quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A fila

Tem hora que a fila tem que andar
Você pode não querer
Você pode não gostar
Mas ela precisa continuar
Cada um tem sua vez
E é melhor aproveitar
Faz o que tiver que fazer
Pergunta o que tiver que perguntar
Porque a fila precisa passar
Às vezes demora um pouco
E ela anda devagar
Assim como tem hora
Que ela parece voar
Tem fila que dura uma vida inteira
Mas a gente não tem como saber
Por isso que, na dúvida,
Aproveita ao máximo o seu tempo no guichê
Porque o tempo passa rápido
Ele não vai voltar
Você pode ser o próximo de toda vez
Ou só mais um que vai passar

Você vai fazer essa fila andar?

Nina Lessa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Se o mundo for mesmo acabar amanhã

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, me espera antes do trabalho que eu vou passar pra te ver. Queria umas últimas horas com você - pode ser?

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, deixa a porta aberta que dessa vez eu apareço. Aproveito e te faço pessoalmente todas as perguntas que você finge que não fiz, pra não ter que responder.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, dá um jeitinho e vem conversar comigo? Já faz tanto tempo, que eu queria pelo menos, que acabássemos esse mundo como amigos.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, queria te contar o que eu fiz naquela noite, mesmo que você não vá me perdoar. Quero que o mundo acabe sem segredos.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, eu vou tentar ver se ainda sei seu número de cabeça e te ligar, pra que você saiba que, mesmo não querendo ser sua amiga, eu te perdoei.

Se o mundo for mesmo acabar amanhã, vou abrir a última garrafa de cerveja e beber sozinha, pelos 10 meses e 19 dias de sobriedade - mas só se dia 22 não vier, de verdade.

Mas eu não sei se o mundo vai acabar, então deixa tudo isso pra lá.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A gente nunca vai saber

Tem coisas que a gente nunca vai saber e precisa aceitar.

A gente nunca vai saber se tentamos menos do que deveríamos, ou se nem apostar uma ficha valeria a pena. A gente nunca vai saber se desistimos muito rápido - nem se demoramos demais pra finalmente entregar os pontos.

A gente nunca vai saber sem perguntar, mas tem medos que existem e são mais fortes do que a gente. Vamos deixar pra lá por orgulho ou autoestima, por doses pesadas de realidade ou simples medo de dar tudo errado, de novo.

A gente nunca vai saber sem tentar, porque tem medo de errar na mão e tentar demais, e tentar de menos, e se arrepender por qualquer uma das decisões. Porque a gente precisa de reciprocidade que a gente nunca vai saber se existe.

A gente nunca vai saber e vai levando; a gente nunca vai saber e vai se questionando. A gente nunca vai saber o que se passa em certas cabeças nem em certos corações, porque a cara e a voz podem estar mentindo.

A gente nunca vai saber de muita coisa nessa vida, e pode existir magia em não saber. Mas tem hora, tem coisa, e tem muita coisa sobre certa gente que a gente vai remoer.

E a coragem de admitir que quer saber?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tem Dia

Tem dia que a gente está cansado e não quer mais saber. Passa direto e nem olha pro lado; finge que não viu o retrato nem pensou em você.

Tem dia que o coração está particularmente mais machucado. Então o telefone toca e a gente se poupa de mais; não atende nem retorna, deixando mais essa dor pra trás.

Tem dia que a gente acorda com mais esperança, e pensa que um dia, quem sabe um dia, as coisas não podem mudar? É quando a gente manda uma mensagem, no Facebook ou no Whatsapp.

Tem dia que a gente não liga muito, que ouve mais os conselhos de quem diz "é não ligando que ligam pra gente". É nesses dias que não olhamos pro lado, só pra frente.

Tem dia que parece que não vai passar. É dia de ouvir pagode, de achar sentido em sertanejo pop e talvez, chorar. Nada que um tempo não faça passar.

Tem dia que a gente admite que não tem mesmo muito o que fazer. Aí a gente vai viajar, vai malhar, ou até mesmo vai pro bar beber. Ou nenhum deles - a gente vem e começa a escrever.

Nina Lessa

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desisti

Desisti, eu confesso
Não aguento mais esse retrocesso
Que são as relações modernas
A gente se quer
Mas não se importa
A gente se vê
Mas não se nota
Desisti e tô fechando a porta.

Desisti de continuar tentando
Mesmo que estivesse achando
Que poderíamos ser algo mais
Um dia
Desisti porque sei lá,
Tudo me parecia
Uma longa mentira
Sabia?

Desisti de todo o processo.
É tudo muito enrolado
Haja joguinho
Haja desculpa sem sentido
Pra justificar problema bobinho
Então eu desisti porque confesso
Que notei você me deixando de lado.


Notei errado?

Nina Lessa

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Poesia

Falar a verdade é novo?
É algo assim tão bonito?
Você não precisa ser grosso
Pra que te dêem ouvidos

Ser honesto não é ser um ogro
Você não precisa ser um mala
Sua opinião é só sua
Se ninguém pedir, nem de graça

Quanto mais você bate numa tecla
Menos verdade a gente sabe que é
Quanto mais certo você se acha
Mais longe de você a gente bota fé

Não precisa ser inconveniente
Pra mostrar que você gosta
Deixa o recado, avisa
E quando sair, não fecha a porta 
(Que se quiser, a gente volta)

Nina Lessa

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Então é Natal

Então é Natal e a gente já não tem mais idade pra escrever cartinha pro Papai Noel, mas  a gente cresce e com a gente, crescem os pedidos. A gente quer tudo e mais um pouco, e com o tempo vem crescendo as doses de realidade e requinte de pé no chão.
Então é Natal e a gente aprendeu que não precisa pedir coisas concretas: é só trabalhar que a gente mesmo compra.


Então é Natal e a festa é cristã, mas pedir coisinhas com a fé que temos, seja lá em quem ou o que, tá valendo do mesmo jeito. Os pedidos mudam, viram rezas e tem gente que vem pedir marido, quando deveria pedir pra não ter que pedir por isso, por uma instituição ou por amor. Gente que pede pra ser feliz, e esquece de abrir o olho, levantar e sair de joelhos, pra ir lá, ser feliz.

