quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu não tenho medo

"Eu não tenho medo de me apaixonar de novo", tem muita gente que diz. E pode ser mesmo verdade. Prefiro, eu mesma, chamar o que pensam ser medo de precaução. Você simplesmente prefere se poupar de passar pela mesma coisa que já viveu, e que por experiência própria não sente a menor vontade de vivenciar de novo. É simples - você se envolveu, foi feliz, fez coisas que nunca pensou fazer, deixou de fazer outras que você considerava jamais deixarem de ser feitas. Você errou, claro, mas sabe que acertou também. Colocou tudo numa balança, pesou prós e contras e simplesmente achou melhor se poupar. Não é que não tenha valido a pena, provavelmente valeu tanto que a dor foi propensa. Então, pra que correr o grande risco de se machucar de novo por algo que você não tem muita certeza se vai valer tanto assim?

Entendo perfeitamente bem quem não se entrega jamais. Entendo, e concordo em partes. Às vezes, o exagero me incomoda e me irrita. 'Sofri demais'. Hum. Sei que intensidade de sentimento a gent então pode nem pode nem deve medir nem comparar, mas dá pra repensar se não há um certo exagero, uma certa dimensão irreal do que realmente se sentiu, e do que se deixou de sentir. A ilusão se disfarça de sofrimento com uma facilidade maior do que a Coca-Cola nos deixa pensar que somos viciados nela. A outra parte não tem culpa da nossa projeção, das coisas que imaginamos nem dos planos que fizemos. Repensar sofrimento pode doer um bocado, mas poupa uns meses de dor em vão.

É claro que os que previnem se apaixonar estão perdendo algumas boas chances de ser bastante felizes, mas na dúvida, nem arriscam. Confesso já ter feito o mesmo muitas vezes, mas confesso também não ter me arrependido nenhuma delas. Não pelas pessoas que deixei pelo caminho - tenho certeza que elas fizeram ou fazem outras muito felizes -, mas pelas outras que acabei encontrando, e que talvez não conseguisse a façanha caso estivesse parada, caso estivesse 'perdendo tempo'. Como eu, as pessoas que 'não têm medo de se apaixonar de novo' confiam no que tem que ser, e não forçam a barra. Deixam que as coisas caminhem pra onde têm que caminhar. E a coisa funciona: poupa dor e arrependimento futuros.


Continuem não tendo medo de se apaixonar e selecionando melhor as escolhas, queridos poupadores de dor e sofrimento por já terem vivido isso um dia (ou dois). Tenho levado assim e sigo confiante que dá certo. Sentindo-me bem ao lado da pessoa certa evita que eu sinta vontade de olhar pro lado, e pior - que eu sinta vontade de estar do lado de lá. Quando você espera vir a pessoa certa, a probabilidade de querer fazer dar certo é muito maior. Você quer que a pessoa tenha idéia do quanto você já viveu, viu e tem noção do que é o mundo, até escolher aquela criatura dentre tantas na multidão. Ela tem que saber que não foi à toa, e não é por meia dúzia de palavras bonitas nem por um par de olhos verdes que você vai arriscar tudo isso. Nem-a-pau.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando você não percebe que acabou

Ou quando nunca foi aquilo tudo que você projetava...

Já viu o filme "500 Dias com Ela"? Estreou em grande
circuito nos cinemas do país acho que na semana passada, e eu fui ver. Deve ter sido o vigésimo ou
triségimo filme que eu vi esse ano, e posso dizer com todas as letras: este esta entre os cinco melhores COM CERTEZA. Talvez entre os três... Independente de trilha sonora, direção, trabalho dos atores, direção etc (que merecem todos meus sinceros parabéns pelo excelente trabalho, diga-se de passagem), foi a história simples, comum e complicada que o filme mostra, conta e nos joga na cara aquela situação certamente já vivemos um dia numa relação e tentamos todos os dias esconder embaixo dos tapetes, e até de nós mesmos pra não lembrar como foi ruim.


O filme mostra um casal que viveu uma relação. De amor? De paixão? De amizade, de pena, de carinho? Uma aventura, talvez? Vá ver o filme e tire suas
próprias conclusões. Mas essa não é a questão. A grande sacada do roteiro não é o que eles viveram, é justamente o contrário: o que não viveram. Ou pelo menos o que um deles não viveu. Porque num mundo de relacionamentos abertos como o que vivemos, não existe quem não tenha se apaixonado enquanto o outro, não. Simplesmente não.

A revolta do personagem dessa história (que logo no começo do filme já nos é avisado que não, não se trata de uma história de amor) é contada de maneira fiel ao que passamos na vida real, quando de vinte a trinta anos, como o casal tinha. A revolta, a mudança na aparência, o sofrimento visto de longe, pelo olhar ou andar de quem sofre. Não tem como não se identificar com aquele que sente a dor: onde eu estava que não vi que ele não gostava (mais) de mim?

Por outro lado, lembrar de uma ocasião oposta, em que você curtiu um momento e só isso, enquanto o outro lado da relação já chamava o seu 'momento' de 'relação'... E bom, você não estava na mesma sintonia. Como explicar, meu Deus, que a paixão não chegou pra você? Que ela se iludiu, acreditou em palavras que não foram ditas, deixou de ler sinais no mínimo óbvios. E você? Você, meu caro, passou de vilão da história, só porque não se apaixonou.

Se estiver sofrendo sem ainda ter aceitado a perda pela qual está passando, meu bem, economize seu dinheiro, sua cabecinha e coração partido. Conselho de quem sofreu há tempos e, ainda assim, sentiu uma dorzinha na cena em que ele questiona a falta de amor dela, e a resposta ouvida destrói o mais feliz dos corações apaixonados - por outro alguém que não o da dor sofrida, que fique claro.


São diálogos simples e impressionantemente geniais. Acho que nunca gostei tanto de algo que me fizesse questionar uma série de coisas, e me mostrasse que certas respostas simplesmente não existem, e eu nunca vou saber onde foi que eu perdi os sinais que jamais pensei sequer existirem. Depois de '500 Dias com Ela", começo a ter minhas dúvidas...


Assista, e se questione também. Pensar não faz mal, mesmo que a princípio pareça que não faz nem um pouco bem...


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Os sentimentos adquiridos

Nem adianta dizer que sempre tem uma exceção porque acho que esse é o único caso em que isso não existe - o 'acho' eu usei porque certeeeza mesmo a gente nunca tem de nada, então digamos somente que nunca possui conhecimento de quem não tivesse pelo menos um sentimento adquirido de alguma relação que chegou ao fim. E quando eu digo sentimento, do amor ao ódio, da saudade à raiva, da carência à mania de roer unhas (ou ansiedade retratada, chame como quiser). Qualquer coisa está valendo.


Podem ser coisas boas ou ruins, não importa. Quando terminamos uma relação duradoura, ou no mínimo marcante com alguém, é batata restarem alguns vestígios que talvez nunca sumam da gente. Não digo nem que sejam as fotos ou vídeos, cartas ou entradas de cinema que você guardou. Número de telefone decorado ou lugares marcantes são pinto, comparando-se com os sentimentos adquiridos, ou seja, que você não escolheu nem de longe ter dentro de si.


Pessoas que um dia foram carinhosas, fofas ou grudentas, depois de um relacionamento mal-acabado, ou com um fim cheio de mágoas, certamente se tornarão menos 'dadas' e muito mais cautelosas, mesmo sem perceberem isso. Quem era mais fechado e se abriu pra uma pessoa em especial? O caso é ainda pior: ele sabia que podia se magoar, e se magoou. A maioria não consegue mais mudar sozinha - ou não quer. Eu não consigo - ou não quero?


O medo de se magoar de novo pode ser ridiculamente pequeno e conseguir ficar camuflado no meio de sentimentos bastante confusos, como dados estatísticos de casamentos que não dão certo e relações que nunca tiveram traição de nenhuma das partes. A pessoa se defende como pode, pra não sair machucada de novo. É quase certo que perder uma relação mais sincera é mais vantajoso do que enfrentar um final (bem provável) difícil.


Os sentimentos adquiridos, mesmo os bons, são inevitáveis. Você fica mais paciente do que era antes, mais tolerante, menos reclamão - tudo ótimo. Mas quanto aos ruins, fazer o que com eles? 'Você era muito mais carinhoso com ela', costuma reclamar sua namorada. Você deve até amar ainda mais a atual, o que é ainda pior se for acabar um dia. Pensa nisso, e balança a cabeça dizendo que sim, era, mas garante que nem sabe por que. E não sabe mesmo onde fica esse medo - ele se camufla muito bem, obrigado.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Divagando na madrugada

A gente só quer que as coisas voltem a ser como eram antes. Nem que seja só um dia, só uma viagem, só aquele ano que foi tão bom, e se você soubesse disso teria vivido com mais vontade, teria tirado mais fotos, teria dado mais beijos, não recusaria carinho nenhum, com certeza.

Que voltem só um pouquinho pra se visitarem mais, pra estudar mais, fazer mais ou menos hora extra - se ao menos você soubesse que passaria voando e sentiria falta daquele cheiro de carpete sujo numa madrugada de segunda-feira, tendo que acordar cedo porque terça é o pior dia da semana, depois de quinta.

E por mais que você ache ter aproveitado cada segundo, ter registrado os momentos realmente importantes; por mais que você saiba que fez seu máximo, deu seu máximo, pelo menos naquela época - mesmo assim você voltaria, nem que fosse só um pouquinho, nem que fosse pra não mudar absolutamente nada, só viver de novo.

Logo você, que nunca suportou esses clichês ridículos de música brega; logo você que sempre acreditou em cada pieguice que existe e sempre achou que estava levando a vida do jeito que achava ser o certo. No final das contas, ou pelo menos dessas contas, você vê que tem décadas vividas e, ainda assim, continua aprendendo.

Você sabe, lógico que você sabe que momentos como esses, de tristeza-saudade são comuns e passam, sempre passam, mas hoje você quer se permitir senti-los e só. Você quer se deixar sentir a palavra brasileira de sentimento universal: hoje você não dorme porque sente saudades.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ainda falta alguma coisa...

Hoje, na praia, minha amiga me contou:

- Minha amiga me ligou hoje MEGA feliz porque o peguete dela terminou com a namorada e pediu ela em namoro. Que lindo, apaixonados! Né?

- Não!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A resposta eu pensei, mas não disse. Bom, a amiga não é minha, então quem sou eu pra falar o que penso sobre isso, mas oi? Não tem nada de lindo você manter uma relação com um cara que namora. Não passa pela cabeça da 'amante' que a situação é confortável pra ele, e por isso ele a mantém? Ela não acha que é falta de coragem dele, não contar a verdade pra namorada, e terminar o namoro, se for o caso? Sim, ele terminou, mas depois de JÁ estar em outra relação. Fácil, né, meu garoto? Menina, tô revoltada!

