segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Torsão no coração?

Torci o tornozelo. Eu vivo fazendo isso comigo mesma, desde sempre. Não sou muito amiga dos meus pés. Já cheguei à conclusão que, em outra vida, devo ter arrancado ambos pernas/pés num ataque de ódio a mim mesma ou tive lindos pares dos membros inferiores e não soube dar valor, mas isso é assunto pra outra divagação. Aqui, a questão é aquela dor chata que torcer o pé/mão traz. Não é insuportável, mas um mau jeito te faz ver estrelas. Meio como recuperar-se de uma mágoa.

Qualquer mágoa. Seja um término de relação, uma briga mal resolvida, uma discussão que durou mais aquele momento, enfim, uma mágoa. De início, dói mais. Pode ou não transparecer pra quem vê, ficando roxo, inchado ou não conseguindo esconder a cara de tristeza. Com o tempo, a dor vai melhorando, doendo mais quando a gente pisa de mau jeito, força demais o pé ou insiste em mexer no passado, que não quer (ou não deve) ser mexido.

Aquela dor constante, como enxaqueca leve que consegue durar horas sem cessar, incomodando sem te impedir de fazer quase nada, parece com a do torsão que você ainda não sabe se pode ser tendinite; ou mágoa quer você ainda não sabe se pode ser o fim de tudo, e pior, daquele fio de esperança que você guarda, como o milagre do gesso ou da bota curarem seu pé roxo, sem a fisioterapia, ou sem a fase de depressãozinha chata que não dói demais, mas também não dói de
menos.

Torser o coração de feridinhas pequenas, como a mágoa colecionando pequenos mau jeitos no caminho da cura, é o que mais fazemos pela vida. Tomamos tombos maiores algumas poucas vezes, onde os danos são maiores, mesmo que ainda reparáveis, mas a maioria é só torsão: muita dor, gesso na dorzinha chata e pra curar mesmo, fisioterapia da paciência, que é só tempo e torcida, mas com 'c', pro amor novo chegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário