terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lições

Eu gosto de aprender lições, e cometer erros, ao meu ver (e viver), é a melhor maneira de fazer isso. Sabendo que certas coisas são ruins, ou não funcionam, já sabemos melhor como agir na maioria das vezes e das situações. Claro que cada caso é um caso, e cada situação demanda algo diferente da outra, mas de uma maneira geral, as regras básicas são as mesmas, e antes o básico que funciona (a princípio) do que o excepcional que pode ser um desastre. Sou adepta da observação, para dar tempo de conhecer o ambiente. Costuma funcionar.

Gosto mais do que aprender lições com erros meus quando aprendo com os erros dos outros. Analiso certas coisas, vejo que não gostaria de tê-las para mim, e com isso faço o possível para que isso não aconteça. Só que às vezes exagero, e tudo que é demais, não costuma fazer bem. Nasci e provavelmente vou morrer perfeccionista, gente, não me dêem conselhos dizendo o óbvio porque já adianto: eu vou demonstrar tranquilidade com o mais ou menos, mas no fundo isso está me matando.

A gente aprende as lições assistindo a vida alheia, ouvindo as pessoas e peneirando tudo isso. Quando as relações, atitudes e reações são nossas, vimos que sentir na pele é indescritível e surpreendente - para os dois lados, o bom e o ruim. Existem lições que dão para não passar pela experiência e saber como são; mas tem outras que não tem jeito, é preciso deixar o merthiolate antigo arder e esperar passar sem assoprar, senão o efeito não é o mesmo, como já dizia nossa avó.

E vamos combinar? Tem machucado que a gente só sente que cicatrizou de verdade quando o tratamento dói; não tem  jeito.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lá e cá

A gente só entende que é possível quando passa pela experiência de estar feliz, mesmo estando triste. Porque já passou por coisa pior na vida, ou por coisa que pareceu pior, porque você era menos experiente, mesmo calejado pela vida, mais imaturo - a razão é de cada um. Mas você já sofreu que parecia que ia morrer. A sensação de dor te consumiu de um jeito tão insano que hoje, por mais que doa, por mais que destrua seu coração, uma parte, ainda de band-aid, te lembra que, um dia, isso passa.

Só dá pra formular conselhos sólidos de 'coragem, que a vida é mais do que isso' quando você consegue sorrir, mesmo dilacerado por dentro. Quando consegue enguer a cabeça, mesmo com a sensação daquele monstro espinhento passeando dentro de você e te puxando pro fundo do poço, para aquele lugar que já lhe pareceu (ou foi?) confortável um dia, mas pra onde você aprendeu (e prometeu pra si mesmo) que não voltaria mais. Porque você não tem mais (vontade de ter) 15 anos.

Você lê textos de dor, de auto-ajuda, de comédia. Você vê televisão, se distrai com notícias, com ficções e quando percebe que é em vão, ainda assim não quer se permitir. Você tem medo, e nem sabe se é porque não passa ou porque sim, vai passar e as coisas voltarem a ser como já foram um dia. Porque você sempre acha que dessa vez vai ser diferente, mas se pega sentindo-se um imbecil, quando percebe que pode ser, mas que não foi dessa vez.

Quer companhia, mas fica sozinho. Procura o silêncio, mas se rende ao medo dessa ausência de barulho que ensurdece. Não sabe se vai ou se fica; não sabe (pra) onde. Não sabe de nada. Nem lá e cá, estando aqui e do outro lado, ao mesmo tempo, agora. Você tem medo de tomar a decisão errada e cometer o maior erro da sua vida. Você tem medo de tomar a decisão certa e deixar pra trás os maiores erros que já cometeu, para que cheguem os erros novos e você possa cometê-los.

Você morre de medo. De ir... e de ficar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Expectativas

Expectativa: Esperança fundada em promessas, viabilidades ou probabilidades: a expectativa de um bom negócio. Ansiedade.

Segundo o site Dicio.com.br, expectativa é isso aí, 'esperar por conta de promessas', porém aparece a ansiedade, que ainda segundo o site...

Ansiedade: Angústia, aflição, grande inquietude. Desejo veemente, impaciência, sofreguidão, avidez.

