quinta-feira, 25 de maio de 2017

Mas Mais

Eu preciso de mais. Não é nem que eu queira - é uma questão de necessidade. Meu corpo e minha cabeça não conseguem se acostumar ao mais ou menos. Se é pra ser médio, se é pra ser menos, eu prefiro o nada. Eu, meu coração, minhas mãos, meus pés embaixo da coberta. Meu bom humor de manhã pra fazer o café, pra receber um café na cama, quem sabe. Todos nós não sabemos lidar com o pouco; com o só às vezes, com o só quando quer.

Quando a gente é muito, geralmente precisa de muito. Mesmo que a gente demore pra perceber e leva um tempo se contentando com pouco. Com pouca atenção, porque quando ganha, valoriza muito. Quem é muito, sabe ser positivo - MUITO positivo. E fica um tempo achando que está exagerando, que as pessoas são diferentes e a gente tem que entender e respeitar os jeitos. Que você é de muito, mas tem gente que é de pouco, e tudo bem.

Mas você não aguenta e joga a tolha, toda vez. Questiona, pensa, reflete por dias, meses, por relações mais rasas se um dia vai conseguir se render e aceitar o pouco. Se vai entender que o pouco pra você pode ser muito pra alguém, ué. Por que não? Você se dá desculpas, mas no fundo, está desculpando o amor que ficou esperando chegar. Ficava sempre um gostinho de 'peraí, tá faltando'. E você ficou esperando. Por quanto tempo? Meses? Anos?

Uma hora a gente cansa. Mas... Mas nada. É mais. Com I. Eu não quero mais: eu preciso de mais. Se não for, eu morro por dentro. Eu vou morrendo aos poucos, e meu pouco é muito, então resvala, mostro na cara, na tristeza, na ansiedade, na frustração. A gente cria expectativa de verdade, e não só pela metade. Ou vem ou não vem. A gente não pede, então não oferece pra depois não fazer questão de vir. É pouco amor e muito egoísmo. 

E aí a gente confunde com preguiça de começar tudo de novo. Chama de prefiro estar sozinha do que correr o risco de sofrer de amor, mas a gente não quer é sofrer pela falta de amor. Se tem amor no meio, sofrer rola. Acontece, a gente sofre de boa, chora, sangra, mas tudo bem porque faz sentido. O que não faz é sofrer por uma coisa que não existe, que tem pouco, que tá aqui mas parece que não tá, ou que vai embora no primeiro trem de manhã.

Mas eu quero é mais. Se não for, precisa nem vir.

Nina Lessa (2017)

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