quinta-feira, 10 de maio de 2018

Amores (?) do Passado

Amores (?) do Passado

Não é porque existe saudade que necessariamente existe sentimento maior que carinho pela história existente. Às vezes a saudade confunde memórias de momentos bons com a falta dos personagens - e nem sempre isso quer dizer presença de sentimentos que já passaram. Porque saudade é geralmente só de momento bom.

O coração registra muito bem as sensações que já tivemos um dia para que achemos que estamos sentindo de novo num futuro qualquer. A gente cai quase sempre, confunde mesmo nostalgia momentânea com resquícios de amor. Cada amor é novo, assim como cada saudade, mesmo que mentirosa.

E então choramos saudades que estavam enterradas, porque é muito fácil lembrar só do que foi bom. O tempo faz isso: apaga as raivas. Quanto antes aprendermos isso, mais sofrimento (mesmo que falso) é poupado. Porque a gente confunde gostar de sofrer com a sensação de já ter amado um dia.

(Nina Lessa, em 2013, pro blog Por que as namoradas)

DR ou Não DR? (texto de 2013)

DR ou Não DR?
Eis a questão, minha gente. Dizem que as mulheres adoram discutir uma relação, seja lá que relação for. Em defesa da minha classe, acho que o que as mulheres preferem é resolver o problema antes que ele vire uma bola de neve, onde a única solução é acabar com o namoro, porque já não tem como resolver.


Pois é: todo relacionamento tem problemas, mas eles começam pequenos. As briguinhas e  implicâncias pequenas que não são levadas a sério são os maiores erros que um casal pode cometer. Você sempre pensa que aquilo não vai dar em nada maior, e é justamente o conjunto dessas mini-dores-de-cabeça que vão ser o câncer maior.


Se conselho fosse bom o mundo estaria lotado de milionários (inclusive eu), principalmente quando nem sempre conseguimos fazer o que pregamos, por isso cada dia é "mais um dia" na longa jornada de vencer o cansaço mental que uma DR dá e resolver os pequenos problemas, um a um, antes deles virarem um caos.


É chato ter DR? É. Ninguém gosta de reclamar, de correr o risco (pra não dizer ter a certeza) de ouvir o que não quer, de relembrar dores e mágoas passadas (que DR não traz isso?). Mas é preciso, mesmo que poucas, mesmo que chatas e com mais raiva do que compreensão. Com o tempo, que haja mais entendimento - mas é só com o tempo.


Nina Lessa (texto de 2013, pro blog Por que as Namoradas)

Texto de 2013

Por que NÃO namorar?

As pessoas são carentes - TODAS as pessoas. Algumas mais, outras menos, mas cada vez mais gente tem se mostrado um poço de carência. Tudo isso é culpa de uma falta imensa de amor próprio. A baixa auto estima é algo bastante comum e quase ninguém consegue perceber como isso afeta a própria vida. Não se pode pensar que é normal não gostar de si mesmo - ser comum NÃO É ser normal.

É muito mais complicado do que parece a percepção da falta de amor próprio, mas um dos sinais é ficar com uma pessoa uma única vez e achar que está apaixonado, fazendo planos com alguém que acabou de conhecer. A pessoa com baixa auto estima cria uma relação que não existe e sente um amor que nunca bateu dentro dela, realmente. O que bateu foi a carência.

Por isso, antes de pensar em namorar alguém, o exercício de aumentar a auto estima e gostar de si mesmo é muito necessário. Quando a gente gosta da gente, a probabilidade de uma pessoa vir a gostar é bem maior - e bem mais sincera. Não é fácil reconhecer nossas qualidades e defeitos, mas não tem coisa melhor do que saber lidar com a gente mesmo, depois que isso acontece.

Depois de conhecer a si mesmo, você vê que não precisa que outra pessoa esteja te fazendo companhia o tempo todo. Você se diverte sozinho, aprende que conviver com você mesmo é bem mais legal do que pensava: você provavelmente não vai fazer nada que você mesmo não goste, né? Ser um pouco centrado não faz nada mal e é saudável, mas a gente só percebe quando chega lá.

Quando isso acontece, você faz mais amigos, fica uma pessoa muito mais agradável e enxerga que não são todas as pessoas que merecem estar do seu lado, desfrutando da sua companhia. Você consegue filtrar pessoas, e com isso sabe o que quer e não quer para a sua vida. Nesse meio tempo, conhecer alguém bacana e por quem vai se apaixonar, é um pulo, e quando você viu - já foi.

Comigo foi assim.

Namora com você antes, para depois pensar em namorar uma outra pessoa. Essa é a minha dica de namoro, a primeira delas.


(Nina Lessa, em 2013, pro blog Por que as namoradas)

Quando o Amor Morre (2013)

A gente não sabe dizer quando nem como isso acontece - um belo (?) dia acordamos e percebemos que não amamos mais a pessoa que namoramos. E agora?

Sem hipocrisia: aquele que termina uma relação porque deixou de amar nunca sofre como aquele que ainda sente amor. NUNCA. Ter pena, sensação de impotência diante da tristeza alheia, ok. Mas é só. O carinho que um dia todos vamos sentir, vem antes para aquele que deixou de amar primeiro - só isso.

Não pergunte motivos. Quem deixa de amar não vai saber responder, e muitas vezes, na raiva, acaba falando coisas que não são verdades; ou que são, mas nem todos os momentos pedem sinceridade nua e crua. O desespero faz a gente falar coisa que não precisa ser dita. Por isso, saia de perto e evite as perguntas.

Quando o amor morre, morre com a gente um fio de esperança no 'amor eterno'. O coração fica calejado e adaptado a todas essas fases - e no fundo, a gente agradece por ter deixado de amar primeiro. Só quem assistiu de perto o amor do outro morrendo, sabe a dor de não poder fazer nada pra recuperar.

