebi que você não morreu dentro de mim, mas eu não vou pensar nisso. Hoje eu não quero pensar.


Só por hoje eu não vou desligar se você telefonar; hoje eu respondo mensagem, e-mail e prometo que não fujo. Hoje eu quero que você me ache, por mais longe que eu pareça ou esteja. Hoje eu estou à mostra, sozinha e contigo ao mesmo tempo, pensando em você com todas as minhas forças pra que você acabe, sem querer, pensando em mim também. Hoje eu não quero fingir alegrias nem maturidade; hoje eu não quero sambar, não quero ser feliz. 


Hoje eu quero gastar a tristeza que me consome, que tenta me matar aos poucos, mas que eu nunca deixo. Hoje eu não luto. Hoje, não.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Obrigada, 2011.

Obrigada, 2011, por ter levado minhas avós nesse ano. Aprendi que não tem dor de amor que se compare à saudade que sinto, e que certamente vou sentir para sempre. Obrigada por ter me ensinado que, às vezes, precisamos ser fortes pelos nossos pais, porque eles viram crianças nessas horas, e nós, as crianças deles, precisamos saber inverter os papéis. Obrigada por ter me mostrado que, no fim das contas, estamos sozinhos com as nossas dores. E obrigada por ter colocado abraços reconfortantes na minha vida quando eu não queria mais ficar chorando sozinha.

Obrigada, ano, por ter demorado a acabar. Você me deu tempo de fazer, com calma, algumas escolhas extremamente importantes na minha vida. Tive altos e baixos, mas aprendi que os problemas nunca vão acabar; assim como não tem problema que dure pra sempre. Fiquei mais otimista, mesmo que ainda mais realista. Tomei tombos de onde pensei que demoraria mais tempo pra conseguir levantar, mas obrigada, 2011, por ter sido longo o bastante: você assistiu as minhas quedas, mas também pôde presenciar que levantei em todas elas.

Agradeço de coração, 2011. Agradeço por ter me aproximado ainda mais da minha família, mesmo com todos os espinhos que ainda existem, porque eu aprendi também que convivência é sempre muito difícil e demanda uma paciência imensa. Nesse ano só confirmei que esse amor é o que fica de verdade, pra sempre, quando alguns dos que achavámos que tínhamos resolvem ir embora sem muitas razões ou explicações. Porque eu aprendi que certas coisas simplesmente vão ficar sem resposta, e aceitar isso é, no mínimo, inteligente.

Obrigada, 2011, pelas dores, pelas lágrimas e pelas decepções que passei. Agradeço todos os "bem feito", "eu te avisei" e "de novo?", porque sem eles, eu não estaria realmente agradecida, nem teria aprendido de verdade. Mas eu agradeço, e bato no peito pra dizer que estou tentando, pra um dia poder dizer que aprendi. Reconheço com muito orgulho todos os fracassos que me encontraram nesse ano, mesmo não pensando nas vitórias, porque só pela aprendizagem, já valeram os 365 dias. Mas acima de tudo, 2011, obrigada por finalmente ter acabado.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fugir

Sim, eu fugi. Vim correndo pra longe de você. Se pudesse, provavelmente correria pra um lugar ainda mais longe, ainda mais difícil de me encontrar, mas fiz o que deu. Não quero mais bater com a cabeça na parede tentando uma coisa que já foi tentada vezes demais pra conseguir funcionar. Acho que as peças foram sendo quebradas, de tantas vezes que tentamos, em vão, fazer com que elas se encaixassem. Só Deus sabe como me dói conseguir admitir isso, e é por doer tanto e eu cansar de ficar escondendo isso que eu fiz as malas e vim; que eu fiz as malas e fugi.

É claro que fugir não adianta completamente, eu sei disso. Sei que a saudade vinha junto e não me incomodei em trazer na mala, nem ela nem a dor. Sei que nenhuma das duas vai me deixar tão cedo, mas já tinha aprendido que a distância física, mesmo sendo um alívio rápido somente por um tempo, costuma ajudar. Aqui, vou ganhar alguns dias - quem sabe alguns meses - pra conseguir pensar em qualquer outra coisa que não sejam problemas. Eu fugi deles; fugi de aborrecimento, de brigas, de discussões e mágoas. E com isso, eu fugi do meu amor por você. Esse, eu preferi deixar em casa.

Fugi pra limpar minha cabeça e rezo pra que o coração acompanhe o ritmo. Fico na torcida pro estômago não ter borboletas quando chega alguma mensagem e eu penso que é você. Respiro fundo quando a vontade de entrar em contato me domina, no décimo nono gole de cerveja. Me sinto uma vitoriosa quando vejo que já se passaram quase duas semanas e eu consegui não entrar em contato, não ficar esperando - ao menos na maior parte do tempo. Sei que os passos são muitos e ainda vai demorar pro dia de olhar pra trás e dar risada finalmente chegar, e foi por isso que eu fugi.

Que seja essa a alternativa menos corajosa. Pode ser. Não penso nisso porque só eu sei a dor que me consome, os dias que passam arrastados e as vontades que corroem mas não passam de jeito nenhum. Chamem-me de frouxa, de covarde e gente que não sabe vencer nessa vida. Vocês têm toda razão: eu não sei brincar, quando se trata de amor. Isso eu ainda não aprendi, nesses poucos 25 anos que me deram pra viver. Ainda tenho tempo, talvez na próxima tentativa as coisas sejam diferentes. Mas não me julgue, porque aposto que, se pudesse, você fugiria também.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Difícil

Terminar um relacionamento é uma das coisas mais difíceis que existe. São inúmeras e completamente distintas todas as dificuldades: perceber que já não há amor ou vontade de ficar junto; tentar em vão fazer com que as brigas parem; procurar já sem esperanças a paciência que foi embora com o tempo; recuperar a confiança que foi quebrada; o medo de magoar, de se arrepender, de querer voltar atrás e pior, de ter ainda mais certeza de que acabou. Não é à toa ser tão comum o tempo que ficamos "empurrando com a barriga" diversas relações, pelo medo de terminar e enfrentar o que é tão difícil: o fim.

A gente tem medo das noites difíceis que virão, afinal nem sempre estaremos bêbados demais pra esquecer, ou acompanhados com uma distração qualquer. Os dias sozinhos, sóbrios e com saudade virão, e sabemos que nunca estamos preparados pra eles. O medo de não ter forças pra não ligar e acabar se arrependendo na hora do alô é do tamanho da certeza que a sensação de querer voltar atrás vai chegar e te dominar até a luz do dia, quando geralmente estamos mais fortes e com mais segurança de que é mesmo melhor assim e já já isso tudo passa. Sempre passa.

É muito difícil evitar falar na pessoa ainda amada, ou ainda lembrada. É difícil desconversar quando não se quer falar sobre ela, afinal. Responder tantas vezes por que foi que não certo, quando nem você sabe, ou não gostaria de saber. Será que as pessoas não acham que a gente sempre guarda uma esperança imensa de que nossas histórias de amor possam supreender? Será que não percebem que é muito difícil ter que repetir em voz alta os erros que cometemos, e que nos foram cometidos? Podemos demonstrar uma segurança infinita, mas ninguém sabe realmente a dificuldade que carregamos do lado de dentro.

Sabemos que dor de amor passa e ninguém morre disso; sabemos que é preciso paciência e tempo, que nada é pra sempre e que as coisas não mudaram, nem vão mudar. Mas é difícil não pensar diferente na hora de dormir. Só a gente sente a dificuldade de não criar frases e situações na nossa imaginação; só a gente sabe medir a força de não procurar e seguir em frente, morrendo de vontade de não sair do lugar. A gente se agarra a um sem fim de esperanças que não consegue largar mão porque é muito difícil, torcendo pra que um dia, entendamos que valeu a pena não ter sido fácil.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Todo mundo tá feliz

A geração das redes sociais trouxe uma imensa felicidade mentirosa. É um sem fim de pessoas extremamente felizes e que sabem aproveitar a vida como ninguém, fazendo as melhores viagens, bebendo as cervejas e vodkas mais caras, frequentando os lugares mais legais do momento. Coincidência ou não, são essas mesmas pessoas que, assim que bate o 'gole da bad' ou toca 'aquela música', procura um ombro amigável para desabafar as dores que vem tentando esconder embaixo dessa felicidade toda que insiste em mostrar sentir.