Então é Natal, e ano novo também. Não pede pra não se magoar, mas sim pra saber lidar com todas as mágoas, porque elas vão vir, mas também vão passar. Ao invés de pedir paciência, pede pra lembrar de respirar fundo, de sorrir - e se esforça, que às vezes nem pedir isso vai ser preciso. Não pede amor, não pede grandes histórias, não pede. Levanta e ama, escreve a sua vida, sem pedir.

Então é Natal, mas isso vale pro ano todo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Não sei muito bem

Eu não sei muito bem como dizer isso
Já faz tanto tempo que não sinto
Nada diferente de empolgação
Que fico completamente idiota
Quando você vira pra cá e me olha
Que me desconcerta, e eu perco a noção

Eu não sei muito bem como dizer isso
E é justamente pensando nisso
Que eu não digo nada
Vai que eu falo merda?
Você acaba rindo e me concerta
É bem a minha cara

Eu não sei muito bem como dizer isso
Então fica tudo meio esquisito
Quando tento demonstrar
Sou melhor nas palavras
Mas tenho vergonha na cara
E ela me paraliza na hora de falar

Eu não sei muito bem como dizer isso
E é por isso que ainda não te falei
Pra que você não entendesse errado
E sem saber o que me responder
Permanecesse calado
Eu não sei como dizer que gosto de você.

Ops. Falei...

Nina Lessa

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Devaneios - 2012

Não consigo por em palavras quão difícil é aceitar que te perdi. Por mais que tenha passado tanto tempo, por mais que tanta coisa tenha mudado. Ainda não consigo não ter saudades. Ainda é você que vejo quando penso em alguém, não adianta. É com você que vou comparar, é contigo que sonho sempre, é seu número que espero aparecer quando o telefone toca. E você nem sabe que foi o cara que eu mais amei.

Por mais que não pareça, morro de medo de não conseguir te esquecer. Já passei por isso um dia, mas é assim mesmo? Cada vez a gente ama mais? E você achando que não tinha sido meu grande amor, quem diria. E agora eu não consigo seguir minha vida sem você. Vou levando como se te esperasse voltar a qualquer momento; como se esperasse a saudade sumir sem aviso prévio; vou vivendo como quem espera.

Você não sabe o quanto eu te amei. E foi por isso que me desfiz. Se foram roupas, acessórios, coberta e fronha de travesseiro. Me desfiz do que você me deu e do que era meu, mas me lembrava nós dois. Me desfiz dos quilos que traziam nossos restaurantes e bares preferidos; me desfiz das nossas garrafas de vinho. Fui te deixando pra ver se aceitava, se me acostumava a te perder. Já me desfiz de quase tudo - só não me desfiz de você.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Aperto

Ficou um aperto. Ainda tenho guardado aqui no peito um grito de que te amo. Só um minuto que diga a esperança guardada, o pedido de desculpas por qualquer coisa e o perdão que fiquei te devendo. Será que a gente conseguiria se entender de novo? Será que se a gente tentar só mais um pouco, consegue ser feliz junto? Acho que me pergunto isso todos os dias.

Cadê você que não embaixo da minha janela, me esperando dentro do carro? Cadê a caixa com as minhas cartas e retratos - você jogou mesmo tudo fora? Ainda lembra meu número? Foi você que me ligou naquele dia? Não reconheci, mas achei que podia ser da sua mãe. Pensei em ligar, mas e o medo de ser você e eu não saber o que fazer? Deixei pra lá.

Eu quero que você me procure, mas não procuro. Porque eu sei que te quero e isso não vai mudar nunca. Nunca mais vou ver a lua sem pensar em você. Tenho medo de que, ao invés de amor, escrevamos uma história de fracassos. Escrevo e já nem sei mais por que. Escrevo sem nem saber se você lê. Você sabe que isso tudo aqui é pra você? 

Ficou um aperto - não sei se de amor ou de frustração.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Você precisa (em 2011)

Você precisa saber que ainda existe amor. Que ainda escrevo textos pra você, e não pra outro alguém. Você precisa saber que penso todo dia, várias vezes por dia, numa desculpa pra te encontrar. Não quero que fique óbvio, talvez nem pra você, o quanto eu não tô feliz assim. Mas você precisa saber que penso na gente, e que ainda voltaria.

Você precisa saber que eu falo mal porque sei do bom que perdi. Quem desdenha quer comprar e eu quero mesmo, nunca neguei. Você precisa saber que não tenho vergonha de sentir amor, porque enquanto houver a dúvida da reciprocidade, é menos ridículo. Você precisa saber que eu morro de saudades.

Você precisa saber que eu preciso de você. Preciso de você me ligando, me ouvindo. Preciso dos seus esporros e conselhos; preciso saber do seu dia e problemas. Você precisa entender que me conhece melhor do que ninguém e só não me liga porque não quer admitir, mas sabe. Você precisa tomar coragem pra voltar aqui - você precisa voltar pra mim.

Em 2011.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Antes

Antes só
Do que mal acompanhado
Antes digno de dó
Do que mal amado

Antes se arrepender
Por ter tentado
Do que a frustração
De nem ter perguntado

Antes a insônia
Por pensar demais em bobagem
Do que o vazio
Porque faltou coragem

Antes tentar mais
Do que deveria
À sensação de impotência
De que se pudesse,
Voltaria 

Antes enganar pela aparência:
Só os bons chegam mais perto
Antes pecar pela ausência
Do que pelo excesso.

Nina Lessa

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

E daí?

É claro que eu ainda te amo
Mas e daí?
Não,
Eu não sei o que você sente 
Mas sinceramente
Eu não tô nem aí

Se eu penso em você?
Claro que sim
Não,
Eu não penso que podemos voltar
Porque honestamente
Não te quero mais pra mim

Se sinto saudades?
Sinto, não vou mentir
Mas não,
Não me vejo mais aí
Nós dois, numa boa
Já não me faria feliz

Poesia ainda pra você
Ainda, sim
Não, 
Não sei se parei por aqui
Porque infelizmente
Ainda tem amor aqui

Mas e daí?

