sábado, 27 de dezembro de 2008

De música

Desisti. Acho que tentei demais, até. Eu quis ficar com você, e depois quis voltar. Eu voltei. Aliás, eu nunca fui embora. E você sabia. Você sempre soube. Quando teve dúvida, me chamou de volta. Seu medo de perder foi grande, né? Não agüentou ver a merda que estava fazendo. Aí viu que eu estava lá, ainda. Que não iria embora. De repente, nem tão cedo. Olhou nos meus olhos e teve a certeza. Nem precisou ouvir aquelas todas palavras que eu disse. Entrou por um ouvido e saiu pelo outro quando eu disse que te amava demais, que não tinha te esquecido e ainda te queria, provavelmente ainda mais do que nunca. A saudade faz isso com a gente, quando a gente se afasta é que vê o tamanho do amor que ainda sente. Disse tanta coisa, chorei tanto. Parece que vejo seu ego inflando a cada palavra dita, a cada perdão implorado, e a cada tudo isso saindo da minha boca e se perdendo pelo ar. Mas sabe? Pelo menos eu tentei. Que tenha sido em vão, não importa. Eu sei que tentei, sei que deixei bem claro o que eu queria, como eu me sentia e quanto me arrependia. Hoje, vejo que de algo insano, mas na época, eu me arrependia. Por mais que depois pudesse quebrar a cara de novo. Eu coloquei a tapa. Que, aliás, foi a dor que eu senti quando você me virou as costas, de novo. Um tapa. Doeu. Quando eu lembro, confesso que uma pontinha ainda me machuca. Porque ontem eu tentei chorar, mas a vida cansou de me deixar desabar. Acho que ela ficou com pena de todos os concretos que eu já beijei quando você me atropelou no asfalto - a impressão de abandono é quase essa. Pensei tanto em te ver, te encontrar, te ter; em você. Pensei em me afastar, em como me defender caso você realizasse meus pensamentos. Eu pensei em tanta coisa. Porque eu pelo menos me esforcei pra ficar contigo, deixei claro que não te queria só como amigo. Por isso não te beijei no rosto, você chegou a reparar? Não importa, passou. Na vida, tudo tem um tempo pra passar. Hoje, tá tudo certo, tá tudo em paz. Porque eu desisti.


De onde? Daqui: http://letras.terra.com.br/seu-cuca/1293462/

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Como se fosse a primeira vez

Eu adoro esse filme. Mas não é sobre ele esse texto. É sobre a sensação de estar começando - mesmo que seja de novo. O primeiro beijo da vida de uma pessoa é único, a primeira relação, seja ela sexual ou não, também. Tudo tem uma primeira vez, uma primeira e única vez. Mas quando a gente ama pela derradeira, depois que acaba e a gente esvazia o coração, o próximo sentimento parecido com gostar já nos traz as mesmas sensações de vivências adolescentes e infantis.

Parece que a gente esquece como beija, como dança um samba, como bebe aquela cerveja de maneira charmosa. A barriga com borboletas, o nervosismo. A ansiedade, você quer parecer estar pensando em qualquer coisa menos naquela pessoa, quando está por perto dela. Você quer disfarçar a total falta de noção do que dizer, pra não falar besteira e nem falar demais. Você morre de vergonha, mas disfarça, é claro. Olha pro lado, faz um comentário completamente idiota, dá um risinho.

É como se fosse a primeira vez porque não deixa de ser. Você já esqueceu como é dar as mãos quando as suas e as do outro se encaixam. Mas como é que pode, se eu achei que isso aconteceria uma vez na minha vida? Será que é dessa vez que eu achei o tão esperado amor da minha vida? Será que eu errei - de novo? E vou ter que passar por tudo aquilo - de novo!!!? Porque a cabeça do ser humano funciona assim, pensando no muito depois, quando pode simplesmente aproveitar o agora.

Sabe-se lá se amanhã tudo isso acaba. Dá um medo terrível; "meu Deus, vou me arrepender de tudo isso que eu tô dizendo, que eu tô fazendo, tenho certeza absoluta". É, mas você também tinha daquela vez e olha só: suas certezas podem não ser muito duradouras. É verdade. Larga mão de ser pessimista, larga a mão de querer adivinhar um futuro que ninguém sabe. O que a gente sabe é que o comecinho é muito bom - e aposta que a tendência é que o 'em breve' seja ainda melhor. :)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Coração Vazio

- Mil reais resolveriam meus problemas.