A felicidade extrema, que necessita demonstração através de fotos, frases e publicações animadas, vem acompanhada de pessoas amigáveis, talvez não tanto de amigos. Nem todo momento é de alegria; infelizmente a vida também é feita de aborrecimentos, e é aí que sabemos quem são os amigos e a diferenciar esses das companhias amigáveis. A efusividade constante é típica dos adolescentes, e é saudável que ela exista e seja vivida durante a época certa. Poucas coisas são mais ridículas do que marmanjos se comportando como se estivessem na puberdade.


A linha entre ser feliz quando os momentos bons acontecem, quando as pessoas especiais aparecem, e a necessidade de demonstrar uma alegria sem intervalos pode parecer tênue, mas não é. Quando estamos sofrendo, esconder a ferida para que ela não doa ainda mais estando aberta é mais do que normal: se proteger é preciso. Mas viver a própria dor também é. Parece que as pessoas não andam vivendo as coisas no momento adequado, e é aí que a linha nada tênue vira de lado e o ridículo acontece. A necessidade de estar com alguém ou rodeado de gente, beber demais ou barulho; tudo para preencher o vazio que existe,


Enfrentar as nossas dores, como próprio verbo diz, dói. Fugir e camuflar enquanto pode, principalmente para todo mundo ver, é válido, mas uma hora a superação deve acontecer. Senão, anos depois, vai ser como se o tempo não tivesse passado, e tudo que engolido com as doses e garrafas de Antarctica vai voltar sem pedir licença, confundindo o que talvez pudesse dar certo, te fazendo perder oportunidades sem saber se teria valido a pena. É ótimo mostrar que estamos felizes, mas quando realmente estamos, é tanta felicidade que só vivemos, e acabamos esquecendo de postar no Facebook.



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A história que a gente conta

A gente nunca conta as coisas como elas realmente aconteceram. É inerente ao ser humano (principalmente ao ser humano apaixonado, ou magoado) mudar a versão dos fatos que acontecem na própria vida, pra ver se, de alguma forma, dói menos. A gente inventa frases que não foram ditas e apaga verdades que não gostou de ouvir. Cria intimidades que não existiram, ou supervaloriza algo vazio, preenchendo com todo o amor e comprometimento que gostaríamos que tivesse existido, mas que não existiu. A gente passa pela fase de se culpar pelo que não deu certo, passa pelo período de tentar achar respostas e, quando vê que nada disso vai funcionar, simplesmente aceita e faz o mais fácil: escreve uma história pra contar pros outros, e até pra gente mesmo.


Uma das coisas mais difíceis de terminar um relacionamento é ter que contar pros outros. A mesmas história já começa com três versões: a sua, a do seu respectivo e a verdadeira. Dali por diante, esse número só aumenta. Sua família vai saber de coisas que seus amigos não vão, e ainda assim isso pode variar, porque tem gente que confia nos pais, nos irmãos - mas tem gente que não. Dentre os amigos, para cada um, um detalhe que vem e um detalhe que se vai. Não é que você não confie, mas aquele seu amigo previu sua relação do começo ao fim, e hoje, você não quer lhe dar o gostinho de saber que ele estava certo. Quem sabe daqui a um tempo você não conte. Mas hoje, você vai fugir enquanto pode de ouvir "eu bem que te avisei".


Não deveria ser tão difícil falar aos nossos amigos, aquelas pessoas que escolhemos amar e com quem dividir os momentos da nossa vida, sobre nossos fracassos. Por que essa dificuldade de falar da nossa dor, quando sabemos que tanta gente, tantas vezes, já sofreu como a gente, e já fez tanta besteira igual a gente? O medo do julgamento existe porque já julgamos, um dia. Já apontamos o dedo na cara de quem sofria, e por mais que tivéssemos avisado, por mais idiota que tenha parecido esse sofrimento, doeu, e mesmo assim, julgamos. Quando a gente desdenha do sofrimento alheio, esquece que um dia chega a nossa vez, e quando chega, a gente inventa história e acaba mudando a verdade.


Seria tão mais fácil se simplesmente pudéssemos chorar todas as feridas que estão abertas. Os amigos são o merthiolate e as gazes pra poder sarar e tapar nossas dores, enquanto elas não cessam. A função do ombro não é apontar as falhas, por mais que aponte, afinal amigo que é amigo não consegue assistir o barco do outro afundando sem fazer nada, sem avisar onde estão os furos, sem oferecer a mão pra sair de lá. Mas independente do naufrágio, é preciso superar tudo isso. É preciso que nossos amigos não criem uma história, não pra gente. Que eles saibam que tentamos avisar, mas se eles precisavam sofrer aquilo tudo, que assim seja. Que eles saibam, mais ainda, que estaremos sempre aqui, pra ouvir qualquer uma das histórias que ele queira nos contar - principalmente a verdade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fim. E pra mim?

Será que tá certo isso?
Essa distância
Essa falta absurda de importância
Que estamos dando pra nós dois?
Não é isso que eu quero
E espero
Que nem você
Que foi que eu fiz pra te perder?

Perder você
Perder tudo
Você foi embora do mundo
Assim
Sem mais nem menos
Ainda acho que temos
Muito que conversar
Tentar se entender
Não tem por que
Tudo isso
Mas se você não concorda comigo
E acha que não há mais o que dizer
Fazer o que, eu entendo
Vou aceitar que perdi você

E se eu falhar
Me desculpa
Não é de toda minha a culpa
É esse coração
Que ama sem nem pensar
É essa cabeça que tenho aqui
Que pensa sem nem sentir...

Nina Lessa, em 24/02/2005.



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desintoxicação

Terminar uma relação é doloroso e pode acontecer de diversas maneiras, mas o processo de desintoxicar-se de alguém é lento e requer dedicação. Pois é: estar solteiro não é sinônimo de estar sozinho, de fato. Quantas pessoas não terminam um namoro e ficam enrolando até se desligar de vez do dito 'ex'? Quantas ligações não são perdidas na noite; quantas garrafas de cerveja e doses de vodka ou uísque até mandar a primeira mensagem? Quantos beijos em desconhecidos com o pensamento voando longe; quantas noites sozinho, depois de sei lá quantas vozes e salivas, com os dedos coçando pra não mandar "te amo"? Incontáveis.


Por isso desintoxicação. É como se livrar de um vício, e quanto mais tempo de relação, maior a disciplina requerida. Não ligar nem mandar mensagem é regra básica e não pode ter bebedeira que mude isso. Encarregue aquele amigo sóbrio de te ajudar nessa, como o motorista da rodada. Sempre tem alguém que banca o chato e controla os outros. Use isto a seu favor e entregue seu maldito smartphone na mão dele quando descer o quinto chopp. Chore, descabele-se, fique vendo a figura que faleceu pelos cantos do bar ou da boate. Fique com alguém, desabafe com um amigo que ainda não ouviu sua ladainha, mas NÃO procure.


Com o tempo, as dificuldades aumentam. Claro que você ainda pensa na criatura, afinal foram anos da sua vida dividindo uma série de coisas. Você vai lembrar quando passar em alguns lugares, em diversos restaurantes, vendo vitrine e ouvindo música, esquece que isso não muda, mesmo. E evitar só funciona nos primeiros meses, porque tem coisas que não tem jeito: vai mudar seu ponto da praia pro resto da vida? Vai parar de comer no seu restaurante preferido? Vai ver o jogo onde, agora? Uma hora as coisas vão ter que voltar ao normal, e aí é preciso respirar fundo e buscar forças do além. E procura, que você acha.


Evitar falar nele. É o pior dos passos. Como é que você vai contar uma história de um ano atrás, de dois, de três? Você praticamente só tem história de quando ele estava junto, e então é a hora de aprender a recortar a realidade. Sim, resumir e pronto. 'Ah, este local é ótimo, já fui e vale a pena voltar'. É difícil de admitir, mas não é necessário mencionar que ali foi comemorado seus 2 anos e meio de namoro, acredite. Esse detalhe só faz diferença pra sua vida, e no momento, só pra sua história. Esconda essa parte desde o comecinho, pois assim será mais fácil contar essa história quando um novo alguém chegar.