Eu SEI que ninguém em sã consciência termina um namoro estável pra ficar com outra pessoa que não/mal conhece, e mesmo que conheça, namorar é sempre um passo diferente. Também sei que a maioria das pessoas prefere experimentar antes de trocar o certo pelo duvidoso, apesar de achar a coisa mais errada do mundo, seja lá que escolha vá ser feita no final das contas. Quer ver? Presta atenção...

O cara namora há 1, 2, 3 meses/anos e se apaixona por outra garota. Meu bem, se você se apaixonou por outra, creia, seu namoro está uma merda. E mesmo que seja só físico (leia-se: não tem motivo de término), é bem triste namorar uma pessoa que te deixe sempre faltando alguma coisa... Se você vai terminar com uma pra ficar com a outra, corre o risco dessa outra desconfiar de você pro resto da vida: se tu ficou com ela namorando outra, por que não faria de novo? Amor acaba, chuchu. Quase sempre.

Ah, mas você desistiu e ficou com sua namorada de sempre mesmo. Viu que a ama, conhece bem a figura e é feliz assim. É? Jura? Pena de você, que se contenta com pouco. A não ser que o cara (quando eu digo cara, coloquem-se também aqui, meninas) seja ainda novo, ou imaturo, e esteja num momento de descobertas - o que é normal, saudável e uma das fases mais importantes da vida de uma pessoa; tenho pena de quem a pula, porque acaba vivendo isso mais tarde, e aí sim é triste. Mas, estando maduro, você namora e se apaixona, ou gosta de estar com outras mulheres? Alguma coisa ainda falta.

Perco as contas na lista de quantas pessoas conheço que estão casadas, ou vão se casar com pessoas que não são os melhores que já tiveram na vida. Isso me dá um medo terrível (vide post anterior a este), e desesperança total no mundo. Cadê aquela certeza de que existe nossa outra metade por aí? Morreu junto com o boom dos divórcios de relacionamentos pouco ou nada duradouros? Mas ainda me resta aquele sentimento bonito e utópico de que 'comigo vai ser diferente' - mesmo que algumas vezes eu me pegue não fazendo nada do que escrevi até aqui...


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Casamento? Não, obrigada.

Acho que sempre tive ideias avançadinhas demais quanto a algumas coisas, e o casamento é uma delas. Talvez por ter pais separados desde que me entendo por gente e viver cercada por relacionamentos nada estáveis foi que cresci achando que uma relação a dois é muito mais complicada e complexa do que a gente imagina. Ainda mais depois que eu mesma comecei a fazer parte dessa coisa chamada namoro. Só não cheguei a quase desistir porque brasileiro não nega suas raízes.

Fui uma adolescente que nunca duvidou do trabalho que dá ter um namorado e, gente, como me cansava ter que fazer o namoro dar certo! Era-me muito chata, aquela coisa de polir cumprimentos com os amigos de infância, perceber que com homem que dá em cima da gente não se pode conversar muito, mesmo que, coitado, o cara seja inofensivo, vai dar problema. Foi por essas e outras que passei todos os anos de colégio tendo namoros que duram menos do que os rolos de hoje em dia.

Mas um dia a gente cede e namora, não tem jeito. Faz todos aqueles esforços que cansavam só de ver a amiga que tinha namoros longos se dar todo aquele trabalho, até que um dia o namoro acaba. Mais do que normal aquela sensação de 'mas que cacete, foi tudo em vão'. Ainda bem que passa logo (para uns, pelo menos), e a sensação de que pelo menos a gente aprendeu a ser paciente, tolerante etc e tal vem em seguida. Achamos estar bala na agulha pro próximo pretendente a namorado - 'vai ser mole'.

Só que mole ficam problemas velhos: quanto mais a idade passa, meu bem, mais problemas novos dão as caras, e é mais coisa que a gente só aprende quando enfrenta. E é mais bagagem pra usar com o próximo príncipe (que, desde o segundo amor, deixou de ser encantado), porque, claro, é mais um namoro que se vai, chegando cada vez mais perto do casamento. É normal essa palavra assustar quando chegamos perto dela, ou isso é coisa que o século XI fez com as novas gerações?

Morro de medo de casar. Os motivos talvez sejam pessoais e nem todos que aqui leem podem se identificar, mas olha, como eu amo a minha individualidade! Ver os meus programas preferidos na hora que eu quero, não ter que falar nada certas horas, não ter que comer nessa ou naquela hora, acordar mais cedo ou mais tarde por causa do par de pés do meu lado - e isso são os problemas (se é que podemos chamar isso de problemas) mais irrelevantes. Medo eterno dos verdadeiros caos que vem junto com o 'sim'.

Talvez (e com isso eu garanto um com certeza) seja cedo demais pra pensar nisso, mas mulher é assim, ainda mais em TPM, mas concorda que é meio louco, uma mulher de 23 anos, namorando, ter medo da ideia de casamento? Isso não era coisa de homem, meu Deus, ou já faz alguns anos que juntar as escovas de dente dá medo até em menina de 15 anos? Sei lá. Só sei que tenho medo, e isso ninguém me tira - ou me tira, por favor???

Vi o trailer
de um filme em que os noivos iam morar juntos antes de se casarem, por ideia pro próprio padre, para que tenham certeza se é isso mesmo que eles querem da vida. Achei sensacional, apesar se não ter visto o filme. Talvez funcione. Dizem que viajar por pelo menos duas semanas com o candidato a marido também é uma grande sacada - ninguém consegue fingir perfeição por tanto tempo. Pode ser também; vou tentar de tudo, porque se nada der certo, não viro hippie nem a pau...


PS: o filme, pra quem quer ver, se chama "Licença pra casar", e é com a Mandy Moore e o Robin Williams.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dedo-podre

Segundo blog aleatório, mas uma das primeiras fontes quando se digita 'dedo-podre' no Google, "o possuidor do dedo-podre é aquela pessoa que só consegue se envolver com as pessoas erradas." É isso aí.

Passei alguns anos da minha vida achando que tinha dedo-podre. Que outra explicação pra tantas escolhas a princípio perfeitas e, com o passar dos meses, verdadeiras criaruras desconhecidas e medonhas surgirem no lugar das minhas almas gêmeas? Eu tinha, definitivamente, o dedo mais podre dos dedos do universo. Eu não sabia escolher.

Como escolher então, meu Deus? Ou como parar de culpar terceiros... Que que meu dedo tem a ver com isso? A culap não é bem dele se nem eu sei o que quero pra mim. Amar é lindo, paixão é divino e ter uma relação qualquer num dia de frio ou num show romântico são coisas impagáveis, mas sejamos realistas e saibamos que amor não é tudo. Como?

Fazendo uma listinha. É. Parece a coisa mais idiota do mundo, ninguém namora ou deixa de namorar com listinhas, mas olha, meus caros, uma listinha pode ser de grande ajuda. Listinha do que se quer? Talvez. Mas eu fiquei com a listinha negra - o que eu NÃO quero na minha próxima metade da laranja.

Claro que cada listinha cabe ao dono dela, mas na minha tinha um quesito básico: nunca mais abandonar os meus amigos, afinal, eram eles que estavam lá, de mãos dadas comigo, quando a bomba estourou. Tá na lista, e dali ela não sairia. A outra-outra metade a minha laranja apareceu, e aos poucos eu fui quaaase deixando esse quesito de lado. Culpa minha. Vamos à listinha 2.

Coisas em que me policiar, para não deixar que nada desande. Li essa semana que relacionamento deve ser mantido como um emprego, em que o chefe é a paz, que não pode ser abalada. Achei que fazia sentido. Como as regras que existem no trabalho - e que a gente cumpre na boa - fiz as minhas listinhas. E pelo menos uma vez por semana é dia dos amigos.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Votos honestos

São milhões os amigos. Namorados, namoradas, família, mãe e pai. Colega de faculdade, primo, vizinho, a porra que for. Tu conhece gente pra cacete, na vida e no Orkut. Ok, todo mundo. Tudo muito lindo, tudo muito feliz. Agora me conta quem é que enfrenta as noites sem dormir, a insônia maldita pelos pensamentos que brotam e não calam, ainda mais na madrugada? Você, né? Você, sozinho. Quem é que agüenta aquela dor aguda no peito quando seu amigo querido te apunhala pelas costas? Só você, mais ninguém. Termina seu namoro e espere pela ajuda e alguém. O máximo serão conselhos, os ouvidos pra você desabafar, o colo pra você chorar tudo que tem direito. Mas no fundo, bem onde a ferida dói, é só você que vai sentir, e ninguém, além de você, pode conseguir parar.

Que as feridas continuem vindo na sua vida, afinal a maturidade dos anos está nisso mesmo, em sofrer, mas meu desejo é que você, SOZINHO, saiba curar suas próprias feridas. Que não faltem mãos pra te ajudar, pra você jamais se sentir sozinho na peleja (por mais que a verdade seja sempre essa - você e você mesmo), mas que você não precise muito delas, e sozinho vença seus objetivos.

Força; pra você, e pra mim.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Menor saudade

Um ano? Talvez mais. É, acho que demorei um ano e alguns trocados pra deixar de sentir saudade. Comecei querendo que a falta fosse faltar num lugar tão distante que nem sinal de fumaça percebesse quando a eu quisesse de volta - porque a gente sempre sabe que, no dia de a falta faltar, acabaremos sentindo falta da falta que essa falta fazia, se é que me entende e não enrolei demais pra escrever um parágrafo grande... Foi um ano, talvez mais. Um ano num saudade descabida, que parecia vir arrastando atrás de mim pelo meio da rua aquele bocado de falta que parecia que não ia acabar nunca. A falta sempre parece que não vai aabar nunca. Mas um dia, a gente levanta uma sobrancelha só e se dá conta - não falta mais.

Tem gente que curte essa falta de falta, até porque o alívio que dá poder tomar sorvete de pistache sem lembrar daquele desgraçada que te fez mudar de sabor preferido depois de 22 anos gostando de morango, não tem tamanho. Você ri sozinho, sente um vazio tão grande que preenche, e parece que vem arrastando também atrás de você pelas ruas as asas de borboleta, livre daquele casulo infernal em que você mesmo, muitas vezes, se prendeu com medo de jogar tanta coisa fora, tanto momento bom, e foi quando começou a ver o tanto de coisa ruim que também tinha ali, já era too late, my friend, e aí quem consegue sair dali?

