quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aprende

Uma hora a gente aprende...

... que dá pra amar mais de uma vez.

... que o primeiro amor será inesquecível, não tem jeito. E que o segundo também vai ser.

... que dores de dentro podem parecer físicas.

... que por mais que doa e você achar que vai morrer, você vê que não vai.

... que não ter dor que não passe. E a que não passa, se transforma.

... que saudade só é bom quando dá e passa.

... que as portas se fecham, porque só assim pra se abrirem portas novas.

... que fazer merda é necessário, só não repete da próxima vez.

... que certas coisas a gente não vai saber nunca.

... que tudo isso apaga quando a gente se apaixona de novo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Em parcelas

Não parcelo nada na vida. É uma política que levo a sério na vida monetária e na pessoal também. Gosto das coisas à vista. A dor é maior, mas passa mais rápido, também. Pagou, pronto. Esqueceu e adeus, viramos a página e voltamos a trabalhar pra que o dinheiro chegue logo e você esqueça o gasto. Esvaziamos o coração pra que coisas novas o preencham, e nem precisa ser amor logo, assim como não precisa ser muito dinheiro. Qualquer distração tá valendo; qualquer cupom de desconto quebra um galho, ao menos por um tempo.

Não divido nada porque cada uma das parcelas te lembra do dia da compra, o que pode ser algo bom, ou não. Na dúvida, prefiro não lembrar, até porque, por melhor que tenha sido, já passou. Que fiquem outras lembranças, outras memórias. Não parcelo compra, sentimento, tempo nem conversas. Já deixei de fazer, dizer, e também pagar uma vez na vida. Pra nunca mais. Errar é humano, faz parte de todo e qualquer crescimento, até pros lados: quem engorda e depois emagrece, sabe como é e faz escolhas.

Escolhi que não engordo mais daquele jeito; escolhi que não vou amar menos e pronto. Decidi que celular novo é pago à vista ou no máximo em duas semanas. Depois ele arranha, mas já paguei, dane-se, é meu. Porque quando você parecela, a impressão é que aquilo é meio seu, meio de mais alguém. É como se aquilo pudesse ser levado a qualquer momento, e você não vai poder fazer nada. Gosto do que é meu, só meu e de mais ninguém. Nem que seja só um computador, ou uma calça jeans.

Gente tem que querer estar com a gente. Senão, a porta tem que ser serventia. Sensação de meio amor é falta completa de amor de verdade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Certo ou errado?

Certo e errado parecem ser padronizados, mas quanto mais a gente cresce e vai conhecendo o mundo, mais a gente vê que iss, nem de longe, passa perto da realidade. Nem em relação a leis, a unanimidade existe - imagina quando o assunto passa por valores, conceitos e achismos. Nem todo mundo acha que a verdade e a fidelidade são imprescindíveis; nem todo mundo acredita que a mentira é um problema imenso que só tende a crescer. Traição é relativa, e tanto perdoar como esquecer podem ser coisas completamente aceitáveis e até fáceis de fazer - só depende do que se considere certo e errado. Opiniões e idéias estão cada vez mais questionadas, e se tornando cada vez mais esquisitas pra mim.

Às vezes me sinto alguém fora do ninho, em qualquer ninho. Não me encaixo completamente em ambiente algum, eu com as minhas idéias completamente loucas de achar que fidelidade é algo inquestionável dentro de um relacionamento a dois. Olho em volta e penso que devo ter algum problema por não me sentir à vontade quando me dizem que devo trair meu namorado. Será que a maluca sou eu, em acreditar que as pessoas podem ser leais, como eu sou, quando amo? Porque não, eu não acho que mentir seja legal, não gosto de ter que esconder as coisas dos outros e isso me incomoda muito, sim. Insisto em acreditar que omitir é a mesma coisa que mentir, e que ninguém consegue ser feliz podando informação ou sentimento.

Certas horas me sinto uma adolescente que acha viver num mundo cor-de-rosa, acreditando que é possível amar alguém e conseguir passar por cima dos problemas, e que é normal falhar - é assim que percebemos que tentamos. Não tenho vergonha de reconhecer meus defeitos; não tenho vergonha de assumir meus erros e saber que toda história tem dois lados, mas nem por isso vou precisar gritar a todos os ventos as histórias que vivi. Ninguém nunca vai saber o quanto sofri, nem o quanto fui feliz. Não vai saber, e nem precisa. Quem viu nos meus olhos o quanto fui realizada enquanto amava, sabe e basta. Ainda acredito em pessoas boas, porque afinal de contas é nisso que me esforço pra ser, todos os dias, na minha esperança eterna.

Hoje, é preciso saber conviver com um mundo menos acreditado e menos leal; um mundo que não respeita como gostaria de ser respeitado, que esconde e mente muito mais do que confia com transparência. O lado egoísta que todos temos guardado está tomando conta e mandando quase o tempo todo. 'Antes ele do que eu'. Que sejam assim, já cansei de tentar entender e ter que aceitar. Eu compreendo, mas não concordo. Não critico em voz alta, mas não espere meu sorriso benevolente. Os incomodados que se mudem, e isso eu já entendi. Não foi à toa que mudei de ares, de todas as maneiras que pude. A idéia é que, assim, eu consiga respirar melhor.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Oscilação

A gente nunca está cem por cento nada nessa vida. E, hoje,  eu aprendi que isso é normal. Claro que temos momentos longos e duradouros de estabilidades: uma boa fase no trabalho, notas altas (ou baixas) nos estudos, momentos mais felizes do que estressantes num relacionamento, mais risadas do que discórdias movidas a motivos irrelevantes - ou o contrário. Mas nada disso acontece o tempo todo. Porque tem dias que você acorda mau humorado,  porque tem coisas que podem te deixar irritado sem aviso prévio, e porque imprevistos estão aí para alterarem nossos planos, não tem muito jeito. E é por isso que a gente oscila.