Encontrar com o evitável é, quase sempre, inevitável - e invariavelmente inesquecível. Portanto, evite enquanto puder: a gente sempre acha que está pronto, mas não importa o tempo que tiver passado, o fato é que nunca estamos preparados de verdade. Esquive-se de todas as maneiras que puder, até o dia que você esquecer (e não cometer um ato-falho, cuidado) de desviar e perceber que chegou a hora. Que não seja de perto; que não seja enfeitado, e que de preferência doa menos em você do que na parte de lá. Estar feliz ajuda, mas ter aprendido a superar... Deve ser sensacional.



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

No fundo

O fundo da gente está cheio de sentimentos que a gente gosta de manter guardado ali. A esperança que nunca morre de um dia realizar um sonho pelo qual não lutamos nunca, mas esperamos que caia do céu. Não que fiquemos preso a isso todos os dias; não sejamos ridículos. Mas esperamos, né, vai que um dia lêem esse blog aqui e descobrem o talento nato que possuo, mas não mostro pra tanta gente ver? A gente guarda a esperança lá no fundo, e volta e meia ela dá as caras. Cria na nossa cabeça que aquele amor do passado não está feliz e ainda pensa na gente; inventa que aquele suposto alguém quer deixar de ser só suposto. No fundo, a esperança pode ser meio mentirosa. Mas a gente não liga, e até gosta.


No fundo, bem no fundo, a gente não deseja de verdade a felicidade de quem deixou a gente. Não que deseje o mal, muito menos que o faça, mas desejar, de coração, momentos felizes pra quem te deixou na pior? Sejamos francos, não tem ninguém vendo nem te julgando: você não quer que façam com seu ex-amor o que você não conseguiu fazer, nem que ele seja mais feliz com outra pessoa do que foi com você. Você não fala em voz alta; meu Deus, que absurdo pensar assim. Mas a verdade é que no máximo, você pode não ligar, quando está ocupado demais sendo feliz. Quando isso não acontece, você torce pra saber que "ela engordou", que "ele só anda bêbado e sem foco" e "que falta você não faz".


No fundo, a gente não quer parar pra pensar. Sabe que beber e sair sem parar nada mais é do que fugir pra não encarar que está sozinho, e por mais que isso seja o melhor, e por mais que a gente saiba disso, no fundo a gente queria que não fosse assim. A gente queria, bem no fundo, que tivesse dado certo, por mais que todas as nossas atitudes e palavras falassem o contrário. A gente fica passando o filme dos meses anteriores ao fim pra encontrar os erros, porque no fundo a gente acha que isso pode mudar alguma coisa. No fundo, a gente muda a nossa história, dentro da nossa cabeça. E talvez isso funcione por um tempo, mas é tão triste saber que, no fundo, isso tudo fica lá. Só no fundo da gente.



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poesia - :)

Não vou chorar
Não mais
Sem lamentar o que ficou pra trás
Passou
Durou, foi
E foi bom
Eu ter sofrido
Eu ter chorado
Não sei se é você o errado
Ou se fui eu
Prefiro aceitar que simplesmente
Não deu
E o que não foi certo, independe
Já pus no passado.

Não vou me arrepender
Do que fiz
Ou deixei de fazer
Melhor assim
Melhor pra mim
Eu nunca ia mesmo
Conseguir te entender
Todas as mentiras
Quanta ilusão!
Nada me faz aceitar
Uma razão pra se destruir
Desse jeito um coração
E na boa,
Tô dispensando qualquer explicação.

Senti saudade?
Senti, não minto
Mentir pra quê?
O mentiroso daqui é você
Mas essa saudade
Me fez crescer
Pra cima
Porque antes crescia
O limite da mentira
Chega
Pra que me machucar
Ainda mais?
Tu já me feriu demais
Pra eu superar sozinha
Desculpa, mas com licença
Pra você a porta é serventia.

Nina Lessa, em 01/12/2004.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Poesia

Se você quer que eu vá embora
Tudo bem, direito seu
Se você acha que já passou da hora
De eu tentar te fazer feliz
Então ok, você venceu
Vou-me agora
Sem nem olhar pra trás
Afinal, que diferença faz
Se você já não quer mais?
Respiro fundo e sigo em frente
Que atrás de mim vem gente
Querendo o meu lugar
E o que é que eu poderei fazer
Além de dizer o quanto amo mais
E que não, eu não quero te deixar?
Mas a escolha é sua
E seu pedido é uma ordem
Não fico contra a sua vontade
E se já não te trago felicidade
É só o amor que me move
Pra te fazer entender
Que você tá cometendo um erro
Completamente insano
Olha pra mim e responde:
Ainda duvida que eu te amo?


Nina Lessa, em 08/11/2011.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Existe amizade entre homem e mulher?

Por mais que se acredite que existe, sim, amizade entre homem e mulher, não conheço ninguém que não tenha perdido um amigo porque misturou as coisas um dia, seja pelo excesso de álcool, seja por um momento de carência por um ombro mais do que amigo. Talvez o número de amizades que se transformam em algo mais (ou em algo menos, quando é o caso dessa amizade simplesmente chegar ao fim) seja muito menor que a quantidade de amigos que conseguem manter somente o canal da camaradagem aberto, mas o fato é que, sempre que a regra é quebrada, fica a desconfiança quando você começa um relacionamento e tem que conviver com o (a) melhor amigo (a) do seu namorado (a). Aí a coisa muda de figura.


Nunca fui amiga das namoradas dos meu amigos, e aquelas que mais me detestam, que saibam agora: o foco está errado, lindinhas. Tenho um imã para namoradas desconfiadas, e com isso aprendi a saber diferenciar quando há maldade de uma das partes - já errei, claro, mas costumo acertar. Ninguém gosta quando uma pessoa do sexo oposto (supostamente) conhece mais seu namorado do que você, mas e aí? Por mais que impedir a convivência dos dois possa funcionar por tempo, a probabilidade de isso ser eterno é quase nula, e as mentiras costumam vir junto: seu namorado começa a mentir pra você e não conta quando está junto com as amigas. Ponto pra quem?


Já estive do lado de lá (a namorada) e do lado de cá (a amiga), a diferença é que aprendi a saber quem respeita o casal - e quem passa longe disso. Com o tempo a gente entende que o respeito é uma via de mão dupla, e quando ela anda sozinha, alguma coisa está errada. Aceitar que amizade é, muitas vezes, perder um amigo por algum tempo exige uma paciência que confesso ter dificuldade de encontrar. Mas eu sempre encontro, e espero passar - por enquanto, sempre tem passado. E a namorada vê que não, nunca teve nada, ao menos não ali, ao menos não comigo. Tive namoros e se tem coisa que eu faço é respeitar os outros, porque gosto de ser respeitada quando chega a minha vez.


Mas às vezes, as namoradas não enxergam. Já deixei de ser madrinha de casamento de grandes amigos por conta disso; já deixei de ir a eventos e estar em lugares importantes por causa do mesmo motivo. Com o tempo, vi que as pessoas vão colher o que plantaram de qualquer maneira, e eu também colhi. Se as namoradas dos meus amigos aprenderam a lição, e viram que o problema não era bem eu? Talvez eu nunca saiba. Mas algumas tiveram salvação e hoje sabem quem é amiga e quem não é; e eu espero ter sido uma delas, quando acredito ter aprendido a minha lição, também. E isso eu vou só vou saber quando namorar de novo. Próximo?!



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Namorando Sozinho

Quando estamos namorando, costumamos não nos preocupar muito com a relação dos outros. Bom, ao menos os 'normais de nós' não temos esse costume intenso. Porém, quando saímos de um relacionamento, é quase automático passar a prestar atenção aos casais à nossa volta. Passamos a ver o que faríamos ou não, a nos vermos em certas situações e, por mais que às vezes bata a carência de ter alguém, o alívio de não ter que passar por essa ou aquela circunstância consegue ser ainda maior. Como, por exemplo, as pessoas que namoram sozinhas. Já parou para notar? Faz o teste. O mundo está cheio de pessoas que criam relacionamentos e situações que não existem, a não ser na cabeça delas.


São namoros que não existem; companheirismo inexistente. Todo mundo já passou pela situação horrível que é se apaixonar sem ser correspondido, ou a criação de uma ilusão qualquer, como um sentimento supervalorizado ou um ciúme mal interpretado. Mas levar isso adiante é coisa de quem não vive o mundo real, e não adianta os amigos ou mundo ao redor avisar: a pessoa está tão apaixonada pelo namoro que não existe, que acaba confundindo e acha que está amando o 'namorado' que não vestiu (e nem vai vestir) a carapuça, ou em português claro, não vai mudar o status de relacionamento do Facebook. Ao menos não para namorar com você.


