quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ou comprar uma bicicleta?

Chega uma hora que empurrar com a barriga simplesmente não funciona mais. A vida te coloca na parede e quer saber se você vai casar ou comprar uma bicicleta. Ninguém precisa te puxar num canto e de fato te perguntar isso, nem sempre o momento de uma decisão ser feita vem em forma de palavras, ultimatos ou beiradas de precipícios. Mas a gente entende, da forma que elas vem. Pode até passar um tempo achando que ludibriar o pulo pra um dos lados do muro vai funcionar pra sempre, mas vai enganar quem? Uma hora o lado precisa ser explorado, e de cima da mureta tem muita coisa que não dá pra ver.

Por mais que você conheça centenas de vantagens e quase todas as desvantagens de casar, e por isso acha que essa pode ser a escolha acertada, ainda assim você questiona se com você as coisas não podem sair diferente. Vai que você foge à regra? E se isso não for pra você e sua felicidade estar em sair pedalando uma bicicleta por aí afora? Você coleciona dúvidas, junto com todas as certezas que vem observando de cima do muro. Do alto, ainda consegue ter o melhor das duas coisas, mesmo que superficial. Por enquanto tá valendo, desde que o pior também seja só um pouco.

Mas um dia você escova os dentes e se olha no espelho. Sofre, mas só você sabe como dói a indecisão, ou o peso de saber a escolha certa mas faltar coragem pra toma-la. E não é nem o medo de se arrepender, de talvez estar sendo precipitado demais - no fundo você sabe que foram muitas observações, o suficiente para estar pronto para o que te espera, quando as escolhas forem feitas. Não é medo de pular do muro, é medo da dor da queda. Porque sempre dói, nos primeiros dias, talvez nos primeiros meses. Depois, a dor vira só psicológica, e é dessa que você foge.

Porque você sempre quis casar, mas no fundo nunca sonhou mesmo com isso, e bicicleta pra que, se nunca soube andar? A escolha certa você sabe qual é. Sabe que a queda dói, mas que passa. Sabe que o dia de amanhã é uma incógnita, afinal você se imaginava aqui, há dois, três anos atrás, quando aquela moça do RH daquela empresa te perguntou onde você se via mais na frente? Pois é. Você não sabia, nem sonhava que seria aqui. Porque sei lá, Nina, vai que no verão você aprende a andar de bicicleta em Paquetá?