sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Parabéns. E obrigada.

Parabéns pelos três anos que faríamos hoje. Faz três anos que me vi apaixonada por alguém, depois de tanto tempo sem esperanças disso acontecer de novo. Obrigada por ter devolvido a minha fé no amor. É por você que hoje, mesmo ainda te amando, guardo a certeza de que posso ser feliz de novo, mesmo depois de tanto sofrimento, mesmo depois de tanto tempo. Parabéns pelo poder de transformar meus dias vazios em momentos únicos que jamais vou esquecer. Já não me vejo mais como aquela menina que você conheceu há três anos atrás, e também devo isso a você. Obrigada pelo apoio que me deu pra que eu crescesse e buscasse meu caminho pra ser feliz. Pena que você não quis vir comigo, mas obrigada mesmo assim.


Parabéns pelos três anos de preenchimento. Por mais que não estejamos mais juntos, te sinto na minha vida, como se ainda fizesse parte dela. A gente não se fala, mas eu sei que você está lá, dentro de mim. Sei que pensa na gente de vez em quando, que lembra da gente junto quando faz algo que fazíamos sempre, como aqueles jantares de sexta-feira; como aquele canal da TV a cabo que eu adorava assistir. Assim como eu bebo pedaços de você em cada gole de vinho tinto seco, te imagino evitando sentar no nosso bar, comer no nosso restaurante e cumprimentando o nosso garçom. Obrigada por preencher a minha vida até hoje, mesmo que agora seja só de longe. Mesmo assim, obrigada.


Parabéns por ter me mostrado que a gente pode ter muitas regras, mas que nada disso importa quando a gente se apaixona. Parabéns por ter me provado de verdade o quanto você me amava - acho que nunca duvidei da sua reciprocidade. Parabéns por ter despertado em mim um amor que não era egoísta, um amor maduro que nem eu sabia que existia dentro de mim. Obrigada por ter me ajudado a ser melhor e também ter reconhecido meu pior. Foi por você que aprendi a admitir meus erros e pedir desculpas. Você destruiu o orgulho besta que eu usava muito mais do que deveria, e por isso te parabenizo e agradeço, também. Meus parabéns sinceros por tantas barreiras que eu tinha terem sido quebradas tão rápido. Pena que você mesmo criou uma e não ficou, mas obrigada.


Parabéns por adivinhar tantas vezes meus pensamentos; por ter me surpreendido sempre que eu achava que não teria mais surpresas. Parabéns por ter me ensinado que uma relação é muito mais do que eu pensava; por ter me mostrado que eu nem sempre estava tão certa assim. Obrigada por tanta coisa boa que você me trouxe - tanta, que muitas vezes eu consigo esquecer completamente todas as razões pelas quais não estamos juntos. Obrigada pela força que aprendi com você de que precisamos resistir e seguir em frente, por mais triste que estejamos; por maior que seja a vontade de ligar e voltar correndo. Parabéns pela postura que demorei, mas que hoje consigo ter. Hoje eu respiro fundo pra não olhar com saudade. Pena que é saudade sua, mas mesmo assim, obrigada. Muito obrigada.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Final

Sei que não dá mais
E nem quero que dê
Chega de querer
Voltar atrás
Mas só queria entender
Porque a dúvida ainda existe
E em mim insiste
Afinal
Quando foi que você viu o final
De nós dois?
Antes de mim?
Depois?
Acho que nem você sabe
Como foi que aconteceu
Sabe?
Então abre
Esse bico
Fala comigo
Não, não fala não
Cala
Cala essa boca
Não tô a fim de ouvir
Tudo que eu não quero
Ainda espero
Respostas
Mesmo não te fazendo perguntas
Enfim
Que se dane
Deixa eu fechar essa porta
Pra sempre
Pra te esquecer
Já que tu não volta
Por mais que eu tente
Te trazer.

Nina Lessa, em 16/11/2004.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Aqui jaz

Aqui jaz um amor que ainda existe, mas que não deveria existir mais. Amor a gente só deveria manter dentro da gente enquanto desse certo, e já havia um tempo que essa relação não conseguia andar pra lugar nenhum. Amor a gente só deveria alimentar se houvesse reciprocidade, e quando não existir mais, simplesmente jaz. Aqui, jaz esse amor. Um amor que era nosso, mas ultimamente percebi que ficou sendo só meu, e já que é só meu, resolvi pegar ele pra mim e guardar de novo, pra quando um novo amor chegar.


