segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quando a dor passa

Eu achei que ia ficar muito feliz quando a dor finalmente passasse. Que ia sair pelos quatro cantos da cidade cantarolando, ia fazer mais amizades do que já costumo fazer, ia estar disposta, irradiando bom humor. Sei lá, pensei que ia voltar às vontades antigas, voltar com os sites que quis tirar do ar, voltar a ser a pessoa que era antes da turbulência, e por que não dizer, antes do que me causou essa turbulência. Eu era tão feliz ali, ora bolas, antes de tudo isso. Não que durante esse tempo eu não tenha sido feliz, claro que fui - é que eu acho que, depois da mágoa, acaba sendo natural os questionamentos. Onde foi que eu errei, meu Deus? Ele me merecia? Eu aturei demais? Fui uma boa namorada, companheira? Valeu a pena?

Valeu. Definitivamente, valeu. Pra repetir? Depende do que se quer, daqui pra frente. Aí vai depender de cada um. Sobre os questionamentos, que eu acho que independe - TODO MUNDO tem. Pensei, e não foi pouco. O que mais me doía era entender, e saber onde foi que eu tinha errado. Poxa, eu tentei fazer o certo! É, eu tentei. Tentei fazer o que EU achava ser o certo. Será que era o mesmo certo da outra parte? Que as pessoas são diferentes isso todo mundo sabe, e por mais difícil que seja, tentam se aceitar. Mas entender que os pensamentos, questões e objetivos também diferem, são outros quinhentos.

Eu não quero um cara ciumento. 70% das minhas amigas pensam diferente. Eu adoro sair sozinha, com amigos ou meus pais, somente. 60% delas incluem os namorados em 100% das vezes que podem. Compromisso, pra mim, é babela. Sou a favor do comprometimento. Não conheço meia dúzia de pessoas que pensam como eu. Vai ver que é porque eu não saio perguntando isso pros outros, vá saber. A questão é que espera-se por coisas diferentes, e decepciona-se pelas mesmas. Esperamos pelo que pode não vir, e pelo que jamais virá se não for dito. Mudanças, convites, palavras, momentos. A gente imagina coisas e espera que o outro adivinhe. Não vai. Não se a pessoa não esperar o mesmo de você.

E foi quando eu entendi: claro que eu errei. Fiz o que queria que fizessem por mim. Ele não era eu, portanto não esperava o mesmo que eu. Ah, bem... Hum. Então eu fiz o certo? Bom, ao menos eu fiz achando que era. De coração. E aprendi, afinal. Da próxima vez, deixemos claro o que esperar, pra não criar falsas expectativas, pra que ninguém se decepcione e deixe o outro vendido, afinal decepção por algo que a pessoa nem fazia idéia que existia é coisa de maluco. Enfim, conclusões pós-pensamentos infinitos.

Mas onde quero chegar é que a felicidade estapada não está na minha cara. Não. Ela esteve por uns tempos, estampando uma felicidade real, porém rasa. Tira a tampa do ralo e fim. Só que eu não permitia que me tirassem a tampa. E deixei a estampa ali, enquanto a dor não passava. Hoje, ela passou. Deixou uns vestígios de passado, de lembranças, talvez até de saudades, mas passou. A dor, e a estampa. Hoje, justamente hoje, a estampa da felicidade não está na minha cara. A sensação de que a dor passou existe, sem que ninguém precise ler no meu rosto: está dentro de mim. Porque tem muita gente feliz pela minha dor que passou - mas ninguém mais do que eu esperou tanto, e contou os dias, por isso.

3 comentários:

Michelle disse...

Linda linda. Ela sabe escrever! Orgulho da mamãe!

Anônimo disse...

Depois da dor, o aprendizado.estava c saudadrs dos seus textos. n deixe d eescrever

tibério

Lais disse...

Que bom Nina. Sei como é ruim enquanto a dor não passa.
Lindo post. Parabéns

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