Nina Lessa

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Me Deixa

Não me culpe pelas suas escolhas
Nem as certas e nem as erradas
Não me culpe de nada
Já não temos mais nenhuma ligação
Já não tem mais razão
Essa mania de ainda me rondar
Já não faço mais questão
De saber onde nem como você está
Já não somos mais nada um do outro
Não representamos nem saudade nem desgosto
Quem dirá qualquer resquício de amor
Não precisa mais de raiva
Nada mais nos prende
Às vezes você fala verdades, mas às vezes mente
Tu não precisa falar de mim
Então me deixa, porque eu sei
Que estamos ambos melhores assim.

Nina Lessa

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sinto sua falta

Ando sentindo a sua falta... Nunca pensei que pudesse sentir falta de você, logo você que me tirou noites de sono, tardes de trabalho e baladas que tinham tudo pra serem as melhores da minha vida. Mas estou sentindo falta do buraco que você deixou aqui dentro quando tanta coisa foi embora. Era você que me ajudava a completar os espaços na rotina que eu já não tinha e precisava me acostumar. 

Por mais que eu reclamasse, confesso que você me fazia uma companhia confortante. Ou seria confortável? Confundo você com tantos sentimentos que ficaram por aqui, já nem sei - sei que não pensei que sentiria falta, não tanta falta de doer lá no fundo. De lembrar sem nem precisar olhar foto; de sentir raiva só de alguém passar com cheiros trazendo lembranças.

Você me dificultava na hora de esquecer, mas me trazia os melhores textos e poemas que já escrevi. Sem você, fico sem palavras, sem dor, mas sem amor, também. Não tem música triste que me comova mais. Sinto que já não sinto mais nada, que não alegria repentina, paz interior e uma felicidade imensa em estar, definitivamente, sem você - e agora, do lado de dentro, também.


Reclamei pedindo que você se fosse, e hoje sinto sua falta. Não que eu esteja pedindo que você volte, não quero que volte, aliás. Fica onde está, a gente se esbarrando nunca e eu me sentindo bem assim. Mas é que hoje, o buraco foi aberto e senti a brisa de você soprando mesmo só como uma lembrança do que um dia já foi você. Sinto sua falta, saudade.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mais uma de amor (?)

Talvez não estivéssemos prontos um pro outro. Você ainda tem muito o que viver antes de perceber como eu tentei te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Porque foi cedo demais, na hora errada, e você não conseguiu ver nada disso. Todas as minhas melhores qualidades viraram os piores defeitos dos seus pesadelos e a gente se desencontrou em caminhos tão claros, enquanto conseguíamos nos dar tão bem pelas estradas mais escuras. Hoje eu acho que talvez não estivéssemos prontos pro mundo.

Talvez eu ainda tinha que passar pelas coisas que só passei depois que você foi embora. Precisei aprender que consigo ser feliz sem você e você sem mim, e que isso não pode e nem deve ser uma prova de que nunca fomos feitos um pro outro. Hoje sei que a gente se completa porque se aprendeu, se conheceu e principalmente, a gente soube se encaixar. Fomos um bom casal, afinal de contas, mesmo que os dois contem só o lado ruim na maior parte das vezes. Tanto eu como você sabemos que é mais fácil só lembrar disso.

Talvez você também se coce pra me ligar em algumas quartas-feiras, só pra contar como foi o dia porque só eu entenderia aquela piada. Eu também quero te perguntar como foi a viagem depois do feriado, mas a gente vai se mantendo distante enquanto ainda se tem tão perto do coração. Sabemos que não há mais o amor ou a paixão de outrora, e enquanto outrora não chega, é assim que a gente vai aprendendo a lidar com a distância de corpo e com a saudade pontual: a gente sabe o que deve evitar pra não sentir tanta falta assim.

Talvez não estivéssemos prontos um pro outro, ou estivéssemos e não soubemos como lidar com isso, já que o mundo gritava tanta coisa nova, tanta coisa diferente do lado de fora de nós dois. Talvez tenha nos faltado maturidade, vontade ou coragem mesmo, pra respirar fundo e continuar tentando. A gente desistiu cedo ou tarde demais, acho que nunca saberemos pelo medo de achar algumas respostas do que a gente não entendeu. Sabe, talvez tenha sido o mundo - ele não estava pronto pra nós dois.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Vlog Dicas da Nina

Aqui no blog eu escrevo com o coração e a alma.

No vlog, eu falo com a voz da razão, mesmo. Já viu?


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Enquanto não tiver ninguém

Enquanto não tiver ninguém
Vai ser você
Não tem jeito
Vai ser seu rosto
Sua voz
O seu cheiro

Enquanto não tiver ninguém
Dói você não ligar
Espero o número aparecer
Por que não tem alguém
Que vem me buscar
Que me faz te esquecer

Enquanto não tiver ninguém
Minha voz é muda
A saudade é sua
Enquanto não tiver ninguém
E não tem
Mas não tem você também

É só enquanto não tiver ninguém
Que fica o vazio
Que não sinto calor
Que a Primavera faz frio
Enquanto não tiver ninguém
Vou vivendo disso
Do nada que sinto

Enquanto não tiver ninguém
Vou levando
Enquanto não tiver ninguém
A ferida vem curando
Enquanto não tiver ninguém
Vai passando
Enquanto não tiver ninguém
Eu te amo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

(Não) Adianta

Não adianta que eu não quero. Podem me vir com os argumentos mais plausíveis desse mundo, que eu não quero me envolver de novo. É muita coisa que ainda resta, aqui dentro e aqui fora, ao meu redor. É pedaço de amor pelo chão, cacos de todos os piores e melhores sentimentos que senti por você nesses anos - tá tudo misturado, tudo tão embaralhado que eu já nem sei mais quando é saudade e quando é graças a Deus que não estamos mais juntos. Mas não adianta porque eu não quero voltar.