Acorda animada no dia dos namorados e fica meio triste quando lembra que dia é. Logo, recorda que essa palhaçada é comemoração criada pela publicidade e deixa pra lá. Vê casais na rua e começa a sentir saudades do namorado que tinha há pouco menos de um mês, que saco, que vida ridícula. Então dá risada com o novo grupo de melhores amigos de infância que fez em tão pouco tempo e, bom, o namoro já não vinha bem, a quem estamos querendo enganar. A desanimada chega quando vê uma vitrine, quando o maldito telefone nem pra receber uma mensagem, ou uma ligação. Acha melhor assim e vai tomar uma cerveja que amanhã é segunda e vida que segue.

A grande verdade é que a gente oscila independente. Pode ser uma incrível segunda-feira  de bom humor e piadas, ou uma quarta fantástica, pela qual você não dava nada e de repente só volta pra casa na quinta quase de manhã, com um sorriso divertido quando vê a cara do porteiro se perguntando por que diabos essa menina sai tanto de casa. E oscilação é coisa tão independente que veja só que cretina, chegando sextas de madrugada e sábados cheios de planos. Vêm os imprevistos, os desânimos e as mensagens perdidas, os números discados, os textos que parecem se escreverem sozinhos. A gente suspira e vai tentar se animar vendo um DVD de comédia ou coisa que não faça chorar.

A oscilação é a tpm de todo mundo. Porque não se é feliz cem por cento do tempo, mas o que salva é que também não se é triste esse mesmo tanto. Por pior que seja, por mais  dores que acumule, a gente sempre sabe que vai passar. Porque tudo passa, por mais lindo ou horrendo que seja, e por mais eterno que possa parecer. As feridas sempre vão aparecer, mas antes as velhas vão ter que sarar. Amores se vão, mas outros virão - já não vieram antes, afinal? E esse é o nosso medo, mas em dias como hoje, é esse também o nosso fio de esperança pra não simplesmente desistir. Dizem que vale a pena. Esperemos, então. Que venha o futuro.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Certo Medo

E se eu te disser que mudei de ideia?
Que hoje, tudo que eu disse antes
Não passa de balela,
Papo furado que eu mesma inventei?
Sim, eu realmente pensava
Tudo aquilo que falei
Mas também tinha medo
De recomeçar
Achei que era cedo
E estava cheia de receio
De você também achar

Vai que eu me entregava
E você nada?
Tem noção do quanto demoro
Pra ficar apaixonada?
Decidi não arriscar
Já cansei de fazer isso
E sei que corro todo perigo
Quando me permito
Apaixonar

Pois é, não arrisco mais
Deixar meu coração aberto
Ele não é nada esperto
E não parece saber escolher
A fase boa, o momento certo
Tanta coisa pra ser feita
Tanta gente nova por perto
E ele foi logo escolher você.

Por Nina Lessa

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Com chave de ouro

Querer que uma relação acabe com chave de ouro é o cúmulo da hipocrisia. Sempre terão perguntas não respondidas e até não feitas; beijos guardados que não foram (e talvez nunca serão) dados. Abraços perdidos que ficaram na vontade, conversas que, por mais longas, sempre guardam vírgulas, dúvidas e mentiras dentro de verdades que ninguém quer ouvir. Colocar um ponto final pode ser ruim, feio e ter chave Papaiz, não importa. Só é preciso que essa chave tranque.

E que a página seja virada. Não arranque, por mais vontade que te dê de meter a mão nesse papel (ou capítulo) maldito e picar em pedacinhos, queimar com o bafo de fogo que você está a ponto de cuspir por aí. Calma que passa. Tira esse celular da mão, pára de discar o número que você, claro, sabe de cór. Não vai valer a pena, e você sabe disso. Sim, porque ela não te ligou desde que acabou. Sim, também porque ela não quer te ver, deixou isso claro e você tem que parar de negar. Por tudo isso, e porque você sabe que não é isso que você quer.

Muito cuidado com a carência. Ela não escolhe hora pra chegar, mas costuma ser presença certa em momentos oportunos, portanto, evite-os. Esquece cinema sozinho, jantares sem risada, social com amigos tão ou mais carentes do que você. Viaje, vá para lugares barulhentos em que você não consiga ouvir as vozes te gritando pra discar logo aquele número, pra procurar o perfil dela no Facebook. Dane-se onde ela está ou o que anda postando, problema é dela e não mais seu. Convença-se logo disso.

A chave de ouro pode ser que apareça quando seu coração já estiver vazio e mais pronto do que você imagina pra encontrar alguém de novo. Sim, você vai encontrar alguém de novo, mesmo hoje querendo distância da palavra amor. Hoje, você só vê que estar apaixonado é uma droga, um inferno que não parece ter fim, mas um dia você vai, de novo, ser feliz E estar apaixonado ao mesmo tempo. O fim de um amor consegue apagar todas as lembranças lindas que o começo desse mesmo amor nos dá, mas passa.

Eu juro que passa.