Foi o que eu disse quando uma das estagiárias daqui da rádio pediu essa quantia, caso os outros estagiários, também daqui, ganhassem na Mega Sena que jogaram hoje.

- Ia pra Salvador e passava o carnaval lá. Meu sonho.

Começamos a dar uma viajada bonita, falar um bocado de besteira (numa rádio que é feita basicamente por estagiários, isso é normal), dar risada. Foi quando eu me dei conta de que realmente mil reais resolveriam meus problemas. Eu não tenho problemas que não sei resolver ou que já resolvi sozinha. Só problemas de dinheiro, e como não tô devendo nem deixando de fazer o que eu quero (com exceção de Salvador, é claro), cheguei à conclusão que não tenho problemas. Se é que coração finalmente vazio e pronto pra ser preenchido seja algum grande
problema, é claro.

- Nina, meu coração está vazio. Eu penso em alguém, não vem ninguém. Sabe aquela coisa "quando fecho os olhos é você que eu vejo"? Eu não tenho ninguém pra ver.

É. Dá agonia não ter ninguém em quem pensar. Porque pensar no último carinha da lista, vamos combinar que não engana. Você pára pra pensar em alguém e cadê? Não tem.

- É, triste, amiga.

É. Talvez seja. Mas pra quem acabou de conseguir não ter ninguém pra pensar, coração vazio é quase uma dádiva. Porque mais triste do que não ter em quem pensar é não ter ninguém, e pensar mesmo assim. É ter que viver de lembranças, de momentos que já passaram e que não voltam, não se repetem, não existem mais. É mais triste do que projetar, fazer planos para algo que possa ou não vir a acontecer. Quando a certeza de que os bons e velhos tempos do passado não voltam mais bate, é triste. É bem mais triste do que um coração vazio. Ao menos um coração momentaneamente vazio.

- Cara, a gente sofreu por muito tempo, deixou de se permitir por muito tempo. A gente merece um coração vazio, amiga. Pelo tempo que esses corações passaram amando um passado que já estava no lixo.


Ela concordou, pediu uma sandália emprestada pra minha mãe e fomos sambar na Lapa. Porque coração vazio pode ser triste, parar pra lembrar de alguém com carinho é sim, uma coisa linda, deixa uma sensação de saudade gostosa. Mas nos momentos em que estamos curando um machucado, depois de tanto tempo remendando com band-aid e tendo curativos puxados com força, sentindo quase que real uma dor de dedo na ferida, é preciso que saibamos: vazio às vezes é ainda melhor que amor. Sensação de amor direcionado pra pessoa certa, dessa vez: a gente mesmo.



sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O desconhecido

Eu morro de medo de começar de novo. Confesso que de vez em quando me pego lembrando como era bom estar apaixonada, a barriga com a impressão de ter borboletas dentro. Sentir saudade, sentir carinho, sentir-se amado, simplesmente sentir. Porque hoje, eu não sinto. Bom, eu sinto, mas como ser humano que sou, tendo a comparar as coisas, e comparando com a época em que amei, não sinto é nada. Porque nem se compara. Mas eu não quero sentir. Foi a escolha que eu fiz. Eu não quero. Não de novo. Ao menos não agora. Porque ainda não esqueci? Porque não estou pronta? Não. Simplesmente porque eu não quero passar por isso de novo.

É, eu tenho medo de sofrer. E pode ser que eu nem sofra. Eu tenho medo de me envolver de novo e acabar com o coração partido, e sofrer mais uma vez. Eu tenho medo de não confiar, de não ser conseguir ser confiável, de novo. De cometer os mesmos erros que eu cometi, porque sei que esses erros fazem parte de mim, sempre fizeram, e eu não sei se consegui mudar. Eu só saberia se passasse por isso de novo, se desse uma chance; pra alguém, pro amor, mas principalmente, pra mim. Se EU me desse uma chance. 'Vai lá, Nina. Tenta de novo, tenta ser melhor.' Não que eu não tenha sido, mas virei gato escaldado. A gente sempre se lapida, ainda mais nos tropeços.

Só que eu morro de medo. Porque essa chance vem com coisas muito boas, todas aquelas que, às vezes, me saudam. Eu sinto saudade de amar, de ter alguém, claro que eu sinto. De namorar, de ser namorada. É muito bom. Mas do ciúme, ah, eu morro de medo. Das cobranças, da falta da liberdade que eu sempre tive e soube aproveitar como poucos. Da independência que se perde e
nem percebe em que parte do caminho. Medo da mágoa, da mentira muitas vezes pensando no bem da relação. Medo da verdade, pelo bem de um futuro longe da hipocrisia. Medo. Porque... Eu não sei. Não sei o que me espera. Mesmo conhecendo alguém, no final, a gente acaba se surpreendendo. Bom, eu me surpreendi.