Mas as asinhas ficaram de fora e parecia que você podia voar a qualquer momento... Quando bate um peso: como é que eu posso, com tanta facilidade, jogar fora tanta história, tanto momento, meu Deus? Que absurdo! Que absurdo? Como assim, meu bem, você que só não comeu o pão que o diabo amassou porque compra o mesmo pão na mesma padaria há séculos, mas sofreu bocados?! Esqueceu do casulo, do choro chorado, do choro escondido, do choro sufocado?! Do drama, da dor sem fim que um dia teve final? Dê-se o direito de não sentir falta de nada, e sim saudade somente do que foi bom e ponto final.

Guarde as fotos no fundo da gaveta, junto com as cartas legais. As que você escreveu mas não mandou? Só guarda se você quiser publicar mais tarde e ficar rico, senão pra quê? As coisas que nos causaram dor um dia, sempre estarão dentro de nós, num canto qualquer, prontas pra voltarem quando sofrermos de novo. Não deixe elas, também, perto de você dentro de casa. Poupe-se. Não é o fim do mundo conseguir virar a página de verdade, sem ter resquício do que passou. Saber deixar pra trás deveria ser algo bom porque é. Olhar pra trás? Só pra dar tchauzinho - e seguir em frente pra ser mais forte.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Só se você souber

Como diz a minha avó, hoje eu vou falar sobre 'essas modernidades de ficar com as pessoas sem compromisso'. Por quê? Porque ainda me impressiona como esta 'modernidade' já tá é velha e, ainda assim, o número de pessoas que, vez ou outra, não sabe bem como lidar com isso é enorme... As pessoas ainda não sabem gostar sem exclusividade por muito tempo. O que rola é um prazo de validade pras relações abertas, principalmente quando rola sentimento de alguma das partes, e o problema é que ninguém nunca tem certeza quando esse prazo acaba.

Ficar com alguém uma vez não acarreta problema algum, principalmente numa night (ou balada, se você for de São Paulo). Viu o carinha com outra enquanto você foi ao banheiro? Paciência, meu bem. Você nem lembra quantos anos ele tem, se é que o nome é algo que está na ponta língua. Mas rolou um segundo encontro, o cineminha, virou 'ficante', ou 'peguete'.

Pros leigos, 'peguete' é quando vocês ficam quando se encontram, sem sentimento e sem problemas se um dos dois estiver com outra pessoa vez ou outra. Já o 'ficante' é quando um pedido de namoro não deve ser tão surpresa assim se chegar.

Aí, depois do cinema, as coisas podem mudar. É quando, geralmente a mulher, não sabe mais se o cara é peguete ou ficante. Digo geralmente porque homens também passam por isso, mesmo que menos vezes, e mesmo que nunca digam... A dúvida do 'título' do parceiro é só o começo. Problema mesmo é quando rola um sentimento de alguma das partes. Aí que a coisa pega, e que a relação muda de figura. Como amante da verdade, eu gosto quando as coisas são deixadas às claras, e os dois sabem o que representam pro outro.

Mas (e coloca mas nisso), a maioria prefere um 'deixa rolar'. Não se estressar é a melhor opção? Não tenha dúvidas. Mas quando você se encontra apaixonado por alguém sem ter a menor ideia do que rola com o coraçãozinho alheio, meu amigo, o estresse já chegou e lhe acompanha. Pra dar fim a esse estresse? Saber o que esperar. Rola namoro um dia? Não se sabe? Ficarei sofrendo eternamente? A escolha é sua, mas é preciso que você conheça suas escolhas...

Sexo sem compromisso? Peguetes e amigos? Ficantes sem cobranças? Amigos coloridos que se pegam nas horas vagas? Problema nenhum. Mas que é preciso deixar claro o tipo de relação que existe, isso é. Deixar por conta dos sinais é um passo, eles ajudam as pessoas a se situarem, mas na dúvida, conversa. Ninguém encosta ninguém na parede, nem ignora que possa haver sentimento. Porque deixar o outro de stand-by (traduzindo: nem termina nem assume compromisso, só liga quando precisa...) é ótimo, só lembrando que o stand-by uma hora desliga – sozinho.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Só depois do fim

Sempre acreditei que as histórias só podem ter chance de dar certo quando a história que veio antes dela acabar primeiro. É aquela velha história de esperar um ciclo se fechar pra começar outro. E isso não vale somente pra relacionamento, não. Vale prum emprego, para transição de colégio/faculdade etc. Enquanto a pessoa não der um ponto final, afinal, naquela história, naquela situação, naquela relação, por mais que no começo as coisas fluam e sejam fáceis, uma hora essa velha história não-acabada, ou mal-acabada, o que é ainda pior, vem à tona e o que antes seria um coração meio magoado pela sinceridade se transforma num mar de dúvidas se na relação inteira não havia pensamentos dúbios por alguma das partes.

Quando você ainda não se sente pronto pra passar de fase, as coisas não fluem, ou fluem mas não é nem nunca vai ser a mesma coisa. Colégio e faculdade, por exemplo. Não é bem uma escolha, mas um fato. Esquecer os costumes, a rotina, e aprender a abraçar uma nova. Finais de semana, os amigos de uniforme estão de volta. E tem gente que leva isso pelos 4 ou 5 anos de universidade. Quer coisa mais normal do que pessoas de 35, 40 anos que só andam com os amigos da época da faculdade, mesmo não trabalhando com nenhum deles? A nova geração tem feito isso mais cedo, mantendo isso com a galera da escola. Amanhã, quem sabe, os amigos do maternal serão aqueles pra vida toda.

Ao sair de um emprego, mesmo que seja pedindo demissão porque havia algo melhor, é preciso podar o vínculo. Não precisa ser completo, arrancar o mal pela raiz, quem sabe um almoço de vez em quando, conversar às vezes para saber das notícias, mas só. Querer comparecer às festas da empresa, depois de um tempo, vai começar a ser um saco quando, finalmente, o ex-empregado perceber que já não está mais tão por dentro assim das coisas, justamente por não estar todos os dias presente como todos, e começar a se inteirar do pessoal do trabalho novo, que pode ser tão ou mais interessante que da empresa velha, mas sem olhar pro lado, é impossível ter alguma certeza.

Numa relação amorosa não é diferente. História mal-acabada é sinônimo de problema em breve ou insatisfação eterna. Ou resolve-se as questões que ficaram pendentes, ou a dúvida eterna do 'como poderia ter sido' destrói por dentro uma alma magoada. Nesses casos, eu sou a favor de um momento sincero, ou simplesmente de um 'momento para si', caso a honestidade seja demais. Dê o ponto final que precisa ser dado, faça o que tem que ser feito. Ou pra voltar nessa relação passada e gastar até não ter mais amor (ou tesão, que seja), ou pra ver que já passou e, quem sabe, vir novo em folha pros dias melhores que só começam depois do fim por opção.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Poesia que não é minha

Sabia que alguém ia se machucar
Só não sabia que seria eu
Bem que eu imaginava que a culpa era sua
Enquanto você dizia que o erro era meu
Mensagens chegam
Mas você, nunca diz nada
Minhas qualidades agora viraram defeitos
E a paixão, talvez mágoa...
Não de você,
Mas sim do que poderia ter sido
Não do não querer
Mas o do ter sumido
Sumiu meio que sem dizer nada
Sem falar se era o frio ou o sol que não fez
E me deixou meio perdido
Sem saber se deixo ou tento outra vez
Cadê aquele papo de amigo?
Não vejo mais ele em você
Queria te falar sobre aquele livro
Nem tive coragem de ler
O filme que você me deu
O mais longe eu escondi
Aquela música que você tanto gosta
Ontem à noite eu ouvi
Sim, eu sei a culpa foi minha
Que caí nessa mesmo sabendo o que tava errado
E da foto que um dia teríamos
Só sobrou um vazio do porta retrato
E da grande história que poderia ser escrita
Sobram páginas brancas pra escrever depois
E de tudo de belo que contaríamos para todos
Fica só a frustração do que poderia ter sido e não foi


~ Não fui eu quem fiz, mas faz todo um sentido pra qualquer pessoa, alguma vez na vida... Né?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Poesia

Fiz de tudo
Ou tudo que pensei
Lágrimas, palavras
E nossa, quanta vergonha
Eu não passei...

Mandava mensagem
Ligações na madrugada
Quase morria
Quando era você que me ligava
E eu retornava
Respondia
Pra você desligar na minha cara

Contei nossa história
Dez, cem, já nem lembro mais
E cada vez que contava
Era mais uma coisa que eu lembrava

E me questionava
No 'tudo' que achava
Ter feito por você
Foram suficientes
As desculpas pedidas,
Imploradas?

Bom,
Se não foram, paciência
Esse tempo já ficou pra trás
Essa pessoa que eu fui
Já não existe mais

Porque demora
A caminhada é longa
E machuca passo a passo
Deixa destroço,
Cansaço
Mas passa

Passa a dor, o amor
Nem saudade fica
Passa você, e até um pouco de mim
Então, por favor, não me liga.

7/8/09 - 01:23

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Você não me ensinou a te esquecer...

A regravação do Caetano pra essa música ficou até mais corna do que a original (ou não?), mas a letra é o que vale. Porque é, ninguém ensina a gente a esquecer um grande amor - muito menos o grande amor em questão. O que é uma grande de uma sacanagem da parte dele, porque ensinar a conviver, ensinar a andar de caiaque, falar francês, andar pelo centro da cidade, tudo isso esse amor tão grande soube te ensinar. A parte realmente mais difícil, aquela que não tem jeito, seja lá quem tenha dado o ponto final da relação, e importando menos ainda por que motivo foi.

Bom, já que o dito cujo - ou a dita cuja - não foi bacana o suficiente em seus dotes de ensinamentos e, como a grande massa dos mortais, você também não sabe esquecer, nada de bem-vindo ao clube. Mané clube. Não é só porque o mundo todo acha supimpa passar 3 anos sofrendo que você deve aderir, por mais que assim todos te compreendam e não reprimam suas atitudes, por pior que elas sejam - e, por favor, que isso não soe como lição de moral. Deixar o tempo simplesmente passar provavelmente um dia funciona, mas esperar pra quê? Porque é mais fácil.

Deixando o óbvio de lado, comecei a questionar algo que muita gente também pensa, como eu: estar com alguém para esquecer outra pessoa é egoísmo, sacanagem? Minha mãe diz que não, se a pessoa tem ciência disso. Hoje eu pensei que, mesmo não tendo conhecimento, se a intenção do suposto egoísta for a de realmente esquecer o grande amor (que apesar de grande, deve ser deixado para trás - lembrando que independe a razão), por que não? Aliás, acho até que o escolhido para isso é um felizardo. O que seria maior do que o amor imenso, para ultrapassar traumas, curar as feridas e ter paciência com as mágoas? Eu chamo de amor de verdade.

