quarta-feira, 15 de abril de 2009

Orgulho

Ela acabou um namoro de 4 anos no final do ano passado. Ficou solteira, aproveitou todas. Ele sofreu, ficou sozinho, arrumou uma outra e está tentando partir pra outra. Ela descobriu, não gostou e começou a reaparecer na vida dele. Ficaram juntos, mas sem compromisso. Ela percebeu que ainda gostava dele, e quis voltar. Ele enrolou uma vez, duas, até que tomou uma decisão. E isso foi hoje:

- Ele me deletou do Orkut e do MSN porque diz que ainda gosta muito de mim e quer me esquecer.

- Você disse que ainda gosta dele?

- Disse que queria voltar.

- Mas os homens não entendem, tem que ser bem explícita. 'EU GOSTO DE VOCÊ'.

- Mas ele entende, sempre me entendeu.

- Vocês duas têm que entender que ele está com orgulho ferido. Sofreu muito, e não quer sofrer de novo.

Fiquei indignada. Como assim, o cara vai deixar de ficar com a garota que gosta, que sempre gostou, o dito 'amor da vida dele' porque está com o orgulho ferido? Meu filho, quem mais do que a menina dos seus sonhos (nossa, que antiquado!) pra te curar?

Nunca acreditei no "vou ficar longe de você mesmo te amando porque vai ser melhor assim". Nem que a pessoa fique com quem supostamente lhe faz mal só pra sentir na pele e acabar deixando de gostar, mas estando junto. Gostar de alguém e se manter longe por vontade própria me é incompreensível, não adianta.

Sofrer longe de uma pessoa por vingancinha, mero orgulho bobo porque o outro terminou contigo? E se a pessoa se arrependeu? Todo mundo erra, ora. Depois de milhares de erros ok, compreensível. Mas depois do primeiro? Depois de uma longa relação, cheia de história boa pra contar e cheio de saudade dela no peito dos dois? Então é porque não tem mais amor.

Garoto esquisito. Eu, hein. Eu certamente agiria diferente.

Se bem que, pensando melhor, depende. Depende muito das histórias, do que falaram, de como essas coisas foram ditas, depende do que não foi dito e do quanto esse silêncio doeu, e por quanto tempo doeu.

É, amigo, você que sabe. Acho até que eu faria igual...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em 9/4/2009

Lembra daquele referendo sobre o desarmamento no país, em 2005? Eu tinha 19 anos, nunca havia pensado em ter uma arma na vida, mas precisava ir lá votar a favor do fim das armas por aqui. Primeiro porque a gente tá careca de saber a quantidade de gente sem noção, despreparada e até desiquilibrada que porta arma nesse Brasil (e não, eu não estou falando só de bandido). Sou e sempre fui a favor dessa diminuição de maluco com acesso a armas. Claro que eu sei que a violência deveria permanecer a loucura de sempre, mas talvez diminuísse aqui e ali. Já valeria a pena.

Sem entrar em mérito da segurança, que nosso governo, principalmente aqui no Rio, o que menos faz é garantir a nossa, mas enfim. Sempre que estou num dia raivoso e estressante, dou graças a Deus por não ter porte de armas. Considero-me uma pessoa equilibrada. Acho que só bati mesmo em alguém uma meia dúzia de vezes na vida. Uma quando iam me assaltar e todas as outras pra me defender, porque se não o fizesse, nenhuma das 30 pessoas à minha volta o faria e era bem provável que eu apanhasse ainda mais.

Não sou violenta e costumo ter paciência quando se trata de trabalho. Na faculdade não, pelo contrário. Explodo com a burrice, ignorância e falta de compromisso das pessoas DIARIAMENTE. É demais pedir que as pessoas sejam compromissadas com o próximo, no mínimo? Quer ficar com nota baixa? Opa, beleza. Mas o que sua dupla, trio ou membro de grupo tem a ver com isso? Pois é. Mas eu explodo, dou meia dúzia de berro e daqui a um mate de galão e um croissant da lanchonete tá tudo certo. Mas no trabalho são outros quinhentos. Eu não consigo explodir.

Pode ser pior pra mim, e deve ser, porque só quem se estressa sou eu, mas não adianta, pra mim trabalho é trabalho. Sempre fui assim, desde a primeira vez que fiz qualquer coisa em que fosse paga no final (sem ambigüidades, queridos). No máximo, vou guardando e um belo dia falo séria que aquilo me aborrece e acabam me pedindo desculpas. Aliás, eu já disse aqui que DETESTO que me peçam desculpas? Detesto. Nunca gostei disso. Errou? Ok, eu erro mais do que você. Admita, reconheça, e evite de verdade fazer igual. É simples (?).