"Tô namorando aquela mina, mas não sei se ela me namora", profetizou Seu Jorge e está aí uma verdade. Pessoas namoram pessoas sem a ciência de uma das partes. Nesse caso, o maluco é um só, mas quando um namora e o outro sabe, mas não corresponde, é o que? Acredito que tem gente que ilude os outros, mas o que costumo ver com mais frequência são seres que se iludem sozinhos. Eles criam carinho onde não existe, inventam um respeito que ninguém mais vê. Arrumam um sem fim de desculpas para justificar a falta, mentem para saírem de certas situações constrangedoras e não admitem nada disso. Não sou companhia nesse fundo de poço.


Quem nunca se iludiu, não viveu. Ter um amor platônico faz parte da vida amorosa de todo  mero mortal do mundo, e isso pode acontecer em qualquer idade, mas assim como dor-de-cotovelo e depressão de pós-término, é preciso haver um período, porque até lágrima e sofrimento podem ser inventados, acredite. Carência dói, fim de namoro dói, rejeição é uma das coisas mais tristes e dolorosas que podem existir, mas não dá para ficar nisso pra sempre. Namorar sozinho é infundado, e conselho pode até ser que 'se fosse bom, era vendido', mas presta atenção: se os seus amigos tanto falam, pode ser que seja mesmo ridícula essa relação que você criou.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mal Resolvido

Se você diz aos quatro ventos que nunca teve um relacionamento mal resolvido, ou você tem 12 anos ou mente. Simples assim. Não, não é nenhuma dádiva ter vivido uma história esquisita e mal terminada, aliás é como ter uma relação com beijo na boca - praticamente uma regra. Mas é preciso admitir essa dificuldade, esse passo que não foi dado e deixou uma ferida imensa, que por menor que pareça, todo mundo sabe que está ali, aberta e sangrando, mesmo que vez ou outra, quando você lembra de tirar a casquinha. Porque a gente sempre tira essa maldita casquinha. E ela não cicatriza nunca.


A durabilidade dessas situações mal resolvidas podem variar de meses a anos, e não tem coisa mais comum do que isso virar uma constante. Sim, as pessoas levam consigo uma imensidão de conversas que não foram concluídas, abraços que quiseram dar e não deram, palavras que ficaram na boca, mas não saíram da garganta. São milhões, talvez bilhões o número de casais que ainda têm alguma ligação com o passado e com quem já passou e nunca mais voltou; alguma porta que ficou aberta, alguma janelinha que mantém a frecha aberta, porque vai que... Ninguém nunca sabe o dia de amanhã.


Quando se trata de relacionamento, não existem situações completamente seguras, certas ou transparentes. A gente nunca sabe exatamente o que o outro pensa ou o que faz, ou fez. A história é de cada um, e só nos cabe mesmo confiar e pronto, vida que segue. Pensamos nas coisas que prendem nosso parceiro a algum lugar no passado, a algum retrato jogado na gaveta, assim como nós mesmos temos um pedacinho da gente dentro das agendas de papel, numa mensagem escondida nos rascunhos de e-mail, ou somente num pedaço da nossa memória. Pensar enlouquece.


Não dá pra resolver tudo. Palavras continuarão sem serem ouvidas, diversos 'eu te amo' vão ter que ficar pra próxima. Tudo isso, muitas vezes, a gente tem que resolver dentro da gente mesmo. Colocar nosso pensamento para conversar com o nosso sentimento é uma das coisas mais ridículas, difíceis e importantes que devemos fazer pra conseguir fechar as portas, pra conseguir ser feliz com a gente mesmo, independente do que pode vir ou não num futuro próximo ou distante. As portas precisam ser fechadas, senão dormir em paz vira uma utopia.


Mas volte quantas vezes você achar que deve voltar, até fechar todas as feridas. Arrisque e diga, repita todas as coisas que você acha que ficou por dizer. Viva momentos que ficaram só na imaginação, beije com aquele medo de perder de novo, escreva bilhetes, mensagens, cartas de amor - e, dessa vez, mande todas. Grite 'eu te amo', chore tudo que você prendeu em mesas de bar. Coloca pra fora tudo que veio engolindo, porque quando mesmo depois de tudo, você conseguir enxergar que não dá mais, o alívio vem: você tentou.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aprende

Uma hora a gente aprende...

... que dá pra amar mais de uma vez.

... que o primeiro amor será inesquecível, não tem jeito. E que o segundo também vai ser.

... que dores de dentro podem parecer físicas.

... que por mais que doa e você achar que vai morrer, você vê que não vai.

... que não ter dor que não passe. E a que não passa, se transforma.

... que saudade só é bom quando dá e passa.

... que as portas se fecham, porque só assim pra se abrirem portas novas.

... que fazer merda é necessário, só não repete da próxima vez.

... que certas coisas a gente não vai saber nunca.

... que tudo isso apaga quando a gente se apaixona de novo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Em parcelas

Não parcelo nada na vida. É uma política que levo a sério na vida monetária e na pessoal também. Gosto das coisas à vista. A dor é maior, mas passa mais rápido, também. Pagou, pronto. Esqueceu e adeus, viramos a página e voltamos a trabalhar pra que o dinheiro chegue logo e você esqueça o gasto. Esvaziamos o coração pra que coisas novas o preencham, e nem precisa ser amor logo, assim como não precisa ser muito dinheiro. Qualquer distração tá valendo; qualquer cupom de desconto quebra um galho, ao menos por um tempo.

Não divido nada porque cada uma das parcelas te lembra do dia da compra, o que pode ser algo bom, ou não. Na dúvida, prefiro não lembrar, até porque, por melhor que tenha sido, já passou. Que fiquem outras lembranças, outras memórias. Não parcelo compra, sentimento, tempo nem conversas. Já deixei de fazer, dizer, e também pagar uma vez na vida. Pra nunca mais. Errar é humano, faz parte de todo e qualquer crescimento, até pros lados: quem engorda e depois emagrece, sabe como é e faz escolhas.

Escolhi que não engordo mais daquele jeito; escolhi que não vou amar menos e pronto. Decidi que celular novo é pago à vista ou no máximo em duas semanas. Depois ele arranha, mas já paguei, dane-se, é meu. Porque quando você parecela, a impressão é que aquilo é meio seu, meio de mais alguém. É como se aquilo pudesse ser levado a qualquer momento, e você não vai poder fazer nada. Gosto do que é meu, só meu e de mais ninguém. Nem que seja só um computador, ou uma calça jeans.

Gente tem que querer estar com a gente. Senão, a porta tem que ser serventia. Sensação de meio amor é falta completa de amor de verdade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Certo ou errado?

Certo e errado parecem ser padronizados, mas quanto mais a gente cresce e vai conhecendo o mundo, mais a gente vê que iss, nem de longe, passa perto da realidade. Nem em relação a leis, a unanimidade existe - imagina quando o assunto passa por valores, conceitos e achismos. Nem todo mundo acha que a verdade e a fidelidade são imprescindíveis; nem todo mundo acredita que a mentira é um problema imenso que só tende a crescer. Traição é relativa, e tanto perdoar como esquecer podem ser coisas completamente aceitáveis e até fáceis de fazer - só depende do que se considere certo e errado. Opiniões e idéias estão cada vez mais questionadas, e se tornando cada vez mais esquisitas pra mim.

Às vezes me sinto alguém fora do ninho, em qualquer ninho. Não me encaixo completamente em ambiente algum, eu com as minhas idéias completamente loucas de achar que fidelidade é algo inquestionável dentro de um relacionamento a dois. Olho em volta e penso que devo ter algum problema por não me sentir à vontade quando me dizem que devo trair meu namorado. Será que a maluca sou eu, em acreditar que as pessoas podem ser leais, como eu sou, quando amo? Porque não, eu não acho que mentir seja legal, não gosto de ter que esconder as coisas dos outros e isso me incomoda muito, sim. Insisto em acreditar que omitir é a mesma coisa que mentir, e que ninguém consegue ser feliz podando informação ou sentimento.