É claro que somente a existência de um outro alguém não pode ser pura, senão, aí sim, vira pecinha substituta. Não é isso. Um amor supera outro por razões diversas, e esse novo já vem ganhando daquele velho que, por motivo que seja, teve que ficar no passado. Ponto pro novo amor. No mínimo, o coração machucado deve fazer sua parte e ir, aos poucos, começando a desvendar, SOZINHO, o coração novo. Por que sozinho? Para não correr o risco de ser ensinado e acabar do jeito que começou a outra novela: sem saber esquecer. Por que a gente nunca sabe, mas no fundo, chega uma hora que vai no automático...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Platônico

Eu fui apaixonado por ela por o que, uns 5 anos. Ou mais, nem lembro. Era de me deixar sem respiração, quase que literalmente, quando ela passava perto. Quando não, eu travava, confesso: ficava de longe olhando cada gesto, cada sopro na franja lisa que caía no olho lindo dela. As risadas, conversas. Aprendi a ler lábios ali. Fiquei bom nisso, e descobri que ela era apaixonada pelo babaca do garoto loiro da série acima da nossa. Era sempre assim, elas queriam os mais velhos. Tá, ela também era mais velha do que eu, seis meses, mas era. E eu ficava só olhando.

Eu nem ficava com as outras meninas, até bonitas - eu queria ela. Eu sonhava era com ela. Sabe, confesso que me sentia um babaca, pensando tanto numa pessoa que literalmente não sabia nem quem eu era. Sabe quando uma pessoa olha pra você e o olhar atravessa seu corpo? Ela fazia isso comigo. Olhava na minha direção e nunca encontrava meus olhos. Eu e um pombo? Eu perdia. Ela odiava pombos (depois de um tempo, a gente aprende muita coisa observando as pessoas), mas eu? Nem sabia que existia no mundo.

Só o meu melhor amigo sabia dessa minha paixão. Eu sempre soube disfarçar. Ou pelo menos ninguém nunca veio me perguntar nada. Eu não queria conquistá-la, não tinha essa ilusão. Se só de sentir o perfume daquele cabelão quase preto passando na minha frente, eu sentia meu coração quase sair pela boca, imagina decorar as falas se tivesse que lhe dirigir a palavra? Jamais, nunca nem passou pela minha cabeça que isso pudesse, um dia, acontecer. Ela gostava de loiros, não de mim. Nunca de mim. O mais novo, o mais idiota.

Mas isso foi há 5 anos, ou mais, nem lembro. Depois disso, eu saí da escola e comecei a achar um saco ficar gostando de quem nem sabe que eu existo. Comecei a ficar com outras meninas, arrumei umas namoradas e passei a ter uma vida de relacionamentos normais. Comecei a me achar um adolescente meio doentio, com aquele amor todo e platônico. Me disseram que era normal, todo mundo já teve um. Que seja. Já nem lembrava mais como ela era, por que eu gostava tanto daquela boca carnuda que ria no recreio.


Então eu frequentei boates e numa dessas, quem encontro? Os cabelos lisos quase pretos balançando. Mas os olhos, dessa vez, olhavam na minha direção. O garoto de 12 anos voltou, com força total. Virei o copo de cerveja - precisava tomar coragem. Era ali ou nunca mais. Fui lá. Nem sei o que disse, se condizia com as coisas que eu nunca ensaiei dizer. Ela riu. Ali, pra mim, na minha frente. Eu não precisava mais ler seus lábios. Só beijar. E beijei. E ficamos juntos, e ela me disse que sempre gostou de mim à distância, que me olhava na época do colégio e fingia não me ver. Trocamos telefones, virei as costas e fui embora.

Sabe que nem achei tanta graça assim?


terça-feira, 28 de julho de 2009

Dica de livro?!

Minha irmã começou a ler "Coisas que toda mulher inteligente deve saber" e me disse o que eu já imaginava: livrinho cheio de clichês. Normal. Tudo que vende muito é recheado do óbvio, mas só porque é o óbvio que as pessoas tanto sabem e nunca fazem, ou conseguem escapar dele.

Dizer que é intolerável ouvir certas coisas da pessoa que supostamente te ama é fácil, quando você está apaixonado por esse alguém e treme na base só de pensar sua vida sem ele, ou ela.
Sustentar uma postura de que a traição só acontece quando a mulher ou o homem deixam de se cuidar é mole, quero ver quando você já tem uma relação de mais de 3 anos e seu companheiro está careca de te ver cheia de espinha enquanto você não consegue perder essa barriga infernal.


Disse minha irmã que já leu inúmeras regras com as quais ela concorda, mas reconhece que se viu concordando e se vendo descumprindo a maior parte delas na sua última relação. Ela me lembrou que a gente só acerta da segunda vez, e que a primeira é só pra aprender mesmo.
Comentei que uma vez ouvi alguém dizer que não é errando que se aprende, e sim com acertos. Não concordei e nunca aprendi nada realmente, até começar a errar. É aquela velha história, a experiência só chega quando aquilo que queremos não chegou.


Ainda não li o livro, mas irmã me disse que vai me emprestar ainda essa semana: segundo ela, é um prato cheio pro meu blog, essa coisa cheia de clichês e contos rotineiros que todo mundo sabe, todo mundo já viu em algum lugar e já passou por isso também. Ou não, e procura acertar com os meus erros. Se eu ligo? Que nada - faça muito bom proveito.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Um final feliz

Ouço e vejo sempre as pessoas reclamando ter encontrado os amores de sua vida tarde demais. Lamentações do tipo 'ah, se eu tivesse te conhecido antes...'. Antes do quê? De ter construido toda uma história com outra pessoa, de ter vivido outras experiências? Por que isso é tão ruim assim? Eu tenho um pensamento completamente oposto e acho que as coisas acontecem no momento certo, por mais que isso possa ser perto da casa dos 50 ou até mais tarde. Talvez porque eu tenha 23 anos e nem vivido metade disso eu vivi, mas tem um certo sentido no que penso.

Sem dúvida deve ser algo doloroso você só conhecer a 'pessoa certa' depois de ter casado e tido filhos com a 'errada'. Mas sabe, eu sou a favor de que essa coisa de pessoa certa e pessoa errada muda conforme o tempo passe. Sim, porque você pode ter considerado o poia do seu ex um cara perfeito, em certo momento da sua vida, principalmente quando estavam juntos, e até pouco tempo depois de terminados. Ele deve ter feito alguma besteira, e desde então você o considera errado. Pode ser, mas um dia ele foi certo pra você. E você pra ele.

Provavelmente há alguns, ou há muitos anos, você não reconheceria o que, hoje, você vê como perfeição, ou perto disso, na pessoa certa pra você. O que hoje você gosta (ou desgosta) talvez venha mudando com os anos e você nem notou. Nossos interesses, objetivos e planos costumam mudar, mesmo que não totalmente, conforme o tempo passa. Adiar viagens, priorizar um sonho que você passou a ter há menos de cinco anos. Essas coisas que a gente nunca presta atenção quando lamenta por uma história que já foi escrita, ao invés de tentar começar esse parágrafo agora.

Que é muito mais fácil lamentar do que realmente fazer alguma coisa, mudar a vida, começar tudo de novo a certa altura do campeonato, isso é. Utopia pura, dizer que a vida começa aos 40. E quem sou eu, com pouco mais da metade disso, pra falar alguma coisa... Mas ainda sou a favor da realizações de sonhos e dos finais felizes. Só que, claro, pro final ser feliz ou não, jamais caberá a mim dar esse ou aquele conselho, ditar esta ou aquela regra sem garantia de futuro. Mas o meu final feliz eu posso fazer, e vou. Aos 23, ou aos 50 anos, que seja.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amadureceu?

Geralmente quando acabamos uma relação, a tendência é aprender com todos os erros cometidos e amadurecer na relação seguinte. Claro que isso não é regra nem acontece de uma hora pra outra, mas a maioria funciona assim e é o que todo mundo pensa: 'depois de tudo que passei, certamente sou uma pessoa mais forte'. E é verdade. Depois que a gente passa por situações que colocam certas coisas à prova, como num relacionamento amoroso, é regra nos sentirmos calejados pra qualquer outro tipo de relação que possa vir no futuro. Nos sentimos porque estamos, ou no mínimo já passamos por muitas das coisas que poderemos passar de novo, e ao menos de uma coisa a gente tem certeza: desse mal, de amor, ninguém morre, se não quiser.

O que os apaixonados de segunda viagem não sabem é que paixões podem ser bem parecidas, mas quase nunca são iguais. Talvez as sensações sejam. Talvez os ciúmes, a química sejam parecidas. Mas os medos também são os mesmos, e por mais que tenhamos passado por isso uma vez, quando esquecemos tudo e colocamos no passado, esquecemos também como agir nessas circunstâncias. Pensa-se no medo já sentido há algum tempo atrás, um medo igualzinho de se magoar e chorar de novo. Agora, talvez um medo maior: dor de primeiro amor é como dor de cizo, que você sabe bem como é ruim, mas nunca consegue passar despercebido e sem cometer os erros de sempre. Você acaba falando mais do que deve...

Mas tem aqueles que não sentem o medo. Gostam, sabem que gostam. Sabem que sentem ciúmes, fazem cenas e não é fingimento, sofrem mesmo. Dizem-se amadurecidos, calejados pelo tempo e vacinados contra a ideia de que amores são diferentes. Os amores são iguais, nos fazem sofrer da mesma forma e é dessa mesma maneira que supera-se com o tempo e parte pra outra. É, uma hora termina, é bem provável que não seja pra sempre. Ora, se todas as relações atenteriores não duraram eternamente, esta tem 90% de chance de acabar. Certo? É, faz sentido. O que não faz sentido algum é uma pessoa dessa se sentir madura. O fato de já ter passado por uma relação de amor não faz de ninguém preparado pra próxima. Talvez familiarizado, mas só.

Ter medo de sofrer de novo, e por isso aprender a podar sentimentos e sensações, temendo uma mágoa já tão conhecida e apavorante não é sinônimo de amadurecimento. Crescer depois de um momento de crise é reconhecer que errou também, não importa o motivo do fim da relação. É aprender com esse erro, e tentar entender o erro do outro. É ter paciência caso o destino coloque no seu caminho quem cometa os mesmos erros que você cometeu um dia, pra que você tenha a entendimento que outra pessoa não teve contigo. E tentar fazer com que dê certo, de verdade, não se baseando em números e estatísticas. Fazer parte da minoria pode ser incrivelmente bom, afinal quem sabe disso não conta.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Basta uma

A paquera vai de vento em popa. Você já viu o carinha com os amigos em bares, em boates, até em uns shows. Que charme! Viu ele indo, e voltando do trabalho. Os olhares sempre se cruzam, mas não passa disso. Tudo que você sabe é o que imagina, porque nem coragem pra perguntar pra alguém em comum você tem. Esbarram-se na esquina da faculdade, seja dele ou a sua, vêem-se bastante. Você achava que ele não tinha namorada, mas sabia que devia sair com alguém, ou algumas meninas, bonito daquele jeito. Você nunca tinha visto ele com ninguém, mas bastou aquele dia infeliz na praia. Você nem sabia que ele frequentava o posto 6. E lá estava ele, com aquela magrela sorridente. Fim da paquera.

