quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A fila

Tem hora que a fila tem que andar
Você pode não querer
Você pode não gostar
Mas ela precisa continuar
Cada um tem sua vez
E é melhor aproveitar
Faz o que tiver que fazer
Pergunta o que tiver que perguntar
Porque a fila precisa passar
Às vezes demora um pouco
E ela anda devagar
Assim como tem hora
Que ela parece voar
Tem fila que dura uma vida inteira
Mas a gente não tem como saber
Por isso que, na dúvida,
Aproveita ao máximo o seu tempo no guichê
Porque o tempo passa rápido
Ele não vai voltar
Você pode ser o próximo de toda vez
Ou só mais um que vai passar

Você vai fazer essa fila andar?

Nina Lessa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Se o mundo for mesmo acabar amanhã

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, me espera antes do trabalho que eu vou passar pra te ver. Queria umas últimas horas com você - pode ser?

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, deixa a porta aberta que dessa vez eu apareço. Aproveito e te faço pessoalmente todas as perguntas que você finge que não fiz, pra não ter que responder.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, dá um jeitinho e vem conversar comigo? Já faz tanto tempo, que eu queria pelo menos, que acabássemos esse mundo como amigos.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, queria te contar o que eu fiz naquela noite, mesmo que você não vá me perdoar. Quero que o mundo acabe sem segredos.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, eu vou tentar ver se ainda sei seu número de cabeça e te ligar, pra que você saiba que, mesmo não querendo ser sua amiga, eu te perdoei.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, vou abrir a última garrafa de cerveja e beber sozinha, pelos 10 meses e 19 dias de sobriedade - mas só se dia 22 não vier, de verdade.

Mas eu não sei se o mundo vai acabar, então deixa tudo isso pra lá.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A gente nunca vai saber

Tem coisas que a gente nunca vai saber e precisa aceitar.

A gente nunca vai saber se tentamos menos do que deveríamos, ou se nem apostar uma ficha valeria a pena. A gente nunca vai saber se desistimos muito rápido - nem se demoramos demais pra finalmente entregar os pontos.

A gente nunca vai saber sem perguntar, mas tem medos que existem e são mais fortes do que a gente. Vamos deixar pra lá por orgulho ou autoestima, por doses pesadas de realidade ou simples medo de dar tudo errado, de novo.

A gente nunca vai saber sem tentar, porque tem medo de errar na mão e tentar demais, e tentar de menos, e se arrepender por qualquer uma das decisões. Porque a gente precisa de reciprocidade que a gente nunca vai saber se existe.

A gente nunca vai saber e vai levando; a gente nunca vai saber e vai se questionando. A gente nunca vai saber o que se passa em certas cabeças nem em certos corações, porque a cara e a voz podem estar mentindo.

A gente nunca vai saber de muita coisa nessa vida, e pode existir magia em não saber. Mas tem hora, tem coisa, e tem muita coisa sobre certa gente que a gente vai remoer.

E a coragem de admitir que quer saber?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tem Dia

Tem dia que a gente está cansado e não quer mais saber. Passa direto e nem olha pro lado; finge que não viu o retrato nem pensou em você.

Tem dia que o coração está particularmente mais machucado. Então o telefone toca e a gente se poupa de mais; não atende nem retorna, deixando mais essa dor pra trás.

Tem dia que a gente acorda com mais esperança, e pensa que um dia, quem sabe um dia, as coisas não podem mudar? É quando a gente manda uma mensagem, no Facebook ou no Whatsapp.

Tem dia que a gente não liga muito, que ouve mais os conselhos de quem diz "é não ligando que ligam pra gente". É nesses dias que não olhamos pro lado, só pra frente.

Tem dia que parece que não vai passar. É dia de ouvir pagode, de achar sentido em sertanejo pop e talvez, chorar. Nada que um tempo não faça passar.

Tem dia que a gente admite que não tem mesmo muito o que fazer. Aí a gente vai viajar, vai malhar, ou até mesmo vai pro bar beber. Ou nenhum deles - a gente vem e começa a escrever.

Nina Lessa

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desisti

Desisti, eu confesso
Não aguento mais esse retrocesso
Que são as relações modernas
A gente se quer
Mas não se importa
A gente se vê
Mas não se nota
Desisti e tô fechando a porta.

Desisti de continuar tentando
Mesmo que estivesse achando
Que poderíamos ser algo mais
Um dia
Desisti porque sei lá,
Tudo me parecia
Uma longa mentira
Sabia?