Certas horas me sinto uma adolescente que acha viver num mundo cor-de-rosa, acreditando que é possível amar alguém e conseguir passar por cima dos problemas, e que é normal falhar - é assim que percebemos que tentamos. Não tenho vergonha de reconhecer meus defeitos; não tenho vergonha de assumir meus erros e saber que toda história tem dois lados, mas nem por isso vou precisar gritar a todos os ventos as histórias que vivi. Ninguém nunca vai saber o quanto sofri, nem o quanto fui feliz. Não vai saber, e nem precisa. Quem viu nos meus olhos o quanto fui realizada enquanto amava, sabe e basta. Ainda acredito em pessoas boas, porque afinal de contas é nisso que me esforço pra ser, todos os dias, na minha esperança eterna.

Hoje, é preciso saber conviver com um mundo menos acreditado e menos leal; um mundo que não respeita como gostaria de ser respeitado, que esconde e mente muito mais do que confia com transparência. O lado egoísta que todos temos guardado está tomando conta e mandando quase o tempo todo. 'Antes ele do que eu'. Que sejam assim, já cansei de tentar entender e ter que aceitar. Eu compreendo, mas não concordo. Não critico em voz alta, mas não espere meu sorriso benevolente. Os incomodados que se mudem, e isso eu já entendi. Não foi à toa que mudei de ares, de todas as maneiras que pude. A idéia é que, assim, eu consiga respirar melhor.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Oscilação

A gente nunca está cem por cento nada nessa vida. E, hoje,  eu aprendi que isso é normal. Claro que temos momentos longos e duradouros de estabilidades: uma boa fase no trabalho, notas altas (ou baixas) nos estudos, momentos mais felizes do que estressantes num relacionamento, mais risadas do que discórdias movidas a motivos irrelevantes - ou o contrário. Mas nada disso acontece o tempo todo. Porque tem dias que você acorda mau humorado,  porque tem coisas que podem te deixar irritado sem aviso prévio, e porque imprevistos estão aí para alterarem nossos planos, não tem muito jeito. E é por isso que a gente oscila.

Acorda animada no dia dos namorados e fica meio triste quando lembra que dia é. Logo, recorda que essa palhaçada é comemoração criada pela publicidade e deixa pra lá. Vê casais na rua e começa a sentir saudades do namorado que tinha há pouco menos de um mês, que saco, que vida ridícula. Então dá risada com o novo grupo de melhores amigos de infância que fez em tão pouco tempo e, bom, o namoro já não vinha bem, a quem estamos querendo enganar. A desanimada chega quando vê uma vitrine, quando o maldito telefone nem pra receber uma mensagem, ou uma ligação. Acha melhor assim e vai tomar uma cerveja que amanhã é segunda e vida que segue.

A grande verdade é que a gente oscila independente. Pode ser uma incrível segunda-feira  de bom humor e piadas, ou uma quarta fantástica, pela qual você não dava nada e de repente só volta pra casa na quinta quase de manhã, com um sorriso divertido quando vê a cara do porteiro se perguntando por que diabos essa menina sai tanto de casa. E oscilação é coisa tão independente que veja só que cretina, chegando sextas de madrugada e sábados cheios de planos. Vêm os imprevistos, os desânimos e as mensagens perdidas, os números discados, os textos que parecem se escreverem sozinhos. A gente suspira e vai tentar se animar vendo um DVD de comédia ou coisa que não faça chorar.

A oscilação é a tpm de todo mundo. Porque não se é feliz cem por cento do tempo, mas o que salva é que também não se é triste esse mesmo tanto. Por pior que seja, por mais  dores que acumule, a gente sempre sabe que vai passar. Porque tudo passa, por mais lindo ou horrendo que seja, e por mais eterno que possa parecer. As feridas sempre vão aparecer, mas antes as velhas vão ter que sarar. Amores se vão, mas outros virão - já não vieram antes, afinal? E esse é o nosso medo, mas em dias como hoje, é esse também o nosso fio de esperança pra não simplesmente desistir. Dizem que vale a pena. Esperemos, então. Que venha o futuro.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Certo Medo

E se eu te disser que mudei de ideia?
Que hoje, tudo que eu disse antes
Não passa de balela,
Papo furado que eu mesma inventei?
Sim, eu realmente pensava
Tudo aquilo que falei
Mas também tinha medo
De recomeçar
Achei que era cedo
E estava cheia de receio
De você também achar

Vai que eu me entregava
E você nada?
Tem noção do quanto demoro
Pra ficar apaixonada?
Decidi não arriscar
Já cansei de fazer isso
E sei que corro todo perigo
Quando me permito
Apaixonar

Pois é, não arrisco mais
Deixar meu coração aberto
Ele não é nada esperto
E não parece saber escolher
A fase boa, o momento certo
Tanta coisa pra ser feita
Tanta gente nova por perto
E ele foi logo escolher você.

Por Nina Lessa

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Com chave de ouro

Querer que uma relação acabe com chave de ouro é o cúmulo da hipocrisia. Sempre terão perguntas não respondidas e até não feitas; beijos guardados que não foram (e talvez nunca serão) dados. Abraços perdidos que ficaram na vontade, conversas que, por mais longas, sempre guardam vírgulas, dúvidas e mentiras dentro de verdades que ninguém quer ouvir. Colocar um ponto final pode ser ruim, feio e ter chave Papaiz, não importa. Só é preciso que essa chave tranque.

E que a página seja virada. Não arranque, por mais vontade que te dê de meter a mão nesse papel (ou capítulo) maldito e picar em pedacinhos, queimar com o bafo de fogo que você está a ponto de cuspir por aí. Calma que passa. Tira esse celular da mão, pára de discar o número que você, claro, sabe de cór. Não vai valer a pena, e você sabe disso. Sim, porque ela não te ligou desde que acabou. Sim, também porque ela não quer te ver, deixou isso claro e você tem que parar de negar. Por tudo isso, e porque você sabe que não é isso que você quer.

Muito cuidado com a carência. Ela não escolhe hora pra chegar, mas costuma ser presença certa em momentos oportunos, portanto, evite-os. Esquece cinema sozinho, jantares sem risada, social com amigos tão ou mais carentes do que você. Viaje, vá para lugares barulhentos em que você não consiga ouvir as vozes te gritando pra discar logo aquele número, pra procurar o perfil dela no Facebook. Dane-se onde ela está ou o que anda postando, problema é dela e não mais seu. Convença-se logo disso.

A chave de ouro pode ser que apareça quando seu coração já estiver vazio e mais pronto do que você imagina pra encontrar alguém de novo. Sim, você vai encontrar alguém de novo, mesmo hoje querendo distância da palavra amor. Hoje, você só vê que estar apaixonado é uma droga, um inferno que não parece ter fim, mas um dia você vai, de novo, ser feliz E estar apaixonado ao mesmo tempo. O fim de um amor consegue apagar todas as lembranças lindas que o começo desse mesmo amor nos dá, mas passa.

Eu juro que passa.

sábado, 23 de julho de 2011

Devaneios

Hoje eu senti saudades de você. Na verdade, das conversas que a gente tinha, se é que se separa alguém dos papos dela. Enfim, senti saudades. Evito me perguntar por onde você anda ou o que vem fazendo. É um misto de medo de você estar vivendo como se já tivesse me esquecido e torcida por você estar sofrendo ainda, nem que seja só por dentro. Sentimentos pequenos e egoístas, eu sei, e talvez por isso eu evite pensar muito nisso. Ou talvez pelo receio de você, na verdade, estar tão bem resolvido quanto eu. Todo mundo gostaria de ser eterno e inesquecível, né? Eu também.



***


Cheguei à conclusão de que acabou antes mesmo de acabar. Já tínhamos destruído os detalhes, resquícios e até os sentimentos mais básicos - não havia mais nada além de duas pessoas que não poderiam mais ficar juntas. A gente se gostava (e ainda se gosta) pelo que fomos um pro outro, por tudo que já passamos juntos e pela saudade que ainda existe enquanto não encontramos outro amor. Talvez você sinta raiva, eu também me apegava a ela pra não ceder ao "quem sabe se tentássemos de novo" que batia vez ou outra. Mas não dá. Você não cresceu o tanto que eu precisava e eu não consegui esperar mais. Aquela Nina insana era o que estava ficando no lugar da namorada que você escolheu antes mesmo do primeiro beijo. Tentei ficar imatura e me perdi. 