Era a primeira etapa da entrevista praquele grande emprego que vocês estava doido pra conseguir. Seu sonho, trabalhar naquela empresa, nem estava acreditando que seu currículo tinha sido o escolhido entre tantos outros, que sorte! Se arrumou todo, treinou pra falar bem, se portar de maneira exemplar, até deu uma estudada sobre como andavam os negócios da empresa. Mas tinha um cara que estava mais bem vestido que você. Ele tinha morado fora do país, falava tão bem que o moça do RH sorriu pra ele. Bastou - você ficou desanimado pela concorrência e esqueceu tudo que tinha preparado.

Foi um ano inteiro de livros lidos, noites viradas tentando escrever algo que prestasse. Você não faltou nenhuma orientação e fez exatamente como seu professor mandou. Achava que a monografia estava perfeita, pediu pra umas cinco pessoas revisarem, e arrumou tudo, formatou de novo, mandou encadernar. Era a hora da apresentação. Você estava nervosa, normal, mas achava que ia mandar bem. Montou suas coisas, levou todo o material pra cima da mesa e virou de costas pra escrever algumas coisas na lousa. Quando foi desvirar, seu ex-namorado apareceu sentado como platéia, atrás da sua banca examinadora. Bastou olhar pra cara dele que você começou a gaguejar, pensando no próximo semestre fazendo outro projeto.

Vocês estavam ótimos, nunca mais tinham discutido por besteira e você resolveu que iria esquecer todos os problemas, considerados agora muito idiotas, se comparados ao que vocês significam um pro outro. O que são esses defeitos pífimos, meu Deus, se vocês se divertem tanto juntos, se dão bem, se entendem?! Nada, ou quase nada. Bom, o suficiente pra você levar a vida e a relação numa boa, sem preocupações por um futuro ainda distante. Mas vocês brigaram. E bastou essa briga pra você voltar a repensar tudo, se vale a pena, se realmente vale a pena abrir mão de certas coisas por uma coisa que sei lá se vai dar certo.

Basta uma. Uma magrela, uma concorrência, uma figura mal-explicada, uma briga de rotina. Mas basta uma e basta - desistência.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sinais

Um dia me disseram que a gente sempre recebe sinais quando uma relação está chegando ao fim, ou chegando perto de chegar ao fim, se é que você me entende. Um 'chega pra lá' de leve, um 'deixa pra próxima', 'tô cansada'. A gente que não vê. Comecei a observar de fora algumas relações e vi que, meu Deus!, tá na cara e só cego que não enxerga. Ou quem não quer ver... Comecei a perceber como tem gente burra no mundo que sofre porque quer. Bando de idiota.

Aí um dia eu me apaixonei e vi que, nãaao, não fica tão na cara assim esses tais sinais. Ou ficam e a gente, quando ama, não vê? Comecei a achar que o amor não pode ser tão escroto assim. Não pode. O sentimento mais sublime, que mais nos completa, não deveria nos deixar burros, alheios ao que acontece realmente. Como um porre de cerveja, que deixa a gente passando vergonha. O amor que experimentei era como um porre, mas durava muito mais que uma noite e algumas risadas pós-boca seca.

Que seja porque nos fazemos de vítima, pobres vítimas de um amor fracassado ou não, a verdade é que a verdade dói e sim, os sinais aparecem o tempo todo, a gente vê (por mais que finja) mas acaba aproveitando - a gente nunca sabe se vai amar de novo um dia. É, mas e depois que sofre, supera, e acaba amando de novo? Já se sabe que pode amar de novo, e já se reconhece de olhos fechados todos os sinais. O amor virou inteligente. Ainda dá pra aproveitar?

Dá. O problema é saber o ponto certo entre ver os sinais e saber conviver com eles sem achar que estar sozinha é sempre melhor. É saber que sozinha é tão bom quanto estar feliz acompanhada, e quando sozinha for melhor que tudo, talvez esse tudo não esteja sendo tão bom assim. Nada que você não aprenda com meses, relações ou anos, mesmo sem relacionamentos. Aí depende. Mas os sinais, estes estão sempre aí. Seja naquele abraço no meio da Rio Branco, seja num nick despretencioso de MSN.



quarta-feira, 8 de julho de 2009

Categórico

Ele foi categórico: eu não quero mais você na minha vida. Ela ficou olhando com aquela cara de 'ah, amanhã ele me liga arrependido e eu vou perdoar, afinal amor é pra essas coisas', mas no dia seguinte ele não ligou. E nem no outro. Ela foi deixando passar e quando viu já estava vivendo uma vida de solteira que não queria. 'Será que era pra eu ligar pedindo desculpa no dia seguinte?' é o que ela se perguntava todos os dias, por mais que estivesse pagando o carnaval em Salvador e um feriado no iate dos solteiros, não importa. Ela amava o cara, pelo amor de Deus.


Um belo dia ele ligou e ela teve certeza de que ainda se amavam. Se viram, ficaram juntos, mas se amaram? Ela já não tinha mais certeza. Ela olhava aqueles olhos já completamente irreconhecíveis e começou a duvidar do amor que achava sentir. Ela não procurava, mas também não impedia que a achasse. E foi deixando o destino fazer as dele, e foi levando uma semi-vida bem vidinha da qual ela tinha pavor de ter um dia e olha só, estava tendo. Pelo bem do futuro, ela estava nessa pensando que era pra amadurecer.


Ele foi categórico: eu estou feliz sem você. Ela resolveu levar ao pé da letra. Se era por orgulho ou a mais pura verdade, nem um orgulhoso mentiroso nem um indiferente ela pretendia ter na vida. Fincou o pé e sofreu sozinha. Morreu por dentro, mas foi por dentro e ninguém estava lá pra aplaudir o espetáculo. Amadureceu, mas foi ciente de que fez muita coisa errada e que talvez não tivesse aprendido tudo com aqueles equívocos. Mas é que ele foi categórico e ela sabia que esperar pela ligação de amanhã era muito ridículo. E não esperou mais.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Como lidar com o durante?

Em tempos em que namoro é quase a reta final de um relacionamento, chega a soar ridículo dizer que é difícil superar o fim de uma 'ficação'. Terminar um rolo é normal, começa-se e termina-se relações do tipo com uma frequência quase que semanal, dependendo das partes. As pessoas ainda não sabem muito bem como reagir a esse tipo de situação, a verdade é essa. Como é que eu apresento meu ficante pro pessoal? Por mais que se evite circular com o carinha, mais cedo ou mais tarde esbarrar com alguém é inevitável. Ninguém sabe ainda muito bem como se dar bem nisso, e a regra é que não tem regra e cada caso é literalmente um caso, ou um rolo, pra soar menos chulo. Mas que é tenso um final de relação, por menos relação que ela tenha sido, todo mundo sabe.

Ficantes, rolos e até namorados, conselhos pra lidar com esse final, dicas de não ligar, não fuxicar o Orkut, evitar certos lugares, tudo isso é dito pela mãe, pela madrinha, manicure, amigas, porteiro. Todo mundo ensina, cada um à sua maneira, como lidar com esse período tenso que pode ser um final de relacionamento. Como sair pela tangente em certas situações, até conselhos como 'demore tanto tempo até aparecer com outro em locais em que ele ou os amigos podem estar' aparecem, e alguns deles até bem válidos. Nesses casos, as regras são claras: vai circular em outras áreas até a carne esfriar. Quando é que essa carne esfria é que ninguém nos conta, mas isso é sorte.

Tá, passou o período pós-momentos-estranhos, as coisas bem ou mal estão voltando ao normal e, bom, as vidas não podem parar. E aí? O que é que você faz com esse tempo que corre até encontrar alguém que preencha aquele vazio inevitável que o último namorado, ficante, rolo ou coisa que o valha deixou? 'Arruma outro!' Ah, óbvio. E arruma-se, um rolinho é uma das coisas mais fáceis de se encontrar por aí, se você não for muito exigente. Mas você consegue ficar pensando nele quando vai dormir? Lembra dela quando entra na Imaginarium? Sorte a sua se sim, hein? Geralmente demora um certo tempo, ou alguns ficantes, até que isso aconteça. É por isso que a dica perdura: evite se envolver.

'Ah, mas eu me envolvi. Paciência, agora é tarde.' É, amiguinho, a situação complica pro seu lado no quesito 'durante': o que fazer com o tempo que existe equanto a garota invisível dos seus sonhos não vem? Isso ninguém te ensina, né? E nem ache que esse texto vai - eu mesma já me virei em 200 pra descobrir de que jeito é melhor pra driblar a saudade e deixar o tempo passar, ou alguém bacana chegar, o que viesse primeiro. Confesso que nunca descobri, e provavelmente nem vou, mas com o passar do tempo a gente vai acumulando experiencias e dicas que costumam (veja bem, só costumam) dar certo. Leia livros, mas esconda TODOS de romance, e faça o mesmo com os filmes. É só por uns tempos. Intensifique nos hobbies, desde que o mesmo não passe perto do passado recente. Viaje, fuja, se possível e se preciso for. Mas principalmente? Não se desespere. Regras não existem, mas uma certeza sim: vai passar. Sempre passa. Se não passar, pode vir reclamar no PROCON aqui.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

When it's over, is it really over? (Quando acaba, acaba mesmo?)

Sempre achei essa frase extremamente óbvia e ao mesmo tempo reflexiva. Talvez amanhã eu escreva sobre ela em outros campos, mas hoje eu vou falar sobre a grande perda que o mundo da música e da cultura teve ontem. Fico triste pelos comentários desnecessários e as piadinhas maldosas feitas durante o dia de hoje - ontem foram poucos, a ficha ainda não tinha caído. Acho uma lástima que as pessoas critiquem a pessoa Michael Jackson quando temos um mito do lado profissional que marcou gerações inteiras e certamente mudou o que hoje chamamos de música.

Dane-se o que ele fez ou deixou de fazer com sua vida pessoal, quem somos nós pra tacar pedra quando elegemos verdadeiros lixos pra cargos governantes do nosso país, criaturas que roubaram no passado e que sabemos disso? O cara cantava muito, dançava de um jeito único e ninguém pode negar seus talentos. Sobre os problemas pessoais dele, que fiquem entre ele e quem foi diretamente afetado por eles. Você e seus coleguinhas de baia garanto que não foram.