... traz sofrimento (ou sofreguidão). Você ouve promessas e sofre até que elas sejam (ou não) cumpridas. Para que o 'bom negócio' aconteça, você depende de outra parte. Fica impaciente de desejo constante e forte, inquieto, aflito. Resumindo essa ópera: expectativa é uma das piores coisas que podemos ter. E temos todos os dias de nossas vidas, nas pequenas, grandes e sobre todas as coisas. Que legal.

A gente tende a criar expectativas em relação a tudo ao nosso redor. Família, relações, trabalho, dieta, exercícios. Esses dois últimos são os mais certos: você come menos e se exercita, pronto; funciona. Mas não dependa de terceiros que não você, aliás nem dependa de segundos. Se as pessoas supreendem a si mesmas, imagina em relação ao que esperam de alguma outra... Faça isso, siga aquilo, comporte-se desta forma. E acorda, porque nem em sonho a gente consegue viver assim.

Mesmo as expectativas tidas como óbvias, por exemplo receber 'parabéns' no dia do aniversário, não devem ser tão esperadas. É provável que se ouça 'finalmente', 'aleluia' e 'acabou a mamata' com mais freqüência do que se imagina em um dia de formatura, se você quer saber (se é que já não ouviu também). Sabe por quê? Porque as pessoas têm tantos motivos para fazê-lo quanto nós temos para não aprovar, mas quem está certo? Quando saber o que é e o que não é provável? A gente nunca sabe.

Pessoas possuem verdades e convicções diferentes, e não precisa estar longe ou ter vivido longe para que essas discrepâncias apareçam: sua mãe é bem diferente de você, eu aposto. A questão não é entender as diferenças (por mais gratificante que isso seja nas raras vezes em que acontecem, é preciso dizer), é aceitá-las e entender, sim, que algumas coisas nos são tolerantes e outras, não. Os motivos são somente nossos, por mais que tentemos explicá-los. Lembre-se que o que lhe soa simples, pode ser grego pro amigo ao lado.

Sou uma pessoa que gosta de explicações, detesta ser mal-interpretada e vive tentando mostrar como são simples e fazem sentido as coisas nas quais acredita e como leva a vida. Com o tempo, venho percebendo que a maioria é exatamente como eu, com motivos, verdades e pensamentos fortes, porém completamente diferentes. E agora, José? O José, eu não sei, mas eu ainda bato em teclas que aparentam estar quebradas, como o teclado que uso agora. No caso, elas só emperram, e o texto demora pra ficar pronto, mas fica.

O problema é quando você não sai da primeira linha há muito tempo, e aí acho que é hora de levar pro conserto, ou comprar um novo. Mas isso é só o que eu acho.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Promovendo a discórdia

Desde sempre lembro da minha mãe ensinando tudo na vida com a máxima de que 'nunca devemos fazer com os outros o que não gostaríamos que fizessem com a gente'. Por mais óbvio que essa frase seja, é muito difícil que esses atos sejam concretizados. Por mais que vejamos uma ou outra pessoa fazê-lo, é quase imperceptível, dentro de um mundo em que a maioria, na maior parte do tempo, faz exatamente o contrário. E não precisa pensar muito: você deve ter feito isso ontem, ou hoje mesmo, mais cedo.

Eu faço coisas que não gostaria que fizessem comigo. A maioria delas é reflexo de ações, verdade, mas faço. Muita coisa por intolerância, impaciência, modo diferente de ver as coisas - isso é o que mais acontece. O que pra mim pode ser um absurdo, pra você é a coisa mais natural do mundo e a gente há de aceitar, não tem muito jeito. As histórias de vida das pessoas, o modo como elas lidam com o que lhes cerca, tudo isso e até o humor delas pode causar uma zona quando se trata de 'será que isso é algo que ele gostaria de saber?'.

Bom senso e discernimento são para poucos, mas tem coisas que nos parecem tão óbvias que foram nelas que me apeguei quando resolvi, o máximo que pude, levar em frente o ensinamento da mamãe. Costumei dar conselhos sem ter passado pelas experiências, e por mais sensatos que eles fossem, não adianta, mais sincero do que conselho é compreensão e palavra amiga, é mostrar que a pessoa não está passando por nada à toa, e mais importante, é deixar que cada um faça suas escolhas. As vidas são diferentes, e o que você acha normal para você, desculpa, mas pode não ser para mim.

