quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Até demais

Não conheço quem nunca tenha sofrido por amor que não tenha sentido, nem que seja por um único momento, a sensação de ter feito alguma coisa demais na relação que acabou, principalmente quando ela acabou de acabar. É naquela momento chato de raiva e mágoa que a impressão de arrependimento de ter feito alguma coisa demais vem com tudo, martelando nossa cabeça e desejando com todas as forças que o tempo volte atrás e você consiga ser menos idiota.

Você esquece que, muito provavelmente, tão idiota quanto você foi a pessoa que estava do seu lado, mesmo que não estivesse tão do seu lado assim. Passa uma borracha potente nos momentos de paixão, dedicação, alegrias e centenas de demonstrações de amor. Esquece as fotos que estão nos álbuns (de papel ou de Orkut, talvez Facebook), esquece os sorrisos capturados, você esquece tudo que não seja o amor que deu demais.

Amor demais, dedicação demais. Você contou segredos, guardou coisas que talvez não deveria ter calado, seguro por um sentimento tão grande, tão forte, que hoje você nem consegue pensar naquele tempo sem sentir de novo. Você lembra do que abriu mão pra não ter de perder, e o que perdeu quando não abriu mão de algumas loucuras, que na época não passavam de condições naturais. O amor deixa a gente completamente não-a gente.

A gente faz e deixa de fazer tanta coisa que não tem lista, memória nem terapia que façam vir tudo à tona – não adianta porque não tem. E foi certo ou errado? Ah, quem sou eu para dizer... Se questões de múltipla escolha demandam revisão, só nos cabe deixar a sensação de ter feito até demais pros momentos pós-mágoa. Porque os questionamentos não somem, mas economiza alguns anos de terapia (ou de rugas) se acostumar com eles... sem resposta.



Identifique-se você também no blog Copo de Cachaça (A Verdade Sempre Sai)

Um comentário:

Victor Almeida disse...

Muito bom Ninoka!
não sei porque, mas me identifiquei bastante rs.

Postar um comentário