sexta-feira, 30 de março de 2012

Poesia

É claro que eu sinto sua falta
Que que você acha?
Que todos esse anos não foram nada?
Pensa bem
É claro que penso em você
Se você pensa em mim também
A troco de que não iria pensar?
Você acha que tem alguém no seu lugar?
Presta atenção
Olha o nosso fim
Se não foi bom pra você
Por que seria bom pra mim?
Eu não mudei tanto assim
É claro que ainda há amor
Mesmo que muito misturado à dor
Mas você me pediu por favor
Que me afastasse de vez
Por isso não voltei mais
Mas olha pra cá, pra trás
Você ainda não me respondeu
E se eu voltasse?
Você ainda seria meu?


Nina Lessa (22/03/2012)

Não adianta

Não adianta. Você pode me dizer com todas as letras o quanto eu estou errada em achar que comigo vai ser diferente, que dessa vez ele vai mudar, porque afinal de contas eu mudei. Vou continuar acreditando em milagres e dias melhores; vou continuar esperando que tudo seja perfeito, no final. Não adianta você me dizer que é burrice minha, por mais que seja.


Não adianta. Você vai gritar pra todo mundo ouvir. Todo mundo vai gritar pra eu ouvir, mas eu não vou conseguir ver que estou exagerando ou fazendo o que não deveria. Enquanto eu achar que é o certo, enquanto eu acreditar que o caminho é um - por mais que esteja na minha cara que o caminho seja outro -, não vou conseguir, de jeito nenhum, mudar de ideia.


Não adianta a quantidade de vezes que você vai tentar me convencer do contrário, qualquer contrário do que eu (acho que) penso. Eu sempre vou guardar milhões de fios de esperança de algo diferente, de algo insano, talvez, e toda essa fiarada vai me manter falsamente aquecida num casaco de lã de mentiras, ou de ilusões, chame como quiser. Eu admito, mas não adianta.


Não adianta eu quebrar a cara dúzias de vezes - eu preciso quebrar a cara sempre, mas principalmente, eu preciso quebrar a cara sozinha. Só conhecendo cada uma das minhas feridas é que eu consigo aprender a curar todas elas, uma a uma. Só sentindo a dor de cada sofrimento é que eu vou saber evitar, ou não, mas quem decide isso sou eu, então não adianta.


Não adianta você querer me ensinar dizendo que já passou por isso, e que tudo é igual. Por mais que seja, eu também sei que não é. A nossa dor é sempre maior e nunca parecida com qualquer dor que já doeu por aí. Então não adianta vir com palavras maduras ou confortantes, porque não é isso que eu quero, por mais que seja de alguma delas que eu precise.


Não adianta. Eu não vou deixar de ter medo, por mais coragem que me emprestem; não vou perder a vontade, por mais risco que exista de tudo dar errado. Sou eu mesma quem vai perder o medo; sou eu mesma quem vai matar vontades que não sei serem daquelas que dão e passam. Não adianta me dizer o que fazer, e eu sei que vou errar. Mas é que quando for o certo, o mérito tem que ser só meu.

terça-feira, 27 de março de 2012

Parabéns pra mim

Parabéns pra mim, que sobrevivo há 26 anos nesse mundo louco e ainda tão cheio de preconceito. 


Parabéns pra mim, que reconheço ainda ignorar tanta coisa, que luto contra pré-conceitos diariamente, que também tenho minha cota de loucura. 


Parabéns pra mim que magoei muita gente e soube pedir desculpas. Nas vezes que eu não soube, me perdoei com o tempo, e espero ter muitos 26 anos pra viver com a consciência ainda mais em paz.


Parabéns pra mim, que soube superar as mágoas pelas quais passei sem medidas drásticas, sem tristezas muito longas, e sem vocês, que me magoaram.


Parabéns pra mim que aprendi a perdoar, e não a esquecer. Que aprendi a sentir saudades saudáveis e abrir espaço pras coisas novas.


Parabéns pra mim, porque isso tudo não é fácil.


Parabéns pra mim que não tenho vergonha de admitir todas as coisas que não quero fazer, e também todas as pessoas que não quero na minha vida.


Parabéns pra mim que demorei, mas finalmente aprendi que não é culpa de ninguém, somos diferentes e eu sou assim, hoje com 26 anos.


Parabéns pra mim que posso não ter os mais nobres ou perfeitos amigos do mundo, mas tenho os melhores que sonhei pra minha vida.


Parabéns pra mim que hoje, posso ainda não me ver daqui a dez anos, mas tudo bem, Há dez anos atrás eu não me via onde estou hoje e esse hoje me faz muito feliz.


Parabéns pra mim que consegui superar as expectativas que criei, mas que esqueci que a gente muda. Superei tudo isso bastante satisfeita, mesmo com todas as dores, tropeços e arrependimentos. No final das contas, tem sempre valido a pena, e é por isso que os parabéns são pra mim.


