quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Talvez

Talvez estejamos certos e realmente tentar ficar junto já não era viável. Mas talvez a gente tenha desistido cedo demais.


Talvez eu tenha descontado em você coisas que não deveria. Mas talvez ter ficado mais exigente não tenha sido ruim.


Talvez você tenha apostado em mim menos fichas do que eu merecia. Mas talvez eu não tenha lhe parecido valer a pena.


Talvez tenhamos errado desde o começo, que foi tão rápido. Mas talvez não teríamos nos feito tão bem, tão felizes, tão o tanto que fomos.


Talvez eu esteja tentando me convencer de um futuro melhor. Mas talvez o futuro dependa exatamente desse presente aqui.


Talvez você esteja alimentando uma raiva que não existe. Mas talvez eu esteja te provocando isso, mesmo sem querer.


Talvez estejamos errados e que perda de tempo, tanto texto que você nem lê. Mas talvez você leia, e eu não sei.


Talvez eu tenha projetado em você uma coisa que você nunca seria. Mas talvez você seria, e eu nunca vou saber.


Talvez você se arrependa de não ter me deixado te fazer feliz. Mas talvez eu não seja tudo aquilo que você achava.


Talvez nos achemos felizes assim, como estamos, separados. Mas talvez você também continue pensando em mim.


Talvez eu esteja exagerando e um dia vou dar risada de tudo isso. Mas talvez eu ainda me arrependa dessa escolha.


Talvez você quisesse mesmo que eu fosse embora. Mas talvez você tenha me esperado voltar, e eu não voltei.


Talvez você encontre o amor da sua vida em outra pessoa, e eu também. Mas talvez já tenhamos encontrado.


Talvez.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Poesia em 17/02/2012

Chega de correr atrás
De alguém que não te quer mais
Pára com isso
E sem essa de ser amigo
Acabou, vida que segue
Não, não espere
Cansar pode ser um avanço
E não tem espanto
Tudo um dia acaba
Espera baixar a fumaça
E pára de usar tudo que te dei
Porque até dos seus presentes eu já larguei
Não me apaga, não precisa
Mas por favor, me evita
Só isso que eu te peço
Te ver seria um retrocesso
Porque por mais que seja coerente
Manter todas essas verdades
Acontece que a gente mente
Quando esconde essas nossas vontades...


Nina Lessa

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Não amar é lindo

O amor é lindo, mas não amar também é. Quando uma relação acaba, mas o amor continua, o que a gente mais espera é pelo dia desse sentimento sumir. Já não dá mais para ir e voltar um namoro acabado. As brigas são mais comuns que os beijos e fazer as pazes não tem a mesma graça de antes. A vontade de estar junto não supera a falta de confiança e vive-se um inferno, aquilo que deveria ser a coisa mais esperada do dia. Espera-se pelo fim do amor.


E demora. Qualquer sentimento que é forte, que criou raízes e construiu histórias, demora para finalmente acabar. A esperança de que as coisas vão se acertar é a última a morrer, antes do amor. Esperamos que tudo mude e que já não era sem tempo de acharmos o amor da nossa vida. Esperamos uma ou outra cena de filme acontecer na vida real; as palavras certas e pronto: ainda amar vai ter algum propósito. Mas não acontece nada disso. Que o amor acabe, então.


Não amar é lindo, tanto quanto quando o amor acontece. Amar tem que ser correspondido, de todas as formas. Tem que fazer sentido, mais do que trazer dúvidas. Senão, é mais pacífico e menos doloroso quando não há amor. E o amor fica todo do lado de dentro. É de lá que vem a sensação de fracasso quando vemos que não deu certo, mas é de lá também que vem o sorriso de alívio quando percebemos que passou.