Aprendi que crescer é um caminho sem volta. Quem sabe se você tivesse vindo mais rápido. Mas não veio. E eu já fui.





sexta-feira, 8 de julho de 2011

Amar não

Amar não te impede de sair sozinho. Não te deixa triste sem a presença da pessoa que você ama, nem te deixa pensando somente nela e mais nada o tempo todo. Amar não faz com que você não consiga beijar outras bocas, tocar outras pessoas nem gostar de outras personalidades. Amar não te deixa menos egoísta, mais romântico nem mais atencioso. Amar não te deixa melhor pura e simplesmente porque você ama. Amar não faz milagre, ao menos não pra sempre.

Amar não te deixar ser somente feliz ao lado de quem se ama, assim como não te protege de brigar, sentir raiva, ou trair a pessoa que você ama. O amor não tira suas vontades sozinho, nem te deixa completamente cedo, fiel, leal ou interessante. Amar não deixa quem você ama perfeito, e algumas vezes é muito pelo contrário. Amar não te deixa cego nem burro; amar não te faz enxergar só o lado bom de ninguém. Amar pode acabar com a mesma velocidade que chegou.

Amar não te traz certezas nem dúvidas eternas. Amar não te impede de errar, nem te glorifica por um acerto comum. Amar é para todos e para poucos, ao mesmo tempo. Amar não tem manual, e todo mundo acha que sabe fazer, e todo mundo sabe que pode errar tudo de novo, tudo que já errou um dia. Amar não é de todo bom nem de todo mal, seja esse amor com ou sem reciprocidade. Amor é como tudo na vida, e não tem regra, e tem exceção, e não tem explicação.

Amar sem vontade, sem caráter, sem humildade, pode dar errado. Amor cheio de orgulho, com interesses segundos ou pé no passado, pode dar errado. Amor com tesão, mas sem amizade. Amor com momentos felizes e muita violência. Amor com companheirismo e sem respeito. Amor sem comprometimento, sem entrega e sem confiança, tem de tudo pra não dar certo. E tem de tudo pra dar. Mas amar não é só isso. Amar é tudo isso, mas só se você quiser. Só.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ponto Final

A gente nunca espera um ponto final definitivo. Ou espera, mas nunca está pronto de fato, quando ele chega. A gente sempre acha que vai esbarrar na rua, que os olhos podem se procurar, que pode haver um abraço, um assunto meio esquisito. A gente espera. Um telefonema, uma mensagem, um recado através de um amigo que esbarrou dia desses e perguntaram por você. A gente sempre espera. Até que um dia o ponto final cai como um meteoro no seu colo, e você não tem a menor ideia de como lidar com isso.

Não importa o tempo que tenha passado, as histórias que tenham acontecido, os amores que tenha amado, ou sofrido. Não importam as lágrimas que foram choradas nem por quem; não importam as dores que foram sentidas; não importa o que tenha acontecido na sua vida. Metade das pessoas vai ficar sem entender e te chamar de louco, e metade vai entender tão bem que só os olhares dessas últimas podem salvar o seu dia, talvez o pior dia da sua vida.

O ponto final, por mais ponto e por mais finalizador que seja, pode te passar despercebido, assim como pode ser uma porrada no estômago, por mais vírgula que possa parecer. A gente entende que o fim chegou sem querer entender, sem querer acreditar, sem querer simplesmente. A gente tem é que aceitar e concordar com todas as palavras de força e alegria que vão nos dizer. A gente vai ter vontade de matar todos esses conselheiros, mas não vai.

Hoje, você não quer pensar no amanhã; só consegue pensar em todos os ontens que perdeu e como poderia estar feliz. Você só consegue pensar no que poderia ter sido, se ainda estivessem juntos. Você não pensa em ponto final, você não quer que a ficha caia, por mais que ela já esteja plantada com raíz, bem na sua frente. Você fica olhando pro nada, como quem espera um sinal, um milagre, um liquid-paper. Ou quem sabe um divórcio. Quem sabe.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Em 5/1/2007

Eu vivo intensamente. Não que eu tenha medalhas porque sou a melhor ou uma das melhores em alguma modalidade de esporte, jogo ou qualquer coisa competitiva. Aliás não tem nada que eu seja realmente destaque. Nunca trabalhei, tendo só um estágio nas costas. Fiz menos da metade de uma faculdade, um período de outra e ainda não faço idéia do que quero ser quando crescer, mesmo que eu já tenha crescido. Acho que escrevo bem, mas confesso que acho bem menos do que vocês pensam e sei que se for depender disso pra viver, morro de fome.

Não ligo muito pra opinião dos outros, de verdade, mas algumas poucas vezes, dependendo do momento, uma crítica me corta pela metade - mesmo que eu consiga me reconstruir 3 segundos depois. Nunca fui parâmetro de beleza e quando me mandam ser modelo eu gargalho de verdade: jamais deixaria de comer pra ficaram olhando pra minha fuça. Faço isso por fotolog, mesmo não ganhando nem goiabada pra isso. Já tive trocentas 'melhores amigas' e todas elas me passaram a perna, mas a primeira de todas ainda permace ocupando o mesmo posto, ainda bem.

Fiquei com gente legal, alguns nem tanto, já disse que me arrependi e provavelmente isso fez sentido um dia, mas no fundo eu não me arrependo de absolutamente nada, porque no final do dia eu tenho orgulho de mim mesma como sou hoje, e devo isso a tudo e todos que já passaram na minha vida. Adoro dar conselho pros outros e me chateio quando acontece algo que eu já previa e não pude consertar a tempo. Sou exigente, mesmo que não pareça e que esse texto tenha negado isto.

Errei tanto que fico rindo de mim mesma por não me culpar jamais de tantas burradas. Eu aprendi, afinal de contas. E o melhor: eu vivi. Fiz tudo que me deu na telha, falei mesmo, ouvi mesmo, briguei pelo que queria e pelo que acreditava. Obviamente os tapas na cara vieram, mas sararam. Tudo passa. Porém, continuo sendo fã da saudade do que passou e adepta dos diários, agendas, fotos e cartas - guardo tudo. No passado eu não passo a borracha - só mudo de parágrafo pra escrever o resto da minha história.

domingo, 26 de junho de 2011

Ficar sozinho

Sempre que terminamos um relacionamento, um dos conselhos unânimes é para ficarmos um tempo sozinhos. Aquela velha história de nos conhecermos melhor e darmos um período para nós mesmos nos acostumarmos com a fase nova. Nunca tinha concordado com nada disso, a não ser pelo fato de se envolver logo com outra pessoa, ou engatar uma relação em outra - essa teoria eu carrego e levo na prática. Mas passar um tempo sozinho nunca fez sentido até hoje, quando pela primeira vez em um mês, eu fiquei realmente sozinha. Por dentro e por fora.

Ficar sozinho é triste, mas algo que temos que saber fazer. Sempre falei que gosto de ser sozinha, e gosto mesmo, mas nunca deixo claro que "sozinha" é não ter que dar satisfações a ninguém. Fazer o que quero, quando quero e com quem quero. Mas isso não estar sozinho: isso é não estar em uma relação. Estar sozinho é outra coisa. É conversar com dezenas de pessoas, trocar ideias e opiniões, e no fim das contas, quando você perceber o vazio nisso, é simplesmente se pegar pensando nos momentos em que você não era tão sozinho assim.

Solidão é tão triste quanto verdade, e tão doída quanto necessária. É estando sozinho que a gente consegue pensar no que quer e não quer, talvez para ajudar na hora de tomar alguma decisão e evitar uma burrada, ou talvez para conseguir respirar fundo e ir em frente, sabendo que burradas acontecem e mesmo tendo um período sabático imenso, quando surgem situações em que é o sentimento quem manda no lugar da mente, ter pensado e repensado simplesmente não vai ter passado de solidão e ponto final.