Pra mim que aprendi a amar ou aceitar todas as pessoas que fizeram parte desses 26 anos. Cada uma contribuiu para tudo que sou hoje, cheia de defeitos e qualidades, mas principalmente, cheia de orgulho de mim mesma.


Parabéns pra mim que cheguei até aqui, e talvez não seja nada, mas só de saber que se morresse amanhã, eu morreria feliz, acho que já mereço os mais sinceros parabéns.



sexta-feira, 23 de março de 2012

Me desculpa

Me desculpa por todas as besteiras que eu fiz. Por todas as vezes que falei antes de pensar melhor, sem me preocupar com o que você ia sentir, em como eu poderia te machucar. Me desculpa por nunca priorizar você antes de tudo, antes de todos, achando que você teria forças suficientes pra superar qualquer dor ou perda. Me desculpa por não ter me esforçado tanto quando você me pedia, e por ter forçado demais quando você insistia que já estava suficientemente magoado e sem forças pra mais uma dose. Por favor, me desculpa.


Me desculpa por todo esse transtorno. Eu sei que meu jeito impulsivo é complicado de controlar, sei que você sabe disso, mas uma hora eu preciso aprender a ser mais focada e menos ansiosa. Se não por mim, que seja ao menos por você, que já sofreu demais por um problema que está em mim, e que nunca partiu de você. Pelo contrário, você sempre foi tão cauteloso que eu chego a ter orgulho, às vezes, em como você me poupa de mágoas desnecessárias. Se nunca te agradeci por isso: obrigada, com meu pedido de desculpas.


Me desculpa por tudo. Todas as cicatrizes que você tem e fui eu quem fiz. Todas as feridas que demoraram porque eu insistia em arrancar as casquinhas, como se fazendo elas sangrarem não fossem te dar um trabalho redobrado, na hora de curar tudo de novo. E eu ainda te culpando da demora, da maldita demora pra estar pronta pra outra. Te julgava fraco, mas era eu mesma quem tirava todas as suas armas e potência, quando insistia em abrir baús já fechados, ler cartas escondidas e buscar saudades já superadas. Você me desculpa?


Me desculpa pelas vezes que te chamei de burro. Reconheço que, de nós dois, você sempre foi o mais sensato. Juro que estou aprendendo a ouvir mais a sua voz, que mesmo sutil, é sempre fácil de ser ouvida - basta querer. Hoje, eu sei que quero, mais do que nunca. Desculpa por quando te ignorei e me achei madura por causa disso. Aprendi que maturidade é saber te dar razão mais vezes do que costumam te dar, porque você sempre sabe o que faz, por mais que, na hora, a gente não entenda bem o por que. Me desculpa, Coração. Me desculpa.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Poesia

Não jogue fora
Essa história
Ela não é só sua
Assim como a culpa
Do seu fim
E não me olhe assim
Com essa cara feia
De quem não se importa
De quem guarda uma raiva
Que eu sei que não existe mais
E sim,
Eu sei que vc me deixou pra trás
E seguiu sua vida
Fez bem
Eu também segui a minha
E ambos estamos indo
Não sabemos pra onde
Nem se é lá
Que um de nós se esconde
Talvez você espere
Esbarrar comigo em algum lugar
Você tem vindo me encontrar?
Ou tem me evitado?
Ou tem duvidado,
Sobre o que é melhor fazer?
Que nem eu tenho feito
Quando penso se quero te ver?
Diz que sim
Que você também tem medo
De me ver com alguém...
Ou já se acostumou sem
Mim?


Nina Lessa

quarta-feira, 21 de março de 2012

Saudades

Tem saudade que não precisa ser matada pra sumir: um dia ela simplesmente passa. Certas saudades nunca vão embora, mesmo que seus personagens, sim. Saudades costumam mudar de intensidade, de lugar e de alvo, também. Um dia saudades imensas vão se transformando e já nem incomodam mais - deve ser quando conforma-se com a ausência e com o fato de que o tempo passa mesmo, que as coisas e pessoas mudam e pronto. A maturidade traz a adaptação de todas as saudades, e qualquer amor já parece ser superável; qualquer dor aprende a passar e não tem falta que não seja suprida.


Mas tem momentos em que a saudade simplesmente estoura do lado de dentro. Geralmente é quando não se espera: ela entra arrombando portas e janelas de corações curados e memórias fracas. Saudade não respeita tempo algum. Ela tem ritmo próprio de arruinar, demorar e passar; de voltar, ser rápida e quase sutil. Sentimento algum consegue ser previsível ou dominável, mas a saudade é a única masoquista. Só nela o sofrer é gostável, é confortante. As lembranças que ela guarda tão bem e detalhadas dão uma falsa sensação de voltar e ter de volta, porém é mais triste do que romântico ficar tempo demais no passado.


É por ser triste que alguns respiram fundo e vão à luta para que nada fique somente pra trás, preso na saudade. Que vão à luta para garantir que as lembranças sejam contadas a dois, pelos dois, até o fim dos dias. Lutam pela distância desse horror que será viver de um passado que não passa, de coisas que não foram faladas, de oportunidades que não tiveram nem a chance de serem negadas - elas nem chegaram a ter chance de acontecer. Vão à luta pelo medo de amadurecem demais a ponto de aceitarem o inaceitável, e se conformarem com uma felicidade mais ou menos.