Michael deixou esse mundinho hipócrita tendo feito muito mais coisas boas à humanidade do que picuinhas, muitas das quais a grande massa mal sabe do que se trata. Ele se foi, mas deixou sua marca: sua música, seu moonwalk, sua arte. Deixou os fãs com saudades e os admiradores do que é boa música verdadeiramente tristes por mais um artista de verdade indo embora.

Deixemos o cara com a nossa sincera dor de perda por um artista que eu, assim como muitos, adoraria ter visto ao vivo. Meus filhos ouvirão Michael. Tenho medo só do que restará pra eles verem ao vivo...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os nossos sonhos, pra onde vão?

Um dia, numa entrevista de emprego, me perguntaram como e onde eu me via dali a cinco anos. Parei. Cara, onde é que eu queria chegar? Menor idéia. A começar pela própria entrevista: eu ia recepcionar empresários. Deus me livre, como foi que eu fui parar ali? Respondi qualquer baboseira, achei que jamais passaria mas passei. Ainda bem que eu já estava em outro emprego e pude recusar este sem maiores remossos. O outro emprego era a mesma coisa, então nenhum mérito. O mérito mesmo foi a minha coragem de chutar o balde, pedir demissão do meu primeiro emprego de carteira assinada e ir atrás dos meus sonhos. Isso foi há 2 anos e alguns quebrados.

Metade do tempo que a moça perguntou como eu me via já passou e eu nem de longe me imaginei onde estou hoje. Nem sei se isso pode ser considerado algo bom ou ruim, honestamente. O fato é que isso me faz lembrar dos sonhos pelos quais eu abri mão do emprego em que eu ganhava bem e tinha certo futuro, mas que não estava no que eu sonhava fazer aos 8 anos de idade. Soa meio infundado você querer, aos 21 anos, realizar sonhos de menina que brinca de escolinha (apesar de não querer ser professora)?! Hoje eu começo a cogitar que não, de repente. Eu sempre quis ser escritora. Tem quem me dê a maior das forças terrenas. Tem quem me queira ver autografando playboy (playboy = minha concepção de 'que merda, eu só tenho bunda'). Mas o que eu quero, onde eu quero me ver?

Essa semana recebi elogios de textos meus que diferem do que venho fazendo desde que abri os olhos na maternidade e vi o mundo de dizendo 'bem-vinda, cabeção' (eu nasci cabeçudérrima). Achei curioso, mas vindos de profissionais da área, fiquei interessada. Comecei a relembrar dos meus sonhos mais primórdios, do meu primeiro diário rosa com aquele cadeado que não protege nem de um bebê, lembrei da primeira poesia e do primeiro prêmio com uma delas, um ano depois. Lembrei dos blogs, do meu livro, e cara, eu quero ser escritora, ainda. Tenho dois empregos e não escrevo (coisa minha, que digo, com a minha língua) em nenhum deles. Diz minha mãe que eu tô aprendendo, e não discordo. Mas agora eu prometo é pra mim mesma: eu vou ser escritora. E esse texto vai abrir meu primeiro livro.


terça-feira, 16 de junho de 2009

Concepções

Escrevo poesias, prosas ou qualquer coisa do gênero desde sempre, desde que me lembro do meu primeiro caderninho, diário ou coisa que o valha. Aos sete anos eu já devia estar no segundo ou terceiro, ou seja, tem tempo. Na época, eu já me metia a falar de amor. Claro que ainda platônico, mas minha veemência de quem já tinha amado e e sofrido tantas vezes convencia a meia dúzia que me lia (ou sempre me enganaram).

Os anos teimaram em passar e eu finalmente me apaixonei por beijos, abraços, toques de mãos: o amor virou real. Foi quando minha concepção de amor ficou meio abalada e eu descobri o que a gente sempre descobre primeiro - a paixão. Apaixonei-me algumas muitas vezes, com durabilidade míni. Veracidade? Sempre. Mas nunca se sabia até quando.

A paixão começou a durar mais e foi aí que tomei meu primeiro pé-na-bunda. Travei: vai que eu deixo a minha paixão durar de novo e caio do cavalo? Vamos deixar como está. Mais algumas paixões, deixei durar mas que não passasse disso. Vieram os sofrimentos, as calejadas da vida e as desilusões. Afinal, que palhaçada esse negócio de amar! Se eu soubesse que era assim, sei não...

O tempo nem passou tanto, mas experiências adquiridas são a razão do amadurecimento. Foi nesse meio tempo que eu comecei a pensar melhor: eu tinha certeza absoluta de que minha concepção sobre o que era o amor mudaria quando eu finalmente amasse pela primeira vez. Pois é, eu ainda não tinha amado. Não como eu sentia que amaria um dia, como eu lia nos livros.

E esse dia chegou. Olha, confesso que era quase igual aos contos de fadas, se os príncipes fossem ciumentos e as princesas meio mau humoradas. Mas que mané realeza tem insegurança ou Tpm! Vi que amar é lindo e fazer planos pro 'felizes para sempre' é maravilhoso. O tombo veio junto com o final nada feliz e eu sabia que um dia ia amar de novo, só que aí...

Eu descubro que conto de fadas a gente nunca vai ter, ou pelo menos não aquela coisa de casal perfeito pela concepção da mídia. Existe perfeição? Eu acredito que sim. Uma pessoa que te aceita como você é e quer somente que você seja um ser humano melhor, só pode ser perfeita. Que preenche o que lhe falta e que falta o que lhe tem de sobra. Isso é perfeição.

E essa perfeição é o que, hoje, eu chamo de amor. Essa é a minha concepção do que é o sentimento de amor. Paixão é coisa de momento, então é preciso apaixonar-se todos os dias, senão não faz sentido dentro de uma durabilidade, de uma relação de verdade. Amor vai além, é mais do que pequenas, do que grandes coisas: amar é perfeito - nem que seja a perfeição na sua concepção.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mudanças

Um dia, não sei quem, nem quando, nem em que circunstâncias, me disseram que ninguém nunca mudaria por mim. Confesso que naquela época não levei como informação válida. 'Pra que que eu vou querer que alguém mude por mim? Pra jogar na minha cara depois?'. Eu devia ter uns 15 anos, ou menos, sei lá. Sábia que eu era, e não sabia...

O tempo passou e eu comecei a pensar que talvez não fosse assim tãaao louco eu querer uma madançazinha no comportamento das pessoas. De mudar os amigos eu cansei nos primeiros anos das primeiras amizades, e não ligo que até hoje ajam brigas - a gente é amigo pra tentar entender mesmo. Mas em namoro, a coisa é mais embaixo...

Mudança obrigatória é a mesma coisa que a cadeia no nosso país: a criatura fica na merda por meses, anos, sofre o diabo, e quando sai, teoricamente tendo aprendido a lição, ele fica pior do que entrou. Por quê? Porque não mostraram a ele que era errado o que ele fez, e que por isso deveria mudar. Enfiaram ele lá, forçaram uma mudança ilusória. É lógico que não funciona. Pra mim, mudança de comportamento ou de atitudes por causa de um namoro é a mesma coisa.

Você mudar porque acha de verdade ser justo, é uma coisa. Mudar só pra agradar e forçar uma barra pelo outro é insano. Uma hora, a máscara cai. Seja por descobertas através de terceiros, seja numa briga em que as coisas fogem do controle, seja depois que a relação acaba.

Eu me assusto quando vejo máscaras 'intactas' (tem cego que não quer ver) por anos. Pego-me pensando no trabalho que deve dar ter que fingir ser alguém o tempo todo, por muito tempo. Mas a máscara cai. E o outro lado fica se perguntando o monstro que deve ter sido a relação inteira, pro parceiro ter fingido tanto assim - ou o monstro que seu parceiro foi por todo esse tempo e só você que não viu...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Menor vontade

Sabe aqueles dias em que você não está com a menor vontade de absolutamente nada?

'Tem que fazer esse trabalho.' - Não, obrigada.

'Pilhas de roupa pra lavar, corre lá.' - Nunca.

'8hs de trabalho pela frente.' - Nan.

Hoje é um desses dias. Levantar da cama já começa como o primeiro suplício do dia infernal que promete.

'Ó, se vira pra fazer isso, isso e mais isso.'

Sua real vontade é dizer sincera e calmamente que 'hoje eu não tô com a menor vontade de fazer isso, e não vou fazer', mas não diz. Quase sopra, mas não diz. Fala que não vai ter tempo, o que não deixa de ser verdade, e arruma um estresse. Você precisa ter tempo pra tudo. Mas, na falta de vontade até pra discutir, você acaba o banho e começa a se estressar do lado de fora.

Porque azar pra mau humorado é pouco, você sai de casa preparadíssimo prum frio paulistano e bom... O dia tá bem carioca. Mal venta, e você de mochila enorme, casaco e sem blusa de manga por baixo, fora a bota de camurça que você nunca usa, logo hoje. Ótimo. Só porque hoje a falta de tempo não vai te permitir voltar em casa pra trocar de roupa.

Mal chega e já tem uma pilha de coisa pra fazer. Ai, mas logo hoje, não tem como. Você abre a página do seu blog e sai escrevendo. Qualquer coisa, porque aquela pessoa que você definitivamente não queria ver a fuça hoje, pelo menos hoje, não pára de olhar pra você. E se você encarar e dizer 'que que é?', ainda passa por grosseiro. Concentre-se no blog que é melhor.

E tá só começando. Meio dia ainda está longe e sua vontade de fazer alguma coisa nem sonha em dar as caras. Tem coisa pior que fazer qualquer meleca por obrigação? Se ainda fosse por dinheiro... Mas nem ganhar bem você anda ganhando, que merda de vida. Hahahaha Menos, Nina. Menos.

Argh. Menor vontade de passar com o dia de hoje. Queria era ficar sentada e não fazer absolutamente nada, só assistir. Ou dormir e colocar o sono em dia. É, eu tenho vontades. Só não pra qualquer coisa que eu preciso realmente fazer.

É pecado?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mais Forte

Você sabe que não é pra ultrapassar o sinal, que tem uma blitz disfarçada há anos na próxima esquina e a probabilidade do guarda te ver e te multar é enorme, mas você ultrapassa mesmo assim. Vai que ele não vê, é coisa rápida, num piscar de olhos e você já foi.

Você sabia que ia fazer a maior mancada da sua vida se resolvesse entrar de cabeça naquele projeto louco. Como assim, largar certezas, deixar pra trás tanta coisa por algo incerto? Você sabia, mas a esperança de uma liberdade que não veio era mais forte do que você, e você foi.

Você sabe muito bem que vai fazer besteira se discar aquele número e a voz tão conhecida atender. Você sabe, que mesmo interrompendo uma reunião, mesmo se a voz não atender ou estiver ocupada, você sabe que é só ligar que o problema está feito. Você sabe disso. Mas quando vê, já ligou.