A forma como as pessoas se metem nas decisões que não lhes cabem me assusta. Não deveria, eu sei. Já são 24 anos vividos, mas nesse caso, AINDA não vivi muitos outros - me dou o direito de achar um absurdo a inveja, por mais escondida que esteja em meio às palavras, que as pessoas têm umas das outras. Quando sofri calada minhas dores-de-cotovelo, não fiquei com inveja de quem era feliz; esperei que a minha vez chegasse. Quando discordei de alguma coisa, perguntei se a pessoa sabia o que estava fazendo. E esperei.

Mas minha mãe também me ensinou que o certo nem sempre é o escolhido, e que mesmo que o mundo quase todo coloque a perna pra gente tropeçar, tem os que não optam por isso, como ela, e como eu. Tem os que ainda ficam felizes gratuitamente pelo próximo, assim como tem quem goste de compartilhar (e até promever) a infelicidade. E agora, mãe, faço o que? Como não sair gritando por aí que está errado, que parem com isso, que não fiz nada, pra que as pedras na mão?

Ela me disse pra abrir as minhas e pedir que entreguem as pedras, não que as taquem. Se não me derem, que eu aprenda a pegar enquanto elas voam: um dia o castelo fica pronto.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Você se anularia?

Observo relacionamentos alheios desde que decidi vivenciar cada fase da minha vida de uma vez: fui criança, cresci, passei pela pré-adolescência, virei aborrecente, fiquei de castigo, achei que era grande, me vi realmente grande, me dei um ano pra encontrar meus sonhos e amadurecer ideias, me dei outro quase inteiro pra ser universitária bêbada e finalmente começar no mercado de trabalho. As coisas desandaram um pouco nessa pegada, e mudei de sonhos, mas no campo dos relacionamentos, fiz as coisas exatamente como planejei. Meu coração me ajudou nessa, se apaixonando nas horas que eu quis.

Mas enquanto isso, eu observava. Namoros curtos, longos, intensos. Casamentos, relações adúlteras (mesmo que não adultas), rolos, coisas sem compromisso. Fui aprendendo as regras e separando o joio do trigo, ou aquilo que eu jamais aceitaria - ou erraria - quando chegasse a minha vez de ter uma relação daquelas. Confesso que consegui muito do que planejei, e assumo todas as coisas que percebi serem totalmente diferentes na prática. Perdoei a mim mesma pelos julgamentos sem saber, quando assistia de fora. De dentro a visão pode ser totalmente míope, mas é também totalmente outra de quem está de fora.

Nunca pensei que me anularia por causa de outra pessoa, e de fato nunca o fiz. Fiz, mas foi por mim. Foi culpa minha. Eu mudei alguns poucos de Nina porque era essa a minha vontade. Para agradar gregos, troianos? Verdade. Mas EU quis agradá-los, então a culpa (que prefiro chamar de responsabilidade) sempre foi toda minha. E então eu me anulei. Não acordei a tempo (e a tempo de que, afinal?), mas acho que aprendi; aprendi que se anular funciona por um tempo, mas é como colocar durex, e uma hora a cola sempre sai.

Acredito que seres humanos possam mudar, até mesmo na sua essência mais pura, mais primitiva. Mas isso só acontece quando a vontade é maior do que tudo; quando supera esforços, dificuldades, opiniões e diabinhos internos e mundanos. Se essa vontade pessoal não existir, não tem castigo, promessa ou amor que resista. Não tem filho, dinheiro, paixão que persista. Não tem nada, nem tempo. Uma hora as máscaras caem, a paciência esgota, a bola de neve rola pra cima de tudo e de todos. Mais cedo ou mais tarde.

A gente anula certas coisas por causa do chefe, do trabalho em equipe, da família, dos filhos, do casamento. A gente passa a vida toda anulando algumas coisas em prol da paz, da harmonia, da convivência. A linha entre 'se anular um pouco' e 'se anular, ponto' é tão discreta quanto a forma de escrever essas duas, e a gente só nota que saiu de uma para outra quando a coisa parece não ter mais jeito. Mas tem, e volta na máxima: há vontade suficiente para mudar isso, de verdade? Porque você se anulou, e vai continuar fazendo isso pro resto da vida, mas o passo a dar pro 'se anular pouco' às vezes parece grande demais.

Só você pode saber se ainda dá tempo.