Poucas coisas são melhores do que matar uma saudade. Conseguir finalmente descarregar todo aquele sentimento que estava preso dentro de você, desabafar todas as palavras que você treinou dizer na sua cabeça. Nada disso tem preço. A esperança de, um dia, ter a chance de matar uma saudade nunca morre. Você espera, com toda a ansiedade do mundo - e também com toda a sensação de conforto que o talvez traz. Porque a gente nunca tem certeza; porque nada é definitivo. A esperança está sempre lá, esperando. É que se o pra sempre não existe para o amor, é porque também não existe para o adeus.



quinta-feira, 8 de março de 2012

Porque

Porque eu não demonstro uma gota da saudade que sinto, é verdade, mas você me conhece muito mais do que os meus olhares desviados.


Porque não é por não te ligar que a vontade não existe. Continuo digitando os números que ainda sei de cor; continuo escrevendo e não mandando mensagens pra você.


Porque eu não deveria escrever mais nada, não deveria falar mais nada, mas se eu prender por mais tempo tudo isso aqui dentro, vira câncer.


Porque eu ainda penso em você e em nós dois todos os dias e confesso, não sei se com mais medo ou certeza, que isso não vai mudar tão cedo.


Porque eu tento não lembrar das coisas boas, tento focar em tudo de ruim que vivemos, mas ainda não consigo ignorar tantos sorrisos do seu lado.


Porque mudar de planos é revigorante, mas só quando a gente quer que esses planos mudem, senão é só triste e doído.


Porque a gente sempre esquece como dói a dor da saudade, até que ela volta, ocupa o lugar que ficou vazio e faz cair a ficha de que acabou.


Porque não importa a sobriedade dos dias que passam arrastados, não importam as noites onde a falta é sempre maior - eu sempre espero uma coincidência.


Porque eu não acredito mais em histórias perfeitas nem em contos de fadas, então acho que sim, a gente ainda pode ter mais coisa pra viver.


Porque você me dá todos os motivos pra não ter esperanças, mas mesmo assim eu tenho, mesmo assim eu espero, mesmo assim eu te amo.



terça-feira, 6 de março de 2012

A morte

Saber lidar com a morte é uma das minhas maiores frustrações na vida. Eu simplesmente não sei. As pouquíssimas vezes que tive de fazer isso foram péssimas situações. Quando são pessoas desconhecidas, não sei como me portar diante daqueles que ficaram, com suas dores, no mundo de cá. Não sei o que nem como dizer. Minha cara não permite que eu minta, nem demonstre nada se não dúvida se estou fazendo o certo, ou o esperado. Não sei me portar em velórios, nunca assisti a um enterro. Quando a dor fica em mim, não suporto. Choro alto e acho que o mundo tem a obrigação de dar uma parada para que eu possa sofrer até passar, ou até virar só saudade. 


Reconheço a imaturidade e o ridículo que é tudo isso, mas a morte é, mesmo, um mistério. Não importa se a pessoa tem ou não religião, e se tiver, não importa também qualquer que seja ela. Quando a gente perde uma pessoa muito querida, seja sem "esperar" ou já "preparado", esquece-se tudo o que foi pregado, em que se acredita e a vontade de matar um por um que vem com discursos tidos como reconfortantes é imensa. A gente espera que o mundo sofra com a gente, que entenda a nossa dor e nos deixe sozinhos, ou nos ofereça abraços apertados, compreensivos e solucionadores. Mas nem sempre acontece, e nos conformemos se não houver nada disso.


Não sei terminar relacionamentos e todas as relações com as pessoas mais importantes da minha vida foram terminadas com brigas, sem conversas ou palavras que denotassem um décimo do amor que foi tão sentido, ou um milésimo do peso que fiquei carregando por causa disso nos anos seguintes. Não sei lidar com a morte do amor, da paz, da possibilidade do namoro continuar. E quando a gente não sabe como fazer alguma coisa, raramente tentamos de qualquer jeito, com medo de fazer uma besteira. O mais comum é largar de mão, desistir no meio do caminho e deixar assim mesmo, na esperança de que, um dia, nossa ignorância seja compreendida. Será?


Não sei se as pessoas a quem dei pêsames sabem desse meu bloqueio. Será que os que amo compreendem o escândalo que fiz quando perdi minhas avós e minha prima, ou me acham uma idiota? Acho que nunca vou saber, assim como a incógnita eterna se fui um dia compreendida pelos ex-amigos e ex-namorados que tive. Talvez nunca me contem porque jamais perguntarei, é verdade. Mas talvez mintam, e por isso escolho ficar com minhas dúvidas, porque de certezas, me bastam as mortes que ficaram. Por mais que alguns dias, como hoje, me bata a quase certeza de que alguma delas ainda tenha a chance de reencarnar na minha vida.