A bagunça me consome de tal jeito que me incomoda olhar, mas me dá uma preguiça ainda maior de sentar para arrumar tudo isso. Eu sei o que preciso jogar fora e tudo que devo guardar, mas não quero fazer isso, não agora - me poupem. Sei que preciso tirar as confusões do meu alcance e parar de criar dúvidas, quando todas elas já viraram certezas há muito tempo. Eu sei de tudo isso, maturidade, não precisa vir me ensinar tudo de novo porque eu já sei. Só que meu tempo ficou muito confuso, quando mesmo não devendo, voltei.

Eu sei onde estão vassoura e panos de chão; o rodo e a pá; os baldes e tudo que vai limpar a minha cara-de-pau quando chegar a hora da faxina. Sei como fazer e sei que devo. Sei que já está mais do que na hora de andar com todas essas dores e fingimento delas. Sei tanto ou mais do que você, subconsciente, fica tranquilo. Você me conhece e sabe que preciso dessa nostalgia, de vez em quando. Que preciso criar príncipes no lugar dos sapos, senão perco as esperanças rápido demais. Tá, adianta. Já acredito no amor, de novo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Depois de você

Não, eu não lembro mais
Como é me apaixonar
Sentir frio na barriga
Ou esperar ligar

Não lembro mais de ter
Alguém em quem pensar
De não conseguir dormir
De começar a gostar

Não lembro mais de ser tão bom
De não conseguir esquecer
Não sei como é saudade nova
Porque ainda é a sua que vem doer

Não lembro mais da ansiedade
De troca de olhares
De todo aquele jogo
Depois de você, fiquei sem vontade
De começar tudo de novo

Não lembro mais do medo
Do risco de poder perder
Parece que não aconteceu muita coisa
Depois que não houve mais você.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Minhas maneiras

Tenho muitas maneiras de adiar te perder por completo. Uma mensagem no meio da madrugada, uma frase que só você vai entender jogada no ar, uma colocação chamativa de que não te amo mais, mostrando que é assim que continuo te amando. Tenho dúvidas sobre o que sinto e até se ao menos sinto, de verdade. Não é que eu esteja mentindo, veja bem. É só que eu não consigo te perder assim.

Guardo uma certeza tão grande que te fiz feliz como ninguém nunca fez... Mas guardo um medo ainda maior de que isso tudo seja apagado muito rápido - e fácil. Te vejo querendo voltar, mas te sinto não voltando nunca mais. Tenho muitas certezas de dúvidas, e isso não permite a esperança. Já não me encaixo nos seus dias e nem te imagino na minha rotina, mas sabe - eu gostaria.

Falo de você fingindo que é de mim. Conto histórias da gente em vírgulas onde não caberiam, mas eu dou meu jeito e encaixo. Eu sempre arrumo uma maneira de te manter por perto, como um fantasma que assombra ou um anjo que guarda - ou aguarda. Tudo depende de como a gente vai querer. Eu tenho muitas maneiras de ainda amar você.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eu não vou te julgar

Relaxa que eu não vou te julgar
Tudo bem se você é feliz assim
É que eu não consigo achar normal
Estar com quem não confie em mim

Relaxa que eu não vou te julgar
Se você trai quem diz amar
É que eu não consigo achar que é amor
Se você mente sem nem se culpar

Relaxa que eu não vou te julgar
Ser infeliz no trabalho só TE deixa mal

Mas pena eu vou ter, sinceramente
E não vou nunca achar que isso é normal

Relaxa que eu não vou te julgar
Se você acha que é feliz desse jeito
Olhando sempre pros lados
Achando que nada está direito

Relaxa que eu não vou te julgar

Por você não dizer o que pensa
Tenho pena de quem não é de verdade
E por que você não tenta?

Desculpa, falei demais
Relaxa que eu não vou te julgar
Mas vou te tirar da minha vida
Porque eu não julgo
Só que também não compactuo.

Mas relaxa, que eu não vou te julgar

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Depois que a gente ama

Depois que a gente ama pela primeira vez, acho que todo fim de amor é menos doloroso. Ou pelo menos o segundo. Parece que já estamos vacinados contra a dúvida de que não haverá amanhã - a gente já sabe que o tempo passa e que as coisas vão melhorar, é só esperar. A gente já não sofre com tanta intensidade, mesmo que doa, mesmo que frustre, mesmo que se decepcione. Porque a gente acaba criando menos expectativas e fica mais tempo com o pé no chão.

A gente até deixa o coração dar uma viajada, mas mantém a cabeça menos romântica do que quando amou pela primeira vez. A gente não sabe se isso é tão bom assim, perder os sonhos de ser feliz para sempre e aquela inocência de amor novo. Mas a gente tem certeza de que é muito melhor poder sofrer menos, e por menos tempo, por alguém que a gente sabe que foi amor, mas que hoje não é. Porque depois que a gente ama uma vez, entende que vai amar de novo - e de verdade.

Depois que a gente ama pela primeira vez consegue entender que não tem mais ou menos importância ser o primeiro ou o último. Todo amor vai marcar a nossa vida de alguma maneira e a gente demora pra aceitar isso, mas quando aceita, dá um alívio bem grande para quando as coisas acabam e aquela sensação de impotência invadir o peito. A gente percebe que a culpa não foi nossa e não se martiriza mais tanto assim, querendo voltar no tempo, querendo fazer direito, querendo tanto.

A gente pára de correr atrás de amor quando entende que o amor não funciona assim. A gente tenta explicar àqueles que acham que se apaixonam que essas coisas não se escolhe nem planeja: quando você achar que conseguiu essa proeza, significa que está errado - bastante errado. A gente é julgado porque não consegue esquecer como quem acordou e mudou de ideia, porque o amor vai embora do mesmo jeito que chega: tem um ponto de partida, mas é aos poucos. E é aos poucos que esse amor está me deixando em paz.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Despedidas

Pensei em tantas despedidas perfeitas pra gente
Em tantos adeus eloquentes
Em tantas saudades doídas
Pensei em tantas despedidas

Pensei num último beijo que se preze
No abraço que não tivesse fim
Pedindo que você ficasse, numa prece
Que não conseguisse viver sem mim

Pensei que deveríamos ter tido menos "tchau"
Que poderíamos ter chorado bem menos
Pensei que nos fizemos tão mal
Que nem uma despedida decente tivemos

Pensei que se não houve um ponto final
É porque podemos voltar um dia
Será que você também pensa?
Será que você também voltaria?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O que eu queria?