Acho que essa ambiguidade toda é que estava me assustando, e por isso evitei o quanto pude o momento de ficar sozinha. Hoje, me olhei no espelho e não sei como a satisfação conseguiu vencer a felicidade. Há exatos três anos atrás, ouvi que isso era possível e não entendi, mas o mundo deu voltas e cá estou, pensando e não pensando, querendo e não querendo, evitando e estando aqui, no lugar onde sempre estive e de onde, por mais que não pareça, não pretendo sair. Ao menos não por enquanto.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fingir que tá tudo bem

Não importa quanto tempo tenha durado uma relação. Não importa também de que maneira ela terminou, nem quanto tempo tem que esse fim aconteceu. Não interessa se você deixou de amar aquela pessoa durante o relacionamento, ou se foi ela quem o fez  primeiro; aliás nem importa se nada disso aconteceu e tudo acabou em briga, ou em paz. Não importa. Superar um amor (por menos dor que esse amor tenha trazido) nunca será tarefa fácil. Pode ser que ela se torne mais amena e menos dramática com o tempo (ou com a quantidade de amores que você tenha tido que superar na vida, o que acontecer primeiro), porém jamais será algo normal, corriqueiro.

Concordo com Cazuza, quando ele questiona "pra que fingir, dizer que perdoou, tentar ficar amigos sem rancor". Pois é, pra que? Você pode guardar um carinho eterno pelo seu ex-companheiro, pode até amá-lo pelo simples fato dele ter feito parte da sua vida, ter passado por muita com você e vice-versa, mas amigos? Amigos de verdade, sério? Claro que conheço ex-casais que se dizem felizes e levando a amizade entre eles numa boa, e não desconfio que haja boa intenção nisso, só que eu não entendo. Como esquecer tanta coisa, esconder tanta história em um "oi" despretensioso? Não sei fazer isso, que me desculpem os que tiram isso de letra.

Não estou falando de relação vazias ou sem rotina, sem intimidade ou títulos (sim, aquela coisa antiga e de outra década, chamada 'namoro', lembra?). Sei que a modernidade de 2011 nos traz uma infinidade de relações sem compromisso, sem cobranças, sem regras e que ninguém sabe bem como agir. Falar disso é tão vago e impreciso quanto discutir futebol numa roda de amigos bêbados. Falo de, no mínimo, namoro, quando se tem uma certa rotina, onde se conhece o terreno e não se pisa em ovos. Depois que você tem a intimidade de uma pessoa, voltar atrás me é incompreensível. Aceitável, mas esquisito.

Os passos que são dados para longe da vida com a pessoa quando o relacionamento termina são necessários. Você se afasta, evita os encontros na medida do possível e vai levando os dias até que as coisas voltem a ser como eram, ou começa algo novo, qualquer que seja a solução que você tenha encontrado para seguir sozinho. Um dia, você vai acabar esbarrando, não tem muito jeito. Mas até lá, tudo bem cumprimentar cordialmente, porque aí, de fato, as coisas já vão estar bem, sem que se force barra alguma, sem que o mal-estar seja maior que a educação. Eu só acho que ainda é cedo.

Inspiração direta: http://copodecachaca.blogspot.com/2011/06/fala-com-minha-mao.html

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Recomeço


Meus parabéns a você que consegue começar um relacionamento sem levar bagagem do último que teve. Se eu fosse você, abriria uma curso de uma semana, ensinando passo-a-passo dessa magia sobrehumana, cobraria uma fortuna e viraria guru sentimental das estrelas. Se, como eu, você é um mero mortal que luta quase que arduamente contra esse defeito cretino, bem-vindo ao clube e nos unamos contra esse mal.

Começar de novo já é algo que demanda tempo. Você demora um período (que ninguém sabe dizer quanto, mas coloca aí umas semanas) para limpar sua vida dos resquícios que os anos passados deixaram. Objetos, comentários de terceiros, lembranças e sentimentos são varridos e depois passado pano por cima, com direito a desinfetante Veja. Mas o produto deixa o cheiro de que houve a limpeza...

É quando os dias voltam ao normal que o recomeço pode começar a chegar, deixando as malas no canto e se servindo do café. Ele vai ficando, deixa a sala e entra no quarto. Abre a gaveta e bom... Ainda tem umas bagagens ali dentro do armário. O recomeço insiste, e certo está ele, quando diz que é preciso esvaziar e jogar o velho fora, senão as coisas não cabem mais. Você sabe que ele está certo, mas daí para conseguir jogar fora... mais tempo.

É difícil saber o que fica e o que vai. O que é bagagem e o que é suvenir? Lembranças ficam, o que virou lição também cabe. Mas o mal resolvido, aquele embrulho enorme que ficou tanto tempo no seu estômago, no seu armário, ele tem que sair. Joga fora, se quiser recicla e que vire aprendizado, nunca entulho. Chama o caminhão de mudança, dependendo do lixo, chama até o moço da Comlurb, mas joga fora. E recomeça, tudo novo, de novo. Porque excesso de bagagem, só quando a mala está cheia de coisa nova.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Nada é tudo

Você não sabe o quer da vida. Não casa, nem compra uma bicicleta. Foge de tomar qualquer decísão que vai realmente mudar alguma coisa, mesmo que essa mudança seja pro seu melhor. Você não sabe se faz isso por medo de encarar as coisas e ter que assumir as consequências, por mais que elas sejam muito bem vindas, ou por precaução, afinal de contas já passou por muita situação nessa vida em que as coisas não acabaram bem como você planejava. Tá, você sabe que tudo que demanda a posição de mais de uma pessoa corre o (sério) risco de dar errado, mas você prefere não ter que tomar a decisão. Deixa que a vida tome por você.

Sinto lhe dizer que é ledo engano: fazendo nada, você já está fazendo tudo. Está deixando bem claro que a situação não te interessa realmente, não tem uma importância significativa na sua vida. Fugir pode ser presença de medo, mas é também ausência de vontade. Retifico que 'vontade' não é daquelas que dá e passa; é aquelas que, mesmo que você dê (atenção, ou algo a mais), não passam, só aumentam. Vontade de verdade, de querer mais do que aquilo que já existe. É, arriscar, caso queira chamar assim. Quando a vontade se torna algo maior do que você pode controlar dentro de você, quando você diz coisa que não queria dizer, mas que pensa.

Não nego que o medo, além de compreensível, é inevitável. Quem nunca teve medo de arriscar, que leve a vida de um paraquedista. Até mesmo esses, que se jogam de precipícios, têm suas dificuldades e terços na mão quando o assunto é uma relação amorosa, ou um emprego novo, enfim, uma vida nova. Voar com todas as seguranças testadas é bem menos arriscado do que entregar na mão de uma outra pessoa toda a confiança que você cuida com tanto zelo e carinho. Entregar o coração é meio piegas e o de menos: confiar é algo que dói mais, quando perdemos ou quando perdem a nossa, de alguma maneira. Tem instrutor de sentimento aí?

Quando você não toma decisão alguma, sua decisão está tomada. Discursos de que o medo paralisa e que é difícil confiar de novo são sinceros e quase unânimes, mas não colam por muito tempo. Por mais que a paixão cegue, um dia ela aprende a ler em braile, e então, como na deficiência física, o sofrimento da mente acaba conseguindo compreender melhor e, sozinho, vai matando a esperança que continha nas palavras "eu gosto de você, mas...". Porque "mas" e "porém" podem trazer dúvidas de que escondem um 'sim', só que fatalmente eles também trazem a certeza de que existe um 'não'.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Enjoy

Sempre fui de aproveitar ao máximo todas as coisas que tive na vida, desde momentos, pessoas e viagens até amizades, amores e livros.Tudo mesmo. Sou intensa desde que me entendo por gente, e isso faz de mim uma pessoa absurdamente feliz, e completamente triste, mesmo que em poucas vezes esse último sentimento prevalesça. Porque intensidade não precisa ser insana, nem sem base. Quase uma intensidade equilibrada, se é que isso é possível.

Não entendo pessoas que reclamam de situações banais ou provisórias, como estar sem namorado no dia dos namorados. Primeiro pelo óbvio: é um dia inventado pela publicidade, então mesmo que a pessoa sei lá, seja religiosa (não sou, mas respeito os dias santos etc), não tem motivo para dar importância a isso. Se namora, acho ótimo ter motivo pra estar junto, ganhar presentes etc. Se não namora, razão excelente pra não gastar dinheiro com nada.

Mas não. É tudo um sofrimento, que coisa horrível não namorar num domingo, no frio, no dia dos namorados, no natal. Não sei se me falta carência ou me sobra intensidade quando se trata de viver os momentos da minha vida, mas não entendo como as pessoas não conseguem simplesmente aproveitar o que têm. É um número sem fim de namorados que pagariam por um vale-solteirice de um dia ou um mês, enquanto tantos outros solteiros reclamam da solidão.