A gente sabe que comparar é péssimo, mas compara. A gente sabe que nunca é igual, mas quem me garante? Talvez eu me surpreenda, mas de maneira boa. Mas talvez não. Porque eu confiei e olha só. Porque eu me entreguei e me magoei. Porque eu achei que não ia acabar e o fim veio tão... Tão... Que eu me surpreendi. E não gostei. Eu nunca gostei de surpresas. Festas, talvez. Um presente. Mas não um tiro pelas costas. Eu me sinto traída por certas surpresas. Quando as coisas fogem do meu controle. Quando a gente namora, as coisas fogem do nosso controle. E isso me dá medo.

Pronta pra próxima? Ainda não. O medo é maior que a vontade de tentar de novo. E não importa com quem. De repente é porque eu ainda não me apaixonei de novo. De repente é porque ainda não é amor. Eu não sei. E por isso, o medo do desconhecido.

Porque um belo dia: prazer, eu sou a Nina.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A dificuldade do fim

Ouvi hoje que o ser humano tem dificuldade de lidar com o fim das coisas, de qualquer coisa. Relacionamento a dois ou não, a dificuldade existe em todo mundo. Parei pra pensar e vi que isso tem um fundo de verdade. Comecei a lembrar de casos meus, de casos de amigos, casos que ouvi falar, de casos que vi de perto e dos que acompanhei até de longe. A verdade é mais verdade do que eu pensava. Em todos os as aspectos, e casos.

Sair de uma empresa é difícil. Mesmo que seja você quem esteja pedindo demissão, mesmo que você detestasse aquele lugar, vai fazer o que com o costume de ir todos os dias pra lá?

Sair do colégio, seja pra ir pra outro, seja pra não ir nunca mais porque se formou. Nem menciono meu caso, do meu tempo de escola eu sinto saudade todos os dias, mas mudança não deixa de ser um fim, e a dificuldade existe. Para ser superada, sim, mas existe.

Dar um fim a uma amizade. Mesmo que esse amigo seja um porre, mentiroso, que tenha te traído. Você faz um bem a você mesmo tirando esse "amigo" da sua vida. Mas o cara era gente boa, vocês tiveram bons momentos juntos. É um fim difícil, por mais coerente que seja.

Acabar a faculdade. Eu mesma conto os dias pra isso. Ao mesmo tempo que não quero que acabe. O pessoal reunido contando piadas que só quem faz aquele curso entende, o jogo de cartas nos intervalos (ou durante as aulas, faz parte), o tempo em que estágio parece um martírio mas vai arrumar um emprego pra você ver só.

O fim dá medo.

Quando pensei em relação a dois, a verdade tomou um tamanho que eu pensei 'preciso compartilhar', e vim. Aceitar o fim de um relacionamento é extremamente complicado. Quando é a gente que termina, vai dizer que, mesmo que de caso pensado, você não perdeu a conta das vezes que cogitou se estava fazendo o certo? Aposto que repensou mil vezes a mesma coisa, pesou prós e contras e, mesmo com coerência e certeza, quase escorregou quando foi ter aquela conversa. Mesmo dizendo que era preocupação com o sofrimento que o fim poderia causar ao outro, no fundo a gente sabe que sentia um medo também. De se arrepender e depois não poder voltar atrás, da reação do/a namorado/a.

Quando terminam com você, ah, o medo. Já começa na conversa, na maldita conversa. Você sente que algo está acontecendo. E sente medo. É o medo do fim que está vindo, que você vê e sente que está chegando. Medo da dor que vai sentir, do sofrimento que você não sabe até quando vai te corroer por dentro. Você tem medo que esse sofrimento te corroa por fora. Medo do que fazer sem a pessoa amada, medo dos dias vazios que virão, da saudade que vai martelar. Nossa senhora, você morre de medo do que vai ser de você a partir daquele fim. Fim que você previa, talvez, mas e daí? Continua sendo um fim, continua doendo, e por isso e tanto mais, te dá um medo danado.