Você quer saber mesmo o que eu queria? Eu queria que a gente estivesse junto, como se nada disso tivesse acontecido. Queria estar dando risada do que teria sido só uma crise chata, como outras que teremos durante a nossa longa vida de relacionamento. Queria estar com aquele álbum que ficou incompleto já no fim, de tanta foto que teria. Queria estar nas Lojas Americanas comprando um novo, porque iríamos precisar.

Eu queria poder te ligar na hora que eu quisesse e ter o nosso chat de mensagens lotadíssimo no celular. Queria que seu número fosse o número 1 da minha lista de favoritos, antes até da minha mãe, mesmo sabendo que essa coisa de colocar o amor antes da família é cafona e nada a ver comigo. A gente nunca é a prática da teoria que pregamos. Queria nem ter inspiração pra escrever, se isso significasse estar com você.

Eu queria comprar todas as roupas que vejo em vitrines das lojas que te lembram. Queria te perguntar que esmalte coloco nessa semana, queria descontar todo o estresse do trabalho em cima de você, enquanto a pipoca ficava pronta e no DVD ainda passasse o trailer, no sofá da sala da sua casa. Era isso que eu queria, sabe? Mas como só pode ser vontade, eu prefiro sorrir e fingir que tá tudo bem.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Talvez a gente tenha errado

Talvez a gente tenha errado
Em ter, tanto, tentado
Uma despedida digna
Mas como existir dignidade
Quando ainda existe amor?
Como é que vai ter verdade,
Se esse adeus ainda tem dor?


Talvez a gente tenha errado
Em ter protelado um presente
Que já devia estar no passado
Isso adiou (ou nos tirou) um futuro
Que já não sabemos
Onde já não nos temos
Mais um do outro, ao lado


Talvez a gente tenha errado
E que fim mais trágico
Essa falta de tato
De cuidado
Que perdemos por aí
Você rasgou os retratos
E eu cortei os nossos laços


Talvez a gente tenha errado
Mesmo que tentando
Fazer o acordado:
A gente não se esquece
Porque um dia, vai que ainda se merece
Mas talvez a gente tenha errado
Tanto
Que nos perdemos, e já não tem mais plano.


A gente nunca vai saber, de fato.
O que tanto foi

Que a gente fez de errado.

Talvez a gente tenha errado
Desde que fizemos
Aquele primeiro contato.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Não me leve

Você não me leve a mal, mas eu realmente não quero mais. Não quero mais nada que te envolva - e é por isso que eu não te ligo. Não me procura, porque eu não vou saber não ser grosseira ao te explicar que acabou minha vontade de qualquer coisa que te relacione. Então poupe qualquer densentendimento maior do que nossos amores já tiveram, quando se desencontraram há tanto tempo atrás.

Não me leve a mal, mas eu estou feliz assim. Aprendi que nem sempre os planos que a gente faz são o que devem acontecer - principalmente quando são planos que envolvem outras pessoas. Hoje eu faço planos onde só dependo de mim mesma, por mais que não tenha passado de um samba, uma bolsa nova ou 3kg a menos na balança. São planos e são meus. Esses, ninguém me impede de realizar.

Então você não me leva a mal, mas a gente já pode parar de fingir que ainda se ama e todo aquele bla bla bla que machuca admitir. Você segue seu caminho muito bem sem mim, e eu ando fazendo o mesmo. Chega de mentir que não está tudo bem quando sabemos que estamos melhor um sem o outro. Sei que é frustrante pros dois, e espero que você não me leve a mal, mas eu tô muito melhor sem você.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De você

Eu doei quase todos os presentes que você me deu. Alguns resolvi jogar fora; só fiquei com o que uso mais do que passo de tempo pensando em você. Contei pra mim mesma que aquilo não combina comigo sem você - hoje eu sou outra pessoa. Agora eu não como demais, não bebo demais e dirijo meu carro. Ainda guardo fotos e cartas, nem joguei fora seus recados no meu caderno, mesmo já formada da faculdade. Mas eu chego lá.

Me desfiz de pequenas grandes coisas como meu porta MP3 que você usava. Ainda bem que já tinha quebrado. Não uso mais a metade do meu armário que aparece nas nossas fotos juntos. Tá, deve ser porque emagreci, mas deve ser também porque eu acabava me arrumando pra você, que não iria ver, e isso não me importava. Ainda me pego te agradando sem querer, mas isso vai passar.

Parei de assistir programas e canais que nos vinculam. Aliás eu parei de ver TV. Você estava tão acoplado a mim assim ou fui eu que me transformei e virei alguém só seu? Na dúvida, eu mudei. Dessa aqui você talvez nem goste, não sei - acabou que não fiz o teste. Mas mudei de restaurantes e cinemas; mudei de marcas e manias; mudei até de amigos. Ainda é por você, mas um dia não vai ser mais.

Eu não uso mais aquela cadeira de praia. Doei detalhes que você cultivava em mim e eu não tinha percebido. Larguei gírias suas e discursos que peguei emprestado. Tem sido uma luta. Tá demorando mais do que eu pensava, mas sei que uma hora passa e que é culpa minha, que alonguei demais um processo que já estava meio caminho andado. É por isso que guardei a coberta que você me deu. Hoje, eu não vou dormir com você.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quem não gosta?

Quem não gosta
De poder mandar "bom dia"
E de ser logo respondida?
Quem não gosta
De ter pra quem contar a novidade?
De ter quem mande mensagem?
Quem não gosta
De ver a bateria do telefone acabando rápido?
Quem não gosta
De ter um destinatário?
Quem não gosta
De criar expectativas
Por menor que sejam
Por menos esperanças que possuam
Quem não gosta
De escrever textos, e que leiam?
Quem não gosta
De ter um ouvido, um ombro, um carinho?
Quem não gosta
De só ter, ali, esperando?
Quem não gosta
De não estar, mas só pensar
Que tá namorando?


