quarta-feira, 10 de março de 2021

Junho/2020

 Eu não sei te dizer o tamanho da raiva que você deixou em mim. Raiva de você, das suas mentiras e falsidades. Meu Deus, como você é falso! 

Que raiva das suas manipulações, me chamando de mentirosa. E eu, que não mentia e estava apaixonada, chamava sua falta de caráter de falta de confiança.

"Será que sou eu que passo essa desconfiança? Será que eu deveria ser menos eu?" inacreditavelmente eu dizia.. Como pude?

Que raiva de mim, que pude fazer isso comigo mesma. Que não consegui me afastar de você, mesmo com tantas chances.

Você me deu muitas oportunidades de ir embora, de nunca mais voltar.

Ser falso de obrigava a fazer um teatro de adeus, mas eu não era ameaça, né?

Uma pessoa honesta e apaixonada é prato cheio pra falta de autoestima, mas a minha falta foi autoestima se alimentando do meu amor próprio em dia.

Você sugou toda a minha autoconfiança. Então eu ficava.

Eu não sei te dizer o tamanho da minha mágoa. Ela só não supera o ódio que passei, então vencem minha coragem e força, quando a esperança acha que você vai aparecer, do nada, arrependido.

Minha dose de segurança me diz todo dia que você não pode se arrepender de algo que não conhece.

Você não sabe o que é amor, entrega, verdade. Se soube um dia, deixou nesse dia póstumo e seguiu sendo um fingido.

Eu não sei dizer o tamanho da minha raiva e não quero aprender.

Eu quero desaprender a sentir tudo isso que ainda está aqui e eu não sei como fazer pra ir embora.

Porque quando sobra amor, a gente sai distribuindo. Aos amigos, parentes, a quem quer ser amado - são tantos, os próximos.

Mas raiva? Não quero odiar mais ninguém. De você eu não quero nem distância, de você eu não queria ter mais nada. Esbarrar na rua e não ter conhecido.

Mas não posso. Então que seus olhos falsos não me deixem esquecer o que passei, pra nunca mais chegar perto.

Eu não sei dizer o tamanho da raiva que ainda sinto, mas sei dizer o tamanho do amor: nenhum.

Nina Lessa

Junho/2020

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