Aqui eu guardo um amor que não tem mais alvo. Com essa mania terrível de amar intensamente, mesmo sem ser completamente correspondido, o coração da gente insiste até que as mágoas cheguem a um limite máximo. Cada um com o seu, alcancei a minha meta e juntei meus trapos pra sair de cena. Cansado de cavar um espacinho maior em vão, meu coração guardou todo o amor que ficou a ver navios pra uma próxima vez, como fiz há um tempo atrás. A gente sempre tem amor de sobra, mas tem sempre alguém que vai querer. É só esperar.


Que descanse em paz esse amor, e que não se preocupe quando o amor que era pra ser meu mirar em outro alvo. Que até lá as feridas tenham sarado, que as lágrimas tenham realmente secado, e que eu consiga me importar menos - porque doer, sempre dói. Mas que me dêem um tempo de acalmar os ânimos, depois de passarem as férias, as feras e os feridos. Que me permitam respirar fundo e buscar mais força, dentro e fora de mim. Aqui jaz um amor cansado, decepcionado, mas antes de tudo, um amor que foi verdadeiro, mesmo com todos os pesares. 


Aqui jaz um tanto de mim e um tanto de você. Aqui jazem os planos que a gente fez, mas que não conseguiu realizar. Aqui jaz tudo que tentamos ser, mas que não conseguimos; aqui jaz até o longe onde chegamos, a saudade que hoje fatalmente sentimos e os beijos que guardamos dentro das nossas próprias  vontades. Que cada um enterre tudo e descanse pra uma próxima vez. Aqui jazem todas as nossas chances e as possibilidades. Aqui jaz tudo isso, mas se a gente se encontra, se a gente se encosta, aqui jaz esse texto inteiro.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Hoje, não

Hoje eu quero ficar sozinha. Me poupem de sentar na mesa pra contar como foi meu dia; hoje eu quero não precisar falar. Não quero sair de casa nem ver ninguém. Hoje eu não quero sorrir nem ouvir conselhos, dicas ou compreensão. Não quero nada de ninguém, só distância. É direito meu sumir do mundo, nem que seja só por hoje. Não ligo que me julguem ou critiquem, mas hoje, não.


Hoje eu não quero saber que não deveria mais pensar em você. Não quero lembrar do que foi ruim e dos dias que já passei pra chegar até aqui. Hoje eu guardei minha auto-estima e amor-próprio no fundo da gaveta e resolvi te amar com todas as minhas forças. Acordei com vontade de te ter aqui de novo, pra gente dar risada da tolice que é essa história de ficarmos separados. Hoje eu quero você de volta, te lembrar de como somos felizes juntos - a gente só tinha esquecido. Fica comigo, só por hoje?


Hoje eu não vou ouvir que "isso passa". Não quero pensar que terei um novo amor; hoje não. Me poupem do discurso otimista que nenhum amor é inesquecível. Hoje eu não quero pensar em amanhã nem no que pode acontecer. Hoje eu vou viver o que criei na minha cabeça; vou sentir toda a saudade que hoje está me sufocando. Hoje eu vou te tirar de onde guardei porque não queria mais achar. Hoje eu percebi que você não morreu dentro de mim, mas eu não vou pensar nisso. Hoje eu não quero pensar.


Só por hoje eu não vou desligar se você telefonar; hoje eu respondo mensagem, e-mail e prometo que não fujo. Hoje eu quero que você me ache, por mais longe que eu pareça ou esteja. Hoje eu estou à mostra, sozinha e contigo ao mesmo tempo, pensando em você com todas as minhas forças pra que você acabe, sem querer, pensando em mim também. Hoje eu não quero fingir alegrias nem maturidade; hoje eu não quero sambar, não quero ser feliz. 


Hoje eu quero gastar a tristeza que me consome, que tenta me matar aos poucos, mas que eu nunca deixo. Hoje eu não luto. Hoje, não.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Obrigada, 2011.

Obrigada, 2011, por ter levado minhas avós nesse ano. Aprendi que não tem dor de amor que se compare à saudade que sinto, e que certamente vou sentir para sempre. Obrigada por ter me ensinado que, às vezes, precisamos ser fortes pelos nossos pais, porque eles viram crianças nessas horas, e nós, as crianças deles, precisamos saber inverter os papéis. Obrigada por ter me mostrado que, no fim das contas, estamos sozinhos com as nossas dores. E obrigada por ter colocado abraços reconfortantes na minha vida quando eu não queria mais ficar chorando sozinha.

