terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não se permita

Quão masoquista é uma pessoa que gosta dessa coisa de sofrer por amor? Ser poeta é lindo, mas a verdade é que a maioria desses sofredores sofre mais por fora do que de fato por dentro - senão é bem difícil que aguentariam tanta dor, por tanto tempo, com cara de quem não sofre. Metida a poeta que sou, posso falar que sofrer na teoria é muito mais bacana que na prática, porque não tem coração que aguente por muito tempo.

Sofrer de leve é do que chamo quem diz que sofre há anos. Duvido que sofra de fato. Que se arrependa de algumas coisas, que fique pensando, relembrando, revivendo, vá lá. Mas sofrer com a dor que coração quebrado no meio sente, sangrando daquela maneira metafórica que a gente parece que enxerga de tanto que machuca? Eu duvido. Reviver amores, repensar dores, tudo isso é até legal de vez em quando, todo mundo tem seus momentos de nostalgia. Mas não vamos exagerar.

Viver de passado é não viver. É muito doida essa coisa de passar muito tempo relembrando os velhos tempos pelo próprio nome. Você aprende com o que passou, lembra (com carinho ou raiva, mas SÓ lembra), mas não fica preso a isso. Já basta que ninguém pode apagar passado, ainda permitir que ele seja mais presente do que os dias que já chegaram, sem conseguir projetar um futuro qualquer? Pára com isso.

Cada um tem seu tempo de 'sabat', seus dias, semana ou meses de resguardo, faz parte. Algumas vezes a gente até cai no erro de esticar demais essa quarentena, assino meu nome nessa listinha. Mas não me permito mais. Acho que se dar o direito de sofrer, de chorar, é quase uma obrigação, porque uma hora a dor transborda. Só que saber que isso tem fim é não se permitir entregar.

Porque museu é legal de vez em quando; ou você não estaria nem lendo um blog...

Nenhum comentário:

Postar um comentário