Quem não gosta?

Nina Lessa

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Onde você está

Não é mais na esperança de esbarrar na boate. Já não acho que vamos frequentar os mesmos locais por concidência. Não acredito que será no mesmo dia que vamos resolver pegar um cinema naquele shopping, onde nenhum dos dois mora perto. Não vamos nos esbarrar no trânsito nem por acaso no metrô; já não temos mais situações quase inevitáveis. Os dois já se acostumaram a saber onde o outro está, e coincidência ou não, evita.

Não é em nada disso que você vai estar. É na hora do café na copa, pegando um biscoito, que eu vou lembrar de como a gente ria junto. É tomando banho depois do trabalho que me vem o nome do seu koni preferido. Vai ser voltando de uma night divertidíssima, dirigindo sozinha no carro, que a sensação de frustação vai me bombardear, assim mesmo, sem aviso prévio ou motivo aparente. É sendo feliz sem você.

Porque você está onde não tem amor, mas ainda tem saudade. Não tem mais mágoa, mas restou certa raiva. Você vai estar não mais nos presentes que me deu, mas naqueles espirros que vêm no meio da tarde, quando bocejo. Você está onde não deveria, já que é presença sem corpo nem alma. É nesse meio do caminho, que não sei quando acaba. É nesse tempo confuso de "ainda não tem ninguém, mas também, não tenho você.

Mesmo sendo só um pouco, você dá umas pontadas de onde está: aqui dentro.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Como é que pode?

Eu sinto seu cheiro entre as minhas coisas, mesmo você estando longe daqui há tanto tempo. Como é que pode? Ouço sua voz falando coisas que você diria, se estivesse aqui, fazendo observações pertinentes às suas opiniões. Como é que pode, eu já imaginar como se você não existisse mais pra mim? É como se eu te conhecesse, não te conhecendo mais. Acho que não mais, então como é que pode?

Eu sei que a gente não dá mais certo e sei que tenho paz longe de você. Como é que pode, então, eu ainda querer de novo, só mais uma vez? Entendo os problemas e aceito que não temos solução. Como é que pode eu querer estar por perto e te manter ao meu alcance? Como é que eu ainda não consigo cortar essas raízes, depois de tanto tempo - e de tanta gente? Eu sei que acabou, mas não sei, sabe como é que pode?

Eu me empenho em te esquecer e vivo buscando outros focos e objetivos. Como é que pode eu atender correndo, quando você volta? Prometo pra mim mesma que vou mudar, mas é só você aparecer e pronto: esqueço das promessas e verdades, me alimentando de qualquer coisa que você diga. Como pode essa confusão de certezas? Não deveria poder. Você não deveria poder nada. Como pode, então?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pode ser


Pode ser 
Que eu tenha me enganado
Tudo bem
Nunca prometi nada
Nunca dei minha palavra
De que sabia mais do que alguém
Então pode ser
Que nada disso seja certo
Que todos os meus discursos
Sejam politicamente incorretos
Tudo bem
Não faço questão que concordem
Nem que me bajulem, também

Pode ser passado
Tudo isso que ainda chamo de amor
Tudo bem
Sei que existem chances
De você não ter me amado
Ou de nem ter um retrato
Guardado
Pode ser que tenha jogado
No lixo quando fez a mudança
Tudo bem
Não guardo esperanças
Nem de você, nem de ninguém

Pode ser
Que você não me leia
Já que não me liga
Tudo bem
Não espero mais nada de você
Nem notícias
Mas pode ser 
Que você ainda pense, ainda cogite
Que se você pedir, eu fique
Tudo bem
Porque eu ainda rezo, ainda peço
E se você voltar... amém.

domingo, 12 de agosto de 2012

Eu não sei

Eu não sei se ainda consigo
Se ainda sei de fato
Te fazer feliz de novo
Como fiz no passado
Você me deixa tentar
Só mais um pouco?


Eu não sei se ainda consigo 
Te fazer rir 
Daqueles mesmos motivos
Que nos divertiam
Será que éramos mesmo tão bobos?


Eu não sei se ainda consigo 
Te fazer acreditar
No amor que ficou aqui
Mesmo sem você voltar
Mesmo sem você notar


Eu não sei se ainda consigo
Recomeçar do zero
Sem você aqui perto
Sem você aqui comigo
Será que ainda te preciso?


Eu não sei se ainda consigo
Depois de tudo
Te querer como amigo
Não sei não te ter posse
Não sei manter essa tal pose


Eu não sei se ainda consigo
Me apaixonar de novo
Pode ser muito cedo
Pode ser que ainda seja pouco
Pode ser que haja medo
De doer tudo de novo


Eu não sei se ainda consigo
Pode ser que eu quebre a cara
E pode não ser nada
Mas pode ser, veja bem 
Que você me ame  também.

Nina Lessa

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Poesia

É frustrante
Como me decepciona
Não ter conseguido
Nos levar adiante
Ter deixado desse jeito
Tão além da conta

Não consegui te fazer ficar
Nem você quis, também
Comecei a não te amar
Nos perdemos
E ainda assim fomos além

Não tem mais ida, nem vinda
A gente não se faz mais feliz
Não tem mais amor
Nem mais raiva
A gente não é mais nada
Por isso só resta esse fim.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Amores Platônicos

Não acredito em amores platônicos
Não pode ser amor, se não existe reciprocidade
Ninguém pode ser feliz de verdade
Amando um alguém que não liga
Que não faz a menor questão
De saber da sua vida
Se você vai bem, ou não


Não acredito em amores platônicos
Como é que é amor se é só ida,
Se é caminho que não tem volta?
Amor sem recíproca é só ferida
Não tem batalha com uma só vitória
E nem de guerra se pode chamar
É por si só derrota