O amor é lindo enquanto nos faz feliz. Quando não amar começa a fazer sentido, não tem satisfação maior do que a ausência de sentimento. É quando o coração fica completamente vazio que conseguimos respirar fundo e buscar coragem para escrever uma nova parte da nossa história.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ignorância

As pessoas não gostam daquilo que não conhecem nem entendem. Julgam com todas as letras e vontades qualquer que seja a atitude diferente da sua. Usar o termo convencional já nem funciona mais, afinal gostar de Big Brother e posar nua como quem vai à feira já viraram normalidade. A falta de conhecimento sobre as coisas deixa as pessoas ignorantes e extremamente preconceituosas. Ninguém sabe de nada, não quer saber e tem raiva de quem sabe. Até quando esse pensamento ignorante de que todo mundo tem que ser igual?


Não sou gay, mas também não sou católica. Não sou contra o aborto, mas quero casar de branco. Não fumo, mas bebo. Não sou bissexual, mas não vou casar virgem. Não me importa em nada se meu filho for homossexual ou não, mas ficaria arrasada se não pudesse simplesmente ter filhos. Mas se não pudesse, adotaria. Porque a gente é mil coisas de uma vez só. Porque ninguém é igual a ninguém, mas todo mundo merece respeito e precisa respeitar também. Até quando só vai funcionar na teoria?


O que não é compreendido, precisa ser. Há um sem número de tecnologias, livros, profissionais e estudos que esclarecem sobre qualquer assunto. Não se transmite aids pelo beijo, minha gente. Não é abraçando uma pessoa que você vai gostar das coisas que ela gosta; se fosse assim eu seria fã de chocolate e continuo detestando. Homossexualismo não é doença nem escolha. Eu não escolhi gostar de homens, e não sou doente porque até hoje não consegui achar o amor da minha vida.


A ignorância não protege a gente. E se fosse a pessoa que você ama apanhando na rua só porque ele não gosta da mesma coisa que você? Qual o incômodo, afinal? Se existe tanta dificuldade, é porque o medo do diferente deve assustar. Mas não deveria. Dizem que quem muito se incomoda, é porque reprime ou tem medo de despertar uma vontade nova. Pode ser que sim, mas pode ser só ignorância mesmo. De qualquer forma, é preconceito, e todo preconceito é burro.


Vai fechar os olhos pra fingir que não está vendo? Até quando? Espero que não precisemos mais esperar tanto tempo.


À Emily Goltara que, como eu, não admite preconceito algum.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Os dias

A gente sempre espera por dias melhores. Os dias em que não passamos mais tempo pensando no que poderia ter sido, em coisas que deveríamos ter falado ou pratos que poderiam ter sido menores. Dias com mais sorrisos e menos saudades; mais livros e menos internet. Esperamos dias com menos vontades vazias e mais planos imediatistas; dias com pés no chão de uma realidade mais feliz e com fé, esperança, sem que isso soe uma ilusão adolescente. Dias em que consigamos ainda acreditar no amor, por mais que os fatos e o tempo tenham tentado provar o contrário.


A gente sempre espera por dias melhores. Os dias em que não lembramos de querer ligar, que não discamos o número no aparelho e cada dia mais perto de esquecer o número que sabíamos de cor. Dias menos nostálgicos e com mais novidades; quando as fotos amarelam ou se perdem por entre pendrives na gaveta. Esperamos mais leveza e menos sorte; dias sem esperar que o amor surja nem que devemos fugir dele. Dias que simplesmente não pensamos que o amor possa ser algo de escolha ou da falta dela. Esperamos pelos dias que nos simplesmente passam.


A gente sempre espera por dias melhores. Os dias que não passam arrastados, que nada nem ninguém precisa ser evitado, dias sem preocupações porque vai estar tudo bem. Dias de risadas sinceras e menos buscas pelas palavras certas na hora de dizer alguma coisa; menos reticências e mais exclamações, sem que isso pareça forçado porque não vai ser. Esperamos dias sem mencionar sem querer e sem querer mais nada do lado de lá. Dias que demoram, mas que alívio quando chegam, porque aí então não esperaremos mais por dia algum.