Desisti de todo o processo.
É tudo muito enrolado
Haja joguinho
Haja desculpa sem sentido
Pra justificar problema bobinho
Então eu desisti porque confesso
Que notei você me deixando de lado.


Notei errado?

Nina Lessa

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Poesia

Falar a verdade é novo?
É algo assim tão bonito?
Você não precisa ser grosso
Pra que te dêem ouvidos

Ser honesto não é ser um ogro
Você não precisa ser um mala
Sua opinião é só sua
Se ninguém pedir, nem de graça

Quanto mais você bate numa tecla
Menos verdade a gente sabe que é
Quanto mais certo você se acha
Mais longe de você a gente bota fé

Não precisa ser inconveniente
Pra mostrar que você gosta
Deixa o recado, avisa
E quando sair, não fecha a porta 
(Que se quiser, a gente volta)

Nina Lessa

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Então é Natal

Então é Natal e a gente já não tem mais idade pra escrever cartinha pro Papai Noel, mas  a gente cresce e com a gente, crescem os pedidos. A gente quer tudo e mais um pouco, e com o tempo vem crescendo as doses de realidade e requinte de pé no chão.
Então é Natal e a gente aprendeu que não precisa pedir coisas concretas: é só trabalhar que a gente mesmo compra.


Então é Natal e a festa é cristã, mas pedir coisinhas com a fé que temos, seja lá em quem ou o que, tá valendo do mesmo jeito. Os pedidos mudam, viram rezas e tem gente que vem pedir marido, quando deveria pedir pra não ter que pedir por isso, por uma instituição ou por amor. Gente que pede pra ser feliz, e esquece de abrir o olho, levantar e sair de joelhos, pra ir lá, ser feliz.

Então é Natal, e ano novo também. Não pede pra não se magoar, mas sim pra saber lidar com todas as mágoas, porque elas vão vir, mas também vão passar. Ao invés de pedir paciência, pede pra lembrar de respirar fundo, de sorrir - e se esforça, que às vezes nem pedir isso vai ser preciso. Não pede amor, não pede grandes histórias, não pede. Levanta e ama, escreve a sua vida, sem pedir.

Então é Natal, mas isso vale pro ano todo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Não sei muito bem

Eu não sei muito bem como dizer isso
Já faz tanto tempo que não sinto
Nada diferente de empolgação
Que fico completamente idiota
Quando você vira pra cá e me olha
Que me desconcerta, e eu perco a noção

Eu não sei muito bem como dizer isso
E é justamente pensando nisso
Que eu não digo nada
Vai que eu falo merda?
Você acaba rindo e me concerta
É bem a minha cara

Eu não sei muito bem como dizer isso
Então fica tudo meio esquisito
Quando tento demonstrar
Sou melhor nas palavras
Mas tenho vergonha na cara
E ela me paraliza na hora de falar

Eu não sei muito bem como dizer isso
E é por isso que ainda não te falei
Pra que você não entendesse errado
E sem saber o que me responder
Permanecesse calado
Eu não sei como dizer que gosto de você.

Ops. Falei...

Nina Lessa

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Devaneios - 2012

Não consigo por em palavras quão difícil é aceitar que te perdi. Por mais que tenha passado tanto tempo, por mais que tanta coisa tenha mudado. Ainda não consigo não ter saudades. Ainda é você que vejo quando penso em alguém, não adianta. É com você que vou comparar, é contigo que sonho sempre, é seu número que espero aparecer quando o telefone toca. E você nem sabe que foi o cara que eu mais amei.

Por mais que não pareça, morro de medo de não conseguir te esquecer. Já passei por isso um dia, mas é assim mesmo? Cada vez a gente ama mais? E você achando que não tinha sido meu grande amor, quem diria. E agora eu não consigo seguir minha vida sem você. Vou levando como se te esperasse voltar a qualquer momento; como se esperasse a saudade sumir sem aviso prévio; vou vivendo como quem espera.

Você não sabe o quanto eu te amei. E foi por isso que me desfiz. Se foram roupas, acessórios, coberta e fronha de travesseiro. Me desfiz do que você me deu e do que era meu, mas me lembrava nós dois. Me desfiz dos quilos que traziam nossos restaurantes e bares preferidos; me desfiz das nossas garrafas de vinho. Fui te deixando pra ver se aceitava, se me acostumava a te perder. Já me desfiz de quase tudo - só não me desfiz de você.