Você parecia que via o futuro depois do fim. Sabia que passaria noites em claro, que demoraria tempos e mais tempos até amar de novo, se é que esse dia ia chegar, afinal. Mas pensava num futuro ainda mais pra frente e não queria aquilo. Não pra você. Bateu a porta e nem olhou pra trás - foi mais forte do que você.

Você sabia que tinha que parar. As traições, as mentiras, nada daquilo te fazia bem, quanto mais pro seu companheiro, coitado. Mas o medo de ficar sozinha era maior que qualquer respeito que você podia nutrir por ele ou pela história que tinham feito juntos. Mentir de novo foi mais forte do que você.

Voltar atrás é coisa para fracos, coisa que você nunca foi. Largar mão do orgulho não dá. Você perdeu muita coisa com isso, você perde ainda e certamente vai perder o que poderiam ter sido as melhores coisas da sua vida, mas engolir orgulho? Jamais - é mais forte do que você. Ele não passa pela sua garganta.

Eu, você e todo mundo sabe que certas coisas não devem ser feitas. São por causa das leis, pela ética, pela moral, pelo amor-próprio, pela economia de sofrimento que uma lista de coisas não devem a qualquer custo serem feitas. Mas você faz. É mais forte do que você.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

O tempo não para

Você percebe que o tempo não para, e que você está indo junto com ele, quando a quantidade de café que você anda tomando por dia está igual ou maior do que a quantidade de copos d'água.

Você percebe o tempo vindo com força quando, pela primeira vez na vida, você realmente sente falta de praticar alguma atividade física, mas o tempo que sobra você quer gastar dormindo as oito horas que não consegue dormir há meses, ou anos, já não lembra mais.

Você vê o tempo passar voando quando começa a ter sobrinhos sem seus irmãos terem filhos - ou pior, quando seus irmãos começam a ter filhos e você não está nem perto de casar. Isso porque você nem sabe mais se pensa em casar, um dia...

Você é atropelado pelo tempo quando começa a ter que usar corretivo na tentativa (às vezes frustradas) de tapar as olheiras, e não mais pra sair com as amigas. Aliás, você nem lembra mais a última vez que saiu com todas, ou com a maioria delas.

Você assiste o tempo passando e nem tenta fazer parar, quando está todo mundo namorando sério e se formando na faculdade, ou solteiro e trabalhando demais pra ter tempo de uma conversa fiada enquanto passa o jogo de qualquer time, já nem importa mais se não é o seu.

Você se assusta porque o tempo não para quando alguém quer marcar uma pizza e você fica pensando se vai ter tempo - só que geralmente não tem. E você tenta ver o que pode desmarcar pra encaixar um dos seus melhores amigos na sua semana lotada.

Você sente na pele que o tempo voa quando as pessoas começam a perguntar se você é mãe (ou pai) nas datas comemorativas. A gente sabe que é pra ganhar uma rosa, ou uma caneta, coisa de gente educada, mas quem pensa nisso quando acham que você deu a luz a um ser?!

Você lamenta o tempo passando quando começa a ter dor de dente, problema na pele e torcicolo e não é mais o médico da sua mãe pra quem você vai ligar - cadê o caderninho do plano de saúde?

Você ouve falar que o tempo passa, mas era engraçado quando você ia crescendo e as coisas iam ficando mais legais. Mas uma hora o tempo passa e você só vai com ele pra envelhecer. E isso é tãaao diferente de ficar mais velho...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Você não sente falta?

Vai dizer que você não pára pra pensar na falta que faz aqueles tempos? Ah, como eram bons, e você achava que sabia, mas hoje percebe que subestimava algumas coisas. Hoje você sente como fazem falta aquelas dúvidas quanto a perguntas, que hoje você não só sabe as respostas como assiste a experiência dos outros e ri sozinho, lembrando da sua vez. Vai dizer que não sente falta da inocência, do coração machucadinho mas nossa, beeeem menos machucado do que hoje, do que você. Às vezes você chega a pensar que nem feridas eram, mas arranhões. Pouco sangrava. Hoje você até fisioterapia cardíaca fez depois do tanto que já passou.

Vai dizer que você não sente falta de não ter nada pra sentir saudade? Estava tudo ali, ao alcance dos seus dedos, dos seus olhos, estava ali na sua lista do Orkut. Você sabia que sentiria falta daqueles dias, mas não tinha idéia que era tanto assim, que seria tão cedo nem que saudade não tinha cura. A gente até mata, quando revê aquelas pessoas, visita aqueles lugares, ouve aquelas músicas que decorou. Mas e o tempo, que não volta mais? Aquelas pessoas mudaram, cresceram, e já não são mais as mesmas. Os lugares ficaram mais modernos, claro - o tempo não pára. Só as músicas, mas tinham todo um sentido mais legal que nostalgia.

Não mente, você sente falta daquelas conversas, dos planos pro amanhã que nunca chegou. Você tinha tantos sonhos, vôou tão alto que esqueceu daquela velha história de quanto maior o vôo, maior é a queda. Esqueceu da história, mas sentiu ela na pele. Deu de cara. De cara no chão, de cara com a parede, seu burro teimoso. Todo mundo sempre me avisou pra não viajar demais. Faça planos, mas tenha sempre um plano B. Eu nunca tive um plano B. Meu plano era um só, e você tinha que estar nele. Mas você não estava e o que resta, o que é que fica? A gente fica no caminho de quem vai e nos deixa pra trás.

Ah, mas a gente supera. Sente falta, no começo sente uma falta imensa todos os dias. Dos sorrisos, das viagens físicas ou não. Mas supera. Porque muitas pessoas nos deixaram pelo caminho de suas vidas, mas quantos de nós já parou pra pensar em quantas pessoas NÓS deixamos pelo caminho das NOSSAS vidas? Quantas pessoas não lêem este mesmo texto enquanto você pensa em São José dos Campos, nos tempos de escola, de faculdade, daquele relacionamento, e ele pensa em você?! Nunca se sabe, ué. Você não sente falta? Ele também.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Orgulho

Ela acabou um namoro de 4 anos no final do ano passado. Ficou solteira, aproveitou todas. Ele sofreu, ficou sozinho, arrumou uma outra e está tentando partir pra outra. Ela descobriu, não gostou e começou a reaparecer na vida dele. Ficaram juntos, mas sem compromisso. Ela percebeu que ainda gostava dele, e quis voltar. Ele enrolou uma vez, duas, até que tomou uma decisão. E isso foi hoje:

- Ele me deletou do Orkut e do MSN porque diz que ainda gosta muito de mim e quer me esquecer.

- Você disse que ainda gosta dele?

- Disse que queria voltar.

- Mas os homens não entendem, tem que ser bem explícita. 'EU GOSTO DE VOCÊ'.

- Mas ele entende, sempre me entendeu.

- Vocês duas têm que entender que ele está com orgulho ferido. Sofreu muito, e não quer sofrer de novo.

Fiquei indignada. Como assim, o cara vai deixar de ficar com a garota que gosta, que sempre gostou, o dito 'amor da vida dele' porque está com o orgulho ferido? Meu filho, quem mais do que a menina dos seus sonhos (nossa, que antiquado!) pra te curar?

Nunca acreditei no "vou ficar longe de você mesmo te amando porque vai ser melhor assim". Nem que a pessoa fique com quem supostamente lhe faz mal só pra sentir na pele e acabar deixando de gostar, mas estando junto. Gostar de alguém e se manter longe por vontade própria me é incompreensível, não adianta.

Sofrer longe de uma pessoa por vingancinha, mero orgulho bobo porque o outro terminou contigo? E se a pessoa se arrependeu? Todo mundo erra, ora. Depois de milhares de erros ok, compreensível. Mas depois do primeiro? Depois de uma longa relação, cheia de história boa pra contar e cheio de saudade dela no peito dos dois? Então é porque não tem mais amor.

Garoto esquisito. Eu, hein. Eu certamente agiria diferente.

Se bem que, pensando melhor, depende. Depende muito das histórias, do que falaram, de como essas coisas foram ditas, depende do que não foi dito e do quanto esse silêncio doeu, e por quanto tempo doeu.

É, amigo, você que sabe. Acho até que eu faria igual...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em 9/4/2009

Lembra daquele referendo sobre o desarmamento no país, em 2005? Eu tinha 19 anos, nunca havia pensado em ter uma arma na vida, mas precisava ir lá votar a favor do fim das armas por aqui. Primeiro porque a gente tá careca de saber a quantidade de gente sem noção, despreparada e até desiquilibrada que porta arma nesse Brasil (e não, eu não estou falando só de bandido). Sou e sempre fui a favor dessa diminuição de maluco com acesso a armas. Claro que eu sei que a violência deveria permanecer a loucura de sempre, mas talvez diminuísse aqui e ali. Já valeria a pena.

Sem entrar em mérito da segurança, que nosso governo, principalmente aqui no Rio, o que menos faz é garantir a nossa, mas enfim. Sempre que estou num dia raivoso e estressante, dou graças a Deus por não ter porte de armas. Considero-me uma pessoa equilibrada. Acho que só bati mesmo em alguém uma meia dúzia de vezes na vida. Uma quando iam me assaltar e todas as outras pra me defender, porque se não o fizesse, nenhuma das 30 pessoas à minha volta o faria e era bem provável que eu apanhasse ainda mais.

Não sou violenta e costumo ter paciência quando se trata de trabalho. Na faculdade não, pelo contrário. Explodo com a burrice, ignorância e falta de compromisso das pessoas DIARIAMENTE. É demais pedir que as pessoas sejam compromissadas com o próximo, no mínimo? Quer ficar com nota baixa? Opa, beleza. Mas o que sua dupla, trio ou membro de grupo tem a ver com isso? Pois é. Mas eu explodo, dou meia dúzia de berro e daqui a um mate de galão e um croissant da lanchonete tá tudo certo. Mas no trabalho são outros quinhentos. Eu não consigo explodir.

Pode ser pior pra mim, e deve ser, porque só quem se estressa sou eu, mas não adianta, pra mim trabalho é trabalho. Sempre fui assim, desde a primeira vez que fiz qualquer coisa em que fosse paga no final (sem ambigüidades, queridos). No máximo, vou guardando e um belo dia falo séria que aquilo me aborrece e acabam me pedindo desculpas. Aliás, eu já disse aqui que DETESTO que me peçam desculpas? Detesto. Nunca gostei disso. Errou? Ok, eu erro mais do que você. Admita, reconheça, e evite de verdade fazer igual. É simples (?).