Obrigada, ano, por ter demorado a acabar. Você me deu tempo de fazer, com calma, algumas escolhas extremamente importantes na minha vida. Tive altos e baixos, mas aprendi que os problemas nunca vão acabar; assim como não tem problema que dure pra sempre. Fiquei mais otimista, mesmo que ainda mais realista. Tomei tombos de onde pensei que demoraria mais tempo pra conseguir levantar, mas obrigada, 2011, por ter sido longo o bastante: você assistiu as minhas quedas, mas também pôde presenciar que levantei em todas elas.

Agradeço de coração, 2011. Agradeço por ter me aproximado ainda mais da minha família, mesmo com todos os espinhos que ainda existem, porque eu aprendi também que convivência é sempre muito difícil e demanda uma paciência imensa. Nesse ano só confirmei que esse amor é o que fica de verdade, pra sempre, quando alguns dos que achavámos que tínhamos resolvem ir embora sem muitas razões ou explicações. Porque eu aprendi que certas coisas simplesmente vão ficar sem resposta, e aceitar isso é, no mínimo, inteligente.

Obrigada, 2011, pelas dores, pelas lágrimas e pelas decepções que passei. Agradeço todos os "bem feito", "eu te avisei" e "de novo?", porque sem eles, eu não estaria realmente agradecida, nem teria aprendido de verdade. Mas eu agradeço, e bato no peito pra dizer que estou tentando, pra um dia poder dizer que aprendi. Reconheço com muito orgulho todos os fracassos que me encontraram nesse ano, mesmo não pensando nas vitórias, porque só pela aprendizagem, já valeram os 365 dias. Mas acima de tudo, 2011, obrigada por finalmente ter acabado.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fugir

Sim, eu fugi. Vim correndo pra longe de você. Se pudesse, provavelmente correria pra um lugar ainda mais longe, ainda mais difícil de me encontrar, mas fiz o que deu. Não quero mais bater com a cabeça na parede tentando uma coisa que já foi tentada vezes demais pra conseguir funcionar. Acho que as peças foram sendo quebradas, de tantas vezes que tentamos, em vão, fazer com que elas se encaixassem. Só Deus sabe como me dói conseguir admitir isso, e é por doer tanto e eu cansar de ficar escondendo isso que eu fiz as malas e vim; que eu fiz as malas e fugi.

É claro que fugir não adianta completamente, eu sei disso. Sei que a saudade vinha junto e não me incomodei em trazer na mala, nem ela nem a dor. Sei que nenhuma das duas vai me deixar tão cedo, mas já tinha aprendido que a distância física, mesmo sendo um alívio rápido somente por um tempo, costuma ajudar. Aqui, vou ganhar alguns dias - quem sabe alguns meses - pra conseguir pensar em qualquer outra coisa que não sejam problemas. Eu fugi deles; fugi de aborrecimento, de brigas, de discussões e mágoas. E com isso, eu fugi do meu amor por você. Esse, eu preferi deixar em casa.

Fugi pra limpar minha cabeça e rezo pra que o coração acompanhe o ritmo. Fico na torcida pro estômago não ter borboletas quando chega alguma mensagem e eu penso que é você. Respiro fundo quando a vontade de entrar em contato me domina, no décimo nono gole de cerveja. Me sinto uma vitoriosa quando vejo que já se passaram quase duas semanas e eu consegui não entrar em contato, não ficar esperando - ao menos na maior parte do tempo. Sei que os passos são muitos e ainda vai demorar pro dia de olhar pra trás e dar risada finalmente chegar, e foi por isso que eu fugi.

Que seja essa a alternativa menos corajosa. Pode ser. Não penso nisso porque só eu sei a dor que me consome, os dias que passam arrastados e as vontades que corroem mas não passam de jeito nenhum. Chamem-me de frouxa, de covarde e gente que não sabe vencer nessa vida. Vocês têm toda razão: eu não sei brincar, quando se trata de amor. Isso eu ainda não aprendi, nesses poucos 25 anos que me deram pra viver. Ainda tenho tempo, talvez na próxima tentativa as coisas sejam diferentes. Mas não me julgue, porque aposto que, se pudesse, você fugiria também.