O medo do fim pode durar pouco, pode ser superado, pode inclusive ser pequeno. Não importa. O medo EXISTE. Em todo mundo. Não importa a idade - quem não tem medo de morrer? De sofrer nessa morte, de ter mesmo vida eterna e ter que ver o sofrimento dos que ficaram. O fim da vida traz medo, mesmo que seja o medo de ficar pra semente. Tem gente com medo de envelhecer, é o medo do fim da juventude. Chegar ao fim dá medo, mas é preciso do fim para que haja novos começos, e principalmente, recomeços. Seja nessa vida ou em outras, nesse texto ou no seu novo emprego. Dá medo acabar com esse namoro que você sente que não vai a lugar algum, quando você quer ir.

Lembra do medo de escuro, que você aprendeu a ligar o abajur? Foi quando você descobriu que o medo não passa, mas a gente enfrenta. Você tateou e achou o interruptor. Bateu o dedinho no pé da cama, fez um roxo na perna, mas achou. Quando for terminar algo, é a mesma coisa. Vai dizer umas besteiras, se arrepender de outras, chorar por algumas. Mas vai superar, e achar a sua tomada. É só uma questão de tempo - e de coragem.


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sofrimento

A gente sofre. Todo mundo sofre. Porque repetiu o ano no colégio, reprovou a matéria importante, foi demitido, ou porque o time caiu pra segunda divisão. Acontece. O que muda são as reações. Tem quem chore, quem grite, quem desconte na pessoa errada, quem tente se matar em rede nacional de televisão. E tem aqueles que aprendem a viver com aquilo. Metade desses, sofrem até passar. Porque no fundo, a gente sabe que sempre passa. A outra metade faz de tudo pra que esse tempo passe mais rápido que a cronologia nos permite.

Confesso que eu sempre começo meus períodos de sofrimento fingindo que sofro mas que passa rápido. Antes, isso funcionava. Ou porque eu era mais nova ou porque não era realmente sofrimento. Até que um dia eu cresci e senti dor de gente grande. Foi quando percebi que, bom... A cronologia é nossa pior inimiga. A infeliz faz os números da data no canto direito do seu Desktop mudarem voando, mas cadê que dentro de você as coisas funcionam assim? Dentro de você as coisas simplesmente não funcionam como você queria.

Tem gente que reluta. NÃO QUERO E NÃO VOU SOFRER. Preciso também confessar que, às vezes, isso pode ajudar. Mas só às vezes. E só ajuda. Funcionar que é bom, necas. Todas as vezes então, nossa senhora - nem pensar. Oscilei. Cambaleei muito, nos últimos tempos. Dizem que foi pra aprender. Eu sei que foi, mas é essencial que se admita os erros. Admito, e com isso fui me forçando a mudar. Pára, que assim não funciona. Chega de mentir, de fingir. Pros outros e principalmente, pra gente mesmo. Não funciona e não faz bem. Vamos conviver com a dor, sem deixar que ela se apegue demais.

No meio do caminho a gente pensa que virou amigo da desgraçada, que não larga mais. Larga, sim. É a nossa mania que não saber até quando que atrapalha. Mas uma hora a gente se acha nesse meio de sofrimento, lembranças, tentativas quase sempre frustradas de fugir e pronto: o tempo passou. E não foi só: passou, e levou todo aquele sofrimento junto. É verdade que ele acabou deixando o vazio, que invariavelmente se confunde com saudade e a gente não sabe mais se são só lembranças ou se é vontade de voltar no tempo. No meu caso, são lembranças. Com as vontades eu aprendi a lidar, e agora elas sabem que só se manifestam se eu deixar. Hoje, eu não deixo mais.

Minha única vontade é de ser feliz, e de não permitir que me impeçam disso. Só se é infeliz quando deixam de se cuidar. De mim, cuido eu. Lembre-se que quando você deixou que outra pessoa o fizesse, ela resolveu que não queria mais. É nossa responsabilidade nos fazermos felizes. Faça-se feliz, sempre. Se alguém te ajudar nisso, ótimo. Senão, melhor ainda. A gente sempre se conhece melhor sozinho. Talvez pra saber melhor o que dizer pra quem escolhermos dividir nossa vida, um dia. “Olha, eu sou assim.” Ou simplesmente pra ter o que escrever no perfil do Orkut.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E quando eu tento e a vida me prega peças?

- Tem gente que não some, né?

Foi o que minha irmã disse quando viu que certas pessoas não somem de nossas vidas, mesmo que o tempo passe, que sentimentos e qualquer ligação entre elas também. Acabou, cara, qual é a dificuldade de entender? Tá, entendeu, mas pra que contato? Que amizade é essa que nunca existiu antes, e mesmo durante nunca foi grande ou importante o suficiente para resistir a tudo?! Sim, eu posso estar exagerando. Mas é que tem gente que só sabe se curar cortando o mal pela raiz. Eu sou uma dessas pessoas.

Não consigo ficar amiguinha de pessoas que me traíram de alguma forma. Recentemente duas pessoas queridas o fizeram, cada uma à sua maneira. Cortei. A não ser que me peçam desculpas, que me façam entender que vale a pena voltar, se expliquem, sei lá, eu corto. Não quero manter por perto coisas ou pessoas que não me fazem ou não me fizeram bem de alguma forma. Infelizmente, isso pode se dever a terceiros. Claro que isso não existe quando o vínculo sai dessa ligação, mas no meu caso, não saiu.

E quando eu tento me afastar e andar pra frente, mas a vida me prega dessas peças, ou simplesmente as pessoas não entendem que eu quero ficar longe, que tudo isso é por opção e não coincidência? A gente tenta ser sutil, procura os melhores jeitos, mas nem sempre eles funcionam. Tem solução? Deve ter, sempre tem. Só que eu ainda não achei. Está lá, me olhando, aquela ligação não atendida, aquele número que eu quero mas não devo armazenar no celular. Aquela mensagem que eu quero apagar, aquela autorização que eu quero negar mas tenho receio. Está lá aquela janela de MSN me chamando.

Está tudo lá. Esperando. E nem sei por que, se eu já não espero mais.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quem espera, quando alcança?

A frustração é uma das piores sensações que uma pessoa pode sentir. É a perda de um sonho que se criou, muitas vezes sozinho sem nem perceber. É ver morrer todo um projeto, todo um planejamento grandioso, que muitas vezes não fazia parte da vida de outrém. O ser humano tem a péssima mania de querer que os outros saibam o que ele está pensando, ou de querer alguma coisa tanto quanto ele quer. É incrivelmente difícil entender que os sonhos mudam de pessoa para pessoa, e que nem todo mundo é obrigado a ter os mesmos planos do próximo, mesmo que isso signifique também não fazer nada para atrapalhar. Esperar alguma coisa que pode não vir é frustrante, mas saber que essa possibilidade não é mais remota, mas inexistente, chega a ser triste.

Quando se aposta todas as fichas em algo, a probabilidade de perda é de cinqüenta por centro - sempre. Em jogo, esse número varia pouco, e a não ser que o jogador seja um gênio da matemática, sabe que depende da sorte. Sendo as fichas na vida real, do lado de fora da mesa do carteado, não é bem assim que a banda toca. As probabilidades costumam oscilar consideravelmente, assim como a torcida pela sorte, ou pelo final feliz, aumentam ainda mais. Vêm as esperanças de que tudo vai dar certo, o certo que cada um considera e acredita ser único. Só que não é bem assim. Regras, atitudes e comportamento humanos variam mais do que humor feminino naquela semana X do mês.

Esperar por palavras que não serão ditas, pessoas que não voltarão, seja para sua vida, para o seu lado ou daquele país para onde foi passar as férias. Não esperar é ainda mais complicado, porque no fundo, sempre se espera. E o problema da espera é que, mesmo não explícita, frustra do mesmo jeito. Uma amizade não recuperada, um pedido de desculpas que nunca chega, uma carta que se perdeu no caminho. Um emprego novo que não saiu, a promoção que não foi desta vez. Logo você, que batalhou tanto para isso, no quesito querer. Fazer por onde, talvez não tenha feito, mas você quis muito. Só querer não basta. Às vezes, nem fazer. Fica por conta da sorte, do azar, ou seja lá de quem for a conta.

Depositar todas as fichas que se tem em algo, seja que algo este algo for, é frustante. Ou ao menos pode ser - as chances são grandes. Principalmente quando não depende de um lado só. Se fosse por vontade nenhum time de futebol perdia gol, jogo ou campeonato. Mas não depende da torcida, nem da mera vontade dos jogadores e dirigentes. Assim como querer uma ligação não depende só de um lado da linha. Mesmo que uma parte queira e faça por onde, como é que se explica quando o lado de lá não quer e ponto final? Porque frustar-se dói, e expectativa quebrada também. Falta de esperança deixa vazio, e excesso pelo que é tão escasso traz tristeza. Quem espera alcança, um dia. Que talvez nem exista no calendário daquela relação.