sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Menor saudade

Um ano? Talvez mais. É, acho que demorei um ano e alguns trocados pra deixar de sentir saudade. Comecei querendo que a falta fosse faltar num lugar tão distante que nem sinal de fumaça percebesse quando a eu quisesse de volta - porque a gente sempre sabe que, no dia de a falta faltar, acabaremos sentindo falta da falta que essa falta fazia, se é que me entende e não enrolei demais pra escrever um parágrafo grande... Foi um ano, talvez mais. Um ano num saudade descabida, que parecia vir arrastando atrás de mim pelo meio da rua aquele bocado de falta que parecia que não ia acabar nunca. A falta sempre parece que não vai aabar nunca. Mas um dia, a gente levanta uma sobrancelha só e se dá conta - não falta mais.

Tem gente que curte essa falta de falta, até porque o alívio que dá poder tomar sorvete de pistache sem lembrar daquele desgraçada que te fez mudar de sabor preferido depois de 22 anos gostando de morango, não tem tamanho. Você ri sozinho, sente um vazio tão grande que preenche, e parece que vem arrastando também atrás de você pelas ruas as asas de borboleta, livre daquele casulo infernal em que você mesmo, muitas vezes, se prendeu com medo de jogar tanta coisa fora, tanto momento bom, e foi quando começou a ver o tanto de coisa ruim que também tinha ali, já era too late, my friend, e aí quem consegue sair dali?

Mas as asinhas ficaram de fora e parecia que você podia voar a qualquer momento... Quando bate um peso: como é que eu posso, com tanta facilidade, jogar fora tanta história, tanto momento, meu Deus? Que absurdo! Que absurdo? Como assim, meu bem, você que só não comeu o pão que o diabo amassou porque compra o mesmo pão na mesma padaria há séculos, mas sofreu bocados?! Esqueceu do casulo, do choro chorado, do choro escondido, do choro sufocado?! Do drama, da dor sem fim que um dia teve final? Dê-se o direito de não sentir falta de nada, e sim saudade somente do que foi bom e ponto final.

Guarde as fotos no fundo da gaveta, junto com as cartas legais. As que você escreveu mas não mandou? Só guarda se você quiser publicar mais tarde e ficar rico, senão pra quê? As coisas que nos causaram dor um dia, sempre estarão dentro de nós, num canto qualquer, prontas pra voltarem quando sofrermos de novo. Não deixe elas, também, perto de você dentro de casa. Poupe-se. Não é o fim do mundo conseguir virar a página de verdade, sem ter resquício do que passou. Saber deixar pra trás deveria ser algo bom porque é. Olhar pra trás? Só pra dar tchauzinho - e seguir em frente pra ser mais forte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Poxa.. parece que não passa nunca. n aguento mais. e isso por que so faz um mes que acabou. o q doi mesmo eh saber que ele n ta nem ai. n se importa mais com nd, n se interessa mais por nada a meus respeito. ele ta muito bem orbrigada.

E o medo enorme de nunca mais amar ngm de novo.

lais

www.facebook.com/erikaplanells disse...

Oi Nina,
sempre venho ver os poemas que vc escreve e esse foi com oq eu mais me indentificei.. to pasando por isso ja faz 7 meses espero nao ter q ficar 1 ano ou mais sofrendo...

Um beijo
Erika.

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