Vim guardando meus aborrecimentos, explodi não sei, umas duas vezes nos últimos seis meses. Mas ontem... Ai, ontem não deu. Pensei sério: graças a Deus eu não tenho uma arma. Parece piada, mas não é: se ontem eu tivesse um revólver em mãos, quatro ou cinco que agora olham a minha cândida carinha digitando no computador não imaginam que hoje poderiam nem estar aqui. Na raiva, na vontade de fazer justiça por todas as grosserias que aturo, todos os foras que recebo sem necessidade, a gente não pensa. Só atira.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pode. Nem ligo.

Pode deixar de me ligar. Tudo bem, já não me incomodo se você finge que não sabe mais meu telefone ou simplesmente não quer me ligar. Já não faz mais diferença, tem tempo demais que meu telefone não toca pra sua voz falar do outro lado.

Pode passar por mim na rua e fingir que não me viu. Já doeu demais o 'olá' seco daquela última vez. Guarda pra você seus dois beijinhos no rosto e um abraço de amizade. Eu não quero.

Pode perguntar por mim e pedir pra não me contarem. Ninguém nunca me contou nada mesmo, e eu já cansei de me perguntar se andam te acobertando ou se você realmente nem quer saber de mim.

Pode deixar que da sua vida eu não cuido mais, tem até tempo que não. Sei lá por onde você anda, o que faz ou deixa de fazer. Não sei, ninguém me conta e eu nem pergunto também. Vai que você realmente não se interessa por mim? Chega de passar por pateta.

Pode me perseguir na rua. A essa altura do campeonato eu não fico mais esperando você surgir em cada esquina pra me fazer uma surpresa. Não espero mais que você ainda lembre das minhas senhas e com isso saiba tudo da minha vida. Tenho andado de cabeça baixa. Juro que nem vou te ver.

Pode lembrar e reviver memórias, que eu sei que você guarda e tem todas elas. Sobre as cartas e fotos, se sentir saudades, saiba que tenho todas. TODAS. Pra que rasgar no papel se da cabeça não saem? De fingimento já basta pros outros.

Pode vir ler meus textos, eu não me incomodo. Pra te ser sincera eu nem sei quem vem ou deixa de vir aqui, então sinta-se à vontade pra gozar da dor alheia ou se confortar sabendo que você não está sozinho...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A vida é uma incógnita

Eu não tinha a menor idéia que ia ser você a pessoa que seria meu próximo amor. Pra ser sincera, eu nem sabia se amaria de novo. Aliás, rasgando toda a capa que ainda visto quando escrevo pra alguém ler, eu nunca pensei que questionaria o amor que já cheguei um dia a sentir. Mas, a vida é uma incógnita. Como bem disse uma vez alguém muito querida, "nunca deixe de ser uma metamorfose". O caráter de uma pessoa, quando é bom, a gente não muda, nem se quiser. Mas um conceito, uma regra, um pensamento, por que não? A vida é uma incógnita.

Amores são vários; se são vários, não significam que algum deles não foi de verdade; amores podem, e devem ser diferentes. Os amores variam de pessoa como as pessoas variam pelos seus amores. Diferir não é algo ruim. O amor de outrora não é como esse? Tudo bem. Não quer dizer que o outro não era amor, que não era bom, que não foi feliz. Só era um outro amor, uma outra maneira, de um outro jeito. Diferente, mas nem por isso deixava de ser amor. Mas nada disso fazia parte das minhas convicções, aquelas que eu defendia com unhas, dentes e argumentos. Não fazia. Mas, a vida é uma ingógnita.

Eu não fazia mesmo idéia de que você, logo você, me provaria tanta coisa que eu nunca quis nem saber. Logo você. Fazia tempo que alguém não me conquistava. Aliás, fazia tempo que eu não deixava isso acontecer. As pessoas precisam de tempo, e eu precisava do meu. Pra jogar os discos fora, doar os livros lidos, enfiar as cartas velhas de volta pro fundo da caixa de recordações. Faltava esvaziar o armário do meu coração. Uma vez vazio, eu sabia que estaria de malas prontas pra sabe lá Deus onde. Tá, talvez Deus soubesse. Mas só ele. Porque a vida, ah, a vida é uma incógnita.

A gente demora pra admitir que estava errado. Não pelas convicções, mas por não reconhecer que elas podem nem sempre ser o melhor, e querer mudá-las. Mudança há de ser algo bom, de vez em quando. É bom variar, principalmente quando essa mudança vem de dentro. "Nossa, você parece outra pessoa!" Não deixa de ser. Ninguém muda de verdade cortando o cabelo ou fazendo uma tatuagem. Mas experimenta não querer mais passar os carnavais no Nordeste. Resolve parar de beber cerveja. Começa a fazer mais amizades e ter menos conhecidos. Vai que você fica mais feliz assim? Nunca se sabe: a vida é uma incógnita.