quarta-feira, 27 de abril de 2011

Saudade de saudade


Sempre fui atraída pela palavra saudade, e também pelos sentimentos que vêm com ela. Da falta em si, eu nunca gostei muito - pelo menos não daquela falta de dilacera a gente fisicamente. Saudadezinha com nuances de nostalgia, essas sim são minhas queridas, minhas amigas em momentos de solidão conveniente, como num trajeto sentada na janela do ônibus, olhando pras paredes pretas do metrô ou vendo a moda pelas ruas; saudades automáticas quando ouvimos certas músicas e passamos por certos lugares. São saudades que fazem bem à alma: elas nos dizem que vivemos.

Certas saudades são engraçadas, de coisas, pessoas, momentos ou sei lá, defeitos que um dia reclamamos tanto, e num futuro, num hoje qualquer, sentimos saudade desses tempos, talvez até porque passaram, e tudo que passa nos deixa certeza de que nada é garantido, nada é para sempre, e isso ainda assusta nossos corações, não importa a idade que nossa certidão de nascimento registra. Pensamos no que deixamos de dizer, fazer, acontecer. Vêm arrependimentos meio ridículos, mas que, sozinhos, com nossos pensamentos e sem julgamento de ninguém, deixam de ser tão ridículos assim...

A saudade confunde a gente de uma maneira meio louca, como o amor. As coisas se tornam ambíguas e repetitivas, você se pega sentindo saudades idênticas, quando relê agendas, revê fotos e vídeos, quando conversa com quem já esteve lá, com você ou para você. A saudade te abraça como um urso, e pode ser uma das coisas mais reconfortantes desse mundo, mas pode ser uma das prisões mais definitivas, se você parar pra pensar bem - ou parar pra sentir, o que vier primeiro... A saudade vem e não tem quem impeça. Nem o presente concreto, nem o futuro mais promissor.

O passado pesa tanto, que é possível sentir, ainda no presente, uma saudade nova que já vem se formando. Você olha para onde acabou de chegar, sabendo que não vai embora tão cedo, e já vai tirando fotos com a memória, antevendo sua própria imaginação daqui a um, dois anos, quando sentir uma saudade meio vazia. Sente saudade da gravidez que não nasceu, de um amor que não acabou, e nem se sabe se vai acabar, um dia. A gente coleciona saudade - ela vem nas entrelinhas das histórias que vivemos pra poder contar. Hoje, já sinto falta de você...



4 comentários:

priscyla disse...

Lindo d+!!!!!!!!!! adorei muito e mta coisa se encaixou no que eu estou sentindo agora e o que eu ja cansei de sentir... ta ai um dos sentimentos q eu mais gosto, apesar de, as vezes, doer tanto.. a saudade!!!! Parabéns, Ninoca!!! beijao e saudades!!!!

Manoela Nunes disse...

Dizem que saudade significa que o passado valeu a pena. Mas, hoje em dia, eu sinto falta de coisas que na época eu detestava e pra mim não tinham valor algum. Estranho, não?! Enfim, como você disse, saudade é uma coisa meio louca, como o amor. Vai entender...

Adorei! =) Beijão

Joice Garcia disse...

Olha esse texto é muito minha cara! Sou nostálgica ao extremo e choro tanto ao lembrar de certas coisas. Da minha família, da casa onde morei, enfim, coisas que NUNCA mais voltarão, mas que ficam guardadas para SEMPRE em nossa ALMA!
Parabéns pelo texto, vc é MARA!!!

ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ Ғαbч ზ disse...

amei a saudade enfim me cerca sem palavras perfeito suas palavras ;*

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