Vim guardando meus aborrecimentos, explodi não sei, umas duas vezes nos últimos seis meses. Mas ontem... Ai, ontem não deu. Pensei sério: graças a Deus eu não tenho uma arma. Parece piada, mas não é: se ontem eu tivesse um revólver em mãos, quatro ou cinco que agora olham a minha cândida carinha digitando no computador não imaginam que hoje poderiam nem estar aqui. Na raiva, na vontade de fazer justiça por todas as grosserias que aturo, todos os foras que recebo sem necessidade, a gente não pensa. Só atira.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pode. Nem ligo.

Pode deixar de me ligar. Tudo bem, já não me incomodo se você finge que não sabe mais meu telefone ou simplesmente não quer me ligar. Já não faz mais diferença, tem tempo demais que meu telefone não toca pra sua voz falar do outro lado.

Pode passar por mim na rua e fingir que não me viu. Já doeu demais o 'olá' seco daquela última vez. Guarda pra você seus dois beijinhos no rosto e um abraço de amizade. Eu não quero.

Pode perguntar por mim e pedir pra não me contarem. Ninguém nunca me contou nada mesmo, e eu já cansei de me perguntar se andam te acobertando ou se você realmente nem quer saber de mim.

Pode deixar que da sua vida eu não cuido mais, tem até tempo que não. Sei lá por onde você anda, o que faz ou deixa de fazer. Não sei, ninguém me conta e eu nem pergunto também. Vai que você realmente não se interessa por mim? Chega de passar por pateta.

Pode me perseguir na rua. A essa altura do campeonato eu não fico mais esperando você surgir em cada esquina pra me fazer uma surpresa. Não espero mais que você ainda lembre das minhas senhas e com isso saiba tudo da minha vida. Tenho andado de cabeça baixa. Juro que nem vou te ver.

Pode lembrar e reviver memórias, que eu sei que você guarda e tem todas elas. Sobre as cartas e fotos, se sentir saudades, saiba que tenho todas. TODAS. Pra que rasgar no papel se da cabeça não saem? De fingimento já basta pros outros.

Pode vir ler meus textos, eu não me incomodo. Pra te ser sincera eu nem sei quem vem ou deixa de vir aqui, então sinta-se à vontade pra gozar da dor alheia ou se confortar sabendo que você não está sozinho...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A vida é uma incógnita

Eu não tinha a menor idéia que ia ser você a pessoa que seria meu próximo amor. Pra ser sincera, eu nem sabia se amaria de novo. Aliás, rasgando toda a capa que ainda visto quando escrevo pra alguém ler, eu nunca pensei que questionaria o amor que já cheguei um dia a sentir. Mas, a vida é uma incógnita. Como bem disse uma vez alguém muito querida, "nunca deixe de ser uma metamorfose". O caráter de uma pessoa, quando é bom, a gente não muda, nem se quiser. Mas um conceito, uma regra, um pensamento, por que não? A vida é uma incógnita.

Amores são vários; se são vários, não significam que algum deles não foi de verdade; amores podem, e devem ser diferentes. Os amores variam de pessoa como as pessoas variam pelos seus amores. Diferir não é algo ruim. O amor de outrora não é como esse? Tudo bem. Não quer dizer que o outro não era amor, que não era bom, que não foi feliz. Só era um outro amor, uma outra maneira, de um outro jeito. Diferente, mas nem por isso deixava de ser amor. Mas nada disso fazia parte das minhas convicções, aquelas que eu defendia com unhas, dentes e argumentos. Não fazia. Mas, a vida é uma ingógnita.

Eu não fazia mesmo idéia de que você, logo você, me provaria tanta coisa que eu nunca quis nem saber. Logo você. Fazia tempo que alguém não me conquistava. Aliás, fazia tempo que eu não deixava isso acontecer. As pessoas precisam de tempo, e eu precisava do meu. Pra jogar os discos fora, doar os livros lidos, enfiar as cartas velhas de volta pro fundo da caixa de recordações. Faltava esvaziar o armário do meu coração. Uma vez vazio, eu sabia que estaria de malas prontas pra sabe lá Deus onde. Tá, talvez Deus soubesse. Mas só ele. Porque a vida, ah, a vida é uma incógnita.

A gente demora pra admitir que estava errado. Não pelas convicções, mas por não reconhecer que elas podem nem sempre ser o melhor, e querer mudá-las. Mudança há de ser algo bom, de vez em quando. É bom variar, principalmente quando essa mudança vem de dentro. "Nossa, você parece outra pessoa!" Não deixa de ser. Ninguém muda de verdade cortando o cabelo ou fazendo uma tatuagem. Mas experimenta não querer mais passar os carnavais no Nordeste. Resolve parar de beber cerveja. Começa a fazer mais amizades e ter menos conhecidos. Vai que você fica mais feliz assim? Nunca se sabe: a vida é uma incógnita.

sexta-feira, 20 de março de 2009

De novo

Eu já tinha esquecido como era sentir essas coisas. Foi bom ter voltado a impressão de borbeletas no estômago quando o carro vem chegando, ou quando eu via da portaria, olhando pra fora do portão. É claro que eu gostava, era boa a sensação de cosia nova, sentimento novinho em folha chegando pra deixar a gente mais calma, vendo o mundo com mais cor novamente. Paixãozinha de verão (ou seja lá de que estação for) tem esse poder de dar alegrias únicas, e quase sempre muito bem-vindas. No meu caso, mais do que bem-vinda, ela foi quase uma benção no momento certo.

Foi ótimo, não minto e pelo contrário, assumo. Mas mais do que isso, eu confesso que não esperava. Não, mesmo. Primeiro porque ainda achava nutrir resquícios. Bom, se nutria ou não, nem tenho como saber, porque entrando nesse mérito, haja psicologia e de cabeça eu não entendo, quanto muito de coração, e pelo que eu vi e passei nessa vida. Quase 23 anos não me dão muita bagagem, mas vamos lá. Achava que vivia de um passado que já tinha passado e eu só eu que não via. Não sei por que, eu procurei, e não sei por que. Mas vivi, e já achava que era tempo de parar.

Se apaixonar, viver uma nova história é sem dúvida a resposta pro esquecimento total de um passado que tenha sido ou não feliz - não importa, somente importante que ele passou e é isso que a gente precisa, mais cedo ou mais tarde, mais do que encarar: entender. Eu entendi que passou, e mais do que isso, eu não quero mais que não tenha passado. Porque eu descobri que eu posso sentir de novo. E novamente, mais do que isso, eu descobri que o amor pode não só vir de novo: ele pode vir melhor, mais maduro, mais saudável. Mesmo que isso negue todas as teorias que eu tinha. Mas teorias foram mesmo pra serem derrubadas.

É claro que dá medo, eu tô morrendo de pavor de passar por todo o sofrimento de outrora de novo, quem não estaria? Mas o risco é preciso correr. Primeiro porque tem sido bom, e de coisas boas eu não costumo de desfazer, ainda mais por medo. Um dia me prometi que nunca mais deixo de lado minhas vontades por medo do amanhã, e tenho cumprido há cinco anos. Vamos ver onde isso vai dá, a gente nunca sabe. Mas o melhor é saber que, se infelizmente durar menos do que eu previa, tudo bem. É bom saber que nunca vai ser o último. É bom saber que a gente pode amar de novo.


terça-feira, 10 de março de 2009

Vergonha

Não tenho vergonha de admitir que chorei. Chorei mesmo, e não foi pouco. Recebi olhares de pena, de compaixão e muitos de compreensão - muita gente que já passou por isso e me entendia.

Não me envergonho em dizer que tomei esporro por chorar por uma coisa tão pequena, por não entender mais rápido que dor de amor não mata nem tem que doer tanto assim.

Não tenho vergonha.

De ter deixado prováveis belas histórias de amor perdidas pelo caminho, e todas inacabadas. Eu ainda não estava pronta, e acreditava que se eu não conseguisse dar o melhor de mim, de nada valia.

Não me envergonho de ter ligado, ter dado a cara a tapa e ter sido alvo se chacota. Não me importei de ter precisado passar por isso, cada um passa pelo que tem que passar mesmo.

Aceitei o meu destino. Não me deu vergonha.

Não tenho vergonha de levantar a cabeça e dizer que venci. Eu sei que achei que era eterno e por isso, por dizer que deixei pra trás, não me envergonho de parecer mentirosa. Só eu sei que não fui, nunca fui.

Não me envergonho de ter aprendido muito mais do que ensinado.

Não tenho vergonha de nada, nem dos erros conscientes, nem dos acertos tortuosos; de nada.

Eu não tenho vergonha dessa parte da minha história. Não mais.


quarta-feira, 4 de março de 2009

Como a cabeça da gente (não) funciona

Pára com isso! Será que você não vê, não percebe que está se enganando? Será que tu não nota que essa dor toda é você mesma quem está se causando? Você realmente acha que ele te ama, ou que te amou? Se foi ele mesmo quem disse, com a própria boca, usando suas próprias palavras, que não?! Como é que você acha que ele ia inventar tudo isso, a troco de quê? Ah, ele está mentindo?! Tá bom. Que esteja. E as atitudes, mentem também? A forma como ele te trata, aliás, a forma como ele NÃO te trata. Minha filha, ele te ignora completamente, há muito tempo, e só você que não vê. Ou não quer ver. Orgulho? Mané orgulho. Quem ama mesmo, quem ama mais do que tudo, joga o orgulho pra debaixo do tapete. Sim, mesmo que ele seja imaturo, que esteja ouvindo os amigos, ou aquela família maluca dele. Quando a gente quer de verdade, enfrenta tudo, enfrenta todos, nem pensa no amanhã. Tá, exagerei, a gente sabe quem nem sempre é assim, ok, você venceu. Mas ao menos pra você ele diria a verdade. Ou você é uma louca que ficaria indo atrás dele, se soubesse que ele te ama mas que vocês, por razão qualquer, não pudessem ou não fossem ficar juntos? Bom, aí pode ser. Ah... Mas mesmo assim. E as demonstrações de que a vida dele vai bem, obrigada, aliás bem demais sem voce?! Tudo fachada, no fundo você acha que ele chora à noite e nem dorme direito por sua causa?! Me poupe! É muita falta de noção e amor-próprio, a forma como você pensa, como a sua cabeça funciona de forma que você realmente acredite nessas coisas, nesses argumentos sem qualquer fundamento. Tá, com alguma probabilidade de ser verdade, mas falemos em números e mesmo você não sendo muito boa em matemática, não precisa ser um gênio pra sacar que ele caga na sua cabeça, quase que literalmente. Mesmo que você tenha agido assim com outras pessoas antigamente, mesmo que eu também tenha feito isso. Mesmo que saibamos quão normal e quase fácil é fazer isso tudo. Mesmo assim... Mesmo assim? Ah, sei lá. Vai que ele gosta de você mesmo, né? Vai que gosta... Ah, sei lá...