Não acredito em amores platônicos
E nunca vou acreditar
Em falta de amor ao próximo
Em falta de amor-próprio
Em falta de vontade de amar
Que me desculpem os poetas
Que se dizem amantes sozinhos

Mas eu não acredito em amores platônicos
Ao menos os que perduram
Podem começar, claro, eles sempre começam
Só que sem forças, não duram
Não alimentem a fera, esse amor sem direção
Pra que os sentimentos não cresçam
E vocês acabem culpando o (coitado) coração.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não sou eu

Eu não sou a mulher perfeita pra você. Não sou aquela nora que adora cozinhar e vai aprender as receitas com a sua mãe. Por mais louças que eu ajude a lavar, no máximo vou elogiar a lasanha, e dizer que jamais aprenderei a fazer uma igual. Sou do tipo que vai comentar futebol, e não a novela. Sei falar de livros, não da Caras. Não sou como quase todas as mulheres.

Sou do tipo que não vai ser muito amiga das suas amigas, mas vai ser parceira dos seus melhores amigos de infância. Vou beber com eles até cairmos todos e dispenso a caipirinha pra ficar só na cerveja. Não vou reclamar que você está bebendo demais porque provavelmente eu vou beber mais do que você. Não sou menininha, nunca fui e já desisti de tentar mudar.

Não sou mulher que demora pra se arrumar e é capaz de você ter mais frescuras do que eu. Topo praticamente qualquer ideia, evento ou plano, desde que você consiga me incluir do seu lado. Sou do tipo que adora quase tudo e quase todos, até que pisem no meu calo. Mas minha raiva passa logo, é só não deixar virar mágoa. E não, eu não vou implicar com o seu futebol.

Porque eu não sou a mulher perfeita pra você. Tenho mais amigos do que amigas, e todas elas são quase meninos, também. Não sou melosa, romântica nem vou inventar apelidos ridículos pra te chamar na frente dos outros, mas pode ser que eu te sacaneie se conhecer alguma ex sua mais feia do que eu. Porque esse é meu jeito, não dá pra fugir. Você quer, mesmo assim?

Não é você - sou eu


Não é você, sou eu. Não foi você que errou em não acreditar em mim. O problema é todo meu, que não te passo confiança com esse meu jeito extrovertido e sempre sem maldade com as pessoas. Fui eu que não consegui te convencer do quanto te amava durante o tempo todo que estivemos juntos, nem sei como achei que conseguiria te fazer entender todo esse amor, agora. Não é você que precisa ter mais autoconfiança e ser menos preconceituoso - sou eu que preciso me aceitar como sou, mesmo você não aceitando.

Não é você, sou eu. Não é você que precisa me contar do seu dia e dos seus planos; não é isso que se espera de uma pessoa com quem nos relacionamos nos dias de hoje, não é? Eu é que exijo demais quando pergunto dos seus pensamentos e opiniões, que me preocupo sem necessidade quando quero saber se chegou bem em casa ou dormiu direito à noite. Sou eu que demando mais atenção e carinho do que o normal, mesmo você dizendo que sou menos atenciosa do que deveria. Não é você o confuso, sou eu.

Não é você, sou eu. Não é você que some da minha vida sem maiores explicações. Sou eu que espero demais de uma relação que já deu mais errado do que certo, e só eu que não consigo entender. Não é você que tem culpa em continuar me procurando e, depois de um tempo desaparecendo da minha vista. Sou eu que tenho que parar de te atender toda  vez que você volta e aprender a dizer não, por mais que a vontade do sim seja maior. Não é você que tem que me querer, sou eu que preciso não te amar mais.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Tudo que eu poderia te dizer


Eu podia te dizer que sinto saudades. Que não tem um dia sequer que não penso em você. Podia dizer que só não te ligo por medo de você já ter me esquecido, ou de nem me atender. Eu podia te dizer que pra mim não acabou e que não consigo seguir em frente. Que minha vida parou no dia que você saiu dela, e podia dizer que te quero de volta, como nunca quis tanto alguma coisa antes.

Eu poderia falar que queria te ver. Que fico te lembrando pelo que ainda tenho guardado na memória e que sinto saudade do seu cheiro que ainda não consegui esquecer. Poderia te falar que revejo nossa história antes de dormir, dentro do ônibus, num barzinho cheio de gente e no meio do trabalho. Que rezo pra você me ligar e voltar correndo. Eu poderia te dizer que é só isso que eu quero e mais nada.

Eu podia te mostrar cartas que escrevi durante esse tempo que estamos longe, e te mostrar que mesmo com a distância, ainda te mantenho envolvido nos meus dias. Podia te dizer que não conheci ninguém que conseguisse tirar meu pensamento de você, nem que fosse por alguns minutos. Que eu te amo com todas as minhas forças e que ainda acho que eu poderia ser o amor da sua vida.

Eu poderia te dizer que me arrependi de tudo, te pedir desculpas e implorar por uma nova chance. Que eu mudei de verdade e agora sou aquela pessoa diferente do que sempre fui, e que essa mudança toda foi só pra você. Poderia te receber de braços abertos pra ficarmos juntos de novo, e te dizer que eu sempre soube que você iria ser alguém melhor pra mim, também. Poderia, só que hoje, eu não vou mentir.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Quando pagode faz sentido

Se apaixonar é tão bom quanto uma bosta, exatamente na mesma proporção. Conhecer uma pessoa nova e ir aprendendo tudo sobre ela é delicioso, tanto quanto é imensa a insegurança de fazer alguma coisa errada justamente por não saber os limites do lado de lá. Dá medo bom de não saber ainda o tamanho da paixão que podem estar sentindo por você; e dá um medo terrível de não saber se existe reciprocidade.


Você percebe que entrou no caminho sem volta quando se pega vendo sentido nas músicas de pagode e sertanejo que tanto achava bregas e clichês. Você presta atenção nas vozes dos vocalistas de Sorrisos Moleques, Jeitos Marotos e grupos com samba no nome como nunca pensou fazer na vida, e vê imensa lógica, e se pega cantando músicas inteiras, estupidamente emocionado.