De vez em quando te bate a vontade de namorar, quando está solteiro? Lógico. Tem sábado que você suspira lembrando de uma night divertidíssima só com os amigos? Normal. Mas fique por aí. Não tem por que se martirizar, e muito menos compartilhar com os outros - eu acho UM SACO. Talvez porque entenda que as situações são (geralmente) provisórias, eu viva o momento de agora, e deixo pra viver amanhã, o momento de amanhã. Simples como um 'oi'.

Se viaja e sente saudade, deixa que já já você mata. Foque na viagem, no que tem de conhecer, aprender, fotografar, viver mesmo, como dizem. Se namora e quer ser solteiro, termine o namoro. Se está solteiro, mas quer namorar, olha pro lado e vê aquele casal que briga, que se magoa, lembra dos ciúmes, olha pra alguma parte ruim do seu passado amoroso. Em dois tempos você muda de ideia e se arruma logo, sai de casa e aproveita o hoje. Porque vai que amanhã...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os restos

Pra ler ouvindo:



Buscar as coisas que restaram com seu ex-amor da vida no final da relação é uma das coisas que não sei fazer e, por isso, me dão medo. O frio na barriga começa só de imaginar o momento, às vezes durante a relação, antevendo o fim. Parece doido, mas o arrepio na espinha é imenso, intenso, e ontem veio à toda, quando estava a caminho do último ponto a ser dado, o final derradeiro, pra enfim virar a página e começar um capítulo novo que eu já tinha começado a escrever.

A tristeza começou a me consumir antes mesmo do medo chegar. Aliás, se esse medo chegou, a dor da ficha caindo conseguiu ser mais forte, dessa vez. O receio deu lugar à certeza, que por melhor que seja em relação à dúvida, não deixa de machucar os resquícios de esperança que sempre permanecem nos rodando, quando porventura esquecemos os motivos do fim. Como fantasmas, espíritos sangue-sugas só esperando uma brecha pra entrar. Esperança é meio isso, e quando some, que estranho.

Não tem outro jeito que não respirar fundo e conferir se está tudo ali. Pensei que lembraria do que havia esquecido, que saberia se algo estava faltando, mas quem disse? Resumi na confiança que você devolveu tudo, até porque não teria razões pra guardar nada, (teria?) afinal. Fiquei feliz (eu acho) em ver que o mais importante estava lá: o fim de nós dois, dentro daquelas mochilas lotadas de coisas que eu talvez nunca vá precisar, como aquele casaco que nem é meu, mas também não vou devolver.

Coloquei nas costas e fui logo atrás de qualquer coisa que me fizesse esquecer que aquele dia foi da busca pelos restos e fazer dele qualquer outra coisa, como rever antigos amigos, matar antigas saudades, voltar amizades perdidas e reviver anos adolescentes. Talvez tudo isso junto fosse o suficiente, e eu acho que foi. Os restos ficaram mesmo sendo só os restos e não tem mágoas que apaguem tanta coisa, por piores que sejam. Que fiquem os momentos bons: são eles que eu nunca vou apagar daqui de dentro.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quando a gente sofre

Pra ler assistindo:



A gente nunca acha que está sofrendo muito, até a dor resolver aflorar arrombando todas as proteções que você achou ter construído tão bem, depois de tanto tempo de sofrimento já sofrido, ou guardado, ou chorado, ou...

Isso pode acontecer com motivo concreto (você ver esse alguém pessoalmente ou online numa rede social), abstrato (alguém falar dele ou dela) ou induzido (um vídeo, uma música ou um local propício a lembranças), numa segunda-feira de tarde, ou num sábado à noite.

Você pode se pegar engolindo choro sozinho na cama, numa tentativa de romantismo com outra pessoa ou no meio da boate, com som alto e música alegre. Pode ser ouvindo uma música no iPod, um vídeo visto sem querer, um texto de um blog qualquer.

A dor, quando chega, por mais discreta que possa parecer, nada mais se assemelha do que a sensação de soco no estômago. Não tem ressaca regada a horas abraçado ao sanitário, Epocler ou chá de boldo que vença: dor de perda e fim de amor é papo pra endoidecer gente sã, né, Renato?

Porque dor de amor não aparece no olhar, nas mãos, na roupa. A gente vai acumulando sofrimentos e com eles, talento pra saber esconder como ninguém, e só quem já sofreu um dia consegue reconhecer os cacos por baixo do rímel, do gel e de toda aquela vodka com Red Bull.

A dor te enche de palavras e insipirações, exatamente da mesma forma que te arranca todas as explicações que você tem na cabeça, que não se comunica com o coração, e assim será por um bom tempo, ou como dizem, até que você se apaixone de novo. Porque quando a gente está sofrendo, esquece que, um dia, passa.

Sofrer vem de uma vez e acaba; sofrer vem à prestação e o carnê nos parece eterno. São parcelas que a gente não sabe quando termina, mas mesmo sabendo que terá fim, teme como se nunca tivesse passado por isso. Porque cada amor é novo, mas cada sofrimento também.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quem vai, vai?


Tem gente que chega e nem parece
Fica do lado, mas quem disse?
Não aparece
Diante de todos os outros que se destacam
Tem quem vem, mas você nem repensa
E já deixa de lado


Tem gente que nem precisa vir
Pra chegar
É como se sua presença viesse do ar
E aí quando chega
Essa gente, e a sua fraqueza
Então o ar lhe falta, de fato


Tem gente que vem e não sai mais
Tem gente que quer demais
E dessa você só quer distância
Tem gente que é um beijo
Tem gente que é uma dança
E tem gente que nem gente é


Quem vai, às vezes fica
Fica de corpo, fica lembrança
Tem quem fique e parece ter partido
Quem vai, pode até ser que volte
(Mas não nos cabe esse pedido)
E tem quem fica, mesmo já tendo ido.


Nina Lessa

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Como Mágica

A dupla de funk (que hoje não existe mais, porque um deles faleceu) Naldo e Lula canta uma das minhas músicas preferidas: "Como Mágica". Gosto dela desde a primeira vez que ouvi, e por muito tempo ela me lembrava um alguém que passou pela minha vida. No começo (como quase tudo), isso era muito bom. Mas depois (geralmente, como tudo, quando acaba) virou uma tarefa impossível, ouvir a música sem chorar. Mas as coisas passam, e depois era somente impossível não lembrar. Num depois mais adiante, já não havia lembrança, somente o gostar da música.

Nunca pensei que isso fosse me acontecer: superar totalmente. Sempre achei que nada nessa vida poderia ser totalmente superado, mas hoje acredito que a gente confunde (e muito) 'superação' com 'esquecimento'. E realmente, esquecer é insano, não à toa é uma doença. A gente é feito de lembranças, senão como contar história? Aprender, amadurecer, ser alguém na vida? A gente não é ninguém sem memória, sem lembrança. E hoje aprendi que superação não só é possível como necessária, porque senão a coisa não anda. A coisa: sua vida. Seus dias. Você.

Hoje, ouço "Como Mágica" sem qualquer pensamento (ridículo ou não) de lembrança, de saudade. É uma música, eu gosto, e pronto. Simples, gostoso (eu realmente gosto muito dessa música, já falei isso?), necessário. Quem não gosta de alguma coisa que melhora o dia, o humor, uma situação tensa? Eu adoro, e às vezes, preciso. Hoje eu consigo explicar com palavras que nunca encontrei antes o quanto me faz forte (e feliz) reconhecer esse tipo de superação. Dá uma satisfação que essas palavras não mensuram, é verdade, mas explicam, e talvez eu me faça entender.

É bom não sentir a necessidade de provar nada pra ninguém. 'Deixem que pensem e que falem' sempre foi meu lema, mas confesso que tropecei muito nesse período chamado vida, e uma ou outra vez deixei de agir pelo medo do julgamento alheio. Hoje, resolvi procurar no dicionário, e olha, é muito sem sentido deixar que alguém 'distante, afastado, estranho' tenha qualquer posição importante na nossa vida. Preocupo-me, sim, com o que as pessoas queridas pensam de mim, mas elas são elas, e eu passei por muita coisa pra fazer tudo que faço. Demorei muito pra ouvir "Como Mágica" e gostar do vazio que fica. Então é direito meu, e somente meu, aproveitar todas as gotas que nunca pensei existir num vácuo.