terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lá e cá

A gente só entende que é possível quando passa pela experiência de estar feliz, mesmo estando triste. Porque já passou por coisa pior na vida, ou por coisa que pareceu pior, porque você era menos experiente, mesmo calejado pela vida, mais imaturo - a razão é de cada um. Mas você já sofreu que parecia que ia morrer. A sensação de dor te consumiu de um jeito tão insano que hoje, por mais que doa, por mais que destrua seu coração, uma parte, ainda de band-aid, te lembra que, um dia, isso passa.

Só dá pra formular conselhos sólidos de 'coragem, que a vida é mais do que isso' quando você consegue sorrir, mesmo dilacerado por dentro. Quando consegue enguer a cabeça, mesmo com a sensação daquele monstro espinhento passeando dentro de você e te puxando pro fundo do poço, para aquele lugar que já lhe pareceu (ou foi?) confortável um dia, mas pra onde você aprendeu (e prometeu pra si mesmo) que não voltaria mais. Porque você não tem mais (vontade de ter) 15 anos.

Você lê textos de dor, de auto-ajuda, de comédia. Você vê televisão, se distrai com notícias, com ficções e quando percebe que é em vão, ainda assim não quer se permitir. Você tem medo, e nem sabe se é porque não passa ou porque sim, vai passar e as coisas voltarem a ser como já foram um dia. Porque você sempre acha que dessa vez vai ser diferente, mas se pega sentindo-se um imbecil, quando percebe que pode ser, mas que não foi dessa vez.

Quer companhia, mas fica sozinho. Procura o silêncio, mas se rende ao medo dessa ausência de barulho que ensurdece. Não sabe se vai ou se fica; não sabe (pra) onde. Não sabe de nada. Nem lá e cá, estando aqui e do outro lado, ao mesmo tempo, agora. Você tem medo de tomar a decisão errada e cometer o maior erro da sua vida. Você tem medo de tomar a decisão certa e deixar pra trás os maiores erros que já cometeu, para que cheguem os erros novos e você possa cometê-los.

Você morre de medo. De ir... e de ficar.

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