Nina Lessa (2013)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

De 2018

É muito amor que ficou aqui. A gente acabou e eu fiquei sem saber o que fazer com tanto sentimento. Quem que eu vou amar? Saí amando os amigos mais ainda, sufoquei os sobrinhos e afilhados, fui amando cachorro e gato. O amor fica e a gente fica sem saber pra onde ir, sem saber pra onde amar.

E é por isso que eu tenho que tomar cuidado e não amar de graça. Veja bem, não é por mal. Mas se deixar, eu abraço causas que não são pra serem minhas só porque sobrou vontade de abraçar literalmente. Sobraram cafunés que não dei, carinhos por baixo da mesa, da coberta e no banco de trás do Uber; sobrou mão dada pela rua. Sobrou.

Quando o amor fica sobrando, a gente quer derramar. Primeiro a gente espalha por quem tá por perto, e quando não é suficiente, quando se torna sufocante, a gente conhece gente nova pra pensar que o amor é novo. Mas ele é só o amor velho querendo amar de novo. 

E tá certo ele: amor é pra amar, pra postar nos stories primeiro e na timeline depois. Amor é chamar pra ir no aniversário do amigo, apresentar pra família e pro animal de casa conhecer o cheiro. Só que tudo isso tem que ser de verdade, tem que ser um amor brotado e não reaproveitado da colheita anterior. Aqui ainda não tem muda, mas já tem raiz antiga indo embora.

Cada dia eu arranco um pedacinho de você. A laser. Na unha. É um show que toca a nossa música e eu consigo deixar passar. É um assunto que te lembra, mas eu esqueço de mencionar seu nome. É um seriado que você iria amar, mas eu indico pra outra pessoa e é com ela que eu comento os episódios. 

Devagar, mas vai. Vai porque você foi. Vai porque eu preciso ir, também. Vai ser difícil, não porque o que é fácil não é bom - a gente era fácil e foi ótimo, mas tem que ser devagar pra ser de uma vez. Pra quando chegar o dia do “eita! passou”, ter passado de verdade e eu poder sorrir com a sinceridade que eu sorri quando percebi que te amava.

Só no aguardo pra quando o próximo você irá chegar.

Nina Lessa/2018.

2017/2018

Eu morro de vontade de sabotar minha promessa. Fingir que não vai me fazer mal responder a sua mensagem que eu consegui até hoje não visualizar. Fingir que você não tem alguém, tentar te tirar de onde você me tira sem nem saber.
Eu morro de vontade; quantas vezes não digitei sem mandar?! Já nem sei mais. É musica, é série, é qualquer coisa porque a gente era tudo, né? A gente falava sobre todas as coisas, então não tem como não morrer de vontade sobre todas as coisas.
Eu morro de vontade de usar a minha saudade e fingir que a gente vai dar certo. Fingir que vou abrir mão do que não tem espaço se a gente ficar junto. Eu digo pra mim mesma que tem sim, e que não é a vodka falando. Até que eu fiquei sóbria.
E aí eu morro de vontade, mas sei que é fingimento, que tem promessa e que ela existe porque eu me poupei. Eu pedi pros céus me ajudarem a não me fazer sofrer mais. Eu pedi amor próprio, auto estima e força de vontade.
E no final do período você me ligou. Será que você sabia da promessa? Pareceu. E eu atendi. Não tinha mais seu número e a memória do telefone não me avisou que era você. Ela sempre avisa, mas naquele dia, não.
Então foi a minha vez de dizer “não”. Cada poro do meu corpo implorava pra que eu dissesse sim. Pra que eu largasse tudo e mentisse pra mim mesma que no dia seguinte estaria tudo bem, quando cada um voltasse pra sua vida, sem o outro.
Meus poros precisavam entender que você já não é mais meu porto porque você não quer, e que eu já não sou mais o seu porque você não me vê mais assim. A autoestima me dá forças que os resquícios de amor e saudade se recusam a entender.
Eu não sei por mais quanto tempo, mas ainda não curou. Neguei até onde pude que estava tudo bem, mas a verdade é que não está e olha: não tem problema. Me abracei e falei pra mim mesma que ia dar tudo certo.
Porque sempre vai. Mas até lá, sou eu ou você. E se em uma coisa que você me ensinou, é que nós mesmos estamos sempre na frente, mesmo de quem amamos. Aprendizado completo: dessa vez eu escolho eu. E sou eu daqui pra frente.
Nina Lessa
2017/2018.

Como é?

Como é?
Já não lembro mais como ama
Nem como é se apaixonar
Mas também já esqueci como se sofre
Como dói aquela dor de quase morte
Então na balança, prefiro como está.
Pensar antes de dormir
Mandar mensagem quando acordar
Faz pouco tempo, não vou mentir
Mas o vazio ocupa espaço
No tempo de dentro e do calendário
Então ainda não quero me apaixonar.
Tem mais vantagens do que a falta delas
Não ter aquele um pra contar
Porque a gente lembra dos amigos
Que no fundo, não está sozinho
E mesmo se estiver, ainda é melhor que se ferrar.
Um dia o amor sempre chega
Porque se apaixonar não é controlável
Mas a ansiedade, a carência, o tesão
Quando a gente aprende a dizer NÃO
Podem fazer parte do evitável.
Aí quando for a hora exata
(E provavelmente vai ser do nada)
Não vai ter mensagem no WhatsApp
Foto do amigo no Instagram
Que te façam pensar duas vezes.
Quando chegar
A hora e a pessoa
Porque virão juntas, se lembra?,
Aí seu coração abre sozinho
Arranca na unha os espinhos
E tudo vai ter valido a pena.
Nina Lessa
Dezembro/2017.