quinta-feira, 5 de maio de 2011

Branco

A gente aprende na aula de artes que o branco é a união de todas as cores, mas é na de português que essa cor se destaca mais na vida de adulto: o branco nosso de alguns dias, quando a cabeça parece que apaga as ideias e não se sabe bem o que dizer, ou fazer - ou não. O branco com o qual a gente mais convive é a indecisão na hora de fazer escolhas, com aquele medo incrontroável de se arrepender antes mesmo de acabar de falar. E espero estar enganada, mas me parece que esse medo não acaba nunca...

O branco que dá na mente é o mesmo que segura as palavras na garganta, que trava na hora certa de dizer alguma coisa. Uma vez já nos contaram que o silêncio nunca pode ser pior do que a coisa mais errada do mundo que se poderia dizer, mas, sinceramente, cada dia mais eu acredito que não. Assim como também acho que falamos demais, em muitas vezes, ainda acredito que calar me dá a impressão de pouca (ou nenhuma) importância, enquanto as palavras, quaisquer que sejam, me soam como ao menos tentativas.

Às vezes, o branco que dá parte de fora: a gente sabe como as ideias funcionam do lado de dentro, a união de cores entrou em harmonia, mas o medo de errar no tom quase sempre vence a coragem da certeza interna. Para quem observa, 'eles que são brancos que se entendam', mas o que ninguém entende é que essa cor, na verdade são essas cores, são muitas, infinitas, e como as cores, como a união e combinação delas, são infinitas as possibilidades. O que é bom... Não?

A gente nunca tem como saber. O tom que foi usado aqui, de repente pode não funcionar tão bem logo ao lado, e haja razões para isso: a luz, a textura, os móveis, as outras cores. Resolve-se isso testando, até conseguir acertar. Uma hora isso acontece, a gente sabe, mas será que depois de tantas tentativas, tantas possibilidades tentadas (e erradas), a união de cores parecerá branca de virgem, de começo, de vazio ou será o branco que une todas as cores?

Meu branco é de vazio - que a partir daí vai unir todas as cores. E coisas.

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