As coisas melhoram quando a outra parte envolvida está, literalmente, vivendo o mesmo status do Facebook que você. Serão os melhores meses ou anos da sua vida por um bom tempo e você vai aproveitar ao máximo. Vai fazer planos pra casar, ter filhos e tudo que tem direito.  Mas um dia isso acaba, como você percebeu até hoje, pela história da sua vida.


Coração que se preze sempre faz uma idiotice vez ou outra, e o seu vai insistir em não esquecer. Ele vai te enganar, e lá vai você ouvir os pagodes mais dramáticos que existem. Vai rever as fotos, reler os bilhetes e vigiar nas redes sociais. Você vai se martirizar por um tempo, até que seu coração vai cansar e querer parar com isso. Porque coração pode ser idiota, mas aprende.


Você vai tender à negação. Pagodes  e todas as canções de amor estão nesse mundo pra mostrar que tudo gira em torno de se apaixonar, mas não é por isso que você vai deixar de aprender. Com o tempo, diferencia-se mais fácil todas as vontades dos sentimentos mais duradouros - e você vê que saudade não é amor, assim como gula não é fome. Aí, nesse dia pagode pára de fazer sentido no coração e vai fazer sentido no pé. E aí você samba.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O amor... Ou não.


Acho que vou te amar pro resto da minha vida.  Terei filhos e talvez fale de você pra eles, em como um grande amor pode ficar no passado, a gente casar com outra pessoa e tudo bem: ainda assim ser feliz. Acho que isso deve ser mais normal do que eu costumava acreditar, naquela época em que eu ainda tinha o ideal de amor mais utópico do mundo. Acho que mudei de ideia.


Pode ser que eu nunca te esqueça e os conselhos de que tudo passa sejam desculpas esfarrapadas de quem tem pena de me ver sofrendo. O tempo vem passando sem levar absolutamente nenhuma lembrança sua, sem apagar nada que te prende à minha rotina. Não tem quem tire o foco de você e confesso que já cansei de tentar, também. Não tenho mais idade pra fazer da vida uma micareta.


Acho que vou manter pra sempre o fio de esperança de que você pensa em mim. Por fora eu faço bem esse papel de quem superou e vive bem, tranquila e mais madura, agora sem você. Desfilo todas as escolhas que fiz com todo orgulho do mundo, e não é mentira: é que meu amor por você é muito maior do que as minhas vontades. Sei porque lutei por muito tempo e aprendi que fugir não adianta.


Pode ser que eu esteja errada e o grande amor da minha vida ainda está por vir. Acho que estou exagerando, pelo amor de Deus, haja ócio, preciso começar uma pós-graduação. O amor não é esse problema todo que inventei pra preencher meus dias vazios. O amor, dizem que é só enquanto nos faz feliz. Depois disso muda de nome. E aí posso chamar esse sentimento de você.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Depois

Depois de um tempo, a gente aprende que amor não é saudade e que lembrar nem sempre é sinal de uma coisa ou outra. A gente aprende que as lembranças vão ficar, mas outras histórias serão escritas, então mesmo que nada seja apagado, inevitavelmente o velho vai perdendo espaço. Depois de um tempo esse presente nada mais vai ser do que um período, que por mais longo e importante que tenha sido, não vai ser maior do que o hoje. Depois de um tempo a gente acaba aprendendo.


Aprendemos devagar, mas um dia o foco muda. A vida mostra cada vez um pedaço de mudança e só nos cabe deixar fluir. Depois de um tempo a gente aprende que o sofrimento acaba e que não tem sentido prolongar dores que já não existem mais. A gente aceita que ficou um tempo inventando esperanças e criando histórias que não tem mais espaço - uma hora, nada mais do que já passou cabe na nossa vida. Depois de um tempo a gente acaba reconhecendo.


Entendemos que é compreensível revoltas e raivas durante um tempo. Sentimentos de ódio e frustração andam lado a lado com o amor que sobrou depois de um fim que não deveria ter sido. É quando passa por todas as fases que a gente consegue esbarrar sem querer bater ou beijar; sem querer chorar ou voltar. A gente aprende, a gente entende, a gente reconhece tudo isso um dia. Mas é só depois de um tempo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Certeza

Eu não quero ninguém, agora. É cedo para gostar quando ainda se tem resquícios de amor por outra pessoa. Os sentimentos se confundem, e é por isso que não é pra agora, e nem pra tão cedo, mas eu só queria ter certeza de que você existe, amor da minha vida. Já me enganei uma vez de que você era certo alguém, e outra vez eu realmente queria acreditar que você tinha chegado. Mas não chegou. Eu só queria ter certeza de que você existe, e de que um dia vem.


Eu não quero namorar ninguém agora. Preciso ficar sozinha nessa espera até o fim do amor e fim também desse pavor de compromisso. Estou aproveitando ao máximo não dar satisfações e só viver pra fazer minhas próprias vontades. Eu só queria ter certeza de que você existe, amor da minha vida, pra poder desencanar ainda mais e realizar todos os sonhos que não te incluem. Eu só quero ter certeza de você.


Eu não quero ter ninguém pra passar o tempo. Se tem uma coisa que não consigo é gostar mais ou menos, então prefiro não ter que fingir algo que não sou nem quero ser. Ter alguém é sinal de carência e uma necessidade de autoafirmação - duas coisas que eu não tenho ou preciso, por isso agradeço, mas fica pra uma próxima pessoa, alguém que não se basta, nem que seja só por um tempo. Me basto pensando na certeza de que você está chegando.


Eu não sei se quero que você venha agora, sabia? Sinto medo de não saber te reconhecer ou e te confundir entre tanta gente. É por isso que eu só queria ter certeza de que você existe e que vem um dia, pra que eu possa meio que te esperar. Você nem vai notar, claro, mas aqui dentro vai ter até festa, de tanto tempo que meu coração não sabe o que é se apaixonar. Eu só queria ter certeza que você vem. Não que eu canse de esperar - eu só não sei se quero que você venha agora. Sabe?